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102 titles
- DirectorBernhard WickiStarsMarlon BrandoYul BrynnerJanet MargolinA war pacifist is blackmailed to pose as an SS officer and to disable the scuttling explosives on a freighter carrying rubber cargo to be captured by the Allies.[Mov 07 IMDB 6,9/10 {video}
MORITURI
(Morituri, 1965)
''Japão, 1942. Mueller (Yul Brynner), um capitão da marinha nazista, mostra-se irritado por ser obrigado em aceitar uma tripulação composta em parte por criminosos. Entretanto a missão é urgente, pois parte do carregamento são sete mil toneladas de borracha pura, que servirão para calçar as tropas alemãs na Europa. Robert Crain (Marlon Brando), um desertor alemão que vive na Índia, é chantageado por Statter (Trevor Howard), um coronel do Serviço de Inteligência Inglês, que quer que Crain embarque neste mesmo navio se fazendo passar por um SS da Gestapo, pois este carregamento também é importante para os Aliados. A função de Crain é desativar todos os explosivos, que farão o navio afundar quando o capitão sentir que sua carga será capturada pelo inimigo." (Filmow)
"Que filme incrível, estou surpreso por que eu estava esperando um filme de espionagem típico da Segunda Guerra Mundial divertido e pouco mais, e acho uma teia tecida perfeitamente, rígido, seco, áspero, com momentos de verdadeiro valor e filme político que ainda é difícil ver em filmes atuais que não dizem nada, nos anos sessenta. Há mais detalhes, muito mais e todos eles respondem a personagens desenhados por politicos. Temos um roteiro perfeito, sem maneirismos aqui os americanos não são nem bonito, nem alto, nem moralmente superior. Os britânicos também o mesmo em qualquer momento, não podemos nos posicionar para ninguém, porque todos são pessoas igualmente ruins, para dizer o mínimo. Então, temos os detalhes importantes ao lado esse script ... foto de Conrad Hall (Estrada para Perdição, A Sangue Frio, com música de Goldsmith, bem composta, personagens com passado, presente e futuro descritas e caracterizados com dois detalhes, a atenção também como este tiro ambos os níveis de ao ar livre dentro do barco como o uso de ilusões ópticas para confundir (eu estou perto, estou longe). Eu realmente não sei porque não coloquei um 10, se eu vi um filme atual agora com 60% de coragem que tem, provavelmente iria colocá-lo e acima de tudo (e olha que eu coloco todas as minhas opiniões), sim senhores, chato que eu sou / nós estamos cansados de assistir a filmes que tem insuportáveis elogios que qualquer outra coisa. Aqui está a mensagem, os personagens, o ritmo, mas acima de tudo um filme impressionante que deve-se descobrir agora. Filme nomeado para Oscar de melhor fotografia em preto e branco em 1965." (Lovecraft)
38*1966 Oscar
Arcola Pictures Colony Productions Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Bernhard Wicki
1.849 users / 151 face
Check-Ins 29
Date 17/07/2012 Poster - #### - DirectorScott SilverStarsClaire DanesOmar EppsGiovanni RibisiThree problem teens sent to jail are offered a deal to work with an undercover cop, uncover an intricate drug ring and are caught in a deadly set-up. With cops on their trail, they have little time to solve the case and clear their names.[Mov 04 IMDB 4,0/10] {Video/@} M/16
MOD SQUAD - O FILME
(The Mod Squad, 1999)
''Para escapar da cadeia, três jovens problemáticos, Julie, Pete e Line, aceitam trabalhar como agentes especiais da polícia. Em sua primeira missão, eles encaram um poderoso grupo de bandidos envolvidos com a prostituição e o tráfico de drogas.'' (Filmow)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Diretor: Scott Silver
7.194 users / 60 face
Soundtrack Rock = Morphine + Björk + Curtis Mayfield + The Breeders + Crash Test Dummies
Check-Ins 53 21 Metacritic
Date 13/09/2012 Poster - #### - DirectorAnatole LitvakStarsKirk DouglasDany RobinBarbara LaageA former soldier on holiday in the French Riviera recalls his time in France during WWII, and his love for a French peasant woman.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video}
MAIS FORTE QUE A MORTE
(Un acte d'amour, 1953)
''Kirk Douglas interpreta Robert Teller, um soldado americano que participa da libertação da França em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele quer se casar com a pobre Lise (Dany Robin) para que não a prendam, já que é prostituta. Mas seus planos vão por água abaixo quando seus superiores não permitem a união. Eles a consideram oportunista. Mas Lise está muito apaixonada por Teller e prova esse amor de uma maneira trágica." (Filmow)
Benagoss Productions
Diretor: Anatole Litvak
344 users / 12 face
Check-Ins 54
Date 13/09/2012 Poster - - DirectorJonathan LevineStarsNicholas HoultTeresa PalmerJohn MalkovichAfter a highly unusual zombie saves a still-living girl from an attack, the two form a relationship that sets in motion events that might transform the entire lifeless world.[Mov 04 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@} M/59
MEU NAMORADO É UM ZUMBI
(Warm Bodies, 2013)
***
''O oportunismo é a marca de "Meu Namorado É um Zumbi", adaptação do best-seller Sangue Quente, de Isaac Marion. O filme aproveita a moda dos zumbis, mas introduz um elemento que arruína a essência da mítica criatura ao apresentar um morto-vivo capaz de se apaixonar. A história de amor entre um rapaz sobrenatural e uma garota bem vivinha remete à saga Crepúsculo, que também arrasa com as características tradicionais das criaturas - vampiros, no caso. Em um futuro próximo, boa parte da humanidade foi destruída por um vírus, que transformou as pessoas em zumbis. Aterrorizados, os sobreviventes ficam em estado de alerta, temendo investidas de seus antigos semelhantes. Estes foram confinados atrás de muros. O zumbi R (Nicholas Hoult) salva Julie (Teresa Palmer) de ser atacada por seus companheiros, que vagam em um aeroporto abandonado. Julie faz parte de uma brigada de combate aos zumbis, ao lado do namorado, que é morto por R e tem o cérebro comido pelo assassino. Ao ingerir os miolos, R incorpora a memória e os sentimentos do rapaz e cai de amores pela garota. Como o amor opera milagres, R vai voltando aos poucos à vida: sua temperatura corporal sobe, ele fica menos pálido, começa a falar e se move de forma cada menos bruscos. Sensível à metamorfose, Julie corresponde ao afeto. Preocupado com a sorte de seus companheiros zumbis, R percebe que pode salvá-los. Para tanto, o casal precisa superar dificuldades aparentemente intransponíveis. Além de evidentes paralelos com A Bela e a Fera, o filme tem similitudes com a história de Romeu e Julieta, cujos amantes também pertencem a clãs que digladiam. Além do zumbi que ama, a única novidade do filme dirigido por Jonathan Levine, que também assina o roteiro, é contar a história do ponto de vista do morto-vivo. Mas nem isso é tão inovador, afinal, Sangue Quente é em primeira pessoa." (Alexandre Agabiti Fernandez)
''Com planos de fazer pelos mortos comedores de cérebro o que Crepúsculo fez pelos Vampiros, ''Meu Namorado é um Zumbi'' chega aos cinemas deixando de lado o terror e crítica política, típicos das obras de George A. Romero, por um romance açucarado cheio de crises adolescentes. Os fãs dos zumbis têm tudo para se irritar com essa versão apocalíptica de Romeu e Julieta, porém os mais jovens, no auge de suas angustias e descobertas, terão muito com o que se identificar. Na onda da série Walking Dead e baseado no romance Sangue Quente, de Isaac Marion, o longa se passa oito anos após o apocalipse zumbi. Nicholas Hoult é R, um morto-vivo que não lembra nem do próprio nome e, durante uma visita à cidade para encontrar comida (pessoas), mata o namorado de Julie (Teresa Palmer), por quem se apaixona instantaneamente. Ele, então, a leva para o aeroporto onde vive com uma horda de mortos-vivos. Lá, em seu avião decorado com objetos que colecionou ao longo dos anos, os dois passam a se conhecer melhor. É claro que no começo a garota fica com medo de R e tenta fugir, mas com o tempo entende que ele ainda possui um resquício de humanidade. Juntos, exploram a coleção de discos de vinil do garoto. Músicas como Hungry Heart, de Bruce Springsteen, Rock You Like a Hurricane, do Scorpions e Shelter From the Storm, de Bob Dylan, embalam os adolescentes e dão tom nostálgico à ótima trilha sonora. As coisas se complicam quando a garota decide voltar para casa. Para isso, R e Julie precisam enfrentar dois sérios problemas: os esqueletos, mortos-vivos que deixaram completamente sua humanidade de lado e comem qualquer coisa que se move, e Grigio, pai de Julie e comandante de um dos últimos acampamentos humanos que restaram – dois grupos que não aceitam mudanças. Esse é o segundo filme em que o diretor Jonathan Levine (Doidão) usa humor para tratar sobre vida e morte. Enquanto o longa 50% é mais realista e mostra a luta de um jovem contra o câncer, Meu Namorado é um Zumbi usa fantasia e ícones da cultura pop como pano de fundo para tratar da depressão do adolescente R diante de uma realidade que não condiz com suas expectativas. Levine faz um bom retrato da alienação adolescente e seus diferentes graus de conformidade, porém nunca cruza a linha que transformaria o discurso em algo político, como Romero faria. Isso, aliado a longos momentos de ternura entre o casal, praticamente sem ação alguma, deixam a narrativa tediosa. A coisa só esquenta mesmo quando os pombinhos encontram Nora (Analeigh Tipton), amiga de Julie. A garota injeta boa dose de humor na trama, que poderia ser totalmente centrada na interação desses três personagens. Claro que não faltam referências a filmes do gênero, como Terra dos Mortos e Madrugada dos Mortos. O uso de ângulos abertos, panorâmicas e paletas acinzentadas aprofundam o clima de fim do mundo, com direito até a jornais abandonados nas ruas com manchetes sobre a crise dos zumbis. Entretanto, o bom trabalho de ambientação é manchado pelos péssimos efeitos especiais, tão ruins quanto os da Saga Crepúsculo, com esqueletos mal animados e péssimas (e dispensáveis) cenas do interior do corpo humano. Desafiando todos os aspectos estabelecidos por Romero sobre mortos-vivos, ''Meu Namorado é um Zumbi'' é uma comédia romântica amigável, com alguns momentos de suspense e pouca ação. O longa deve acertar em cheio o gosto do público que ficou órfão de Crepúsculo e também agradar a admiradores de comédias românticas com sua mensagem positiva sobre como enfrentar a vida. O melhor de tudo é que aqui nenhum personagem brilha ao Sol." (Daniel Reininger)
"Um sinal claro da banalização atual do tema "zumbi", para uma nova geração que talvez nunca conhecerá as grandes obras dos anos 1960-1980. Uma das bombas do ano, com certeza." (Alexandre Koball)
Summit Entertainment Make Movies Mandeville Films Quebec Film and Television Tax Credit
Diretor: Jonathan Levine
192.315 users / 80.407 face
Soundtrack Rock = Jimmy Cliff + The Black Keys + Guns N' Roses + Bruce Springsteen + Bob Dylan + Scorpions + Roy Orbison + The National + The Mynabirds + M83 + Delta Spirit + Bon Iver
Check-Ins 594 38 Metacritic
Date 06/08/2014 Poster - ##### - DirectorJoss WhedonStarsAlexis DenisofAmy AckerFran KranzA modern retelling of Shakespeare's classic comedy about two pairs of lovers with different takes on romance and a way with words.[Mov 07 IMDB 7,3/10] {Video/@@@} M/78
MUITO BARULHO POR NADA
(Much Ado About Nothing, 2012)
Desconstruindo Shakespeare.
''Em um breve período de férias após as filmagens de The Avengers – Os Vingadores, Joss Whedon reuniu amigos e família em sua bela casa em Santa Monica para aliviar o estresse da desgastante maratona e poder retornar à pós-produção do blockbuster. O passatempo: adaptar uma obra de William Shakespeare. Nada de figurino, maquiagem ou design de produção para remontar à época referente à peça em questão; apenas o texto seria mantido, um desafio tremendo diante de sua ambição de levar o resultado daquelas poucas e descontraídas semanas no subúrbio norte-americano para a telona. Pois, o que teria tudo para ser uma despretensiosa adaptação cinematográfica, diante de tamanha limitação de tempo, espaço e orçamento, Whedon transforma na releitura mais ousada e inventiva para o clássico "Muito Barulho Por Nada". Nesse novo projeto, os fãs do virtuoso cineasta (que não são poucos) irão reconhecer uma das principais características daquele que perverteu o estereótipo da loirinha frágil, vítima indefesa de todo filme de terror, e elevou Sarah Michelle Gellar à condição de corajosa algoz de criaturas sobrenaturais em Buffy – A Caça-Vampiros (Buffy, 1997–2003): a subversão, característica presente tanto no tratamento de convenções sociais (a obra tinha uma proposta feminista), como em seu exercício de linguagem, ao ponto de experimentar um episódio mudo, outro sem trilha sonora e um aclamado musical em uma série de TV de terror/fantasia (mídia e gênero que fariam 9 em cada 10 realizadores recorrer apenas a ganchos comerciais, não experimentalismos). É essa ousadia em forma e conteúdo que caracteriza a nova versão da comédia, desenvolvida com extrema criatividade, ironia e coesão durante toda a projeção. A proposta, porém, gera certo enfado nos minutos iniciais, devido à manutenção da linguagem rebuscada e da entonação teatral do texto original. Outros elementos são mais facilmente adaptados, sendo os costumes da aristocracia inglesa substituídos por equivalentes contemporâneos da alta classe norte-americana, com personagens em ternos italianos sob medida, o presidencial Lincoln como veículo e o som aprazível do Jazz a emular a música clássica. Mas a ideia é mesmo gerar estranhamento, e a opção por um preto-e-branco todo desenvolvido dentro da escala de cinza, que a princípio surge como falta de apuro e grande equívoco, se configura como uma brilhante extensão do conceito proposto por Whedon: em um universo em que o novo e o velho coexistem, nada mais coerente que rodar o filme num p&b sem contraste de iPhone – e que denota uma falsidade em reproduzir o passado que encontra paralelo com a adoção de uma eloquente encenação em inglês britânico de 1600 em plena América do século XXI. Pelo estabelecimento deste cenário, Joss Whedon suscita uma reflexão das mais provocativas: a obra shakesperiana se mantém atual, como prega o senso comum, ou estaria defasada? A provocação se intensifica pelo modo "inocente" com que se constroi a história de amor de Claudio (Fran Kranz) e Hero (Jillian Morgese), e depois ganha forte apelo satírico quando o casal se junta a Dom Pedro (Reed Diamond) e Leonato (Clark Gregg) no plano besta de fazer os desafetos Benedick e Beatrice (desenvolvidos como divertidíssimas caricaturas por Alex Denisof e Amy Acker) se apaixonarem. O antagonista Dom João (Sean Maher) é construído de forma propositalmente maniqueísta, e sua escusa relação com Conrad (escrachada em uma cena de masturbação supostamente [e deliberadamente nada] sutil) torna-se uma divertida confusão de gênero ao escalar a atriz Riki Lindhome como intérprete do comparsa – e é aqui que se nota o ponto alto da subversão do diretor e roteirista, que, num cínico pacto de não-agressão ao conservadorismo do público norte-americano, escala um homem e uma mulher para interpretar o casal gay. Excelente diretor de elenco, o cineasta nova-iorquino faz jus à fama de Much Ado About Nothing ser um dos textos mais hilariantes da consagrada obra do bardo inglês em cada cena envolvendo o condestável Dogberry (Nathan Fillion) e o funcionário Verges (Tom Lenk), num humor pastelão que ainda constitui um julgamento atemporal à inteligência e sanidade dos órgãos militares. Isso também evidencia que a deliciosa paródia não tem a intenção de se posicionar contra uma tradição ou um tempo em específico, mas o de ironizar tudo quanto possível, a exemplo da crítica ao excesso de gadgets na sociedade contemporânea, proporcionalmente inverso a uma falta de privacidade que atrapalha até a secular ação criminosa dos vilões Dom João, Conrade e Borachio (Spencer Treat Clark). Assim, mais uma vez Joss Whedon transforma uma grande reunião entre amigos (todo o elenco trabalhou ao menos uma vez na carreira com o cineasta) num projeto muito bem-sucedido. A descontração e a dedicação dramatúrgica que o entrosamento entre diretor e atores proporciona, assim como o resultado elegante do audacioso exercício de linguagem cinematográfica adotado, são signos da admiração de longa data do cineasta por William Shakespeare (como a morte de uma personagem da série Angel [idem, 1999-2004], nos moldes de Romeu e Julieta, já comprovara anos atrás). Desse modo, a adaptação da famosa comédia tanto funciona como uma sátira ao próprio Shakespeare, quanto se revela uma inspirada homenagem ao cultuado escritor – complexidade que constitui a ambivalência e a ironia que marca toda a trajetória profissional de Joss Whedon."(Rodrigo Torres de Souza)
''Hoje em dia, adaptar as peças do dramaturgo inglês William Shakeaspeare para o cinema parece mesmo um desafio audacioso. Primeiro, pode calhar do público mais jovem – a quem o filme em questão parece direcionado – não comprar a estética dos diálogos longos e rebuscados, deixando uma sensação deveras teatral. Principalmente se a obra se ater rigidamente as considerações mais clássicas. Segundo, nem sempre se encontra um elenco comprometido para desenvolver histórias onde o ponto alto é a citada retórica requintada. Atores despreparados podem resultar em um apanhado brutalmente artificial. Em um fio tênue entre a primeira e a segunda consideração se estabelece ''Muito Barulho por Nada'', do diretor norte-americano Joss Whedon (o mesmo do blockbuster Os Vingadores). O ''Muito Barulho por Nada'' de Joss Whedon pode incomodar quem espera uma atualização radical dessa clássica e refinada comédia de Shakeaspeare. E o elenco formado em sua maioria por atores que habitaram as séries de TV produzidas pelo diretor, por vezes, parecem estar um tom acima ou abaixo do texto. No entanto, o clima descontraído e de galhofa traz para a obra um progressivo encantamento, bastante peculiar, e as poucos vai abstraindo o estranhamento advindo da paradoxal direção de arte modernosa. Afinal, mesmo o roteiro adaptado por Whedon manter os diálogos do original, o filme aparentemente se passa nos dias atuais. Mas como tudo parece tão minimalista, diria até uma especie de ensaio filmado, não existe uma precisão sobre seu tempo, deixando-o ainda mais descompromissado. Totalmente filmado na suntuosa residência de Joss Whedon, caprichando assim no intimismo, Muito Barulho por Nada traz a história de Dom Claudio (Fran Kanz), um jovem nobre que se apaixona pela bela Hero (Jillian Morgese). Com o aceite do pedido de casamento de Claudio à Hero pelo seu pai, Leonato (Clark Gregg), também governador local, o casal passa a conspirar junto ao Príncipe Pedro (Reed Diamond) para unir dois amigos que não se suportam, Beatriz (Amy Acker) e Benedito (Alexis Denisof). Contudo, a felicidade e paz começa a ser ameaçada pelo invejoso Dom João (Sean Maher), que encontra aliados no prepotente e sedutor Borachio (Spencer Treat Clark) e na bela Conrade (Riki Lindhome). Essa última, no texto original era um homem, mas aqui aparece como uma jovem manipuladora. Não precisa ir muito longe para se perceber que a ciranda amorosa envolvendo complôs, maquinações e muito romantismo são a tônica predominante de ''Muito Barulho por Nada''. Curiosamente, a mansão de Whedon, com diversos cômodos, é pontual para estabelecer as constantes espiadelas nas conversas alheias. Algumas dessas situações rendem risadas sinceras. E com a evidente fragilidade do envolvimento entre Claudio e Hero – Jillian Morgese entrega uma interpretação pálida -, faz com que os divertidos Beatriz e Benedito tomem o filme para si. De fato, a dupla faz um casal bastante carismático. A eficiente atriz Ashley Johnson, fazendo uma empregada espevitada e um tanto enrolada, acaba também por ser um dos bons alívios cômicos, além de participar das cenas mais sensuais. O elenco descolado, mesmo claudicante em alguns instantes simbólicos, talvez seja o principal fator de identificação do público com essa versão de ''Muito Barulho por Nada''. Segundo se afirma, Joss Whedon procurou de alguma maneira identificar o interprete no filme com a personalidade do personagem que o mesmo fez em determinada série. Ou seja, existe muita referência para os fãs de trabalhos como Dollhouse e Firefly. Com essa roupagem moderninha imbuindo o texto e ainda o estigma de produção independente, creio que a opção por uma fotografia em preto e branco não seja um disparate. Até mesmo por existirem suposições veladas durante a narrativa de que tudo tenha sido captado pela câmera de um celular, e posteriormente descolorido o vídeo. É um raciocínio válido, visto que de outra maneira, a opção estética pode parecer apenas uma bobagem. Eventualmente, esse ''Muito Barulho por Nada'' pode desagradar aos admiradores mais inflexíveis de Shakeaspeare, especialmente se comparado ao homônimo de 1993 dirigido pelo “shakeaspereano” Kenneth Branagh. Todavia, não deixa de ser um entretenimento charmoso, agradável, além de uma forma bastante válida de redescobrir um dos mestres da dramaturgia mundial." (Cinema Detalhado)
Bellwether Pictures
Diretor: Joss Whedon
12.354 users / 24.953 face
Check-Ins 584 37 Metacritic
Date 21/06/2014 Poster - ##### - DirectorKenneth BranaghStarsKenneth BranaghEmma ThompsonKeanu ReevesYoung lovers, and soon to wed, Hero and Claudio conspire to get verbal sparring partners and confirmed singles, Benedick and Beatrice, to wed as well.[Mov 08 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@}
MUITO BARULHO POR NADA
(Much Ado About Nothing, 1993)
''Após uma batalha, um príncipe siciliano e sua comitiva chegam a uma vila italiana, onde são bem recebidos. O amor pode vir até a florescer no local, mas existem pessoas interessadas em semear a discórdia." (Filmow)
51*1994 Globo / 1993 Palma de Cannes
American Playhouse Theatrical Films Renaissance Films
Diretor: Kenneth Branagh
34.449 users / 2.393 face
Check-Ins 585
Date 22/06/2014 Poster - ####### - DirectorSpike LeeStarsDerek LukeMichael EalyLaz AlonsoSet in 1944 Italy, the story of four black American soldiers who get trapped in a Tuscan village during WWII.[Mov 05 IMDB 6,1/10 {Video/@@@} M/37
MILAGRE EM STA. ANNA
(Miracle at St. Anna, 2008)
"Há filmes que se perdem por falta do que dizer. "Milagre em Santa Anna" corre o risco de se perder por excesso do que dizer. No início temos uma ação policial: um pacato funcionário dos correios mata friamente um cliente que aparece à sua frente. Quem é esse homem? Por que fez isso? Tudo que se descobre é uma cabeça de estátua italiana, perdida desde a explosão de uma ponte, durante a Segunda Guerra Mundial. Somos então projetados, em flashback, de 1983 para 1944: Segunda Guerra, avanço dos Aliados na Itália, um batalhão de soldados negros na luta por Santa Anna, cidade da Toscana. É então que as várias linhas que desenvolve Spike Lee no roteiro de James McBride começam a se desenvolver e, não raro, se acotovelar no filme. Há o racismo dos oficiais, para começar (os soldados atravessam um rio, o que era sua missão; o oficial não acredita neles apenas por serem negros). Depois, há o conhecimento que passamos a desenvolver do grupo: o honesto Stamps, o sargento disposto a acreditar que o racismo começa a acabar; o sensual Cummings, que não leva fé nessa história de integração; o simplório Train e o porto-riquenho Negron. Negron é quem, quase 40 anos depois, será assassino. Nessa ação, Train encontra um menino traumatizado pelas ações militares e passa a protegê-lo. Levam-no à cidade, onde vive a família da bela Renata. Lá haverá alemães, de um lado, e partisans, de outro. Entre os alemães, os que não acreditam mais na luta e os que desertam. Entre os partisans, um traidor. Ufa! O filme mal começou e já temos tudo isso - resumindo bem. O plot policial desaparece (só retornará no final). O filme permanece na guerra, e na guerra Spike cria algumas sequências notáveis. Uma delas: o carro de som com a alemã que tenta fazer propaganda e seduzir os soldados negros, de maneira a que desertem. No meio de uma dolorosa travessia de um rio, isso faz um efeito, e Spike obtém uma atmosfera estranha, em que se encontram som e imagem, o interior do carro de som e o campo de batalha, os soldados americanos e os alemães. Mais adiante outro momento forte. Depois que o desinibido Cummings transa com Renata, a tensão entre Cummings e Stamps (que também a desejava) explode, feroz. Há momentos menos felizes, sobretudo quando Spike calca a mão na violência de certas cenas. O único equívoco imperdoável do filme, no entanto, talvez seja o fato de o roteiro ter sido escrito pelo autor do romance, o que resulta num excesso de questões. Ainda assim, esse tipo de problema é preferível à insuficiência de ideias quase crônica da maior parte dos filmes em cartaz atualmente." (* Inácio Araujo *)
{Seu amigo aprendeu que não há controle sobre a vida. A onde vai, a onde se esconde, há prisões} (ESKS)
Filme de guerra dirigido por Spike Lee morre na praia.
''Spike Lee é, salvas exceções, um cineasta monotemático. E é válido o esforço que ele faz para enaltecer os negros, combater a discriminação e denunciar os abusos do passado e presente. Afinal, se não fosse Faça a Coisa Certa (Do The Right Thing, 1989), talvez ele não tivesse a importância que tem hoje no cenário do cinema mundial. Porém, esse seu bater na mesma tecla às vezes cansa e outras vezes gera filmes abaixo da sua média, que aparentemente só são produzidos porque o tema lhe é caro. No papel, ''Milagre em St. Anna'' (Miracle at St. Anna, 2008) teria elementos suficientes para ser um filmão. O longa mostra uma divisão do exército estadunidense formada exclusivamente por negros, uma experiência criada pelos generais brancos para ver do que os negros eram capazes. Porém, o preconceiro continua entrincheirado, esperando o momento certo para atacar. No meio de uma investida contra o lado alemão, um comandante não acredita na informação enviada por um de seus subordinados, e não ataca nos pontos certos, causando a morte de muitos soldados do Tio Sam. Quatro deles conseguem escapar da carnificina e das tropas alemãs que dominam a região, chegando à segurança momentânea de uma pequena vila na Toscana. A tiracolo, o soldado Train (Omar Benson Miller), um grandalhão de bom coração, carrega um menino italiano (Matteo Sciabordi) que ele salvou da morte certa. Quem lidera o grupo é o idealista Sargento Stamps (Derek Luke), que vive em conflito com o mulherengo Sargento Bishop (Michael Ealy). Quem faz as traduções entre os italianos e os soldados é o porto-riquenho Hector Negron (Laz Alonso). Durante o tempo em que se escondem dos nazistas e tentam contato com a sua divisão para voltarem à base, os quatro vão se envolvendo com os habitantes do povoado e também com os partisans, rebeldes que vivem nas montanhas, escondidos e preparando emboscadas contra os soldados de Hitler. Sem querer estragar qualquer surpresa da trama, o título faz referência ao massacre de Sant'Anna di Stazzema, em que 560 pessoas - a maioria mulheres, crianças e velhos - foram mortas por oficiais da SS. O tal milagre foi escrito primeiro por James McBride, que depois acabou também roteirizando o filme. Mas tudo demora muito para acontecer e quando vem a explicação, ela é seguida por uma enxurrada de acontecimentos, desenrolando toda a vagarosa história de 2h40 em questão de minutos. Essa falta de ritmo faz sangrar o ambicioso projeto de Spike Lee, que custou 45 milhões de dólares, o mais alto orçamento de sua carreira (ao lado de O Plano Perfeito). Depois de nascer como O Resgate do Soldado Ryan em uma sangrenta batalha cheia de pedaços de corpos que voam pelos ares e ganhar ares de A Vida é Bela, Milagre em St. Anna conclui sua história de forma fácil e demasiadamente melosa." (Marcelo Forlani)
''Não é novidade que o cineasta americano Spike Lee tem um gosto todo especial por incomodar suas platéias. Num primeiro momento de sua carreira, ele levantou a bandeira antirracial e conquistou a crítica de todo o mundo com os filmes Faça a Coisa Certa, Febre da Selva, Malcolm X e muitos outros. Depois de alguns anos, Lee deixou de ser novidade (pecado mortal na indústria do cinema) e conheceu, se não o ostracismo, uma pesada indiferença por parte do público e da mídia. Ressuscitou com os ótimos A Última Noite e O Plano Perfeito, e ultimamente tem se dedicado também a projetos televisivos, fora alguns filmes que sequer chegam mais ao nosso circuito comercial.Em 2008, o sempre inquieto cineasta fechou uma parceria com a RAI (televisão italiana) e colocou sua produtora (que tem o sugestivo nome de 40 Acres e uma Mula) a serviço de um projeto, no mínimo, intrigante: ''Milagre em Sta. Anna''. A ação começa forte, surpreendente, mostrando um simples funcionário dos Correios que - sem nenhum motivo aparente - atira de repente no rosto de um cliente. O homem é preso e a polícia fica intrigada com dois fatos: o assassino tem passado totalmente íntegro e honesto, sem nenhuma ocorrência anterior, e guarda em sua casa uma valiosíssima peça arqueológica italiana que se julgava perdida. A partir daí, o filme se desenvolve num grande flashback que vai buscar na Segunda Guerra Mundial as origens deste crime. Por mais que, tematicamente, o filme pareça convencional, é bom abrir bem os olhos e os ouvidos para os incômodos quase subliminares que Spike Lee parece atirar sobre o público. Por exemplo, a montagem de Barry Alexander Brown (montador de longa data do diretor) não hesita em subverter sem dó nem piedade os velhos conceitos clássicos de eixo de câmera. Vira e revira, torce e retorce o que seria convencional, sem pedir licença. Em várias oportunidades, corta e picota cenas dramáticas como se fosse um blockbuster de ficção científica. Provoca. Vale notar também como Lee explora os planos em perspectivas, como que - consciente ou não - desejasse homenagear o trabalho de câmera que Stanley Kubrik fez em outro filme de guerra: Nascido para Matar. A trilha sonora de Terence Blanchard, também colaborador habitual do diretor, tem momentos solenes que parecem ter sido compostos e orquestrados para um dramalhão antigo e inseridos neste filme, também sem dó nem piedade. Incomoda. E o final, então, é típico de um desgastado melodrama italiano. Numa leitura apressada, parece que Spike Lee definitivamente perdeu a mão. Uma análise mais apurada, porém, permite uma nova interpretação: Milagre em Sta. Anna provoca e incomoda. Sim, este é o bom e velho Spike Lee de volta, provocando e incomodando, desta vez, mais pelos aspectos formais que propriamente pelo conteúdo. Claro que, uma vez militante, sempre militante. E Lee não se furta em, novamente, levantar a bandeira antirracial para denunciar, en passant, a segregação que os soldados americanos negros sofriam dentro de seu próprio exército. Mas este não seria o tema principal do filme. Mais importante que a própria denúncia racial, ''Milagre em Sta. Anna'' se debruça sobre o eterno e insolúvel binômio guerra/ paz, clamando contra a imbecilidade de todas as guerras e criando pelo menos um belo momento, na cena em que - em espaços diferentes - negros, bancos, italianos, americanos, militares e civis imploram por Paz, cada qual na diversidade de seu próprio idioma, todos na união do mesmo desejo. Destaque ainda para a presença do grande ator Omero Antonutti no papel de Ludovico. Entre seus mais 70 filmes, Antonutti esteve em trabalhos importantes do cinema italiano como Bom Dia Babilônia, A Noite de São Lourenço e Pai Patrão." (Celso Sabadin)
"Após o belo O Plano Perfeito, Spike Lee se perde nesse aborrecido drama de guerra, sobre a divisão do exército americano dos Buffalo Soldiers. Há um excesso de tramas paralelas e o toque sobrenatural (o tal milagre) beira o ridículo." (Regis Trigo)
40 Acres & A Mule Filmworks On My Own Rai Cinema Touchstone Pictures
Diretor: Spike Lee
14.428 users / 1.082 face
Check-Ins 107
Date 07/02/2013 Poster - #### - DirectorAlain ResnaisStarsSabine AzémaFanny ArdantPierre ArditiElisabeth and Simon have been deeply in love for two months when Simon momentarily dies, but comes back to life. Simon does not want any further medical tests, but the couple are forced to grapple with the possibility of his death. They eventually tell their close friends Jérôme and Judith Martignac about the event. The Martignacs are both clerics, and Judith has just been giving a funeral service for a villager who committed suicide, though Jérôme would have nothing to do with suicide...[Mov 08 IMDB 6,9/10 {Video}
MORRER DE AMOR
(L' Amour à Mort, 1984)
''Morrer de Amor'' (1984), de Alain Resnais. L’amour a mort é um dos mais livres filmes sobre a morte que já ví. Não existem muitos juízos e sim muitas possibilidades. Morrer de amor, morrer por amor. Medo da morte, a paixão por ela. A imponência. Maior ainda, a morte como esperança. Elisabeth e Simon tiveram dois meses de um romance. Simon morre e volta a vida, para finalmente morrer. Por um instante voltar a vida é estar mais vivo (o clichê, às vezes considerável), mas é também estar mais próximo da morte. Tão próximo que a tentativa de viver à ignorá-la se torna impossível. Elisabeth promete segui-lo, e até lá, nesse período quase de um limbo, tem em seus dois amigos cristãos um último vínculo. Estes que tentarão mantê-la mortal, mas mortal como são despem-se de suas certezas. E colocar a questão religiosa, apresentada sem dúvidas respeitosamente, porém sem fazer da fé religiosa maior que qualquer outra fé, é mais um ponto alto. A morte é tão certa e possível que indefinível. Um número de possibilidades tão grande quanto tem a vida." (No Escuro e Vendo)
1985 César / 1984 Lion Veneza
Philippe Dussart Les Films Ariane Films A2 Centre National de la Cinématographie (CNC) Ministère de la Culture
Diretor: Alain Resnais
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Date 25/02/2013 Poster - ### - DirectorSidney LumetStarsSophia LorenTab HunterJack WardenIn 1944, on a Miami to New York train, two paratroopers on furlough meet and fall in love with two 'kept women' who are on their way to meet their 'sugar-daddies'.[Mov 06 IMDB 6,2/10 {Video}
MULHER DAQUELA ESPÉCIE
(That Kind of Woman, 1959)
''Junho de 1944. Kay (Sophia Loren) e Jane (Barbara Nichols), acompanhadas por Harry Corwin (Keenan Wynn) viajam no Silver Meteor, um trem noturno, de Miami para Nova York. Harry é secretário de um rico industrial e tem a tarefa de levá-las até Nova York, pois Kay é amante do industrial, que quer também a presença de Jane para entreter um importante general. Durante a viagem Kay e Jane resolvem ir até ao vagão-restaurante e lá conhecem Kelly (Jack Warden), um segundo sargento, e Red (Tab Hunter), um jovem pára-quedista. Logo surge uma certa atração entre Kay e Red, mas ela tenta contê-lo lhe explicando o que faz para viver. Ao chegarem em Nova York, Kay tenta pôr um ponto final naquele rápido envolvimento. No entanto Jane tinha deixado com Kelly o endereço delas e Red aparece na casa em que estão se confessando apaixonado. Kay quer ser prática e rapidamente explica para Red que ela tem outro estilo de vida, mas no fundo se sente cada vez mais atraída por ele, apesar de querer negar para si mesma.'' (Filmow)
1960 Urso de Ouro
Paramount Pictures
Diretor: Sidney Lumet
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Date 05/03/2013 Poster - #### - DirectorRainer Werner FassbinderStarsMargit CarstensenKarlheinz BöhmBarbara ValentinAfter the death of her abusive father, the lonely librarian Martha marries an equally vile businessman - Helmut. The cruel and torturous nature of their relationship leads Martha to believe Helmut might be trying to kill her.[Mov 07 IMDB 7,8/10] {Video}
MARTHA
(Martha, 1974)
TAG RAINER WERNER FASSBINDER
{intenso / inteligente}Sinopse
''Após a morte do seu pai dominador, a bibliotecária Martha casa-se com um rico empresário. Em pouco tempo, se torna vítima da personalidade fria, cruel e perversa de seu marido, que controla sua vida de maneira manipulativa e sufocante.''
{A vida não é livre. O endereço de Martha é Rua Douglas Sirk, 21} (ESKS)
''Quem se perguntar por Martha, a protagonista de "Martha", terá também de se perguntar sobre a Alemanha e seu destino. Certo, o filme é de 1974, e seu autor, R.W. Fassbinder, ficou famoso por ver, de seu país, as inúmeras perversões da era pós-nazista. Mas isso não muda a substância dos acontecimentos, nem a dos seres. E Martha é uma mulher reprimida, submetida por um belo e perverso rapaz. Mas isso é só uma parte desse drama de sentimentos em que Fassbinder homenageia aquele de quem foi o grande crítico: Douglas Sirk. E se Sirk captava os sentimentos em movimentos de câmera ousados, Fassbinder faz aqui, associado à movimentação dos corpos de Martha e seu futuro marido, quando se conhecem, um dos mais vertiginosos movimentos que já vi." (* Inácio Araujo *)
Pro-ject Filmproduktion Westdeutscher Rundfunk (WDR)
Diretor: Rainer Werner Fassbinder
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Date 07/08/2014 Poster - ######## - DirectorKen RussellStarsRobert PowellGeorgina HaleLee MontagueComposer Gustav Mahler's (Robert Powell) life, told in a series of flashbacks as he and his wife (Georgina Hale) discuss their failing marriage during a train journey.[Mov 08 IMDB 6,8/10 {Video/@@@@}
MAHLER - UMA PAIXÃO VIOLENTA
(Mahler, 1974)
''Cinebiografia do compositor erudito Gustav Mahler dirigido pelo subversivo Ken Russell. Libertário!'' (Filmow)
O diretor britânico Ken Russell sempre foi conhecido por seu estilo over e pela obsessão em biografar compositores clássicos (Lizst e Tchaikowsky foram outros). Ele deu uma visão muito pessoal sobre Mahler, sem se ater aos dados reais. A crítica, como sempre, torceu o nariz." (Ronaldo Victoria)
1974 Palma de Cannes
Goodtimes Enterprises
Diretor: Ken Russell
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Date 07/06/2013 Poster - ####### - DirectorKenneth LonerganStarsAnna PaquinMatt DamonMark RuffaloA young woman witnesses a bus accident, and is caught up in the aftermath, where the question of whether or not it was intentional affects many people's lives.[Mov 06 IMDB 6,5/10 {Video/@@@} M/61
MARGARET
(Margaret, 2011)
"Decidi ver "Margaret" (2011) sobretudo pelo elenco, nomes como Anna Paquin, Matt Damon, Mark Ruffalo, Kieran Culkin ou Matthew Broderick chamam a atenção de qualquer um. O filme é dirigido por Kenneth Lonergan, que é sobretudo um escritor de peças para o teatro e guiões para o cinema, com realce para Gangs of New York (2002) ou You Can Count on Me (2000) em que foi também o realizador. A historia é sobre uma jovem de 17 anos, Lisa Cohen (Anna Paquin), que vive em Manhattan com a sua mãe e irmão, enquanto o seu pai se mudou para Califórnia. Um dia quando vai de compras distrai um condutor dum autocarro e este atropela uma mulher que acaba por morrer às mãos de Lisa. Ao principio protege o condutor mas mais tarde cheia de remorsos decide alterar o seu testemunho. Um filme interessante com um argumento bem escrito e que nós deixa em suspense sobre o que vai acontecer. Alguns diálogos estão realmente bem elaborados e esse é sem duvida o ponto mais forte do filme, juntamente com as interpretações. Contudo achei que o filme não se foca em nenhuma historia em concreto, saltando de historia para historia, lhe falta um pouco de consistência." (Gonçalo Nunes Dias)
Fox Searchlight Pictures Gilbert Films Mirage Enterprises Scott Rudin Productions
Diretor: Kenneth Lonergan
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Date 13/06/2013 Poster - #### - DirectorBarry SonnenfeldStarsWill SmithTommy Lee JonesJosh BrolinAgent J travels in time to M.I.B.'s early days in 1969 to stop an alien from assassinating his friend Agent K and changing history.[Mov 07 IMDB 6,9/10 {Video/@@@@} M/58
MIB 3 - HOMENS DE PRETO 3
(Men in Black III, 2012)
"Depois de um terrível segundo filme, o terceiro traz de volta tudo aquilo que gostamos em MIB: a aura de filme B, piadas grosseiras, monstros de gosto duvidoso e ação para agradar o público em geral. Contradiz o final do primeiro, mas esquecemos disso." (Rodrigo Cunha)
"Nada a acrescentar." (Josiane K)
"O grande problema não é a trama confusa, que se perde na própria lógica das viagens no tempo, mas o fato de que o filme não tem a graça que deveria, com poucos momentos inspirados. Mas o vilão é bacana, Brolin rouba a cena e há uma boa surpresa no final." (Silvio Pilau)
"Roteiro fechadinho, um final que o conecta com o início da franquia, recuperada a despeito da ausência de Zed, Frank e outros personagens carismáticos. Como herança do equivocado MIB 2, apenas a revelação de (inúmeras) celebridades aliens, algo positivo." (Rodrigo Torres de Souza)
Duas épocas, dois K’s e Will Smith.
''O clima de novidade que MIB - Homens de Preto (Men in Black, 1997) despertou em 1997 graças a inventividade do roteiro contribuiu para que uma franquia de sucesso pudesse se instituir. 5 anos depois veio uma sequência ordinária, completamente inferior ao original. Após tanto tempo, eis que chega a esperada terceira parte, trazendo os mesmos protagonistas, com um acréscimo: tudo foi conduzido pelo diretor dos dois primeiros filmes, Barry Sonnenfeld. Se esse ''MIB³ - Homens de Preto 3'' (Men in Black III, 2012) não carrega o ar de novo, ao menos desponta como uma revitalização, um retorno ao que se fez fechando de maneira satisfatória uma trilogia que custou a acontecer. Coexistindo as escondidas na terra junto aos humanos, os alienígenas continuam dando trabalho aos agentes J (Will Smith) e K (Tommy Lee Jones), este último, próximo da aposentadoria. De imediato, piadas envolvendo a dupla permite uma sensação de nostalgia, um acesso rápido a essa relação tão conturbada quanto divertida. No entanto, a presença de Lee Jones dura pouco, uma vez que um poderoso alienígena, Boris, O Animal (Jermaine Clement, ótimo em cena), voltou para um acerto de contas com K e utilizará de viagem no tempo – irá precisamente até 1969 – para reverter o passado apagando completamente a existência do sisudo agente. A premissa perpassa sobre esse universo temporal, algo que leva as melhores piadas do longa quando notamos as distintas tecnologias de época, com objetos maiores e pesados comparados aos minúsculos e portáteis de hoje em dia. Ainda soma-se a essa distinção a retratação da direção artística que concebe um passado mais colorido, quadrado, mas não menos interessante. Também não faltam referências a famosas personalidades suspeitando se tratar de aliens – Lady Gaga, Tim Burton, Mick Jagger são alguns –, investida alegórica relembrando graças presentes nos filmes anteriores. Uma cena envolvendo o cineasta e pintor Andy Warhol (vivido por Bill Hader) é inspiradíssima. Não se esquece o passado aqui — aliás, ele é importantíssimo, dialogando tanto com a obra de 97 como a de 2002, ligando as pontas que não tiveram explicação. O roteiro fecha um ciclo através de 3 bons atos, depositando no terceiro uma comoção ainda não experienciada pela franquia. A realização remonta o que anteriormente não era claro, buscando até mesmo constatar os motivos para que K se tornasse uma figura tão amarga. Para isso, acompanhamos um verdadeiro mergulho no passado. J tem que saltar no tempo literalmente, e parar no final da década de 60 para contornar situações. O astro Will Smith tem a história para si, se mantém em frente à câmera em quase todo o filme com carisma e caretas, algo que em certo ponto incomoda pelas repetições. Mas este não é um dos seus melhores momentos na telona. Contrastando ao poço de humor, a figura unidimensional de Tommy Lee Jones balanceava tanta comicidade através de sua seriedade imponente e respeitosa, algo que dura algum tempo neste MIB³ para logo ganhar a forma de um outro ator vivendo K com 29 anos, Josh Brolin, fazendo isso com notável eficiência. Carrancudo, porém mais cortês, o agente K sessentista gozava da juventude, dando-se ao luxo até de flertar com a colega de trabalho, a agente O (Alice Eve, enquanto jovem). Essa, no presente, vivida por Emma Thompson, evidencia um amor não acontecido, justificando o quanto o envelhecimento de K fora frustrado com relação ao desejo e pelas novas condições sujeitadas ao fim de sua defesa na terra em 69. O ano reproduzido reconta a história, modelando o contexto adequando à narrativa. Têm-se a depreciação dos negros, mencionada num ato, tempos depois da morte de Martin Luther King, como também a chegada do homem à Lua. Tais ações marcantes da história humana contribuem para a lógica da obra de Sonnenfeld. A cena de abertura é ótima e surpreendente, com vínculos diretos ao pretérito. Jermaine Clement faz um ótimo vilão e rouba cenas, a maquiagem dá uma credibilidade assustadora lhe conferindo perigo. Outro que ganha o espectador é Michael Stuhlbarg que encarna o alienígena Griffin com sutileza, podendo prever o porvir. Sem novidades, mas com empatia suficiente para agradar o espectador, MIB³ termina competente e lisonjeiro, sobretudo para seus fãs. É garantia de boas risadas e um complemento interessante ao que faltou nos anteriores em termos de trama, deixando uma sensação de dever cumprido com bom ritmo, carisma e alienígenas ainda mais grotescos." (Marcelo Leme)
Terceiro filme volta no tempo para corrigir erros do passado.
''Basta fechar os olhos para me lembrar de cenas de Homens de Preto (Men in Black, 1997), mas mesmo tendo visto Homens de Preto 2 (Men in Black 2, 2002) cinco anos depois, o filme é um grande branco em minha memória. Parece até que fui vítima do neurolizador e todas as lembranças que eu poderia ter do segundo filme foram apagadas. Mas na verdade, eu sei bem o motivo. Enquanto o original, adaptado da HQ criada por Lowell Cunningham e publicada pela Aircel Comics (que depois virou Malibu Comics e recentemente foi comprada pela Marvel), misturava com muito esmero ação, ficção científica e humor, a sequência deixou o roteiro de lado e se focou apenas nos efeitos especiais, limitando-se a reciclar piadas e situações já vistas no filme anterior. Passados dez anos, a pergunta é: precisávamos de um terceiro filme? A minha resposta é afirmativa. Principalmente para ficarmos com algo bom na lembrança, assim como Shrek 4 veio só para apagar da memória a terceiro animação do ogro da DreamWorks. Mas o caminho da ideia à finalização não foi tão simples. Dizem por aí que o roteiro foi escrito enquanto as filmagens iam acontecendo e que toda a sequência ambientada no passado estava em branco e só foi entregue depois de uma pausa na produção. Isso explicaria e muito a existência de Griffin (Michael Stuhlbarg), o carismático alienígena que está ali para guiar os protagonistas (e principalmente ao público) na trama, ensinando o básico sobre as viagens no tempo, o que acontece ao se mexer no passado e os presentes alternativos que podem coexistir. Tudo começa quando Boris, o Animal (Jemaine Clement) consegue escapar da prisão e sai atrás daquele que o prendeu, K (Tommy Lee Jones). Mas o seu plano não se restringe apenas a vingar os últimos 40 anos e tantos anos em que passou na prisão. Ele decide voltar no tempo para matar o seu captor e ainda impedir que toda a sua raça seja extinta. Ao obter êxito na sua missão, vemos uma realidade que não se lembra mais da existência do agente K e sofre uma invasão alienígena. Cabe então a J (Will Smith) voltar também no tempo e impedir que tudo isso aconteça. Não há grandes novidades, nem conceitos inéditos de viagem no tempo e, como já foi dito, temos o Griffin para esclarecer qualquer outra dúvida que surgir pelo caminho. Entra, então, a grande genialidade do filme: o trabalho do Sr. Rick Baker, que faz aqui um de seus melhores trabalhos até agora. Os monstros estão criativos e perfeitos da concepção à execução. Demorei quase o filme inteiro até lembrar que Boris era o ator de Flight of the Conchords (que disfarça o seu sotaque neozelandês e chega a ser bastante amedrontador). E temos ainda todas as criaturas dos anos 1960, que foram criadas à imagem que se tinha dos aliens daquela época, com aquário na cabeça, cara de peixe, etc. Aliás, toda a ambientação no passado é impecável, principalmente o K jovem interpretado por Josh Brolin. É impressionante como ele conseguiu pegar a entonação e os trejeitos do velho Tommy Lee Jones e recriá-las à perfeição, tal qual já havia feito com George W. Bush em W. (2008) e ainda dar um ar bondiano ao personagem. É esta viagem no tempo que traz ao filme um frescor que faltou ao segundo filme. As piadas aqui fluem bem melhor - exceção à do primeiro neurolizador, que depois aprendemos ser desnecessário - e criam situações que fazem a trama andar para frente. E para quem gosta da brincadeira de ficar adivinhando quem é humano e quem é ET, o fim da década de 1960, com os hippies e tudo mais é um prato cheio! E ainda temos Andy Warhol (Bill Hader) e sua Factory fazendo participação especialíssima. Mas daí chega a hora do desfecho. E aqui algumas pessoas podem torcer o nariz para o sentimentalismo que eles tentaram dar ao filme, mas a verdade é que é uma saída que faz sentido e ainda homenageia o que foi feito antes. E para quem não gostar, tem sempre o neurolizador." (Marcelo Forlani)
"Lançado em 2002, Homens de Preto 2 ficou muito aquém do original de 1997 e decepcionou fãs do bem-humorado sucesso estrelado por Tommy Lee Jones de Will Smith. Essa segunda sequência tenta regastar a afinada dinâmica dos carismáticos agentes J (Smith) e K (Jones) e, de fato, consegue ser bem mais interessante e divertido que seu antecessor. É bem verdade que ''Homens de Preto 3'' demora a engatar, taxia por longos quinze minutos até decolar de fato. Fica nítido que se poderia enxugar uns bons minutos do filme sem nenhum prejuízo ao desenvolvimento da trama. No entanto. quando finalmente entra nos trilhos, a produção compensa o preâmbulo extenso demais e o universo divertido dos homens de terno preto invade a tela. O filme começa com a fuga de Boris, o Animal (que, aliás, odeia ser chamado assim) de uma prisão lunar onde os humanos mantêm os criminosos alienígenas de maior periculosidade. Depois de 40 anos encarcerado, ele não está nenhum pouco feliz e quer vingança contra o agente K, responsável por sua prisão, amputação de um de seus braços e aniquilação de seus planos de invadir a Terra. Para mudar os rumos dos acontecimentos, Boris volta ao passado para eliminar K e dar continuidade a seus intentos dominadores, o que obriga J a fazer o mesmo e tentar impedi-lo. E é na década de 60 que Homens de Preto 3 tem seus melhores momentos. Os paradoxos temporais gerados pela viagem no tempo são interessantes e multiplicam as questões dramáticas, gerando momentos engraçados e de puro suspense. A ambientação serve de inspiração a muitas tiradas hilárias, que envolvem racismo, movimento hippie e contracultura. Até o ícone da pop art Andy Warhol dá o ar da graça e é responsável por um dos melhores momentos do longa. K, em sua versão mais jovem e não menos taciturna, é interpretado pelo ator Josh Brolin que, de alguma forma, consegue fazer um Tommy Lee Jones melhor que Tommy Lee Jones. Este, por sua vez, não aparece em mais que dez minutos de projeção. O filme conta também com a participação especial de Emma Thompson como O, a nova chefe da agência especializada no controle de alienígenas cuja história se mistura com a do agente K e envolve um segredo do passado. Com Barry Sonnenfeld mais uma vez no comando e um quarteto de roteiristas mais inventivo, o longa resgata o clima do primeiro filme e chega a flertar com o emocional em seus momentos finais. As criaturas estranhas e maravilhosas, marca registrada da série, estão presentes, mas, como no longa original, são os personagens humanos os destaques.Não dá pra dizer que a franquia ganhou um novo fôlego, mas certamente se redimiu da insossa primeira sequência. A dica é "neuralizar" o segundo episódio e se divertir com ''Homens de Preto 3''." (Roberto Guerra)
{A onde a morte sempre haverá morte} (ESKS)
{Nunca pergunto, se sei que não gostarei da resposta} (ESKS)
"Um capítulo qualitativamente intermediário entre o original (insuperável, pela novidade!) e a desastrosa sequência de 2002. O clímax especialmente salva uma aventura repetitiva e desgastada pelo tempo." (Alexandre Koball)
Columbia Pictures Hemisphere Media Capital Amblin Entertainment Parkes/MacDonald Productions Imagenation Abu Dhabi FZ
Diretor: Barry Sonnenfeld
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Soundtrack Rock = Status Quo + The Rolling Stones + The Velvet Underground + Cream
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Date 27/06/2013 Poster -### - DirectorMike LeighStarsJim BroadbentRuth SheenLesley ManvilleA look at four seasons in the lives of a happily married couple and their relationships with their family and friends.[Mov 08 IMDB 7,3/10 {Video/@@@} M/80
MAIS UM ANO
(Another Year, 2010)
''O que fazer para manter a felicidade tão próxima por tanto tempo? O longa inglês “Um Ano a Mais” é um filme muito simpático que tem diálogos sensacionais, fato que faz lembrar de cara no clássico “Invasões Bárbaras”. Assim começamos relatando a primeira impressão que fica desse trabalho do famoso cineasta Mike Leigh (diretor dos excelentes: O Segredo de Vera Drake e Segredos e Mentiras). Na trama, um casal muito gente boa (interpretados pelos ótimos: Jim Broadbent e Ruth Sheen) sempre tentam ajudar amigos a saírem de problemas. Durante um período, que definimos como ciclos em estações do ano, a casa deles vira um verdadeiro consultório para ajuda e conselhos que contam com diálogos muito bem escritos e interessantes. Mas quem rouba a cena é Leslie Manville, uma dessas pacientes (talvez a pior de todas) consegue dar um ritmo alucinante a sua personagem e ao mesmo tempo a torna muito carismática. Ótimas risadas, naquela linha de piadas inteligentes que Leigh escreve com maestria. A originalidade desse ponto de visto familiar é a grande chave para o sucesso da trama. O filme tem um ritmo próprio, que às vezes é lento, isso pode atrapalhar a conexão com alguns cinéfilos impacientes. Mas quem conseguir entrar de cabeça na história sairá do cinema leve e descontraído e falará dessa fita nas rodinhas cinéfilas. Sem dúvidas é um longa, com a cara da Academia (Oscar). Baixo orçamento, atores experientes, que dão a dinâmica na medida certa para o andamento da história. Todos esses elementos poderiam ser brindados com algumas indicações, e sem querer ser exagerado, até para melhor filme, porque não?! Mas como sabemos, filmes de baixo orçamento geralmente só tem uma única vaga na lista dos 10 melhores, no ano em que podia concorrer, ficou com Minhas Mães e meu Pai (que é bastante super estimado pela mídia). Dê uma chance a esse consultório carismático de um casal muito gente boa! Confira nos cinemas!" (Guia do Cinefilo)
''Não é fácil dizer o que pretendia Mike Leigh com seu filme de 2010, "Mais um Ano". Ele começa com um belo primeiro plano de Imelda Staunton, isto é, Janet, mulher de meia-idade, simples, que vai a um posto de saúde em busca de remédio para dormir. Ali é informada que insônia não é doença, mas sintoma. E sintoma de quê? As pessoas começam a lhe fazer perguntas, em particular a assistente social Gerri. O rosto misterioso do plano de abertura continua um mistério. E de repente, Janet some do filme, que será doravante dedicado a Gerri e e a seu marido, o geólogo Tom. Tom e Gerri formam uma dupla feliz (não é a primeira para quem lembra de Tom & Jerry do desenho animado). Cultivam sua horta e se amam. Amam o filho, que mora longe, mas é boa pessoa e também realizado, aparentemente. Cultivam ainda a amizade de Mary, colega de trabalho de Gerri um tanto aloprada, mas, pior, bem desequilibrada. Mary parece ter sofrido muitas frustrações nas relações com os homens. A amizade tem, portanto, um quê de assistência social. Mais do que isso, designa esse corte radical entre felizes e infelizes, adaptados e inadaptados que o filme executa ao longo das quatro estações do ano. E, pior, ao longo de cenas bem desinteressantes, em que Leigh parece buscar o humano a partir de seus gestos cotidianos, de sua superfície. Se existe algo que "Mais um Ano" demonstra é que a superfície não é para qualquer um. Se não é expressão de algo muito amplo, consegue captar muito pouca coisa. Clichês, por exemplo: Mary, a alcoólatra. Mary, atirando-se para o filho da amiga, que bem poderia ser filho dela. Mary se enrolando toda com o carro que acabou de comprar. Gerri e Tom compreensivos em relação a ela. E Janet, onde ficou? Sumiu para não mais voltar. Será que Imelda Staunton tinha outro compromisso? Ou brigou com Mike Leigh? Não importa: assim como o filme padece de falta de interesse nos personagens que sobraram, sofre também com a estrutura mais que torta. O filme é um equívoco em toda linha, embora feito por um bom diretor." (* Inácio Araujo *)
83*2011 Oscar / 2010 Palma de Cannes
Thin Man Films Film4 Focus Features International (FFI) UK Film Council Untitled 09
Diretor: Mike Leigh
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Date 20/07/2013 Poster - ##### - DirectorFrank PerryStarsFaye DunawayDiana ScarwidSteve ForrestThe abusive and traumatic adoptive upbringing of Christina Crawford at the hands of her mother, screen queen Joan Crawford, is depicted.[Mov 05 IMDB 6,3/10 {Video/@@@}
MAMÃEZINHA QUERIDA
(Mommie Dearest, 1981)
"O cinema nuna poderá queixar-se das revistas de celebridades. Ele praticamente as inventou e por muito tempo alimentou, assim coimo a mística em torno das estrelas. Com o mfim do Olimpo cinematográfico, é justo que qualquer um aspire a fama. A celebridade laicizou-se, nela cabem do ator mesmo ao príncipe de Gales, passando pelos profissionais do ramoi. "Mamãezinha Querida" trata das relações familiares de Joan Crawford, revela-a como uma megera do tipo das que costuma interpretar: é uma bisbilhoitice que serve a nosso pior voyeurismo (e a vinganças pessoais).'' (* Inácio Araujo *)
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''Em 1972, Joan Crawford se retirou do cinema deixando sua marca como uma das damas fatais das telas, endeusada em Hollywood. Nos anos seguintes, as revelações de sua filha, Christina, chocaram os fãs. A menina passou o diabo com a mãe tirana e jogou tudo em uma autobiografia besr-seller. Em 1981, o sofrimento da filha chegou ao cinema, neste filme que traz uma interpretação alucinada de Faye Dunaway. Impossível não se impressionar com a história de uma mãe que dava surra de cabide na filnha." (Thales de Menezes)
"Pelo bem ou pelo mal, não deixa de ser um clássico trash do anos 1980. Faye Dunaway, completamente descontrolada, consegue a proeza de ser mais "over the top" que a própria Joan Crawford." (Regis Trigo)
"Acredito que os brasileiros estão acompanhando o caso da procuradora da justiça que espancou uma criança, que seria adotada por ela posteriormente. As imagens dos hematomas, os depoimentos e uma gravação indicam que esta senhora é realmente culpada dos seus atos. Ontem assisti na televisão à entrevista com ela, que se defendia das acusações e ameaçava aos que a deletavam. Ridículo. O tema adoção está se discutindo constantemente devido a este acontecimento. Lendo a revista Veja sobre o assunto, foi mencionado a história da filha adotiva de Joan Crawford, Christina Crawford, que, segundo ela, fora espancada pela sua mãe adotiva. Leiam o trecho da reportagem: Em 1978, um ano e meio após a morte de Joan Crawford, a mais velha das quatro crianças que a estrela adotara publicou "Mamãezinha Querida", um livro autobiográfico que virou best-seller e estarreceu o público: segundo o relato de Christina Crawford, então com 39 anos, a ex-diva de Hollywood infligira a ela e a seu irmão Christopher tormentos que abrangiam acessos de fúria, períodos de cativeiro e espancamentos - em uma passagem que se tornou antológica no livro e no filme homônimo adaptado deste, Joan encontrou no armário da filha um cabide de arame e, como só os de madeira eram permitidos na casa, ela açoitou a menina impiedosamente com o item proibido. Segundo Christina, sua mãe era alcoólatra e não tinha nenhum afeto pelos filhos, que teria adotado apenas para fins publicitários. As duas filhas mais novas de Joan negaram tais acusações, alegando que o livro era uma vingança de Christina por ter sido cortada do testamento da estrela - aliás, riquíssima. Vários amigos de Joan, entretanto, confirmaram os episódios de maus-tratos. Também as autoridades deram crédito a Christina, que testemunhou em audiências federais e estaduais destinadas a estabelecer parâmetros para a proteção de menores e colaborou na reformulação das varas de família do condado de Los Angeles. A história de Christina, levada para a casa de Joan em 1940, com 1 ano, é emblemática também em outro aspecto do pesadelo em que se pode transformar a vida de um filho adotado: ela foi uma entre milhares de crianças vítimas de adoções ilegais perpetradas pela Tennessee Children’s Home Society, instituição que mantinha um vasto esquema para rapto e roubo de crianças, com a participação de médicos, enfermeiras e juízes. Como foi mencionada, a história de Christina foi levada às telas com o título homônimo, com Faye Dunaway interpretando a diva Joan Crawford. A atriz ganhou seis prêmios Framboesa de Ouro e teve sua interpretação assolada pela crítica. Eu assisti ao filme e não concordo com estes prêmios recebidos. Faye me convenceu, sim, como Joan Crawford." (Marcia Moreira)
"Joan Crawford teve uma carreira impressionante. Só para citar alguns de seus melhores trabalhos: Grande Hotel (1932), Alma em Suplício (1945), Johnny Guitar (1954) e O Que Aconteceu a Baby Jane? (1962). Era ótima atriz, o que justifica seu sucesso apesar de não ter a beleza convencional das estrelas da época e apresentar transtornos psicóticos. É essa vida tumultuada que se vê em "Mamãezinha Querida", de 1981, filme baseado nas memórias de Christina, filha de Joan. E como sofre a menina, tomando até surra de cabide da mãe. Faye Dunaway, atriz de recursos, faz uma personificação física magistral da estrela. Talvez Joan Crawford não fosse tão megera, mas o filme vale uma conferida." (Thales de Menezes)
''Uma das mais controversas estrelas da era de ouro de Hollywood, Joan Crawford foi o maior ícone da Metro-Goldwyn-Mayer na década de 30. Em 1945 se transferiu para a Warner Bros. – casa de sua maior rival Bette Davis, para protagonizar Almas em Suplício. A adaptação do livro Mildred Pierce, que neste ano ganhou uma minissérie em cinco partes produzida pela HBO e tendo como estrela Kate Winslet, rendeu a Crawford seu primeiro Oscar de melhor atriz. Ela seria indicada por outras duas oportunidades pelos longas Fogueira de Paixões e Princípios da Alma (RKO), em 1947 e 52 respectivamente. Em 1962 o diretor Robert Aldrich conseguiu o inimaginável, juntar as rivais Davis e Crawford em um mesmo filme: o thriller psicológico O Que Terá Acontecido a Baby Jane?. Sucesso de crítica, o aclamado longa foi indicado a cinco prêmios Oscar – venceu na categoria figurino, incluindo melhor atriz para Bette, fato que deixou a temperamental Joan, esnobada pela Academia, revoltada. Após sua morte em 10 de maio de 1977, sua filha Christina Crawford, a primeira das quatro crianças adotadas pela estrela, lançou o polêmico livro Mamãezinha Querida (Mommie Dearest) revelando os bastidores de sua tumultuada relação com a famosa mãe. Joan Crawford fora revelada como uma mulher descontrolada, abusiva e que se refugiava dos problemas no álcool e nas agressões a seus filhos, principalmente a primogênita. Grande sucesso de vendas, o livro não demorou a chamar a atenção dos executivos de Hollywood. No final da década de 70 o diretor Fran Perry (indicado ao Oscar por David and Lisa, de 1962) começou a desenvolver o projeto tendo em mente para o papel de Joan, Anne Bancroft. A atriz chegou a se comprometer mas abandonou o longa antes que o roteiro estivesse finalizado. Ela é a única que têm talento para ser uma grande estrela! - Joan Crawford sobre Faye Dunaway. Consagrada em 1977 com o Oscar de melhor atriz pelo clássico Rede de Intrigas, Faye Dunaway, uma das maiores atrizes norte-americanas das décadas de 60 e 70 e estrela de produções inesquecíveis como Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas, Chinatown - indicada ao Oscar como melhor atriz pelos dois filmes, Crow, O Magnífico e Três Dias do Condor aceitou o desafio de viver Joan Crawford na polêmica adaptação. Certa de que venceria o Oscar por sua interpretação, Faye ficou devastada ao ter seu trabalho destruído pelos críticos que a classificaram e o filme como exagerado e de mau gosto. Revisto atualmente ''Mamãezinha Querida'' não é tão ruim como sua reputação faz parecer. O longa começa bem mostrando a obsessão pela imagem e por limpeza de Joan, indicando uma personalidade compulsiva. Dunaway não decepciona, se entregando a personagem e saindo-se bem. O problema é que assim que a história se desenvolve, o tom melodramático se intensifica e com isso a atriz cai numa armadilha sem volta: o exagero. Transformando Joan em uma caricatura, uma espécie de vilã de novela mexicana, histérica ao extremo. Considerado por cinéfilos como um guilty pleasure, o fracasso artístico de Mamãezinha Querida deixou sequelas graves na carreira de sua protagonista Faye Dunaway, que até hoje se recusa a falar sobre o filme. Desde o Oscar por sua fantástica atuação em Rede de Intrigas a carreira da atriz vinha perdendo fôlego com produções irregulares como os suspenses Os Olhos de Laura Mars e O Primeiro Pecado e o drama O Campeão com Jon Voight. Entretanto após viver uma aterrorizante Joan Crawford, se abateu uma espécie de “maldição” sobre sua carreira. Durante toda a década de 80 Dunaway teve apenas um sucesso de crítica, o drama de Barbet Schroeder Barfly - Condenados pelo Vício, pelo qual recebeu uma indicação ao Globo de Ouro como melhor atriz dramática. Produções como Supergirl, famigerada adaptação das aventuras da heroína da DC Comics, e o nada visto telefilme Beverly Hill Madam foram grandes fiascos. Com Warren Beatty e Jack Nicholson, respectivamente, nos clássicos Bonnie & Clady e Chinatown, no suspense Os Olhos de Laura Mars, com Mickey Rourke no drama Barfly, e aos 70 anos no Festival de Cannes deste ano em que foi homenageada. O ostracismo profissional e os papéis rasos em filmes medíocres continuaram nas décadas seguintes, excetuando suas participações nos longas Arizona Dream - Um Sonho Americano, Don Juan DeMarco com Johnny Depp e Marlon Brando, O Segredo com Gene Hackman, Gia - Fama e Destruição com Angelina Jolie e que rendeu a Faye o Globo de Ouro como atriz coadjuvante, e Caminho sem Volta, longa de James Gray que trazia também no elenco Mark Whalberg, Joaquin Phoenix e Charlize Theron. Após anos sem grandes ofertas de personagens, Faye Dunaway jogou fora o que poderia ser a melhor oportunidade de sua carreira: o papel principal em Réquiem para Um Sonho do então novato diretor Darren Aronofsky, que posteriormente dirigiria os sucessos O Lutador e Cisne Negro. Ellen Burstyn assumiu a personagem, sendo aclamada pela crítica e indicada a todos os prêmios da temporada, incluindo o Oscar. Atualmente relegada a pequenas participações em séries de televisão como CSI: Crime Scene Investigation e Grey’s Anatomy, Faye Dunaway sucumbiu ao seu ego inflado, escolhas equivocadas de personagens e em não saber envelhecer com sabedoria. Tornando-se uma caricatura da bela mulher que fora na juventude ao se submeter ao excesso de intervenções cirúrgicas. Logicamente que a maldição de Joan Crawford é apenas uma lenda urbana de Hollywood, a decadência artística de Faye Dunaway possui apenas uma responsável, a própria atriz que parou no tempo e não soube se reinventar como fez sua contemporânea e ainda grande estrela Jane Fonda." (Ramon Dutra)
Paramount Pictures
Diretor: Frank Perry
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Date 22/07/2013 Poster - #### - DirectorWes AndersonStarsJared GilmanKara HaywardBruce WillisTwo 12-year-olds, who live on an island, fall in love with each other and elope into the wilderness. While people set out on a search mission, a violent storm approaching them catches their attention.[Mov 04 IMDB 7,8/10 {Video/@@} M/84
MOONRISE KINGDOM
(Moonrise Kingdom, 2012)
''Como se trata de um filme de Wes Anderson, parece que tudo -personagens, paisagens, circunstâncias - se encontra um tanto deslocado em relação ao mundo real em "Moonrise Kingdom", onde, para começar, as coisas se passam numa ilha na Nova Inglaterra. Deslocados, também, sentem-se os jovens Sam e Suzy, que decidem fugir de suas casas. A partir daí mobiliza-se um exército de atores ilustres (Bruce Willis, Frances McDormand, Bill Murray, mais o chefe de escoteiros Edward Norton) para localizá-los. Tudo bem normal, bem banal, a não ser pelo fato de Anderson buscar no normal, na convenção cinematográfica, a inspiração para desviar-se e achar um caminho original." (* Inácio Araujo *)
''No cinema de Wes Anderson, uma sobrecarga de prosaísmo costuma criar um mundo de estranheza e, talvez, demonstrar o quanto é estranho o nosso mundo dito normal. Em "Moonrise Kingdom", numa ilha de cinema (onde tudo serve à fábula, a começar das cores), um menino e uma menina fogem. Isso bota em polvorosa um chefe de escoteiros e o xerife local. Sem falar dos pais da protegida garota. Não são as particularidades da fuga o que mais interessa. Talvez o desencontro entre os dois e o mundo "oficial" seja, afinal, revelador de um universo em que adultos abdicam de ideias e paixões, substituídas pelas solenes conveniências com que Anderson ama brincar." (** Inácio Araujo **)
"Moonrise Kingdom" dificilmente irá alterar a percepção de crítica e público sobre a obra do cineasta norte-americano Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums e Viagem a Darjeeling). Seus detratores poderão acusá-lo fazer o filme de sempre, com personagens afetados e estilo maneirista. Já os admiradores talvez prefiram dizer que Anderson renova seu olhar sobre temas essenciais, joga luz sobre personagens socialmente desajustados e que seu estilo idiossincrático chega a um novo patamar de sofisticação. Aqui e ali há um pouco de verdade: Anderson é um maneirista sim, mas um maneirista com alma --o que, ao fim e ao cabo, é a própria definição de um autor de cinema. Ou seja, seus maneirismos não servem apenas para chamar atenção a seu estilo, mas para criar um universo particular, impregnado de significados e leituras. A assinatura mais evidente de seu estilo é o travelling perpendicular: a câmera movimenta-se horizontal ou verticalmente sobre trilhos, a 90 graus das cenas retratadas (e não na diagonal, como manda o figurino). O resultado é teatral e cinematográfico: tem-se a impressão de estar vendo uma peça num palco italiano através de um binóculo (a câmera de Anderson). A encenação está duplamente enunciada, mas nem por isso os sentimentos por trás dela são menos sinceros. Aqui, Anderson refina o procedimento, com notável sentido de composição dos quadros e de uso das cores (no caso, de tons pastel). A trama é, como de hábito, um caso de desarranjo social e afetivo. No verão de 1965, em uma ilha da Nova Inglaterra, um garoto (Jared Gilman) e uma garota (Kara Hayward) de 12 anos fogem juntos. Ele é um órfão que larga um grupo de escoteiros. Ela, primogênita de pais (Bill Murray e Frances McDormand) que já não se entendem. Eles estão apaixonados. Enquanto uma tempestade se aproxima, os fugitivos são procurados pelo xerife local (Bruce Willis) e pelo líder dos escoteiros (Edward Norton). "Moonrise Kingdom" parece ser mais uma tentativa disfarçada, por parte de Anderson, de adaptar ao cinema a obra do escritor norte-americano J.D. Salinger (O Apanhador no Campo de Centeio, Franny e Zooey). Não apenas capturar seu espírito, mas seguir os ciclos de seus personagens: o desencanto com os adultos (vistos como impostores), uma atrapalhada fuga e, por fim, uma relutante reconciliação. Talvez Anderson não chegue jamais a traduzir com a precisão e originalidade de Salinger a beleza melancólica da passagem do mundo da infância para o adulto. Mas "Moonrise Kingdom" prova, mais uma vez, que seu esforço vale a pena." (Ricardo Calil)
"Bonitinho e encantador, com os cacoetes de estilo de Anderson se fazendo presente, mas sem soterrar a obra." (Vlademir Lazo)
"Ao conferir contagiantes beleza, ludismo e pureza à história de amor e fuga (real e figurada) de Suzy e Sam, a marca característica de Wes Anderson constrói genial híbrido de livro de fábula ilustrada em cores vivas e cinema." (Rodrigo Torres de Souza)
"Sem dúvida, mais uma experiência única de Wes Anderson, esteticamente falando, embora os personagens psicologicamente afetados e o excesso de simetria de seus ângulos sejam apenas recorrentes do restante de sua filmografia - esperados." (Alexandre Koball)
"Um híbrido de emoções e sensações à altura dos grandes filmes de Anderson, que se lança à fronteira do que é belo e triste, absurdo e cômico, real e fabulístico." (Daniel Dalpizzolo)
"Divertido, elegante e tocante. Todos sabem que gosto de filmes com jovens, e Moonrise Kingdom entrega um algo a mais exatamente com a temática levada a sério." (Rodrigo Cunha)
"Wes Anderson bebe na fonte de Barry Lyndon, de Kubrick, para contar, em planos milimetricamente estudados, a urgência do primeiro amor. Provavelmente o melhor filme do diretor. Destaque para a bela trilha sonora de Alexandre Desplat." (Régis Trigo)
"Uma poesia nem sempre precisa rimar. Às vezes ela pode ser apenas criativa." E criatividade sobra no novo trabalho de Anderson, que utiliza o seu estilo característico pra trazer doçura, melancolia e humor à história de seus fascinantes personagens." (Silvio Pilau)
"Anderson lança mão de suas características para ilustrar, em imagens, uma narrativa fabulesca típica de livros infantis. A descoberta do amor, e do significado das relações pessoais, em um universo vazio, rico apenas pela imaginação fértil das crianças." (Emilio Franco Jr.)
"A cena em que Sam fura a orelha de Suzy é tão simples e sutilmente bela que, pelo menos à primeira vista, parece ter força suficiente para representar o filme inteiro." (David Campos)
O reino do nascer da lua.
''Quando os pequenos Suzy (Kara Hayward) e Sam (Jared Gilman), durante sua fuga na floresta, sentam em cima de uma rocha alta para olhar a paisagem que os rodeia, a garota lhe confessa que não desgruda de seus binóculos por conta dos poderes mágicos que consegue extrair deles. Por meio deles que ela consegue ver tudo de perto, uma forma de também se aproximar das situações de um mundo do qual sente que não faz parte. Tanto Suzy quanto Sam são outsiders, crianças que não se encaixam na sintonia fabulosa que parece reger o universo criado por Wes Anderson em seu mais novo trabalho, Moonrise Kingdom (idem, 2012). Mais uma vez, o cineasta aposta na construção milimetricamente planejada de um mundo particular, para inserir no meio de tudo personagens deslocados que em momento algum – assim como o espectador – conseguem o entender plenamente. ''Moonrise Kingdom'' é um filme de detalhes, onde se encontram suas maiores riquezas. Seus cenários fechados, em especial, como a cada da família Bishop, é de uma quantidade de pequenos e belos detalhes inimaginável. Toda a ação do filme se passa na ilha fictícia de New Penzance (sim, trata-se de uma referência à ópera de Arthur Sullivan e W. S. Gilbert). Os habitantes do local poderiam ser classificados como esquisitos – o que não vem a ser uma surpresa quando se trata de Wes Anderson. No entanto, toda a esquisitice dos personagens parece estar em certa sintonia, o que cedo ou tarde nos faz entender que os padrões de normalidade deles são aqueles e, portanto, os estranhos somos nós. Corrigindo, não somente nós. Suzy e Sam também parecem perdidos naquele meio, por isso decidem fugir para a floresta juntos, depois de se conhecerem durante uma apresentação dominical da Arca de Noé na igreja local. Sam é um ex escoteiro da equipe do comandante Ward (Edward Norton), órfão e rejeitado por sua família adotiva. Suzy é apenas uma dentre os vários filhos pequenos de Walt (Bill Murray) e Laura Bishop (Frances McDormand), mas por alguma razão não consegue se enturmar com amigos ou mesmo com sua família destrambelhada, encontrando em Sam uma chance de ter um companheiro fiel e, melhor ainda, uma aventura pela floresta. Depois que os dois somem mata adentro, o comandante Ward – na verdade um infeliz professor de matemática que nas horas vagas lidera o grupo de pirralhos – e o policial Sharp (Bruce Willis) lideram junto com a família Bishop e com os escoteiros uma busca pelos dois fujões. Por trás de situações fofinhas embaladas por canções suaves e diálogos nonsense, se escondem as marcas registradas mais fortes do cinema indie de Wes Anderson. Para muitos seu cinema chama mais atenção pelas firulas estéticas e mesmo narrativas, ou sua mise-èn-scene colorida e encantadora (o que não deixa de ser uma série de pontos fortes), mas a verdade é que seus filmes vão muito além disso tudo. Assim como vemos em Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums, 2001) ou A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004), os personagens que marcam presença nos filmes de Anderson são aqueles que não conseguem se adequar a uma sociedade. O mais interessante nisso tudo é que não se trata de uma sociedade semelhante à nossa, porque nesses trabalhos há toda uma preocupação em se criar um novo universo lógico, mas mesmo nesse contexto de fábula literária predominante na atmosfera de ''Moonrise Kingdom'', nossos protagonistas não conseguem se encaixar. É como se a fantasia não fosse o suficiente para inteirá-los em um grupo, portanto só lhes resta a fuga. Não somente a fuga física, para uma floresta onde os dois irão se descobrir e se apaixonar – até porque eles sabem que é uma questão de tempo até serem achados – mas também uma fuga de suas próprias realidades íntimas. Suzy descobre que sua mãe tem um caso com o policial Sharp e que seus pais a consideram uma garota problemática; Sam perdeu os pais muito cedo e agora sofre mais uma rejeição de sua família adotiva. O medo dos dois, na verdade, é o de rejeição, de voltarem a ser ignorados ou rotulados pelas pessoas que deveriam ser próximas. Esse medo não acomete somente os dois protagonistas, mas todos os personagens, de certa maneira. A diferença é que o núcleo de personagens adultos já se rendeu, enquanto os novos procuram um escape. Em uma bem humorada condução desses núcleos, Anderson coloca os adultos como pessoas infantis, infelizes e imaturas; enquanto as crianças tomam as rédeas da situação e planejam seguir por um caminho que lhes pareça ser o certo, em busca da aceitação, nem que para Suzy seja apenas a aceitação de Sam, e vice-versa. Apesar do humor, do romance e do teor dramático, ''Moonrise Kingdom'' é um filme que não se encaixa plenamente em gêneros. Sua consistência se sobressai a moldes e padrões, e por isso o filme consegue ir tão longe em sua proposta de retratar a descoberta da vida adulta através de uma grande e bela aventura. Afinal, o grande outsider de todo esse trabalho é o próprio Wes Anderson, um dos cineastas mais sensibilíssimos dessa geração, e em sua ânsia de trazer para as telonas o conto mágico de dois adolescentes que um dia decidiram fugir para a floresta para conhecerem melhor a si mesmos, ele acabou também encontrando uma forma de se afirmar e ser aceito, mesmo sendo alguém tão deslocado em seu universo." (Heitor Romero)
''Fortes sentimentos contidos, inadequação e melancólica doçura, registrados com uma composição cheia de simetrias, texturas e movimentos de câmera calculadíssimos. Esse é o trabalho de Wes Anderson, cineasta que divide opiniões - mas que tem em sua cinematografia uma incontestável coerência. Outro traço característico de Anderson, o microcosmo (a casa, o barco, a fazenda...), em ''Moonrise Kingdom'' (2012), seu sétimo longa-metragem, surge na forma de uma ilha na costa da Nova Inglaterra, New Penzance. A trama se passa em 1965, nos últimos suspiros da inocência estadunidense, quando o país preparava-se para a Guerra do Vietnã. É na pequena ilha que Suzy Bishop (Kara Hayward) vive ao lado de seus pais (Bill Murray e Frances McDormand). Ambos se tratam por doutor e doutora e dormem em casas separadas, enquanto ela vive um caso com o único policial local (Bruce Willis). Enquanto isso, no Acampamento Ivanhoé, sob os cuidados do Escoteiro-Chefe (Edward Norton), está Sam Shakusky (Jared Gilman). Suzy e Sam têm 12 anos e se amam desde que começaram a trocar cartas, há um ano, quando se conheceram em uma peça de colégio. Os dois pretendem fugir juntos - e chegou a hora de colocarem seu plano em ação. Anderson, que coescreveu o roteiro com Roman Coppola (seu colaborador em O Fantástico Sr. Raposo), faz um excelente trabalho - apoiado, como sempre, pela qualidade do elenco que reúne -, na retratação do amor das duas crianças. O menino, provedor e dono orgulhoso de um broto de bigode, usa as habilidades adquiridas entre os escoteiros para dar à menina, amante das artes e vaidosa, condições longe dos pais, em um paraíso só seu. Através de ambos, somos lembrados de como os primeiros amores pareciam o ingresso para um reino fantástico. Hilário pelas situações excêntricas e sem deixar que os maneirismos sufoquem a história, ''Moonrise Kingdom'' lembra Três é Demais (Rushmore, 1999), um dos melhores filmes de Anderson, ao desafiar gêneros ao registrar o pathos juvenil com a mistura esquisita e adorável de comédia e drama que só o diretor é capaz." (Erico Borgo)
''Para admirar os filmes de Wes Anderson (de Os Excêntricos Tenenbaums e Três é Demais) é preciso certo desapego à realidade e capacidade de mergulhar sem hesitação em universos que transitam entre o crível e o totalmente surreal. Locais povoados de personagens nonsenses que, muitas vezes, beiram o ridículo, mas que criam identificação imediata com o público por exporem sem disfarces, e muitas vezes de maneira patética, aquilo que escondemos por trás das convenções sociais. Neste sentido, ''Moonrise Kingdom'', e sua enternecedora e hilária história de dois adolescentes desajustados que tentam vivenciar um amor impossível, é um típico longa de Anderson. Um filme cativante, principalmente para o público que curte histórias e personagens incomuns. Sua raridade excêntrica, no entanto, é também universalmente atraente e capaz de dialogar mesmo com o público mais afeito a tramas naturalistas e convencionais. O divertido - e propositadamente pouco expressivo - casal de protagonistas é formado por Sam Shakusky (Jared Gilman) e Suzy Bishop (Kara Hayward). Eles têm entre 12 e 13 anos e, apesar de seus problemas de inserção social, são confiantes e decididos. Sam é órfão e membro de um grupo de escoteiros no qual tenta encontra o sentido de companheirismo de uma família, no que não tem muito êxito - seus amigos de grupo o ignoram. Suzy é a entediada irmã mais velha de uma família tradicional e, aparentemente, feliz. Ela, no entanto, é triste e prefere ver o mundo através de seus binóculos, uma metáfora da fuga, que a projeta para longe dos limites de sua casa, de onde quer partir depois de descobrir o livreto Como Lidar com Uma Criança Perturbada, que seus pais estão lendo. Suzy sabe, ou acredita saber, ser a motivação da leitura. Peixes fora d’ água em seus mundos, fogem juntos pelo atraente cartão-postal da ilha de Nova Inglaterra. Passam, então, a ser perseguidos pelos pais da menina (Bill Murray e Frances McDormand), a polícia (representada pelo capitão Sharp, vivido por Bruce Willis) e um grupo de escoteiros mirins para o qual seu hilário líder, Mestre Ward (Edward Norton), tem de avisar que se trata de uma “operação de resgate não-violenta”. Anderson e seu parceiro de roteiro, Roman Coppola, usam o grupo de escoteiros para fazer uma sátira sutil ao militarismo. O filme, por sinal, é pontuado de críticas perspicazes à sociedade moderna, mesmo sendo ambientado na década de 60. A pequena ilha retratada no filme funciona como um microcosmo do mundo, onde muitas de nossas incongruências se evidenciam de forma caricata. Durante um bom tempo a produção se detém no jovem casal em fuga e suas descobertas. Os dois atores, ambos estreantes, estão ótimos e têm sintonia cênica perfeita. Os diálogos, por sua vez, são um destaque à parte. Quando se beijam pela primeira vez, numa das muitas sequências impagáveis do filme, ambientada na praia, Sam vira a cabeça e cospe. Em seguida, impassível, garante a Suzy que é só porque tinha areia na boca. Nestes momentos Moonrise Kingdom esquece da sátira e é apenas uma bela evocação do amor jovem e pueril, uma representação da América inocente. O filme tem direção de arte distinta e bela, que nos faz mergulhar num tempo e espaço onde seus acontecimentos se tornam críveis a nossos olhos, mesmo com todos seus absurdos. É como se tivéssemos saltando da realidade para um conto de fadas. O lar de Suzy, retratado como uma gigante casa de bonecas, onde a câmera salta de um cômodo ao outro em visão frontal, é o indicador inicial de que estamos em outra dimensão, onde tudo é possível, onde o insensato torna-se aceitável. ''Moonrise Kingdom'' pode parecer uma esquisitice, e é. Mas também é fato que Wes Anderson consegue, como poucos, dar unidade e dimensão à sua proposta insólita. Sua estranheza em forma de filme, principalmente nos dias de hoje, soa menos exótica que muita tolices pretensamente realistas." (Roberto Guerra)
85*2013 Osacar / 70*2013 Globo / 2012 Palma de Cannes
Top 250#224
Indian Paintbrush American Empirical Pictures Moonrise Scott Rudin Productions
Diretor: Wes Anderson
181.441 users / 66.226 face
Soundtrack Rock = Hank Williams
Date 07/08/2013 Poster #### - DirectorKenji MizoguchiStarsKinuyo TanakaSanae TakasugiTomie TsunodaA mistress of a drug dealer in post-war Japan is shocked when she discovers that he is having an affair with her sister.[Mov 05 IMDB 7,3/10 {Video}
MULHERES DA NOITE
(Yoru no onnatachi, 1948)
''Ambientado no Japão pós-guerra, tomado por destruição e desespero, Mulheres da Noite conta a história de Fusako Owada, que reside na casa do cunhado enquanto espera o esposo voltar do campo de batalha. Ao descobrir que seu marido não voltará, Fusako reencontra sua irmã Natsuko e ambas são vítimas da ruína física e emocional causada por doenças, alcoolismo e prostituição.'' (Filmow)
"O destino das mulheres, em particular o das mulheres pobres, era sombrio, no entender de Kenji Mizoguchi. As casas de prostituição eram um destino frequente para elas e foram também um assunto frequente do grande cineasta. Ele não as conhecia apenas como artista. Consta que gastava ali todo o seu dinheiro. E que não devia ser pouco, já que era um dos três principais cineastas japoneses. Mesmo com todo esse prestígio, Mizoguchi passou por momentos difíceis, e um deles foi o pós-guerra, quando seu estilo foi considerado fora de moda. Pesavam para isso não apenas a ascensão de uma geração recente (Akira Kurosawa à frente, mas não sozinho) e os novos ares do mundo - e do Japão -, após a derrota militar. É possível que Utamaro e Suas Cinco Mulheres, de 1946, fosse um desses filmes vistos com reservas: trata-se de falar da paixão de um pintor por sua arte e, sobretudo, o empenho em captar a vida, integralmente, que punha em cada retrato de mulher que realizava. É um filme sobre o cinema, em grande medida. Um filme tradicional, para os padrões de 1946, talvez bastante alienado, o que não deixava de convir para um cineasta que havia estado muito próximo do governo durante a guerra. Mas um belíssimo filme, quando visto em 2009. "Mulheres da Noite" participa do movimento de "atualização" de Mizoguchi. O filme é de 1948 e nos chega em sua versão internacional, de 72 min. (no Japão foi exibido em 100 min.), o que lhe confere uma agilidade maior do que a média do cinema nipônico e alguns saltos estranhos no tempo. A partir do fim da guerra, Mizoguchi inteirou-se sobre o novo estilo, em especial o neo-realismo italiano. Foi isso que pediu a seu fiel roteirista, Yoda Yoshikata: um filme nos moldes contemporâneos. Yoda escreveu e Mizoguchi filmou conforme os novos cânones: só em locações. Isso, aliás, não prejudica em nada a história da viúva de guerra que, apesar dos enormes problemas econômicos, recusa-se a cair na prostituição. Consegue um emprego (tornando-se, na verdade, amante do chefe) e terá na irmã, mais tarde, uma rival. Assim como em Utamaro, Mizoguchi é brilhante em cada enquadramento, e em particular no trabalho de longos e elaborados planos, em que é um dos pioneiros no cinema sonoro. Ele cerra seu objeto com precisão quase maníaca, fiel a sua máxima, segundo a qual é preciso lavar o olho após cada plano. Aprender a ver novamente, a ver o novo. Kenji Mizoguchi é um desses diretores de cinema que, quanto mais se vê, mais se percebe a qualidade única: Utamaro e "Mulheres da Noite" são filmes com modos de produção, assuntos e até estilos diferentes, mas ambos admiráveis." (* Inácio Araujo *)
Shôchiku Eiga
Diretor: Kenji Mizoguchi
600 users / 13 face
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Date 09/08/2013 Poster - ## - DirectorPatty JenkinsStarsCharlize TheronChristina RicciBruce DernBased on the life of Aileen Wuornos, a Daytona Beach prostitute who became a serial killer.[Mov 05 IMDB 7,3/10 {Video/@@@} M/74
MONSTER - DESEJO ASSASSINO
(Monster, 2003)
"O principal perigo de "Monster - Desejo Assassino" é dar toda a atenção a atriz Charlize Theron e deixar o filme de lado, o que seria uma injustiça, mas não uma iniquidade, até porque a presença de Theron, fazendo uma homossexual, é marcante. Eu disse homossexual? Não, ela está mudada, é outra pessoa, machona mesmo, fazendo a garota que se prostitui para sustentar Christina Ricci. Ela quer ter uma vida normal. Ela não chegará a isso: o assassinato de um cliente será o começo de uma série que apenas ratifica sua condição de maldita. Esquecendo um pouco a performance de Theron veremos que existe ali um filme forte. O que torna ainda mais lamentável o ostracismo em que caiu sua autora, a cineasta Patty Jenkis." (* Inácio Araujo *)
''É típico o destino de Patty Jenkins: estreou com enorme força em "Monster - Desejo Assassino". Isso foi em 2003. O filme deu, entre outras coisas, um Oscar de melhor atriz a Charlize Theron. Depois, tudo o que a diretora Patty Jenkins fez foi para a televisão. Ao que parece, o cinema não tem mais lugar para monstros de verdade. E o lugar para talentos também não é muito grande. Aqui, o longa-metragem trata de mostrar o que pode haver por trás do monstro, isto é, a prostituta Aileen Wuornos, assassina de sete homens. O filme é duro, mas não lhe faltam convicção nem talento. E Charlize faz e acontece (Christina Ricci, que faz sua namorada, Selby, não fica muito atrás)." (** Inácio Araujo **)
''É praticamente um clichê hollywoodiano a ideia de que toda atriz bonitona sonhe com um papel dramático sem glamour, que permita a ela mostrar que tem talento. Talvez a loira sul-africana Charlize Theron nem procurasse por isso, mas caiu em seu colo um papel assim no drama "Monster: Desejo Assassino", de 2003. Aos 28 anos, com rosto e corpo consagrados em trabalhos de modelo e filmes de sucesso, ela interpreta uma prostituta masculinizada que se torna serial killer. Ajuda muito a presença de Christina Ricci como sua companheira, uma coadjuvante inspirada. As duas sofrem um bocado em sequências angustiantes. O esforço deu um Oscar a Charlize. Missão cumprida." (Thales de Menezes)
"Quem nasceu para sofrer e sofre a vida inteira. Uma das obras mais reais sobre uma personagem esquecida ou abandonada pela sociedade. A performance de Theron é digna de Oscar, realmente." (Josiane K)
"Oco. A diretora parece não saber o que fazer com o material que tem em mãos e simplesmente recorre a um amontoado de cenas de dramaturgia frágil e sem nenhuma identidade. A tão aclamada atuação de Theron é apenas ok." (Heitor Romero)
"A humanização de um monstro." (Junior Souza)
''A câmera se aproxima do rosto de uma mulher. É inchado, manchado, cheio de olheiras. Sentada sob um viaduto, ela observa o trânsito em uma rodovia expressa enquanto segura um revólver. Se os créditos e toda a mídia não avisassem, seria impossível descobrir que a protagonista de ''Monster - Desejo Assassino'' é a belíssima Charlize Theron (Doce Novembro). Mas o filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz não é somente uma vitrine para Charlize mostrar ser mais do que um rostinho bonito: Monster - Desejo Assassino cumpre bem o papel de ser pesado, violento e incomodar o espectador. Dirigindo um longa-metragem pela primeira vez, a diretora Patty Jenkins baseou-se na história real de Aileen Wuornos (Charlize). Uma garota desprezada desde pequena que, para chamar a atenção, começa a vender sua nudez por uns trocados. A nudez logo se transforma em sexo oral e Aileen vira uma prostituta de beira de estrada. É neste momento que conhecer Selby Wall (Christina Ricci) em um bar, uma garota baixinha com cara de assustada que produz uma reviravolta em sua vida. Aileen encara a responsabilidade de cuidar da amante, que abandona o conforto da casa dos pais para viver em quartos de hotéis baratos ao seu lado. Mas esta nova fase revela também um novo lado de sua personalidade: o assassino. ''Monster - Desejo Assassino'' é um filme feminino, mas não como As Horas (2002), por exemplo. Aqui, os homens fazem papéis de traidores, estupradores, fracos - vítimas em potencial da fúria antimacho que toma conta da assassina em questão. O filme mostra com crueldade o mundo visto pelos olhos cheios de olheiras de Aileen, no qual os homens não servem para muitas coisas. Mais do que uma boa maquiagem, Charlize Theron ostenta uma atuação com a carga dramática necessária: nem muito fria, nem muito exagerada. E o que contribui para isso é a química entre as duas protagonistas. Claro que a história de ''Monster - Desejo Assassino'' é boa. Afinal, nada melhor do que as bizarrices e crueldades da nossa própria realidade para inspirar Hollywood. No entanto, a verdadeira alma desta produção está na performance da dupla protagonista." (Angelica Bito)
''Em 9 de outubro de 2002, foi executada por injeção letal, no Estado da Flórida, Aileen Wuornos, a primeira assassina serial dos Estados Unidos e uma das únicas do mundo. Conhecida como a Donzela da Morte, ela matou seis homens de meia idade enquanto trabalhava como prostituta nas auto-estradas americanas. Em 2001, depois de mais de uma década encarcerada, a assassina pediu para ser condenada à morte de uma vez, pois não havia razão para ficar gastando o dinheiro dos contribuintes comigo. Matei sim, e mataria novamente, se pudesse, declarou. Tenho ódio correndo em minhas veias. Aileen sofreu abusos na infância e consumiu drogas durante toda a vida. Começou a se prostituir aos 14 anos e cometeu seu primeiro assassinato em 1989, matando mais cinco pessoas (ou seis, não se sabe ao certo) nos nove meses seguintes. Poucas horas depois da execução da sentença, um dos grandes veículos de Hollywood já anunciava o início da produção de Monster, filme independente que mostraria a vida da assassina. Não seria motivo para alarde, afinal, Hollywood não é conhecida por deixar assuntos esfriarem antes de transformá-los em película. Entretanto, a presença de Charlize Theron (Doce novembro) como a protagonista causou espanto. Theron parecia uma escolha equivocada para o papel, afinal ela é belíssima, tem um rosto conhecido demais e parecia incapaz de garantir alguma verossimilhança para a trama. Felizmente, a atriz encontrou a maneira ideal de abordar o trabalho: ficar feia, tática que foi recentemente testada pelas igualmente belas Nicole Kidman, em As horas, e Salma Hayek, em Frida. Theron transformou suas formas ao engordar 16 quilos, sofreu um processo de maquiagem que a deixou parecidíssima com a serial killer (incluindo prótese dentária, manchas de pele e cabelos maltratados) e, principalmente, agiu nas telas como uma verdadeira troglodita, movendo-se e falando como a monstra do título. O resultado é tão positivo que lhe rendeu o cobiçado Oscar de Melhor atriz. Não por acaso, a cena que abre o longa mostra um close-up da chuva batendo em seu rosto transformado. Um tremendo choque para quem a viu linda no recente Uma saída de mestre. Passado o susto inicial, o filme acompanha a vida de Aileen, desde o começo da sua carreira de crimes até seu julgamento, e tenta humanizá-la ao dividir o fardo da culpa com a amante Selby Wall. Interpretada pela sempre competente - e esquisita - Christina Ricci, Selby é uma versão fictícia de Tyria Moore, a mulher que na vida real dividiu os sofrimentos com Aileen. O personagem foi criado porque Tyria havia sido retratada de forma negativa em um documentário sobre a assassina e decidiu processar os produtores da fita. Como em Monster é exatamente isso o que se vê na tela, o estúdio preferiu removê-la para evitar acusações posteriores. Assim, a personagem ficou apenas em parte verídica, o que não tira a sua força. Selby é mostrada com dualidade. Inicialmente aparece como algo benéfico, já que desperta em Aileen o desejo de mudar de vida, esquecer seu passado como prostituta e progredir. Por outro lado, funciona como um catalisador involuntário da onda de violência da assassina, já que se coloca na posição de dependente da outra e exige boas condições financeiras. Como Aileen não consegue se ajustar - algo mostrado numa das melhores cenas do filme, quando um advogado explica pra ela o que significa ser uma pessoa normal - apela para o crime e acaba descontrolada pela sensação de poder. Todavia, o longa não é genial, nem mesmo memorável. A diretora estreante Patty Jenkins, que também assina o roteiro, exagera na idéia recorrente de tratar a criminosa como fruto de sua condição social e parece fascinada demais pela vida difícil da assassina. A força do filme fica mesmo no fato de ser baseado em uma história verídica - é necessário descontar os excessos da cineasta - e nas ótimas interpretações das duas protagonistas, que conseguem transmitir toda a dualidade de caráter de suas personagens. Vale ressaltar também que, além de mudar fisicamente Charlize Theron, a pequena produção independente também transformou-a de coadjuvante bonitinha de filmes de ação ou romances açucarados em uma atriz de primeira linha. Seu próximo projeto, a adaptação para as telas do desenho animado Aeon Flux, já garantiu à sul-africana um invejável salário de 10 milhões de dólares, uma quantia significativa que engorda sua conta bancária e pode fazer os quilos extras de Ailenn Wuornos facilmente desaparecerem." (Erico Borgo)
''Nem sempre beleza é sinônimo de talento. Mas em Hollywood, em sua maior parte, talento é sinônimo de beleza. Principalmente quando falamos de mulheres. Há alguns anos vimos algumas beldades como Cameron Diaz ficar feia e quase irreconhecível no filme Quero ser John Malkovich e Nicole Kidman ficar praticamente uma bruxa em As Horas. Estes foram um marco em transformações e como essas atrizes conseguiram ser tão versáteis a ponto de conseguirem obscurecer sua beleza transparente e conseguirem desenrolar um carisma enorme em seus personagens. Assustou no início, mas quem está no mundo cinematográfico é sujeito a papéis desse tipo. Em "Monster – Desejo Assassino" foi a vez de Charlize Theron mostrar o porquê de tanto auê nesses últimos 2 anos em relação a sua pessoa. Ela que fez a bela Mary Ann Lomax em Advogado do Diabo, conseguiu esconder toda sua beleza para interpretar este papel. Charlize faz Aileen Wuornos, uma mulher que foi vítima de abusos durante a infância e que para conseguir o que queria começou a se prostituir desde a sua adolescência. Ela está prestes a acabar com a própria vida quando conhece Selby (Christina Ricci, de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça), uma jovem que não tem opinião sexual formada ainda, com quem acaba se envolvendo. Certa noite, depois de ser agredida e violentada por um cliente, Aileen acaba matando o sujeito e roubando seu dinheiro e carro. O incidente desencadeia uma série de outros assassinatos muito semelhantes ao primeiro, que faz com que ela fique conhecida como sendo a primeira serial killer norte-americana. Charlize recria em cena as atitudes e os trejeitos da prostituta. Não vou negar que o longa dirigido e escrito por Patty Jenkins tente de certa forma humanizar a psicopata. Querendo deixar a impressão de que tudo aconteceu sem que fosse por seu desejo e sim por conseqüências. Mas esse foi o objetivo da diretora. Só não entendo o porquê do título do filme aqui no Brasil possuir o sub-título "Desejo Assassino". Tudo bem que ela demonstra esse lado assassino, mas não era bem o objetivo da diretora (que deixou o nome do filme original somente Monster).Assistindo ao filme você entra num mundo diferente. Consegue enxergar que a vida se molda com as conseqüências do dia-a-dia. Quem sabe se Aileen não tivesse sido violentada quando pequena, esta serial killer talvez não existisse. Charlize Theron consegue transmitir com glamour o sentimento e o que passava na cabeça desta assassina. O trabalho não foi fácil. Charlize Theron teve que ganhar 13 quilos para interpretar sua personagem, enquanto sua companheira, Christina Ricci, ganhou 4 quilos. Em algumas cenas na qual mostra o corpo de Aileen, quem já viu fotos de Charlize em outras ocasiões fica assustado como ela conseguiu se transformar tanto para o papel. Os poucos U$ 8 milhões gastos no orçamento do filme valeu a pena, principal para Charlize. Ela conquistou por sua interpretação um Oscar na categoria Melhor Atriz, um Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz Drama e um Urso de Prata na categoria Melhor Atriz. Essas conquistas não foram só importantes para Charlize, mas também para seu país natal, África do Sul. Ela foi recebida com festa ao ganhar este prêmio. Até o ex-presidente Nelson Mandela quis dar os parabéns a ela. O filme ainda mostra relações homossexuais entre as personagens. Em beijos e cenas calientes. Alguns contras que não podemos deixar de comentar, é que esqueceram de mencionar durante o filme que ela foi casada e foi presa por espancar seu marido, e o fato da pedofilia do seu pai, que se resumiu a abusos na infância. Para quem não conhece o desenrolar da história, eu não fazer o papel de estraga prazeres. Deixo para vocês conferirem esta ótima performance de Charlize Theron, que apesar de algumas falhas no roteiro e na idéia diferente de humanizar a psicopata, não deixa ser um bom filme." (Jurandir Filho)
76*2004 Oscar / 61*2004 Globo / 2003 Urso de Ouro
Media 8 Entertainment Newmarket Films DEJ Productions K/W Productions Denver and Delilah Productions VIP 2 Medienfonds MDP Worldwide Zodiac Productions Inc.
Diretor: Patty Jenkins
88.351 users / 4.852 face
Soundtrack Rock = Duran Duran + A Flock of Seagulls + Blondie + INXS + Journey + The Searchers + The Chemical Brothers + Molly Hatchet + Tommy James & The Shondells + Reo Speedwagon + Joan Jett & The Blackhearts + Humble Pie
Check-Ins 275
Date 10/08/2013 Poster - ## - DirectorIngmar BergmanStarsHarriet AnderssonLars EkborgDagmar EbbesenA pair of teenagers meet one summer day, start a reckless affair and abandon their families to be with one another.[Mov 09 IMDB 7,5/10 {Video}
MÔNICA E O DESEJO
(Sommaren med Monika, 1953)
"Se, com questões, ora metafísicas, ora existenciais, existem no cinema de Bergman, Nao é correto dizer que era um cinema exclusivamente da angústia. Assim como podia pensar na morte de forma obsessiva, era capaz de produzir um dos mais belos e vitais filmes sobre a juventude, como "Monika e o Desejo" (1952), que se fez dsescobrir mundialmente no Festival de Cannes e, então, ser reconhecido como um dos grandes cineastas de seu tempo, ou enveredar pela politica, como em O Ovo da Serpente (1979)." (* Inácio Araujo *)
''Em Bergman, dos anos 50 em particular, a juventude tudo promete. Não são apenas os corpos que exultam pelo simples fato de existir; também os olhares, os gestos dão conta de um devir em que tudo parece próximo e possível. Do outro lado, estão os velhos, com os corpos pesados e os rostos marcados. Não parecem dois momentos da vida; parecem dois continentes, duas culturas, dois planetas. O que os aproxima? Em "Monika e o Desejo", aproxima-os o espelho. Aquele, na rua, em que o senhor se olha sem grande alegria é o mesmo em que Monika, aliás, Harriet Andersson, contempla seus encantos, e o mesmo em que Harry se verá, no final, num quase delirante encontro de eras (ele ainda jovem, mas já se vendo idoso e carregando o filho bebê). Bergman fará também seus filmes de velho, Morangos Silvestres à frente. Mas Monika é o filme da juventude. De Harry e Monika dando uma banana para a vida real e subindo em um barco para reinventar a vida e o mundo. Lá estão os dois, sozinhos, como Robinson Crusoé e Sexta-Feira. Tudo é inédito, nada parece impossível, tudo está ao alcance de seu desejo. Existe uma onipotência da juventude que Bergman captou talvez melhor do que ninguém. E, em "Monika e o Desejo", talvez melhor do que nunca. Mas o diretor sueco é um pessimista, e o preço a ser pago pela vida não é pequeno. É disso que tratará, em suma, este filme. Para tanto, criará na pessoa de Monika uma personagem inesquecível. Ela é viva, inquieta, contraditória, animal, carnal. Ela é plena, e dessa plenitude Harriet Andersson dá conta com tanta desenvoltura que não é de estranhar que Ingmar Bergman tenha feito dela sua musa quase ao primeiro olhar (diz Bergman que não só ele, toda a equipe do filme se apaixonou por ela). Temos aí uma das mais fortes interpretações femininas de todos os tempos, marcada pelo primeiro plano, quase ao final, em que Monika, desafiadora, olha não para a câmera, mas para cada um de nós, pessoalmente, opondo ao nosso juízo sobre ela e aos nossos preconceitos a evidência de seu corpo. Andersson se afirma como talvez a mais notável de todas as admiráveis atrizes bergmanianas. Monika é possivelmente a obra-prima desse momento de Bergman. É o melhor momento do diretor sueco, com filmes tão fortes como Noites de Circo, Morangos Silvestres, Sorrisos de uma Noite de Amor etc. Em suma, o que se pode querer mais? Ah, sim, uma edição decente. Isso a Versátil garante, embora num disco sem extras significativos." (** Inácio Araujo **)
A jovialidade bestial fugaz e inconsequente.
"Ingmar Bergman, diretor de tantas obras primas, marca o processo da juventude a partir de um aspecto pessimista característico de sua filmografia com este longa cheio de momentos icônicos e moral escancarada, filmado nas ruas de Estocolmo. Considerado por alguns como uma de suas mais importantes obras, o que não é nenhum exagero, "Mônica e o Desejo" (Sommaren med Monika, 1953) traz com ênfase naturalista aspectos do tempo e do envelhecimento tal como o diretor fez posteriormente em Morangos Silvestres (Smultronstället, 1957). Aqui ele trabalha com a jovialidade, a passagem da adolescência para a idade adulta, constatando em suma a beleza e os olhares sobre ela, tanto dos personagens observando os outros e reparando em si mesmo, buscando também os espectadores que os assistem. Há uma relação disposta do público com o filme, especialmente em uma de suas cenas mais emblemáticas, lembrada pelos olhos negros instigantes de uma garota em terna mocidade.
A beleza da juventude foi detalhada em nuances magistrais pela câmera de Bergman, ressaltando as fugas em liberdade de uma protagonista vívida cuja índole esbarra na incerteza de seu futuro transgredido pelo inevitável envelhecimento. A forma com a qual o diretor demonstra cuidadosamente o significante de seu filme é engenhosa. A palavra colocada no título em português não poderia ser mais adequada: desejo. Esse desejo se exprime na pulsão de vida, na cobiça pela liberdade desregrada cujos padrões sociais não são nada mais do que infelizes limites que tanta gana não consegue encontrar. O processo de evidenciar essa intensidade desejosa é captada pelas lentes de Bergman que aposta na atriz Harriet Andersson – jovem que se tornou musa do cineasta – que se não goza de uma beleza descomunal, tem em sua libido um aparato de sentido, exposto na sua audaciosa frieza de alimentar seu prazer sem receio ou culpa. Ingmar Bergman busca captar esses personagens entregues a aventura de tempos que idealizavam intermináveis. O espelho é um símbolo bem colocado, já que por diversas vezes personagens os encaram, alguns idosos, outros jovens, percebendo suas distinções e o que a vida lhes acarretou. Em ambas há constatações do presente, o futuro gritando para uns e escurecendo para outros. Quando Mônica encontra Harry, vive uma paixão fervorosa. Ela o cativa a seguir suas aspirações de liberdade. Vemos os dois subirem num barco e parar num lugar não pertencente a ninguém. Harry olha Mônica se despir, correr saltando por rochas, admirando a beleza de sua juventude, tal como a dele, acontecendo e resplandecendo frente a câmera. O diretor abusa de planos-detalhe. Tal fuga da realidade negada tem um custo! Não há determinação que dê conta de mantê-los distantes da racionalidade e de algumas responsabilidades, especialmente quando uma exigência repentina os surpreende fazendo tudo mudar. Num curto espaço de tempo, Harry e Mônica ficam juntos. O primeiro, assalariado, trabalhador e estudioso, esperava um dia tornar-se engenheiro, já que tinha interesse por máquinas. Nota-se através da narrativa concisa e detalhada o despertar de seu personagem para uma realidade imposta por um outro sujeito. Ele passa a viver o sonho do outro, contaminado pelas aspirações de uma vida sem regras, mas um ideal de liberdade equivocado. Próximo aos distintos personagens, ele se transforma graças a sedução de um amor repentino carente inconsequente, o qual numa primeira noite sofre com a violência alheia daqueles que a têm como mero objeto. A sociedade inflama contra o rapaz por sair com uma vagabunda qualquer. A vangloria é seu desafio, pois tal vagabunda desperta o sono da imortalidade de um eu inquieto prestes a estourar já que, ao longo dos seus míseros 19 anos, já tinha que bancar a saúde comprometida do pai e viver com a lembrança da morte da mãe acontecida quando tinha 8 anos.Muitos planos marcam a investida de Bergman nessa narração da juventude. A cena em que Mônica encara a câmera é de indagação, a quarta parede se abre para a personagem entrar em contato com o espectador e finalmente questioná-lo, imediatamente após testemunharmos sua nova ação e, tendenciosamente, a recriminarmos. Mas esse estupor de seu olhar penetrante é de constatação. Compreensível, talvez, seja esse caráter indagatório no que diz respeito a persona da protagonista que consome prazer como respira o ar. É por necessidade psicológica, não por desvio de caráter. Mônica é uma personagem fértil, não muito difícil de se compreender. Ousa, mente, suga e devora, crendo que o tempo findará e acabará com suas ambições de querer a qualquer custo – se bem que ela não pondera prováveis consequências. Harriet Andersson está estupenda em seu papel vivendo uma Mônica crente que tudo é possível e alcançável enquanto constata o mundo em volta oprimido pelo trabalho sem gozo. A atriz ainda fica nua em cena, emprestando seu corpo para retratar a jovialidade fervente. O diretor aproveita de sua exuberância e lhe revela. Revelada ao público, notamos uma das personagens femininas mais emblemáticas do cinema. O crescimento pessoal traz responsabilidades as quais Mônica demonstra total incapacidade em assumir, sobrando para Harry o difícil ofício de efetivamente bancar toda a situação. Transforma-se as relações com decréscimo de conveniência e outras coisas finalmente ascendem. E aí encaminhamos para um final belo e amargo. Belo, pois o arco dramático desenvolvido culmina num ponto preciso sobre o papel do tempo e as ações contidas nele que transformam; amargo, pois quando a doçura se esvai, a amargura enternece eternizando um débito de vida arruinado por um ideal dissolvido nos desejos que Mônica fatalmente inspirou." (Marcelo Leme)
Top Suécia #22
Svensk Filmindustri (SF)
Diretor: Ingmar Bergman
5.680 users / 560 face
Check-Ins 282
Date 14/08/2013 Poster - ###### - DirectorJean-Luc GodardStarsJean-Pierre LéaudChantal GoyaMarlène JobertA romance between young Parisians, shown through a series of vignettes.[Mov 09 IMDB 7,5/10 {Video/@@@@@} M/92
MASCULINO-FEMININO
(Masculin féminin: 15 faits précis, 1966)
''Paul é jovem, acaba de sair do serviço militar francês e está desiludido com a vida. Enquanto sua namorada constrói uma carreira como cantora pop, Paul fica mais isolado de seus amigos e de sua vida social. O filme mostra também, de um modo singelo, a revolta dos jovens com a guerra do vietnã." (Filmow)
{Amor, amor, no coração de um homem. Solidão, seu rosto se assombra, ao ver o corpo de mulher nu}
1966 Urso de Ouro
Anouchka Films Argos Films Sandrews Svensk Filmindustri (SF)
Diretor: Jean-Luc Godard
6.585 users / 744 face
Check-Ins 297
Date 03/09/2013 Poster - ######## - DirectorRobert StrombergStarsAngelina JolieElle FanningSharlto CopleyA vengeful fairy is driven to curse an infant princess, only to discover that the child could be the one person who can restore peace to their troubled land.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@} M/56
MALÉVOLA
(Maleficent, 2014)
TAG ROBERT STROMBERG
{divertido}Sinopse
''Baseado no conto da Bela Adormecida, o filme conta a história de Malévola (Angelina Jolie), a protetora do reino dos Moors. Desde pequena, esta garota com chifres e asas mantém a paz entre dois reinos diferentes, até se apaixonar pelo garoto Stefan (Sharlto Copley). Os dois iniciam um romance, mas Stefan tem a ambição de se tornar líder do reino vizinho, e abandona Malévola para conquistar seus planos. A garota torna-se uma mulher vingativa e amarga, que decide amaldiçoar a filha recém-nascida de Stefan, Aurora (Elle Fanning). Aos poucos, no entanto, Malévola começa a desenvolver sentimentos de amizade em relação à jovem e pura Aurora.''
"Com poucas ideias novas, a Disney continua soltando bombas recicladas em uma mistura feia e bizarra de desenho e personagens reais, com efeitos especiais terríveis. O pior de tudo é que continua vendendo - e mais bombas virão." (Alexandre Koball)
"É um passo importante para a Disney, que vem fazendo bons filmes em carne e osso ao invés daquelas obras mais coloridas e bobas. Mas, mais do que isso, sua mensagem pró-homossexualismo, vindo de uma empresa focada nas crianças, é imensurável." (Rodrigo Cunha)
"Tecnicamente muito bem realizado, mas só. Os personagens jamais se conectam com a plateia, não há qualquer senso de perigo ou de emoção e nem o elenco funciona. Se havia algo verdadeiro na história, ficou perdido em meio à avalanche de CGI. Artificial." (Silvio Pilau)
"Algumas ideias legais estão diluídas em um todo artificial, anêmico e mela-cueca. Jolie tem uma boa presença quando má, mas boazinha perde toda a graça. Mais uma releitura pós-moderna chocha que só confirma que ganha mais rever os clássicos da Disney." (Heitor Romero)
''O público de cinema não teve paciência com "Malévola". Talvez porque Angelina Jolie seja tão invejada a ponto que as pessoas exijam dela o máximo. Talvez porque contar as origens de uma das vilãs mais odiadas dos contos de fada - A Bela Adormecida - não pegou bem entre os fãs. Talvez porque o filme seja visualmente parecido com as produções de Tim Burton, mas sem o mesmo encanto. Dito isso, vale lembrar que é um filme divertido, que merece uma segunda chance." (Thales de Menezes)
''A principal novidade de "Malévola", variante do velho conto de fadas A Bela Adormecida, é narrar os acontecimentos do ponto de vista da vilã Malévola (Angelina Jolie), a fada supostamente má. O filme apresenta sua história desde a infância, mostrando-a como criatura que, apesar de doce, destoa das tradicionais fadas-madrinhas. Ela cresce no bosque de um reino, invadido pelo exército do reino vizinho. Malévola defende o lugar, mas tudo muda quando é traída por um humano por quem se apaixonara. Como vingança, ela amaldiçoa a recém-nascida princesa Aurora. O principal objetivo do filme é maravilhar as crianças. Para isso, aposta todas as fichas na profusão de efeitos especiais. Não por acaso, a direção foi entregue ao estreante Robert Stromberg, especialista em efeitos. Esse universo visual cheio de fantasia não esconde algumas debilidades, com a falta de ritmo e a limitada paleta de recursos dramáticos de Angelina Jolie." (Alexandre Agabiti Fernandez)
Ora, ora... a subversão de uma obra.
''Na onda de readaptações ou readequações de contos de fadas – essa tão explorada nova mania hollywoodiana –, ''Malévola'' surgiu para sanar a curiosidade do público que manteve até seu lançamento uma expectativa imensurável a cerca da história desta vilã tão aclamada. Nessa onda mencionada constam Alice no País das Maravilhas, Branca de Neve e o Caçador, Oz: Mágico e Poderoso, Jack - O Caçador de Gigantes e o horrendo João e Maria: Caçadores de Bruxas. Há um universo belo e mágico com um teor sombrio usual investido nessa narrativa frágil. Juntamente a competentes efeitos e menções honrosas ao clássico, o filme contrasta a história original. E assusta o quanto se revela piegas e pouco inventivo diante um universo de possibilidades fantásticas. Felizmente resta ao filme o carisma de Angelina Jolie. Se não fosse por isso, pouca coisa sobraria. O diretor estreante Robert Stromberg, um profundo conhecedor de efeitos visuais – são dele os efeitos de O Labirinto do Fauno (Laberinto del Fauno, El, 2006), Piratas do Caribe: No Fim do Mundo e As Aventuras de Pi –, retoma um clássico e pressupõe uma releitura. O conto A Bela Adormecida ganha novos adornos, um viés mais rebuscado, sombrio e aventureiro a partir daquela que jogou a maldição do sono eterno sobre a bela princesa Aurora. O roteiro explora profundamente os motivos pelos quais Malévola tomou decisões que lhe fizeram, dentro do imaginário popular, uma vilã. Conhecemos aspectos de sua história, sua doçura, seu respeito com a natureza e a posição de cada um dentro dela, sua brandura e seu amor. Esse último converteu-se em seu tormento. O brilho bucólico dos campos e jardins ganharam sombras quando o símbolo de seu eu fora mutilado. Tal interpretação implicou em mudanças consideráveis, o que não é nenhum problema. A arte do cinema dá margens para tais modificações. O próprio conto original alterou-se comparado a versão da Disney lá de 1959. Aqui são várias alterações, algumas de enorme relevância e outras triviais. Obviamente, a história se modela a partir de uma protagonista alternativa, vivida com entusiasmo por Angelina Jolie. É sobre ela que o roteiro se debruça, ignorando outras ações. É impossível não notar a desconsideração com outros personagens, o sabotamento das 3 fadas que cuidam de Aurora quando ela simplesmente desaparece passando muito tempo com quem lhe amaldiçoou; ou com relação ao sono profundo, o grande vilão dessa história, que não tem magnitude quando finalmente acontece. São aspectos simples ignorados que cortam as asas do filme impedindo-o de alçar vôos que acrescentariam ou engrandeceriam a obra. É pura verdade que é um prazer assistir o filme. Seu visual plástico encanta e empolga, o som e a trilha seguem o mesmo ritmo fortalecendo a experiência de acompanhar a história e descobrir os motivos pelos quais Malévola abandonou aquele ímpeto jovial e sonhador do início. Essa é uma sacada que garante a afeição do público, juntamente outros recursos com personagens e gags que transformam aquele reinado abarrotado de tantas tensões em possível captador de singelos momentos de humor. Nada é gratuito, o investimento seguiu a fórmula mais carimbada do estúdio, o que costuma dar certo sem ousadias, até que chega seu ato final e uma novidade é alcançada com certo louvor. Mas quem não previu que pudesse ser como foi já no início da segunda metade do filme? O que assistimos é, definitivamente, um estupor visual dos mais significativos sobre uma potencial história desperdiçada. Um ode aos papeis femininos os quais a Disney vem ressaltando com bastante força. Travestido de conto de fadas convencional, esse emerge das sombras criativas, mas não dá mais do que alguns suspiros. O ótimo Sharlto Copley vive um Rei Stefan caricatural, enquanto Elle Fanning sorri em demasia com sua cândida Aurora. Angelina Jolie tem alguns grandes momentos, muito mais pelo carisma do que por uma interpretação absolutamente marcante. Viver Malévola deve ter sido um deleite para a atriz. É interessante vê-la encarnar alguém que zelou dedicadamente pelo outro como uma mãe que não teve a oportunidade de conceber um filho, ao contrário de sua vida pessoal admirável. Fica até alguma lição sobre formas de amor, sem normas e sem máculas, inevitáveis e precisas diante condições essencialmente humanas que longe dos contos de fadas compartilhamos." (Marcelo Leme)
Angelina Jolie brilha, mas reinvenção do conto de fadas não a acompanha.
''Malévola'' foi concebida como a senhora de todo o mal e, desde 1959, reinava como a mais cruel e poderosa das vilãs da Disney. Em 2010, porém, o estúdio decidiu destituir a personagem do seu posto. Seu nome podia evocar a crueldade daquela que, por despeito, condenara uma bela princesa ao sono eterno, mas sua verdadeira história não era assim tão maniqueísta. Para transformar a antagonista em heroína, contrataram Linda Woolverton, responsável pelos roteiros de A Bela e a Fera, O Rei Leão e do Alice no País das Maravilhas. Robert Stromberg, mais conhecido por seu trabalho como designer de produção em Avatar, Alice no País das Maravilhas e em Oz: Mágico e Poderoso, faria sua estreia na direção, assumindo o posto recusado por Tim Burton, David Yates e David O. Russell. O nome essencial para a criação da nova Malévola, entretanto, foi Angelina Jolie. A atriz, citada já nos primeiros estágios do projeto, assumiu sobre seus ombros o peso da produção, cuidando pessoalmente de cada detalhe da sua personagem. Sua encarnação é precisa. Honra o filme original, acertando o tom malicioso da dublagem de Eleanor Audley, e é tão elegante quanto os traços definidos pelo animador Marc Davis. Ainda assim, sua ''Malévola'' não é um cosplay requintado. Jolie domina cada fala, se diverte, criando um trabalho único. É uma pena, então, que o seu esforço não encontre um filme à altura. Logo nos minutos iniciais, Stromberg apresenta o espalhafatoso reino dos Moors. Um mundo que, apesar da natureza exuberante, é habitado por criaturas em computação gráfica sem carisma. Malévola, então uma garotinha (Isobelle Molloy), protege a floresta encantada da inveja dos homens. Aqui, a personagem troca o maligno preto por tons terrosos e seus já conhecidos chifres são acompanhados por asas. A história da fada-anjo se transforma quando ela conhece Stefan (Michael Higgins na infância e Sharlto Copley na vida adulta). O jovem humano ganhará sua confiança, jurará amor verdadeiro e a enganará para passar de reles plebeu a rei. Malévola, portanto, não é mais uma fada-madrinha ressentida por não ser convidada para uma festa, é uma mulher traída. Quando lança a famosa maldição contra a filha de Stefan, a princesa Aurora (Elle Fanning), ela busca vingança contra aquele que roubara a sua inocência. Essa transição de boa para má é brusca. Um punhado de cenas que muda didaticamente o seu figurino, mas não desenvolve o seu estado emocional. Com 97 minutos, o filme se afoba para percorrer o arco de mocinha-vilã-heroína e esquece de dar a prometida tridimensionalidade a sua história e aos seus personagens. As fadas Fauna, Flora e Primavera, rebatizadas Thistletwit (Juno Temple), Knotgrass (Imelda Staunton) e Flittle (Lesley Manville), perderam completamente o encanto, por exemplo. Seja nas suas versões bizarramente reduzidas em computação gráfica, ou nos seus disfarces civis, que usam para criar a princesa longe do castelo e protegê-la da maldição, as três personagens são exageradas e servem apenas como ponte para criar a ligação maternal entre Aurora e Malévola. A princesa, apesar do talento de Fanning, também não consegue o espaço necessário para se desenvolver. Quando chega à adolescência é apenas uma menina excessivamente ingênua, que não esboça qualquer reação ao descobrir que seu pai é o grande vilão da história. Dieval (Sam Riley), o metamorfo ajudante de ''Malévola'', também merecia mais tempo em cena. Não fossem tão rápidas, suas interações com Jolie, além de criar um alívio cômico pontual, dariam corpo à revelação da verdadeira índole da protagonista. Malévola é fruto de uma nova safra da Disney que repensa seus clássicos para educação de uma nova geração, descartando arquétipos de princesas frágeis e heróis galopantes que salvam o dia com um beijo. Depois de Alice no País das Maravilhas e Frozen, foi vez da rainha das vilãs revelar ao público que existem outras formas de amor verdadeiro além daquelas que oferecem os príncipes encantados. Ainda que a intenção seja louvável, na pressa para criar uma nova moral, Malévola esqueceu de contar uma boa história." (Natalia Bridi)
Roth Films Walt Disney Pictures
Diretor: Robert Stromberg
238.908 users / 87.908 faceSoundtrack Rock
Lana Del Rey
Check-Ins 689 44 Metacritic 520 Down 120
Date 11/09/2014 Poster - ##### - DirectorTodd HaynesStarsJulianne MooreXander BerkeleyDean NorrisAn affluent and unexceptional homemaker in the suburbs develops multiple chemical sensitivity.[Mov 07 IMDB 7,1/10 {Video}
MAL DO SÉCULO
(Safe, 1995)
"Mais curioso do que propriamente interessante, não é filme que instigue revisões, além de se esgotar meia hora antes do seu término." (Vlademir Lazo)
''O primeiro filme de Todd Haynes foi um curta-metragem de 1985, inspirado no poeta francês Arthur Rimbaud. Desde então, o diretor realizou cinco longas-metragens, dentre eles Poison (1991), Velvet Goldmine (1998), Longe do Paraíso (2002) e Não estou lá (2007). Mesmo optando por manter certa distância do mainstream e do cinema comercial, os filmes de Haynes nunca passaram despercebidos pela crítica. Apesar de ser assumidamente homossexual e de ser muitas vezes associado ao movimento New Queer Cinema, o diretor sempre evitou rótulos para a sua obra, sendo considerado um dos nomes mais importantes do cinema independente americano. ''A Salvo'' (1995) é o segundo longa-metragem do diretor, que também assina o roteiro. O filme é protagonizado por Julianne Moore, com quem Haynes voltaria a trabalhar em Longe do Paraíso, pelo qual ambos concorreram ao Oscar (ele como roteirista, ela como atriz principal). O filme conta a história de Carol White, uma dona-de-casa que leva uma vida bastante confortável com seu marido e enteado no sul da Califórnia. A rotina de Carol consiste em fazer ginástica, encontrar suas amigas ricas e fúteis e supervisionar a nova decoração de sua mansão. No entanto, algo começa a perturbar a vida da dona-de-casa. Ela começa a sentir dores, enjoos, sofrer de insônia, ter problemas de respiração, além de tosses convulsivas. Todos os exames indicam que a saúde de Carol é perfeita, fazendo com que esses sintomas pareçam ainda mais estranhos e quase inexplicáveis. Certo dia, a personagem entra em contato com um grupo de pessoas que acreditam terem a saúde debilitada devido ao acúmulo de substâncias químicas no meio ambiente. Carol acaba por se convencer que sofre também de sensibilidade a químicos, transformando completamente a sua vida e se isolando da sociedade.''A Salvo'' é um filme incômodo e perturbador. O brilhantismo do roteiro de Haynes é o de abrir as portas a várias leituras e interpretações. O diretor-roteirista parece retratar no filme o mal-estar da civilização e a confusão existencial do homem pós-moderno. Carol White é o símbolo do indivíduo desajustado, perdido, aterrorizado pela profusão de informações e engolido pelo medo. O cotidiano da protagonista é invadido por todo tipo de notícias relacionadas à morte, a doenças e a outros perigos mil. A personagem acaba por desenvolver um tipo de hipocondria existencial, não podendo mais viver a mercê dos perigos da vida em sociedade. De natureza psicossomática ou não, os sintomas desenvolvidos por Carol acabam por revelar sua inaptidão em manter um determinado estilo de vida. Haynes nos dá algumas pistas para tentar compreender a natureza de Carol. A dona-de-casa impressiona pela sua extrema fragilidade, algo que fica nítido na fantástica composição de Julianne Moore. A voz delicada e sem força da personagem, denuncia sua personalidade passiva, sem vida, quase desinteressante. Em uma das primeiras cenas do filme, assistimos a uma cena de sexo, em que a protagonista fica completamente a mercê do marido, como se estivesse anestesiada, apenas cumprindo uma missão imposta pelo casamento. Sem vontades, sem voz e sem lugar no mundo, Carol parece carregar um vazio emocional profundo e podemos formular a hipótese de que sua "doença" seja, de fato, uma alergia a si mesma. Sua crise pode muito bem estar ligada a um grave problema de auto-estima, a uma absoluta falta de amor a si mesma, ou ao que ela se tornou. É interessante perceber que, em determinada cena, a personagem se vê incapaz de se lembrar da própria infância, como se ela simplesmente não houvesse existido. O isolamento de Carol talvez revele uma necessidade de autoconhecimento e de descoberta de sua individualidade. O mal-estar físico de Carol também pode ser visto como um alarme de segurança, um desejo de autoconservação. O spa onde se isola a dona-de-casa é um esconderijo contra os males que afligem o mundo. Não por acaso, na época do lançamento do filme, muitos o consideraram como uma metáfora da propagação da AIDS. O filme reflete uma paranoia generalizada e um desejo de purificação. Haynes não se abstém de mostrar a ironia que consiste em se deixar de viver (isolando-se do mundo), para, justamente, se viver mais. Certamente, o mundo real nos parece, por vezes, inóspito e insalubre, mas será que não é justamente o medo a maior doença do século XXI? A vida do homem pós-moderno é dominada por diversos temores: temos medo da violência, da morte, da destruição ambiental, do terrorismo, dos fenômenos ambientais, da pobreza, do desemprego, etc. ''A Salvo'' funciona, portanto, como uma fábula sobre o poder avassalador do medo. A direção de Todd Haynes acentua o caráter perturbador da história. O cineasta se interessa, por exemplo, ao que podemos chamar de tempos vazios, instantes que não correspondem a acontecimentos. Ao focalizar os momentos mais ordinários da existência de Carol, o diretor chama atenção para a superficialidade da vida da personagem. O diretor ainda dá preferência a longos planos médios e fixos e a uma montagem que confere um ritmo lento à narrativa, escolhas que vão de encontro à sensação de incômodo provocada pela trama. Ao final do filme, Haynes passa a inserir também grandes planos de paisagem que ilustram o retorno da personagem à natureza e seu isolamento. A trilha sonora de ''A Salvo'' é típica de um filme de suspense, sendo fundamental para a construção de uma atmosfera tensa e angustiante. Por fim, a atuação de Julianne Moore é uma pequena obra-prima e a atriz, além de dar vida ao mal-estar existencial (e físico) de Carol, compõe uma personagem que parece ser uma folha em branco ou talvez um papel de seda. ''A Salvo'' não é está entre os filmes mais conhecidos e celebrados da filmografia de Todd Haynes, cineasta também pouco conhecido do grande público. O filme merece, portanto, ser descoberto e admirado pela sua capacidade de sintetizar sentimentos que fazem parte do nosso mundo atual, revelando a fragilidade do homem e sua inaptidão a viver em sociedade." (Leonardo Alexandre)
American Playhouse Theatrical Films Killer Films Chemical Films Good Machine Kardana Productions Channel Four Films Arnold Semler American Playhouse Kardana Films
Diretor: Todd Haynes
6.238 users / 548 face
Soundtrack Rock = Madonna + George Benson + Brian Eno and Robert Fripp + Belinda Carlisle + Kenny Loggins
Check-Ins 306
Date 06/09/2013 Poster - ##### - DirectorRobert WiseStarsPaul NewmanPier AngeliEverett SloaneBoxer Rocky Graziano's biopic, based on his autobiography, from childhood to his World Middleweight Championship title win at age 28 in 1947.[Mov 07 IMDB 7,4/10 {Video}
MARCADO PELA SARJETA
(Somebody Up There Likes Me, 1956)
"Originalmente da MGM, este filme faz parte da coleção Paul Newman que a Warner está lançando, junto com Harper, o Caçador de Espiões e A Piscina Mortal. "Marcado pela Sarjeta" foi o responsável pela consagração de Newman, num papel que era para ter sido feito por James Dean, mas ele morreu. Newman mostra seu carisma no papel do jovem que, para fugir da vida de marginal, treina para boxeador e acaba se tornando campeão, sempre com a ajuda da namorada/esposa (feita pela doce Píer Angeli, que teria sido o grande amor de James Dean e também teria final trágico quando se matou em 1971, com 39 anos). O título original é bem interessante: alguém lá em cima gosta de mim. E o filme é muito ajudado pelo roteiro de Ernest Lehman, por várias cenas feitas em locação e pela excelente parte técnica - ganhou Oscars de direção de arte e fotografia em preto e branco e foi indicado para melhor montagem. "Marcado pela Sarjeta" é famoso também por ter apresentado ao cinema o iniciante Steve McQueen, que aparece logo no começo, num bilhar, e depois faz parte da gangue de ladrões do herói. Também marcou a estréia no cinema de Robert Loggia, George C. Scott, Frank Campanella e Dean Jones." (Rubens Ewald Filho)
"Dos astros de sua geração formados pelo célebre método do Actors Studio, como Montgomery Clift, Marlon Brando e James Dean, Paul Newman, 81, é o único que tem uma certa leveza, um certo humor auto-irônico. Os outros parecem carregar no rosto atormentado os pecados do mundo. A caixa de três DVDs lançada pela Warner permite constatar a versatilidade de Newman, capaz de transitar à vontade do registro do ódio ao da derrisão. "Marcado pela Sarjeta" (1956), de Robert Wise, segundo longa estrelado pelo ator, lançou-o de imediato ao estrelato. Relato romanceado da vida turbulenta do boxeador Rocky Graziano, o filme não tem a ousadia formal de outro clássico que Wise dedicou ao pugilismo, Punhos de Campeão (1949), mas é uma narrativa pungente do submundo dos imigrantes italianos na Nova York da primeira metade do século 20. Serviu também para firmar a imagem de rebeldia indomável que seria uma das marcas do jovem Newman. Curiosamente, como ficamos sabendo graças aos extras do DVD, o ator só encarnou Graziano porque James Dean, que estava escalado para o papel, morreu antes do início das filmagens. Num límpido preto-e-branco, com uma vívida reconstituição da Nova York dos imigrantes pobres, "Marcado" retrata as recaídas de Graziano na marginalidade como uma via-crúcis em direção à luz. A única coisa que envelheceu foi o seu final carola, que condiz com o título original, Somebody up There Likes Me (alguém lá em cima gosta de mim)." (José Geraldo Couto)
29*1957 Oscar
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Diretor: Robert Wise
4.789 users / 518 face
Check-Ins 323
Date 15/09/2013 Poster - - DirectorSteven SoderberghStarsChanning TatumAlex PettyferOlivia MunnA male stripper teaches a younger performer how to party, pick up women, and make easy money.[Mov 04 IMDB 6,1/10 {Video/@} M/72
MAGIC MIKE
(Magic Mike, 2012)
"A impressão final é positiva, mas para um diretor como Soderbergh - ou talvez até por isso - o resultado é demasiadamente clean. Tinha fôlego para ser o "Boogie Nights" dos strippers, mas faltou, com o perdão do trocadilho, mais saco roxo aos envolvidos." (Régis Trigo)
"Mais do que exibir apenas homens sarados fazendo strip, Soderbergh consegue desenvolver sua história de forma satisfatória, e, apoiado em uma surpreendente boa atuação de Tatum, faz a plateia se identificar pelo personagem. Previsível, mas bem realizado." '(Silvio Pilau)
''O que pode um corpo? Para responder a essa pergunta que cerca o fascínio exercido pela perfeição física, na qual o termo "sarado" se tornou sinônimo de saúde, "Magic Mike" desce do olimpo das academias e busca um significado fácil. Steven Soderbergh retoma a veia de Sexo, Mentiras e Videotape (1989), seu primeiro longa, para conferir a quantas anda a relação entre tesão, trapaça e a imagem ao alcance de todos. Mas o filme fica bem aquém da demolição da aparência feita, por exemplo, na série Nip/Tuck, ambientada na mesma Flórida embalada a anabolizantes e feromônios. Channing Tatum, ex-modelo e astro emergente, faz o Mike do título, um cara que vive do apelo do seu corpão. Trabalhador braçal de dia e stripper à noite num clube exclusivo para mulheres, Mike junta a grana que a mulherada enlouquecida coloca em sua sunga. Seu projeto é largar a vida dupla e abrir um negócio, uma empresa de móveis artesanais. No caminho da desilusão, o gostosão encontra Adam, um perfeito idiota de 19 anos que logo incendeia as fantasias da plateia feminina do clube Xquisite. E esbarra na ambição de Dallas, o dono do clube e stripper veterano que Matthew McConaughey encarna sem pudores de exibir em close a potência dos seus glúteos. Entre a ingenuidade de Adam e o cinismo de Dallas, Mike percorre um arco que conduz o espectador da amoralidade do sexo casual ao final moralizante, em que o amor tudo salva. No caminho, o filme perde o que tem de mais provocante, além das cenas de nudez. Mais que a Ou Tudo ou Nada, comédia em que os homens tiravam a roupa para sobreviver aos efeitos da crise econômica, "Magic Mike" se aparenta a Showgirls, retrato da ambição que envenenava a ideia de sucesso. O filme de Soderbergh, contudo, prefere restituir a crença nos valores. Depois de uma primeira hora que tira bom proveito da mistura de sacanagem e diversão, a segunda parte entra numa cruzada pelos bons costumes, mostrando que sexo fácil combina com drogas e leva a um universo sem saída ao qual só sobrevivem os pervertidos. A opção conservadora transforma "Magic Mike" numa versão atual dos contos da carochinha, só que apimentado com muitas cenas de homens pelados.'' (Cassio Starling Carlos)
Steven Soderbergh confunde moral e moralismo em filme sobre a crise financeira enquanto emasculação.
"Magic Mike'' começa com o tal Mike (Channing Tatum) levantando pelado da cama, pela manhã. Ele está acompanhado de Olivia Munn, também nua, e de uma segunda garota, não identificada. Percebe-se que a noite foi boa e a personagem de Olivia depois diz que aprecia sair com Mike porque a presença dele facilita que ela pegue outras mulheres na balada. Os tempos nos EUA são de recessão, afinal, e não se deve condenar os meios que as pessoas encontram para encher sua cama dia após dia, mesmo gente linda como Olivia Munn, que não precisaria desse tipo de subterfúgio. O ponto é que o diretor Steven Soderbergh e o roteirista Reid Carolin (que faz uma ponta como um coxinha de finanças) estão interessados em tratar da recessão - e dos meios de sobreviver a ela. Mais ou menos como Ou Tudo Ou Nada, a comédia britânica de 1997 sobre tiozões recém-desempregados que viram strippers, ''Magic Mike'' usa o universo dos Clubes de Mulheres para falar de crise financeira enquanto emasculação. Em Tampa, na Flórida, os bofes depilados que formam o escrete da casa de shows de Dallas (Matthew McConaughey numa versão de verão do Tom Cruise de Magnólia) só podem contar com suas bombas penianas e suas substâncias controladas para se impor novamente onde falhou o capitalismo dos machos alpha. E Mike Mágico, o principal stripper da casa, certamente se impõe. O problema é que, enquanto faz uma defesa meio cínica, meio sentida, do Sonho Americano (cínica nos números musicais, como o do Tio Sam bombado, sentida nas várias tomadas de sol e contraluz na praia, numa vibe bem Americana), o filme vai aos poucos deixando seu discurso sobre a recessão mais óbvio e mais moralista. Mike se revela um aspirante a marceneiro - que quer construir móveis sólidos e não essas mobílias descartáveis que as pessoas compram - e tem crédito negado no banco. Ele diz à gerente que lê os jornais e sabe que, na verdade, quem está na pior são os bancos. Todos sabemos, afinal, mas o filme faz questão de transformar em manifesto essa questão que até então estava subentendida. Soderbergh parece não entender a diferença entre um conto moral e um conto moralista. Contos morais são uma espécie de tradição hollywoodiana em tempos de crise, desde os filmes de Frank Capra pós-Quebra da Bolsa até o Wall Street de Oliver Stone. Já contos moralistas jogam nas costas de personagens o peso de culpas, suas e outras, que eles não conseguem e não deveriam suportar. O excesso de close-ups nos jovens atores e atrizes de Magic Mike é o principal sintoma dessa carga desproporcional. É no close-up, de qualquer forma, que se percebe o ator diferenciado, e digamos que Channing Tatum - cujas experiências reais serviram de base para o roteiro - revela-se melhor stripper do que ator." (Marcelo Hessel)
"Fui assistir ao novo longa de Steven Soderbergh acreditando que o destaque da trama seria Matthew McConaughey, mesmo que em papel coadjuvante. Não confiava que Channing Tatum pudesse exibir algo mais que músculos em cenas de striptease. ''Magic Mike'', inclusive, é inspirado em experiências reais do ator como striper, profissão que exerceu antes da fama. Estava enganado. Tatum, que já havia trabalhado com Soderbergh no fraco A Toda Prova, desenvolve com espírito e carisma seu personagem. É, de fato, a estrela da produção. Ele é o Mike do título, nome artístico que usa num clube de strip de Tampa, Flórida. Lá é a estrela maior de um show ao melhor estilo Clube das Mulheres, em que os dançarinos encarnam personagens do imaginário erótico feminino. Mike, no entanto, não é um cara vazio atrás de fama ou dinheiro fácil. Não vive somente das rebolativas performances que faz no palco e nem mesmo se considera um striper, mas sim um empreendedor. Para divertir as mulheres faz o melhor que pode, mas tem outros propósitos na vida: sonha montar um negócio de móveis sob encomenda. O roteiro foge sabiamente da cilada de transformar Mike em estereótipo. A despeito de seus objetivos como empresário, ele não encara seu trabalho com mal necessário, um fardo. Curte o que faz e se aproveita das vantagens da atividade - o que inclui ter uma vida confortável e a mulher (ou mulheres) que deseja em sua cama. Mas Mike é centrado, tem boa visão de negócio e não se deslumbra com a vida fácil de striper. Enquanto a tão sonhada empresa de móveis planejados não se concretiza, ele investe dinheiro num negócio na área de construção civil. É lá que conhece Adam (Alex Pettyfer), jovem que mente sobre sua experiência para conseguir emprego. Como colocar telhas não é o forte do rapaz, Mike acaba por levá-lo para trabalhar no clube como ajudante. Não demora muito para o bonitão com cara de menino carente ganhe uma chance de subir ao palco sob os olhos atentos de Dallas (Matthew McConaughey), o ambicioso dono do lugar. Existem diversos personagens a orbitar o universo de Mike ao longo da trama, como Brooke (Cody Horn), a preocupada irmã mais velha de Adam. Ela funciona como uma espécie de consciência para Mike, mesmo que em nenhum momento o condene diretamente por seu trabalho. Há também a relação carregada de tensão e desconfiança entre Mike e Dallas. Este quer ampliar seus lucros e transferir a casa de shows para Miami. Mike está disposto a encarar a empreitada desde que possa entrar como sócio do clube. ''Magic Mike'' tem, infelizmente, um final conservador e cheio da típica moralidade norte-americana. Mas não é sem um bom desenvolvimento de seus motivos que os personagens tomam as decisões que tomam. Soderbergh, que há muito não brilha, não se redime de produções abaixo da média como A Toda Prova e Contágio, mas entrega um filme de personagens genuínos e com os quais simpatizamos. Sim, há muitas cenas de striptease e bonitões dançando seminus para divertir o público feminino. Mas há também grande humanidade no personagem Mike, um cara que apenas quer o melhor para sua vida como todos nós. É isso que faz o filme ir além de peitorais e bíceps suados sob holofotes." (Roberto Guerra)
Iron Horse Entertainment (II) Extension 765
Diretor: Steven Soderbergh
79.156 users / 51.886 face
Sountrack Rock = Foreigner + KISS + The Blue Van + Ringside + Cloud Control + The Unknown + The Sheepdogs
Check-Ins 344
Date 30/09/2013 Poster - ## - DirectorJohn StockwellStarsHalle BerryOlivier MartinezRalph BrownA professional diver tutor returns to deep waters after 1 year, following an almost fatal encounter with a great white shark. The nightmare from the deep is still lurking - more carnivorous and hungry than ever.[Mov 01 IMDB 4,2/10 {Video/@@} M/23
MARÉ NEGRA
(Dark Tide, 2012)
"Na época do lançamento do péssimo Mulher-Gato, Halle Berry foi bastante criticada pela participação na produção, incluindo sua performance bastante irregular. Indicada ao Framboesa de Ouro, prêmio para os piores filmes e atores/atrizes do ano, Berry surpreendeu ao aparecer na cerimônia, algo bastante incomum quando um astro hollywoodiano recebe indicações a ele. Ao subir para receber sua estatueta, a atriz fez um protesto contra seu agente pela escolha ruim de trabalhos como esse. Se fizermos uma análise de sua carreira a partir daí, veremos poucos filmes bons como A Estranha Perfeita ou X-Men 3 e, mais uma vez, o fundo do poço com Maré Negra (Dark Tide, 2012). Será que a atriz mudou de agente ou está conformada de suas limitações? Já foram feitas tantas produções com o tema tubarão assassino que é difícil algum filme surpreender. Depois do clássico de Spielberg, o tema foi revisitado diversas vezes, em continuações desnecessárias e tranqueiras como Terror na Água, salvando-se algumas boas ideias (Do Fundo do Mar, Mar Aberto), num oceano de clichês e ideias ruins. Quando surgiram as primeiras notícias sobre Maré Negra, o público já imaginava que coisa boa não viria daí, mas ainda poderia dar algum crédito pela participação de Halle Berry e do francês Olivier Martinez, conhecido pelo seu papel como o amante de Infidelidade. Ralph Brown também é um rosto conhecido para os fãs de Alien 3 e Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma e para aqueles que engoliram Exorcista – O Início, entre outros inúmeros trabalhos. Na direção, era apontado o nome de John Stockwell, que sabe fazer filmes com câmeras submersas como Turistas, Mergulho Radical e A Onda dos Sonhos, tendo apenas que adaptar o roteiro de Ronnie Christensen (Passageiros) e Amy Sorlie, em seu primeiro longa. Ainda assim, realmente não dava para acreditar que algo bom podia sair de uma trama que relacionava tubarões, um episódio trágico, medo de mergulhar e um relacionamento conturbado, simplesmente com o belo corpo da protagonista como motivo para uma conferida! Kate Mathieson (Berry) é uma mergulhadora profissional que adquiriu destaque por ter nadado com grandes tubarões brancos. Além de fazer os mergulhos sem jaula ou equipamento de respiração, ela chama a atenção pela ousadia em passar as mãos nos animais e até mesmo segurar em suas caudas. Com sua fama, ela está desenvolvendo um documentário sobre o tema, com a ajuda de seu namorado e cinegrafista Jeff (Martinez), e de seu mentor. Durante as filmagens, este último é atacado e morto por um tubarão, fazendo-a se sentir culpada e passar a ter medo de entrar na água. Um ano depois do ocorrido, Kate apenas realiza pequenas excursões na Cidade do Cabo, na África, enquanto tenta pagar suas dívidas cada vez maiores, perdendo espaço para um barco concorrente. Ela recebe uma proposta do empresário Brady (Brown) para um novo mergulho com tubarões, algo que poderia solucionar seus problemas financeiros. Além de ter que decidir o que fazer, ela ainda é surpreendida pelo retorno de seu agora ex-namorado, que tenta convencê-la a aceitar esse último trabalho. Kate concorda desde que o passeio aconteça onde ela quer e com o auxílio de uma jaula para proteção. Assim, Kate, com Jeff, o piloto do barco, Brady e seu filho, partem para a missão, que a colocará novamente frente a frente com seus maiores medos. Não há muito mais o que dizer sobre "Maré Negra". O filme ainda se esforça para colocar uma grupo de nadadores e futuros cadáveres, mas é tudo em vão. Tão chato quanto um documentário sobre a vida das lagostas, o filme não vai além do que a sinopse propõe, resumindo-se a cenas longas de mergulho onde nada acontece até surgir um ou outro ataque que só vai atiçar os bocejos do público. Algumas brigas internas, o estado terminal do empresário (se ele morrer, você não vai sentir pena) e uma morosidade capaz de deixá-lo mareado. Por todas essas e muitas outras, "Maré Negra" não merece recomendação alguma. Em caso de falta de opção, veja Procurando Nemo ou quem sabe até mesmo A Pequena Sereia, muito mais assustadores do que esta porcaria." (Marcelo Milici)
Magnet Media Group Magnet Media Productions Magnet Media Productions Mirabelle Pictures Film Afrika Worldwide Cinedigm Lipsync Productions Social Capital
Diretor: John Stockwell
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Check-Ins 360
Date 12/10/2013 Poster - ## - DirectorDavid CronenbergStarsJulianne MooreMia WasikowskaRobert PattinsonA tour into the heart of a Hollywood family chasing celebrity, one another and the relentless ghosts of their pasts.[Mov 03 IMDB 6,2/10] {Video/@@@@} M/67
MAPA PARA AS ESTRELAS
(Maps to the Stars, 2014)
TAG DAVID CRONENBERG
{cansativo}Sinopse
''Os Weiss são uma família arquetípica da dinastia de Hoollywood. O pai, Sanford é um psicólogo e técnico motivacional que fez uma fortuna com livros de autoajuda; a mãe, Christina, passa a maior parte dos seus dias cuidando da carreira do filho Benjie, um astro-mirim de 13 anos. Uma das clientes de Sanford, Havana, é uma atriz que sonha em filmar um remake do filme que fez sua mãe, Clarice, famosa na década de 60. Clarice está morta e Havana sonha com ela. Somando-se à mistura tóxica, Benjie acaba de voltar da reabilitação que ele começou aos 9 anos e sua irmã, Agatha, acaba de ser liberada do sanatório em que foi tratada por piromania criminosa.''
"A sátira a Hollywood que a publicidade tentou nos vender a todo custo é na verdade um cenário, bem menos significativo do que as verdadeiras potências do filme, um drama familiar próximo do horror, repleto de traumas, fantasmas e dilacerações.'' (Daniel Dalpizzolo)
07/01/2016
"Uma interessante montanha russa que mostra e logo depois rouba os sonhos hollywoodianos dos personagens de maneira cruel, satírica e deliciosa." (Rodrigo Cunha)
"O mais lynchiano filme de Cronenberg, uma visão ácida, satírica, bizarra, insana, onírica, e propositadamente over-the-top (ou não) da engrenagem de Hollywood. Juliane Moore, insegura e maquiavélica, rouba o show. Um dos melhores trabalhos do diretor." (Régis Trigo)
"A visão de Cronenberg sobre de Hollywood é interessante por observar através das rachaduras, revelando a podridão por trás do glamour. Mas também parece mais vazio do que poderia ser e enfraquece em meio a tantas histórias e personagens irregulares." (Silvio Pilau)
"A sátira à industria de cinema hollywoodiana é apenas a largada para um insano mergulho no universo de Cronenberg, desta vez focando a desestrutura familiar como ponto de perdição e ruína moral, física, psicológica, emocional e social do ser humano." (Heitor Romero(
''Ver em "Mapas para as Estrelas" um filme contra Hollywood equivale a não ver "Mapas para as Estrelas". A cidade do cinema, nesta nova obra de David Cronenberg, é apenas o lugar onde um determinado modo de ser do mundo - contemporâneo-- se instalou com mais intensidade, já que ali concentram-se celebridades, seus próximos, assessores e todos os demais que os cercam. Trata-se de lugar a um tempo frenético, pueril, violento, incerto. Breve, de um resumo do mundo. É ali aonde chega Agatha (Mia Wasikowska), aparentemente deslumbrada com a perspectiva de passar diante das casas das estrelas do cinema. Na verdade, ela é a filha indesejada de Havana (Julianne Moore) e do dr. Stafford Weiss (John Cusack). Ela, uma atriz - insegura como são com frequência as atrizes. Ele, um misto de terapeuta, guru de artistas e estrela de programa de televisão (portanto, uma espécie de celebridade das celebridades). Eles têm outro filho, um menino-prodígio, Benjie (Evan Bird). O jovem ator que interpreta o papel talvez seja, no elenco, o mais cronenberguiano dos atores, com seu rosto discretamente anômalo. Outros personagens, no entanto, portarão de um modo ou outro alguma anomalia corporal, como Agatha, que nunca tira as luvas. A palavra disfuncional talvez se aplique à família. Mas sua carga médica nos desvia do ponto cronenberguiano. Sua anomalia, que se mostrará aos poucos, expressa algo que vai além: tornar-se famoso, célebre, deixou de significar reconhecimento por um feito ou trabalho para ser a substância mesmo de seus atos. Essa é a sua maneira de ser mutante (já não monstros físicos, como nos filmes do século 20 do diretor canadense, mas monstros morais ou psíquicos). Assim era, também, o magnata de Cosmópolis, cuja vida tinha por limite sua limusine, de onde controlava ou tinha a ilusão de controlar o mundo. Era a versão econômica, digamos, do fenômeno de que aqui Cronenberg observa a vertente cultural. Do que serve a vida das personagens de Mapas? Que valores são esses que estamos construindo, que talvez não passem de deformação de valores anteriores? Se o magnata de "Cosmópolis" renunciava à vida para controlar seu ouro dia e noite, as celebridades de "Mapas" vivem apenas para preservar essa condição. Ou seja, não vivem. Eis um diagnóstico terrível. O canadense, que em outros tempos nos mostrava os terrores de um futuro incerto, agora nos atira ao labirinto de um presente não menos inquietante. Com brilho, sempre." (* Inácio Araujo *)
''Sim, o cinema de David Cronenberg ficou mais suave no século 21. Exigências do tempo. Mas ainda continua intrigante, como na história da garota que chega a Hollywood em busca de um mapa que a leve à casa das estrelas do cinema. Veremos, ao longo de "Mapas para as Estrelas", que o seu não será mero roteiro turístico. Ali estará seu irmão, um garoto prodígio, sua mãe, que zela pela carreira do menino, o pai, um terapeuta das estrelas, sem contar uma das clientes do pai, Havana, que sonha em fazer hoje o papel que fez sua mãe famosa nos anos 1960. Poderia ser uma sátira à gente de Hollywoodi. Mas o registro é bem outro: o da hereditariedade, dessa misteriosa passagem de dados de uma geração a outra. Talvez se possa encontrar aqui traços de "Scanners": o comando do corpo pela mente e um certo desregramento dessas mentes é que ordenam os acontecimentos.'' (** Inácio Araujo **)
"Há tempos David Cronenberg não realizava um filme tão desagradável - no melhor dos sentidos. Crítica visceral à superficialidade dos bastidores da Hollywood contemporânea, "Maps to the Stars" recupera o velho Cronenberg provocador de Videodrome e Crash depois de trabalhos mais comportados como Um Método Perigoso e mesmo Cosmópolis. "Mapas para as Estrelas" é um filme extremamente fechado, cheio de referências ao mundo do cinema e, especificamente, a Hollywood. Pode ser visto como uma releitura de O Jogador (1992), de Robert Altman, com uma atmosfera mais pesada e pessimista. Como Altman, porém, Cronenberg escapa da pior armadilha dessa aposta (fazer um filme demasiadamente autoimportante e sóbrio) ao introduzir humor e ironia nos momentos mais inesperados. "Mapas para as Estrelas" também pode ser visto como um filme de fantasmas. O roteiro de Bruce Wagner é povoado de espectros de crianças que infernizam a vida dos protagonistas, mas que, na verdade, são muito menos apavorantes do que os personagens por eles assombrados. Bem mais assustadora, por exemplo, é Havana Segrand (uma interpretação absolutamente corajosa de Julianne Moore, que inclui momentos escatológicos e de ultraviolência). Filha de uma grande estrela de cinema que morreu nos anos 1970, Havana está obcecada em conseguir o papel principal em um remake e viver um personagem que foi de sua mãe. Ainda mais assustador é também o terapeuta Dr. Stafford Weiss (John Cusack), pai do ator mirim Benjie Weiss (Evan Bird), estrela da milionária franquia Bad Babysitter. E por aí vai. Não há um só personagem agradável em "Mapa para as Estrelas", nem mesmo a protagonista Agatha (Mia Wasikowska), uma jovem misteriosa que chega a Los Angeles depois de fazer amizade com Carrie Fisher (em participação especialíssima) pelo Twitter. Agatha começa um romance com um motorista de limusine e aspirante a roteirista e ator interpretado por Robert Pattinson, aqui bem mais convincente do que em Cosmópolis. "Mapas para as Estrelas" não é um filme de fácil digestão e deve provocar algum desconforto na cena hollywoodiana. E o humor que desponta vez ou outra não está ali para apaziguar o confronto que o filme propõe. Pelo contrário - é um riso que torna tudo ainda mais incômodo." (Pedro Butcher)
''Um grande filme sobre um astro do cinema buscando a redenção na carreira. Não, não é "Birdman", de Alejandro González Iñárritu, mas "Mapas Para as Estrelas", 21º longa do canadense David Cronenberg e um dos filmes mais sombrios e malévolos já feitos sobre a indústria do cinema. Mapas faz Birdman parecer A Noviça Rebelde. O filme tem uma constelação de tipos insanos e desajustados, como só a opulência de Hollywood é capaz de criar: Julianne Moore é uma decadente atriz que tenta se reerguer; o novato Evan Bird vive um astro mirim arrogante, claramente inspirado em Macaulay Culkin; John Cusack é seu pai, um guru de autoajuda. Uma reviravolta acontece com a chegada da estranha Agatha (Mia Wasikowska). Robert Pattinson, o galã de Crepúsculo, interpreta um motorista de limusine que passeia com ela por Hollywood. Mapas é um festival de bizarrices, bem ao estilo de Cronenberg. A insanidade é tanta, e os personagens tão perversos, que alguém pode se perguntar se não está vendo um mundo de faz de conta. Hollywood, afinal, não é a terra dos sonhos? Mapas é o delírio hollywoodiano sonhado por David Cronenberg." (Andre Barsinski)
Cronenberg e seu elenco brilhante explodem Hollywood nessa zoação inteligente.
''David Cronenberg é um diretor que não cansa de surpreender; ainda bem. Seu filme anterior, o extraordinário Cosmopolis, não foi necessariamente entendido ou bem recebido, mas isso é uma constante na obra do canadense. Depois de um período fazendo filmes de apelo um pouco mais abrangente, esse novo se junta ao anterior e provoca estranheza a primeira vista. E infinitas gargalhadas durante ele inteiro; na verdade eu não fazia ideia de que Cronenberg pudesse ser tão divertido, mesmo que o humor seja ácido e bem negro. Ainda assim qualidade dos diálogos e a forma naturalmente escrachada com que cada integrante do elenco os pronuncia faz metade da graça do todo. A outra metade de deve ao entrosamento de um elenco coeso e repleto de ousadia. Robert Pattinson, John Cusack, Mia Wasikowska, e os quilos de coadjuvantes estão muito bem, mas a verdade é que o trio Julianne Moore, Olívia Williams e o novato Evan Bird dominam a cena, em particular Moore e Bird que parecem ter a mesma estatura em talento e experiência. No universo aprodecido que o canadense resolveu pintar sobre Hollywood, não sobre pedra sobre pedra, nem sobre atores, ou agentes, ou gurus, ou novatas, ou crianças prodígio... sobre nada. Apesar de não contracenar em cena alguma, tanto Moore quanto Bird transformam o filme num acontecimento. Porque? Por que faltou maior pujança a Cronenberg, que parece se esconder atrás desse elenco e dos diálogos afiados e só mostra serviço aqui e ali, no mais parece que o cineasta apenas queria se divertir e atirar na meca do cinema, e não faltaram tiros. Um dos filmes mais badalados do Festival de Cannes desse ano, o novo longa do grande David Cronenberg saiu da festa com um surpreendente prêmio de melhor atriz para a estrela Julianne Moore. Sendo meu primeiro filme da competição a assistir, posso opinar pouco sobre a validade desse resultado, mas sobre a imensa diversão que nunca imaginei que esse cara pudesse provocar, isso eu posso. E sobra diversão ali, pra onde se olha.'' (Francisco Carbone)
''A decadência da fama, as fortunas ganhas, o status que cada vez mais se torna transparente e uma eterna ponte para realização pessoal de alguns artistas. Como se estivesse com uma poderosa marreta nas mãos, o cineasta canadense David Cronenberg derruba a porta da mesmice e realiza um projeto que foge de qualquer conceito de normalidade. Contando com um ótimo elenco, com destaques para os ótimos Julianne Moore e John Cusack, o famoso diretor realiza uma crítica afiada e cheia de verdades sobre a atual indústria cinematográfica hollywoodiana. Na trama, conhecemos diversos personagens que por conta de um destino extremamente fictício, em meio ao modelo de família hollywoodiana, se interligam de maneira extrema. Tem a atriz jogada para escanteio pela indústria cinematográfica, um psicólogo que fez fortuna com livros de auto ajuda, um jovem astro infantil que adora se meter em uma polêmica e uma jovem com sérios problemas que acaba de ser liberada de um sanatório. Tem de tudo nesse filme: Dramas familiares, obsessões de todos os tipos, surtos psicóticos. A construção de grande parte dos personagens é interessante. Dissimulados, excêntricos, desesperados, alucinados, tem de tudo um pouco. O elo de interseção de todas essas figuras cênicas é o intrigante mundo das celebridades. Esse projeto, às vezes, dá a impressão de ser um thriller sobrenatural psicótico, tamanha as cenas esquisitas que somos testemunhas. Os diálogos também merecem uma pequena referência: São sarcásticos e impressionam pela transparência de cada verdade mencionada e jogada no colo do espectador. Julianne Moore interpreta de forma fantástica sua complexa personagem Havana Segrand. Cheia de problemas de auto estima e inseguranças diversas, uma das protagonistas é uma das maiores criações de Moore nos últimos anos. Merecidamente, essa excelente atriz já levou neste ano o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes e já se coloca com grandes possibilidades de concorrer a uma vaga no próximo Oscar. O ponto negativo vem para Mia Wasikowska com sua Agatha Weiss e para Robert Pattinson e seu Jerome Fontana, ambos totalmente perdidos em algumas cenas. Parece que não conseguiram encontrar seus personagens dentro desse mapa para as estrelas. Com muitas citações a artistas conhecidos do grande público e algumas situações que de fato aconteceram na realidade, Cronenberg utiliza a troca de perspectivas, entendemos os fatos relatados através dos olhos de vários personagens, o que resulta em um filme um tanto quanto complexo. É como se olhássemos pelo buraquinho da fechadura e enxergássemos um mundo nebulosamente fora de qualquer realidade conhecida onde todos buscam a sua própria liberdade." (Raphael Camacho)
O filme-vírus travestido de comédia de costumes.
''Em um curto período de tempo, as três obras mais recentes de Cronenberg criam certa semelhança – os filmes Cosmópolis e "Mapas para as Estrelas" e sua estreia no mundo da literatura, o romance Consumidos. Nas três obras, protagonistas podres de ricos chegam às raias da crueldade e indiferença em seu cotidiano, com suas personalidades limítrofes progressivamente perigosas para os indivíduos que rodeiam as figuras centrais da história. Mais espalhado dramatúrgica e temporalmente que seu predecessor Cosmopolis, a semelhante frieza e distância ao abordar o star-system de Hollywood de Mapas Para as Estrelas em um primeiro momento podem até lembrar o universo de Brett Easton Ellis, autor dos romances que deram origem aos filmes Abaixo de Zero e Psicopata Americano (American Psycho, 2000) e assinou o roteiro dirigido por Paul Schrader The Canyons. Os protagonistas da classe alta estão entre a inércia e a psicose, turbinado por drogas ilegais e farmacêuticas, reféns do consumismo, das maratonas de terapia, exercício e sexo, perturbados por inconvenientes sociais, relações familiares e afetivas superficiais. Há, claro, uma diferença de abordagem entre Ellis e Cronenberg. Se Ellis dissipa a barreira entre o estranho e o cotidiano e denúncia, em certo nível, o mal-estar contemporâneo em histórias que são relatos curtos, breves e impactantes que logo voltam ao seu ponto de retorno, onde propósito e moralidades são conceitos fora de moda, Cronenberg – como não podia deixar de ser – tem suas raízes fincadas no horror. O horror físico, de confrontação, o vírus de início sintomático que avança inexorável até consumir protagonistas atormentados, inocentes ou arrogantes demais para aprender com o que lidam e reagir de maneira apropriada. Claro, Cronenberg o destila humor negro satírico elencado que se escolhe muitas vezes para tratar deste assunto, mas sua obsessão temática parece continuar indefectível. Ainda nos serão apresentados personagens com personalidades e ocupações singulares, com segredos e passados terríveis, ambições autodestrutivas, presos em moradas físicas limitadas e castradoras para seus espíritos atormentados. E nisso tudo, é claro, os pactos algo faustianos que assinam, tentados por seus demônios interiores, ao experimentar potencialidades ambíguas que acabam por levar a sua ruína. No meio da jornada, é claro, eles serão assombrados por seus vislumbres, seja por meio de visões oníricas ou confrontações diretas. O que se costuma chamar de terror “venéreo” de Cronenberg é essa percepção profundamente humana do indivíduo como falho e assombrado, e da sociedade como meio perfeito de “contágio” de medos, paranoias e inseguranças. Que muito falam à comédia, é verdade – esta sempre apegados à caricaturas – ou avatares, ou personificações – de proporções grotescas, que nos tirem do lugar, que nos fazem traçar paralelos. Ponto de vista esse, é claro, partilhado pelo terror. Daí o caminho parecer não apenas coerente mas também ter uma fluidez garantida. Sim, seus personagens são cômicos por serem tão repugnantes – e com a mesma facilidade, são horríveis. Essa transição, se não mais acompanhada por jornadas de corrupção ou revolução como frequentemente acontecia em suas ficções científicas oitentistas, aqui se opta pelo descortinamento, pelo estranhamento calculado, pelo automatismo quase artificial entre a letargia e a violência ou histeria. Paradas, estáticas, em campo e contracampo ou demorando-se nos rostos prestes a explodir, as câmeras filmam realidade e perturbação da mesma maneira, e tampouco a montagem acelera ou fica lenta para ilustrar a consciência alterada de seus personagens. O que acontece em Mapas para as Estrelas acontece justamente porque é tudo esteticamente uniforme. Porque esse tédio foi conseguido através de um pacto com a monstruosidade – histórias de relacionamentos abusivos e reações desesperadas são uma temática que une seus personagens além da grande soma de dinheiro que possuem. A elite de Mapas para as Estrelas é inerte, passiva, vivendo um desespero quieto com aparência de comercial – e essa passividade gera violência. Essa violência, assim como a realidade, assim como a alucinação, mantém o mesmo ritmo – planos abertos, alturas, perspectivas e lentes que deformam seus personagens desde o início, evidenciando com a grandeza de quadro, com a profundidade de campo, da disposição que a misé-en-scene organizada esse caráter de espelho distorcido, exagerado, fragmentário, que conta sem pressa de narrar, expõe sem a pressa de amarrar e inserir voltas – antes que o grande segredo da trama seja revelado para caminhar ao seu desfecho, como não poderia deixar de ser, aberto e distante, grandes crimes já foram perpetrados – tanto no caso da atriz de meia-idade que luta para conseguir um papel quanto do ator prodígio que luta para não ser ofuscado, o pano de fundo de abuso e o presente físico de compulsão que invariavelmente descamba para a violência. Note-se também aí a figura que Cronenberg sempre gosta de inserir, na pele de Mia Wasikowska, uma garota com um passado sombrio ligado a acidentes domésticos, exílio de casa e internações psiquiátricas, o papel do “anjo da morte”, que cobra pelos erros do passado, pune os erros cometidos ainda hoje e desestabiliza o frágil mundo criado pelos egos inflados de pilares de prazer da sociedade moderna. Compreensão de arquétipos: assim como a busca por vida, gozo e liberdade há a morte castradora, repressora e puritana, há frente à busca pela vida em sua forma distorcida a morte, em sua forma moral, como o limite último. O vírus que infecta o organismo cheio de vícios e traz para o corpo, para a pele, todas as suas falhas, imperfeições e feiura condenável. O campo de batalha que Cronenberg tanto gosta de ver, entre corruptos hostis e irrefreáveis e os sensíveis desnorteados e problemáticos. Aí, talvez, que more o lado verdadeiramente perturbador de Mapas para as Estrelas: não é assustador porque muda ou evoluiu de tom, no equilíbrio entre causar o riso e a agonia. Perturba porque seu tom - do riso sarcástico ao horror absoluto passando pela perturbação gradativa e desembocando no apocalipse pouco conciliável entre os arquétipos postos em rota de colisão - é invariável. Satírico, grotesco, absurdo, uma jornada de horror filmada como um comercial de margarina – Cronenberg e o filme-vírus, a doença da doença." (Bernardo D.I. Brum)
2014 Palma de Cannes
Top Canadá #34
Prospero Pictures Sentient Entertainment SBS Productions Integral Film
Diretor: David Cronenberg
28.921 users / 7.771 face
Check-Ins 731 39 Metacritic 2.940 Down 542
Date 18/10/2014 Poster - ###### - DirectorRobert RodriguezStarsDanny TrejoAlexa PenaVegaMel GibsonThe U.S. government recruits Machete to battle his way through Mexico in order to take down an arms dealer who looks to launch a weapon into space.[Mov 03 IMDB 5,6/10] {Video/@@@} M/41
MACHETE MATA
(Machete Kills, 2013)
TAG ROBERT RODRIGUEZ
{esquecível}Sinopse ''Machete (Danny Trejo) é um ex-agente federal mexicano que se torna um justiceiro perseguido. Após sua última aventura, Machete é contratado pelo presidente dos Estado Unidos (Charlie Sheen) para ir ao México e encontrar Voz (Mel Gibson), um traficante perigoso, que pretende iniciar uma guerra nuclear. Entre seus aliados encontramos Shé (Michelle Rodriguez), que ajuda Machete a enfrentar inimigos como El Chameleón.''
"Decepcionante. Rodriguez perverte o exploitation tornando-o não mais que um fetichista universo onde qualquer ideia bizarra pode ser jogada em cena. A 1ª hora é completamente sem sal, mas o final ganha ritmo, apesar de ser mera preparação pro 3º filme." (Daniel Dalpizzolo)
"Se no primeiro a ideia (ainda que já estendida) funcionava, aqui tudo parece repetição, com algumas poucas boas sacadas ajudando a não tornar tudo um desastre. É, na verdade, um desperdício de talento, que poderia - e deveria - ser mais divertido." (Silvio Pilau)
''Há três anos, Roberto Rodriguez e Ethan Maniquis apresentaram-nos pela primeira vez Danny Trejo - o repetente secundário mexicano de um sem número de filmes - , como o protagonista do seu filme Machete. Depois disso, Dane Trejo passou para a ribalta. Deixou de estar escondido no background, onde se tornou um adorno familiar, com o passar dos anos. Talvez tenha sido a melhor escolha de todos os tempos realizada pela dupla de realizadores. Destacando o caso de Rodriguez, que, até ver, apenas congratulo por ter realizado os míticos Aberto até à Madrugada e o famoso grindhouse Planet Terror, sendo que os vários Spy Kids são para enterrar bem fundo, a sete palmos de terra, na memória de quem ama cinema. Com o primeiro filme, o realizador apresentou-nos Trejo como um fora da lei movido pela sede de vingança, cujo destino se cruzou com um conjunto de belos exemplares femininos, que o fizeram encontrar um caminho melhor… Entre sexo, gore, deixas dignas de um filme de série b genuíno, “Machete” conquistou o público logo no primeiro filme. Com o segundo, “Machete Kills”, agora só realizado por Rodriguez, a continuação do sucesso não morre aqui. O filme consegue entreter e deixar-nos o cérebro respirar durante uma hora e meia, onde uma história nos envolve com belas e poderosas mulheres, como é o exemplo de Sofia Vergara, Michelle Rodriguez e Amber Heard. Para não falar das caras conhecidas, muitas delas improváveis, como Mel Gibson, Lady Gaga, Antonio Banderas e Charlie Sheen – este último sempre apresentado durante a promoção do filme e créditos como Carlos Estevez, que para quem não sabe é o seu nome de nascimento. “Machete Mata” consagra o intuito iniciado em 2010 por Machete, um spin off assumidamente sátiro-violento, adaptado de um dos trailers falsos que acompanharam o lançamento do grindhouse de Tarantino-Rodriguez, em 2007. Curiosamente, ao contrário do primo bastardo que lhe abriu as portas, a obra de Rodriguez teve bastante sucesso na box office, reunindo alguns fãs. O novo filme encabeçado por Trejo começa bem, com um trailer que se afiguraria como falso, intitulado Machete Kills Again…in Space. Contudo, no fim do filme acabamos por perceber que o trailer inicial não era falso e apenas anuncia a existência de uma sequela, que talvez seja demais…Ainda demais, foi o facto de a paixão por filmes de baixo orçamento ser trocada pela paixão por várias caras conhecidas brilharem. A enchente desta vez de actores famosos teve tanto de bom como de mau: além de desviar os olhares da paródia de série b, deixou a personagem de Trejo ofuscada, assim como a sua missão. Embora o argumento pudesse ser simples, o conjunto exagerado de actores secundários torna-o turvo. A ideia de um terrorista com várias personalidades, assim como de um cientista que não sabe o que será do mundo e por isso escolhe-o destruir, poderia funcionar muito bem como aconteceu no primeiro filme, mas nesta sequela a panela ferve e deita fora. Apesar de não ser o género de filme que tenha propriamente de fazer sentido, uma das personagens, que é também desempenhada por Lady Gaga, cria alguma confusão pois ficamos sem saber bem o seu propósito…A sua existência é demasiado forçada e desnecessária para o culminar do filme. Pedia-se mais criatividade num filme que se alonga com uma sequela. Todavia, o filme tem também bons momentos. O humor está presente. Machete contínua com as suas frases padrão: Machete don’t tweet. A personagem de Amber Heard desempenha uma espécie de femme fatale. As personagens do primeiro filme conseguem marcar a continuidade e ter uma excelente prestação, ressalvo o caso de Michelle Rodriguez. Machete é Machete e Trejo sabe que não é preciso muitas falas para o ser. Exploitation é a palavra de ordem e de algum modo esta perdura: sexo, mulheres, efeitos especiais exagerados (lembremos a cena de morte que envolve entranhas), romance, muita carne à mostra, sangue que baste, subversão e muita muita destruição. Caso o terceiro filme veja a luz do dia, tal como nos é sugerido na sequela, Rodriguez tem de meter mãos à imaginação e dar-lhe uma volta de 180º, deixando os 360º onde ficou bem próximo neste segundo filme." (Andreia Mandim)
''Você, cinéfilo, já deve ter se deparado com o termo exploitation. Esse substantivo é utilizado para designar um gênero de filme (geralmente feito com orçamento baixo e pouca qualidade cinematográfica) onde seus temas são tratados de forma absurda e sensacionalista. De uns anos para cá, o gênero tem ganhado um status cult, especialmente por conta de alguns fãs famosos – entre eles, nomes como Quentin Tarantino, John Waters e Robert Rodriguez. Este último, aliás, que dirigiu Machete Mata – segunda parte de uma trilogia que vem conquistando uma legião de fãs e admiradores do gênero. Logo de cara, vou deixar claro: não vou me ater tanto nessa crítica a elementos técnicos do filme como obra de cinema. Analisar Machete Mata ou qualquer outro produto do gênero sob este aspecto é dispensável. Isso porque a grande sacada do exploitation é justamente… ser ruim, digamos. O objetivo aqui é “escrachar”, é ligar o foda-se e fazer um filme sem o menor interesse em ser bom. E é justamente essa falta de compromisso que faz com que este estilo de filme seja tão excepcional. Falando especificamente de ''Machete Mata'': aqui, temos novamente o anti-herói mexicano Machete (protagonizado pelo ator Danny Trejo), um cara durão o suficiente para virar uma lenda dentro de seu universo. Na história, ele é contratado pelo presidente norte-americano para matar Mendez, um revolucionário mexicano que ameaça o governo com ataques nucleares. No entanto, Mendez tem em seu corpo um aparelho que, caso seu coração pare de bater, é capaz de explodir uma bomba que pode detonar uma cidade. Dessa forma, Machete tem a missão de achar o único homem vivo capaz de desarmar esse dispositivo – revelando um vilão (propositalmente no melhor estilo James Bond) com planos de dominação do mundo. Não tente entender a história. Tentar achar alguma lógica ou localizar alguma estrutura de roteiro em um filme como este é uma tarefa em vão. É um filme sem compromisso – e é justamente isso que rende ótimos momentos e risadas. Além da falta de estrutura no roteiro, o filme ainda apresenta diversas imperfeições na película – sabe aquele filme caseiro que parece ter sido feito no fundo do quintal de casa? YEAH! As cenas são toscas, os cortes são bruscos e os efeitos beiram a bizarrice (em determinada cena, o sangue – visivelmente falso – é lançado na câmera, em uma situação de extremo mau gosto). Quanto aos personagens, não é bom falar muito para não estragar a surpresa. Danny Trejo é simplesmente ótimo na pele de nosso herói (justamente por não saber atuar e ser um cara muito feio – tua autoestima, caro leitor, vai lá em cima após assistir o filme), enquanto outros antagonistas (ainda que não sejam muito bem desenvolvidos ou apareçam pouco) também fazem um bom trabalho. Destaque para Mel Gibson bancando de vilão ridículo e Charlie Sheen, como um presidente não convencional e totalmente amoral. Para os meninos, ainda temos Jessica Alba, Michelle Rodriguez e (prepare o coração, amigo) Amber Heard – a loura sexy e ex-affair de Johnny Depp, que teria largado o bonitão para ficar com uma modelo, aumentando ainda mais o fetiche masculino. O ponto fraco das personagens, no entanto, é que por conta de seu pouco desenvolvimento, o espectador não consegue sentir muito carinho por eles (já que o excesso de imprevisibilidades na trama faz com que você nunca saiba o que vai acontecer com nenhum deles). Com exceção, obviamente do próprio protagonista – que apesar de progredir muito pouco em relação ao filme anterior, é tão foda que não tem como você não admira-lo. Apesar de não estar indo muito bem nas bilheterias (o filme sequer estreou no país), ''Machete Mata'' é um filme que merece atenção, contendo tudo que um filme trash precisa ter para ser bom (ou ruim, como queiram): muito sangue falso na tela, mulheres gostosas desfilando com suas armas, mutilações, exageros e redundâncias, loucura excessiva e tudo aquilo que gostamos de ver sem compromisso. Os mais chatos vão torcer o nariz para o filme e criticar o diretor – injustamente, pois cá entre nós: Rodriguez está em um patamar onde não precisa mostrar muita coisa para ninguém (afinal, ele dirigiu Planeta Terror, Sin City, Prova Final entre outros tantos ótimos filmes). Se a intenção era fazer um filme ruim, Rodriguez conseguiu isso muito bem. Logo, se você procura diversão sem compromisso e apenas alguns bons momentos de risadas e alucinações, Machete Mata é um dos melhores filmes ruins do ano." (Davi Gonçalves)
"É impossível resistir a um filme que tem Charlie Sheen como presidente americano, Mel Gibson no papel de um traficante lunático e Lady Gaga disparando uma metralhadora para todos os lados. "Machete Mata" tem isso tudo. Mais um recorde de decapitações, atrizes bonitas (Sofia Vergara, Amber Heard, Michele Rodriguez e ponta de Jessica Alba) e o herói mais improvável do cinema, Danny Trejo, com cara de mexicano feioso. Seu rosto de pedra é conhecido de filmes toscos que o diretor Robert Rodriguez lança de vez em quando, como Um Drink no Inferno, Sin City e Era uma vez no México. E é Rodriguez que dirige essa segunda aventura de Machete, um justiceiro mais durão do que Chuck Norris, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger juntos. É de morrer de rir." (Thales de Menezes)
AR Films Aldamisa Entertainment 1821 Pictures Quick Draw Productions Demarest Films Overnight Films
Diretor: Robert Rodriguez
66.236 users / 13.236 faceSoundtrack Rock Los Lobos
33 Metacritic 2.980 Down 742
Date 29/10/2014 Poster - ##### - DirectorJerzy KawalerowiczStarsLucyna WinnickaMieczyslaw VoitAnna CiepielewskaA priest is sent to a small parish in the Polish countryside which is believed to be under demonic possession and there he finds his own temptations awaiting.[Mov 05 IMDB 7,7/10 {Video/@@@@}
MADRE JOANA DOS ANJOS
(Matka Joanna od aniolów, 1961)
"Vale a pena conhecer esse primeiro clássico sobre exorcismo (bem como a outra versão do mesmo caso, dirigida por Ken Russell em 71), um horror psicológico numa linha bergmaniana que discute repressões, conflitos individuais, questionamentos de fé, etc." (Vlademir Lazo)
''É a arquitetura o que impressiona primeiro em "Madre Joanna dos Anjos". A disposição do convento, numa colina solitária. O branco de suas paredes, contrastando com o negro dos espaços que se anunciam por trás dos arcos pronunciados. A amplitude das salas, onde o vazio se manifesta como uma evidência. Em seguida vêm as relações. O contraste entre o negro e o branco é o mais marcante: o negro do traje do padre, o branco das freiras, por exemplo. Seria possível falar, ainda, da taberna e dos estranhos habitantes do local, mas o essencial é que neste filme estamos diante de um caso de possessão diabólica da superiora de um convento, madre Joanna justamente. E o filme retoma um caso histórico, ocorrido no século 17 (e mais tarde filmado também por Ken Russell, de forma menos impressionante, em Os Demônios, de 1971). Sabemos que o padre Joserf, enviado para salvá-la com seus exorcismos não é o primeiro. Trata-se de um teólogo que vive a castigar a carne com um chicote, mas um homem com pouca experiência do mundo. E homens com pouca experiência do mundo tendem a sofrer um pouco nas mãos do diabo. No caso de madre Joanna, há não menos do que oito demônios a ocupar seu corpo. A luta será difícil. Por um lado, trata-se de saber como agem os demônios. Por outro, o que são eles. Finalmente, a questão mais angustiante que se coloca ao exorcista vem do fato de que madre Joanna simplesmente não deseja que o diabo a abandone. O desejo é, de resto -e já se pode presumir desde as primeiras imagens-, o centro de tudo. É ele que parece estar na base da luta entre Deus e o Diabo, a que correspondem as tensões de espaço com as quais o diretor Jerzy Kawalerowicz joga tão habilmente e que potencializam o drama da pureza e da perversão que cada personagem carrega dentro de si. Porque estamos, não convém esquecer, na Polônia -um país onde o catolicismo é não só radical como, não raro, intolerante (e Kawalerowicz não deixa de notá-lo, ao introduzir a figura de um rabino, representado, não por acaso, pelo mesmo ator que faz o padre). A fama de Andrzej Wajda de certa forma ofuscou a de Jerzy Kawalerowicz no grande momento do cinema polonês, entre os anos 50 e 60 do século passado. Isso torna ainda mais oportuna a revisão desta sua obra-prima, que ganhou o prêmio especial do júri em Cannes, 1961, num tempo em que um prêmio desse queria dizer muita coisa." (* Inácio Araujo *)
''Freiras endemoninhadas: faz muito tempo que li, sobre o assunto, o ensaio histórico (hoje chamaríamos de livro-reportagem) de Aldous Huxley, Os Demônios de Loudun. Trata-se de um caso real, ocorrido na França do século 17, que Huxley desmonta com seu velho e bom racionalismo –o único instrumento que possuímos, afinal, contra os demônios. O livro mais tarde foi transformado em ópera por Penderecki – ouvi isso há muito tempo, também, numa transmissão da rádio Cultura FM; a orquestra imitava sons de instrumentos de tortura, terror total. Agora saiu em DVD, pelo selo Lume, um filme de outro polonês, Jerzy Kawalerowicz, com o mesmo tema. Chama-se Madre Joana dos Anjos, e ganhou o prêmio do júri do Festival de Cannes em 1961. Com perdão da ignorância, nunca tinha ouvido falar nem do filme nem do diretor. Recomendo vivamente. Em especial a primeira metade do filme, quando o padre exorcista primeiro se aproxima do convento, começa a ouvir os boatos e comentários das pessoas da estalagem, vai ficando com medo, e enfim se encaminha, para encontrar a madre superiora... Sem pressa, mas sem um minuto que não acrescente um pouco de tensão, o diretor nos prepara para o pior. Não há torturas. Ou melhor, o verdadeiro torturado, do ponto de vista psicológico, é o exorcista, um sacerdote que sem ser jovem não tem nenhuma experiência do mundo exterior; viveu ele próprio desde criança num mosteiro. A madre superiora o espera, humilde, imaculada, de cabeça baixa. É uma atriz excelente, e bem bonita (Lucyna Winnicka). Um dos truques do diretor, repetido várias vezes, mas que não cansa, é filmá-la de costas; ela então se volta, e nunca sabemos como será a expressão do seu rosto. Provocação, malevolência, inteligência, endemoninhamento, doçura, tudo pode ser lido simultaneamente nos olhos dessa atriz. O jogo entre muitas tonalidades de branco e cinza-claro (a planície que circunda o convento, algumas extensões de neve, o hábito das freiras) dá lugar a outras longas passagens em negro (o hábito do exorcista, o interior de uma estalagem). O diretor faz o que quer com as expectativas de quem vê o filme. Há seqüências (não que eu seja especialista nesse tipo de coisa) que parecem ter sido planejadas magistralmente: de um close de rosto a câmera se afasta, faz um longo percurso mostrando objetos e pessoas a meia-distância, para encontrar depois um personagem que não sabíamos estar presente na cena... Apesar de um final meio bruto em termos narrativos, “Madre Joana dos Anjos” é grande cinema. Interessante, também, como exercício de circunlóquio político. Um compositor como Penderecki escreveu muitas missas e oratórios: a cultura polonesa, não é preciso dizer, está profundamente marcada pelo catolicismo. Num país comunista, alguma negociação precisava ser feita, imagino, para tantas obras religiosas. Na ópera de Penderecki, como aqui neste filme de Kawalerowicz, talvez esteja em jogo um estratagema. Denuncia-se os horrores, a inumanidade, do sistema de crenças católico. Mas, na medida em que mostram inquisições, torturas, exorcismos e ortodoxias, o subtexto dessas obras parece ser a crítica ao sistema de crenças estalinista. Nada mais parecido com o exorcismo sucessivo a que Madre Joana é submetida do que um processo contra os dissidentes do regime. Assim como Bukharin e outros, nos anos trinta, tiveram de confessar não apenas sua oposição a Stálin, mas uma série de outros crimes, Madre Joana está possuída por sete demônios diferentes, e eles têm de ser expulsos um a um. O tribunal de padres que acompanha o processo nunca está contente, é claro. Outra aproximação curiosa é do ponto de vista visual. Madre Joana está num pátio interno do convento, e irá entrar em mais um breve e profundo diálogo com o exorcista. Entre os dois, uma série de varais onde estão pendurados os hábitos branquíssimos das freiras. Ela brinca levemente com o varais, que oscilam de leve, num vaivém. No “Encouraçado Potemkin”, de Eisenstein, as redes dos marinheiros, as peças de carne penduradas na cozinha, conhecem o mesmo tipo de oscilação, ameçadora e inocente. É a hora de soltar os demônios da insurreição." (Marcelo Coelho)
1962 Palma de Cannes
Film Polski Film Agency ZRF Kadr
Diretor: Jerzy Kawalerowicz
1.344 users / 166 face
Check-Ins 389
Date 01/12/2013 Poster -# - DirectorÉric RohmerStarsJean-Louis TrintignantFrançoise FabianMarie-Christine BarraultA devout Catholic man's rigid principles are challenged during a one-night stay with Maud, a divorced woman with an outsize personality.[Mov 09 IMDB 7,9/10 {Video/@@@@}
MINHA NOITE COM ELA
(Ma nuit chez Maud, 1969)
"O título engana: "Minha Noite com Ela" sugere uma safadeza que esse filme não tem. Ou até tem, em parte, mas não aquela em que se pode pensar a partir do título. Como é um filme de Eric Rohmer - o quarto da série "Contos Morais" -, a maior parte do tempo conversa-se. E como o protagonista-narrador (Jean-Louis Trintignant) é católico, a fé é central nas discussões com o amigo Vidal (Antoine Vitez) e mesmo com Maud (Françoise Fabian). A fé e, mais precisamente, Pascal, que o narrador renega por seu catolicismo intransigente. Tudo aqui também diz respeito à sedução. Pois o narrador decidiu que vai se casar. E vê na igreja Françoise (Marie-Christine Barrault), a garota com quem decidiu casar, embora ela nem saiba de sua existência. E Maud pretende seduzir o narrador. Divorciada, livre, bela, ela tem tudo que um homem poderia querer - por uma noite, pelo menos. Mas transar com Maud seria, para ele, uma traição a seus sentimentos, à sua fé, a suas convicções amorosas. No entanto, Maud é sedutora, e a dúvida é: o homem cederá ou não? Sabe ele, de fato, o que quer? Questão mínima, embora relevante. São assim os Contos Morais: alguém tem uma crença; uma dúvida vem colocá-la em questão. Estamos no domínio da vida cotidiana, a mais normal possível, vendo à nossa frente pessoas também normais. O narrador supõe que é possível viver em contradição (ter fé e amar as mulheres) sem deixar de ser católico. Isso implica se abrir à ambiguidade. E é disso, a rigor, de que trata o filme. Não apenas a suposta na questão imediata que enfrenta o protagonista, mas a outra que vai da palavra à imagem. A maior crítica que se fez durante um bom tempo a Rohmer foi a de que seus filmes eram tão literários que nem precisariam ser filmados. Mal-entendido típico, que se abate sobre filmes em que se fala muito. Talvez seja possível ver de outra forma: o que se fala não conta tanto quanto as fendas que o discurso revela, sua capacidade de ser cotejado pela imagem. Porque as imagens são, aqui, o discreto fundamento de tudo. Imagens que se devem, no caso, a outro mestre, Nestor Almendros." (* Inácio Araujo *)
O deus das coincidências.
''Françoise é loira e católica, não lê as instruções da lata de chá e por isso não sabe que são necessários sete minutos para a infusão perfeita. Mais importante, ela libera seu novo amor, Jean-Louis, do peso do conceito: seu universo é o do prazer pela trivialidade, das coisas experimentadas antes que se dê nome a elas. Françoise acredita no poder de escolha, eventualmente até passível de ajuda divina, mas no fim das contas uma tarefa exclusiva do homem e de sua consciência. Uma personagem que defenda o livre-arbítrio, justo ele, o primeiro dos direitos humanos suprimidos pelo cinema. De fato, ''Minha Noite Com Ela'' é tanto mais um exercício de depuração da fé quanto mais se compre a idéia de que há ali um movimento do desconhecido ao conhecido, das dúvidas às certezas, da verbalização da crença que se transforma, por milagre, na experiência mesma dela. Não compramos a idéia, e talvez só assim o filme de Eric Rohmer possa ser habitado da mesma maneira que sua câmera habita as igrejas que abrem e fecham a narrativa: ao mesmo tempo um espaço dominado pela liturgia já decodificada e acompanhada em coro pelos fiéis catequizados e um espaço aberto ao espanto diante do apelo mais óbvio – apenas porque uma palavra repetida carrega sempre o peso de seu momento, de seu contexto, da inflexão da voz, de uma troca de olhares, de um desejo de suspensão, porque a palavra certa só pode ser igual na diferença. Jean-Louis, temente a Deus, não se furta em usar as prerrogativas Dele para anunciar sua trajetória: tomando a narração em off, nos informa dia e hora exatos do momento em que soubera que Françoise seria sua esposa. Para que a profecia se realize, teremos que passar pelo anúncio do próprio título do filme, uma noite na casa de Maud. Reencontrando um amigo dos tempos de colégio, Jean-Louis dirá que, uma vez que seus caminhos normais nunca se cruzam, é apenas no extraordinário que tal reencontro pode se dar, e aí está uma idéia que percorre toda a duração de ''Minha Noite Com Ela''. Tudo está às claras, ordinarizado: esposas eleitas, processos de purificação enfileirados, e sem a imprevisibilidade do futuro, sem a possibilidade do destino nem a ingerência das escolhas individuais, restará ao cinema de Rohmer fabricar os territórios do acaso, de tal modo evidentes nessa construção que, em algum momento, como num sermão do bispo, algo parecido com uma revelação irromperá daquilo que nos parecia menos disposto a ela. Aí talvez resida o grande encanto que o jovem cineasta e crítico tinha por Alfred Hitchcock desde o fim dos anos 50: o suspense que surge do saber, e não da surpresa, que desafia a lógica justamente por ser absolutamente calculado em sua arquitetura (e as referências constantes a Blaise Pascal e sua esperança matemática não estão aí à toa). Personagens finitos presos à infinitude de um país chamado cinema, organizado por um cineasta ao qual não se deve o temor, mas a retribuição da gentileza: é só porque Minha Noite Com Ela oferece uma visão tão generosa do já-visto que podemos experimentá-lo com a sensação da novidade. Um filme-de-apartamento, de corpos que interagem num espaço restrito à movimentação e que, portanto, só pode lhes oferecer caminhos através do verbo, e ainda assim, como o próprio Jean-Louis, tudo o que pedimos à Graça (este outro termo usado para designar a arte) é que nos faça entrever a possibilidade do ser. O ser que acontece nos intervalos entre os acasos e as coincidências, e que é tão programado quando estes dois últimos, mas que ainda assim surge milagroso: uma criança que interrompe a montanha-russa existencial dos adultos cheios-de-si para testemunhar mais uma vez o piscar das luzes de uma árvore de Natal antes de dormir, uma Maud de cabelos negros soltos e envolvida num manto branco como se fosse a própria Anunciação vivificada, uma nova criança, percebida como o único abismo do desconhecimento real, que receberá atenção específica da câmera num fim de semana na praia. Eric Rohmer filma os homens para perceber neles os meninos, esta sensação pré-objetal, ali quando ainda eram, de fato, decodificações impossíveis, imagens em processo, abertas à surpresa. Há mesmo em todo santo uma espécie de loucura, como diz o padre na missa final. E a loucura talvez seja essa: a de acreditar que, quando tudo parece já ter sido vivido, tudo ainda resta a se viver.'' (Cinetica)
"Hipnotizante." (Daniel Dalpizzolo)
"Personagens lidando com seus conflitos nascidos do embate ente desejos naturais e códigos morais, em um filme feito de detalhes, insights, olhares e insinuações. Somente com sua simplicidade e secura que Rohmer consegue ir tão fundo em suas discussões." (Heitor Romero)
"Como são adoráveis as mulheres dos filmes de Rohmer, e a maneira como se relacionam com os personagens masculinos, nos triângulos amorosos de seus Contos Morais." (Vlademir Lazo)
43*1970 Oscar / 1969 Palma de Cannes
Top Década 1960 #44
FFD Les Films de la Pléiade Les Films des deux mondes Les Films du Carrosse Les Films du Losange Les Productions de la Guéville Renn Productions Simar Films Société Française de Production (SFP) Two World Entertainment
Diretor: Eric Rohmer
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Date 02/12/2013 Poster - ######## - DirectorGeorge Roy HillStarsMichael SacksRon LeibmanEugene RocheBilly Pilgrim has mysteriously become unstuck in time. He goes on an uncontrollable trip back and forth from his birth in New York to life on a distant planet and back again to the horrors of the 1945 fire-bombing of Dresden.{Video}
MATADOURO CINCO
(Slaughterhouse-Five, 1972)
''Adaptação para o cinema do famoso romance de Kurt Vonnegut Jr. que mistura ficção, comédia, drama e aventura para contar a história do obsessivo Billie Pilgrim. Ouça: Billie Pilgrim está se libertando com o tempo, anuncia o narrador logo no começo. Pilgrim sobreviveu a uma bomba em Dresden, em 1945. Depois disso, estranhamente, ele passa a viver simultaneamente no passado como um jovem prisioneiro de guerra, no futuro como um animal no zoológico do imaginário planeta Tralfamadore e no presente como um oftalmologista em Nova York. Vencedor do Prix du Jury em Cannes, 1972." (Filmow)
30*1973 Globo / 1972 Palma de Cannes
Date 25/11/2014 Poster #### - DirectorAndré De TothStarsVincent PriceFrank LovejoyPhyllis KirkAn associate burns down a wax museum with the owner inside, but he survives only to become vengeful and murderous.[Mov 07 IMDB 7,1 {Video/@@@@}
MUSEU DE CERA
(House of Wax, 1953)
''Henry Jarrod (Vincent Price) é um escultor que faz imagens magníficas para o seu museu de cera. Jarrod luta com seu sócio, Matthew Burke (Roy Roberts), quando este começa a incendiar o museu para receber US$ 25 mil do seguro. Jarrod tenta detê-lo em vão, sendo que logo o local todo se incendeia e é seguido por uma explosão, com Jarrod sendo considerado morto. Algum tempo depois, Matthew recebe o dinheiro do seguro e planeja viajar com Cathy Gray (Carolyn Jones), mas é morto por uma pessoa disforme, que na realidade é o próprio Jarrod, que simula o assassinato como se fosse suicídio. Pouco tempo depois, Jarrod mata Cathy Gray e rouba seu corpo do necrotério. Depois de algum tempo ele reaparece, dizendo que escapou por milagre. Quando Sue Allen (Phyllis Kirk), a colega de quarto de Cathy, vê a imagem de Joana D'Arc no museu, começa a suspeitar que é o corpo de Cathy coberto com cera." (Filmow)
"De Toth transpõe sua eficiência de artesão e o senso agudo de ritmo dos seus westerns e filmes de ação para essa história de terror que contrasta a beleza das figuras de cera com as atrocidades provocadas pela mente doentia do personagem de Vincent Price." (Vlademir Lazo)
“House of Wax, “Museu de Cera” no Brasil, é um filme de terror clássico de 1953, estrelado por Vincent Price. Foi um dos melhores filmes de terror da década de 50 e até hoje é uma das maiores referencias do gênero. É o primeiro remake de The Mystery of the Wax Museum (O Mistério do Museu de Cera de 1933, sendo que em 2005 foi lançado House of Wax (A Casa de Cera), segundo remake. “Museu de Cera” foi o primeiro filme em 3D produzido pela Warner Brós sendo relançado nos anos 80 neste mesmo formato. O filme arrecadou US$ 5,5 milhões só nos EUA. Este filme é um dos destaques de Vincent Price, pois este recebeu críticas positivas quanto sua interpretação do vilão Henry Jarrod, no site Rotten Tomatoes o filme recebeu 94% de críticas positivas. A cena do fogo no museu foi a que mais destacou a tecnologia 3D do filme, apesar do diretor André de Toth não perceber os efeitos por ser cego de um olho, mas para os fãs da época, não havia dúvidas de que a cena foi a mais aproveitada para o universo 3D do filme. Para quem aprecia os filmes clássicos, sem dúvida irá gostar de “Museu de Cera” e do horror que é transmitido por Vincent Price.'' (Jackson Tavares)
Bryan Foy Productions (for) Warner Bros.
Diretor: Andre de Toth
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Date 26/12/2013 Poster - #### - DirectorEdward DmytrykStarsGregory PeckDiane BakerWalter MatthauAn accountant suddenly suffers from amnesia. This appears related to the suicide of his boss. Now some violent thugs are out to get him. They work for a shadowy figure known simply as The Major.[Mov 07 IMDB 7,4/10 {Video}
MIRAGEM
(Mirage, 1965)
''Em Nova York, durante um blecaute, David Stillwell (Gregory Peck) está confuso ao descer os degraus de um arranha-céu, pois tem dúvidas sobre quem ele é e o que faz. Stillwell sabe que muitas das pessoas no edifício se familiarizam com ele e que ele está de alguma forma unido à morte de Charles Calvin (Walter Abel), o rico filantropo que caiu do 27º andar. Deste ponto em diante todos que Stillwell encontra estão conectados com a morte de Calvin ou de algum modo ameaça o bem-estar de Stillwell. Quando ele procura a ajuda de um psiquiatra e de Ted Caselle (Walter Matthau), um detetive particular, Stillwell relata que não sabe quem é e que há um vazio de 2 anos na sua vida. Os dois reagem de modo diverso, pois enquanto Caselle tenta ajudá-lo o médico o expulsa do consultório, dizendo que não há nenhum caso de amnésia que dure 2 anos e acusando Stillwell de ser um farsante." (Filmow)
Universal Pictures
Diretor: Edward Dmytryk
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Date 05/01/2014 Poster - - DirectorWoody AllenStarsColin FirthEmma StoneMarcia Gay HardenA romantic comedy about an Englishman brought in to help unmask a possible swindle. Personal and professional complications ensue.{Video/@@@@} M/54
MAGIA AO LUAR
(Magic in the Moonlight, 2014)
"Magia ao Luar", o novo filme de Woody Allen, com estreia prevista para 28 de agosto, propõe um debate familiar a todos que viram mais que um de seus trabalhos. De um lado, está a crença em algo que não se pode ver, uma força metafísica que governa o universo; do outro, a certeza, compartilhada pelo diretor, de que isso não existe. Não por acaso - e nem pela primeira vez na obra de Allen - as posições opostas são defendidas por um azedo intelectual de meia-idade e uma mulher mais jovem e relativamente inculta. Se a ideia de um universo de caos despropositado parece assustadora, a realidade de 98 minutos de ordem despropositada é ainda pior. Allen teve seus altos e baixos ao longo dos anos. Mas raramente levou à tela uma história que manifeste tão pouca energia e curiosidade. "Magia ao Luar" é uma repetição laboriosa de temas e tramas, conduzida por atores em trajes de época. Estamos em algum momento entre as duas grandes guerras, em uma fantasiosa Europa de lazer e finesse. Stanley, um mágico que trabalha sob o nome de Wei Ling Soo (Colin Firth, dedicado mas soturno), é convocado à Riviera francesa para expor uma fraude. O alvo é Sophie (Emma Stone), uma bonita e pobre clarividente americana que deslumbrou uma família rica com seus supostos dons. Stanley trava uma guerra ranzinza e amarga contra a credibilidade da vidente, mas termina encantado por seu charme juvenil e persuadido por suas alegações de poderes paranormais. Não existe química perceptível entre Firth e Stone. Allen muitas vezes realizou bem mais com muito menos. Um dos números de magia de Wei Ling Soo é fazer um elefante desaparecer, e o filme é tedioso a ponto de, assim que o espectador se cansa de admirar o figurino, começar a pensar sobre os demais elefantes na sala. Como os fãs de Wei Ling Soo, os de Allen (talvez para nossa vergonha) querem ser iludidos e ter a atenção desviada das verdades desconfortáveis. Quando o truque fracassa, não conseguimos evitar a sensação de que nosso tempo foi desperdiçado, nossa atenção foi desrespeitada e nossa boa fé foi insultada." (A. O. Scott)
''De tempos em tempos, Woody Allen questiona a condição do artista. Será ele gênio ou charlatão? Ser iluminado ou simples executor de truques? Essa é a questão central de "Magia ao Luar". Ali, o mágico Wei Ling Soo pratica os números que fizeram dele o maior prestidigitador do mundo. Quando tira a maquiagem, Wei Ling Soo torna-se Stanley, o homem da razão, aquele que só acredita no que vê e, sobretudo, homem dedicado a desmascarar os trapaceiros que, habilmente, procuram convencer os incautos de que existem o além, os espíritos, a vida eterna etc. É o caso, agora, de Sophie, jovem norte-americana que surge na Riviera Francesa. Howard, velho amigo de Stanley, e também ele mágico, chama-o para testemunhar e desmascarar os truques do arco da velha que vêm fazendo de Sophie o xodó da temporada. Esse é o princípio do novo Woody Allen, certamente o mais interessante do autor americano nos últimos tempos. Sophie representa, logo vemos, um real desafio para Stanley. Ele não consegue desmascarar a jovem vidente e após algum tempo se vê forçado a renegar sua crença racionalista e admitir que, de fato, a moça não é uma fraude. Passemos pelo que se poderá ver como inverossimilhanças do roteiro: o mágico racionalista até a medula, por exemplo. Essa é uma das virtudes da fabulação, no entanto: não é um escritor ou um encenador que assumem os ares da razão, mas alguém cuja arte consiste, precisamente, na trapaça. No mais, o fato de ser um consumado narcisista acentua o risco de sua empreitada: não é apenas sua convicção intelectual que coloca em jogo, mas o quase infinito amor próprio. Passemos pelo romantismo por vezes exagerado que caracteriza o cinema de Allen e onde já se pode adivinhar, desde o início, no que dará o encontro entre o homem maduro e a ninfeta enganadora (ou não): não importa, trata-se de afirmar que neste mundo existe lugar para a magia e a maravilha. A mise em scène de "Magia ao Luar" equilibra-se, com delicadeza e ousadia, entre crença e descrença, a verdade e a trapaça. E a partir desse embate postula um lugar para a vigarice neste nosso mundo policialesco. Por que não? Quem são os trapaceiros senão artistas?'' (* Inácio Araujo *)
''Se for para examinar friamente, a trama de "Magia ao Lua'' não resiste muito. Ali, um grande ilusionista é chamado a desmascarar uma vidente que está fazendo sensação na Riviera Francesa. O mágico é inglês e cético. É Colin Firth. Mas a moça parece, de fato, possuir dons extraordinários para coisas como prever o futuro e, sobretudo, arrecadar um bom dinheiro com eles. Ela é a americana Emma Stone. Estamos no registro clássico: opostos que se atraem. A graça está em ver como isso acontece.'' (** Inácio Araujo **)
*****
"A razão é um tormento para boa parte dos personagens de Woody Allen. Por maiores que sejam suas crenças no científico, existe sempre uma agônica margem para dúvida.É como seu contrário, a relegião: por mais que se apresentem prova da existência de Deus, a dúvida permanece. Em outras palavras, para Woody a razão é uma questão de fé, assim como religião. E "Magia ao Luar" é uma demonstração clara desse postulado. Ali está Sophie, uma jovem e bela vidente, seduzindo os ricaços da Riviera Francesa com suas previsões e eloquência. Do outro lado está Stanley, o prestidigitador genial (e racionalista feroz), disposto a provar a fraude da moça. Allen nos conduz a esse ponto frequentemente de suas reflexões: se existe algo entre os homens capaz de nos reconciliar com a vida, está além da razão e além da fé." (*** Inácio Araujo ***)
Razão versus Ilusão.
''Todas as vezes em que Woody Allen lidou com a fantasia em alguns de seus filmes, o resultado foi bastante particular. Embora tenha seu lado romântico assumido, o cineasta sempre pendeu suas conclusões para o lado realista (e pessimista) da vida. Assim sendo, a mágica sempre exerceu uma função de escape momentâneo nas obras em que decidiu aplicá-la, nunca chegando a de fato prevalecer sobre a razão. Em A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985), por exemplo, a protagonista se vê dividida entre o amor de um homem real e o de seu personagem preferido do cinema, que se materializou fora da tela. Por mais que seja tentador escolher a perfeição da ficção, ela opta pelo real, e com isso sela seu destino infeliz de decepção, abandono e solidão. Em Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos (You Will Meet a Tall Dark Stranger, 2010), há uma discussão entre escolher enfrentar a verdade, ou se esconder atrás de falsas esperanças e mentiras banais que fazem a vida parecer mais cor de rosa. Agora, com seu novo filme, uma espécie de mistura de Scoop - O Grande Furo (Scoop, 2006) e Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009), Allen volta a enfrentar esse dilema entre razão e ilusão com ''Magia ao Luar''. Mais do que isso, ele finalmente confronta sua convicção de ateu com sua curiosidade pela possibilidade de vida espiritual através de seu novo alter-ego, um mágico brilhante interpretado por Colin Firth, e cético convicto que tem todas suas certezas abaladas depois de se ver diante de uma garota que apresenta inegáveis poderes mediúnicos (vivida pela adorável Emma Stone). Depois de tentar desmascará-la e descobrir seus truques, Stanley – que vive de enganar e iludir espectadores e paradoxalmente só acredita nos fatos da ciência – se vê em um dilema existencial. Será então que a vida não é essa tortura sem sentido, como dizia Nietzsche? Ela tem um significado? Há um “outro lado” nos esperando após a morte? A comicidade do argumento está em mostrar um cético convicto tendo suas certezas abaladas e tendo de, invariavelmente, se entregar ao tão anteriormente repugnado otimismo dos tolos. Agora ele não tem mais uma razão de ser ranzinza, sisudo, rabugento, cínico, mordaz, esnobe e pessimista. Por mais que doa, ele tem de aceitar que a vida é bela, cheia de possibilidades e guiada por um propósito maior – aceitar que na verdade o tolo sempre foi ele, não os crédulos que sempre desprezou. Colin Firth entra em cena traduzindo muito bem esses conflitos de Stanley, e acertando no mesmo ponto que Cate Blanchett acertou em Blue Jasmine (idem, 2013), ao não se limitar a imitar os trejeitos neuróticos de Woody Allen, e conseguir compor seu próprio personagem. Mas o que faz desse novo trabalho de Allen um filme tão singelo e solene é a abordagem sobre a magia, a partir da segunda metade. Não mais colocando a ilusão em uma balança com a razão, ele simplesmente a analisa como algo necessário para a vida de qualquer ser humano, por mais que esteja fadada a uma hora acabar e cruelmente se transformar em dor e saudade. Afinal de contas, mesmo em filmes plenamente realistas, Allen sempre recorreu a tal magia ao luar. Existiu entre Alvy Singer e Annie Hall em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977); entre Isaac Davis e Tracy em Manhattan (idem, 1979); entre Vicky, Cristina, Maria Elena e Javier em Vicky Cristina Barcelona (idem, 2008); e até entre todos os personagens apaixonados de Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You, 1996), só para citar alguns. A magia dos filmes de Woody Allen – aquela que ilude, alegra, apaixona e confunde com seu misto de crueldade e ternura – sempre foi a mesma: o amor." (Heitor Romero)
"Redundante na carreira do diretor, Woody Allen brinca mais uma vez com ceticismo, religião e pós-morte. Mais um exemplar adorável de sua carreira, obviamente o diretor não perdeu o tato até o momento, embora não esteja mais arriscando tanto." (Alexandre Koball )
"A discussão é pertinente e o desenvolvimento não cansa nunca, mas o final poderia ter sido bem, bem melhor. Ainda assim, é impressionante a regularidade que Allen segue mantendo com o passar dos anos." (Rodrigo Cunha)
"A opção pela comédia romântica dilui a discussão filosófica, religiosa e metafísica proposta por Allen, e o esquizofrênico resultado final não provoca nem risadas, nem suspiros, nem reflexões. Leve e agradável de se ver, mas também frívolo e descartável." (Régis Trigo)
"Constantemente leve e adorável, com momentos divertidos, mas é mais um exemplar dos trabalhos preguiçosos do cineasta, com um roteiro que carece de polimento - sem contar a previsibilidade da grande "surpresa" da trama. De Allen, sempre se espera mais." (Silvio Pilau)
Date 07/01/2015 Poster - ##### - DirectorAlexandros AvranasStarsThemis PanouReni PittakiEleni RoussinouA chilling account of a horrendous family tragedy perpetuated behind closed doors. As chronic violence chips away at the household's elaborate façade, the shocking secret reveals that almost nothing is as it seems.{Video/@@@@ M/75
MISS VIOLENCE
(Miss Violence, 2013)
''"Os que criticam - com certa razão - a perversão, o niilismo e o polemismo gratuito de Trier, Sollondz e Haneke, é porque não viram esse trabalho de Avranas. Esteticamente mal filmado, tematicamente repugnante. Abjeto em todos os sentidos. Fuja!" (Régis Trigo)
''Recebido com euforia no Festival de Veneza do ano passado, onde foi apontado como um promissor exemplar do novo cinema grego, "Miss Violence" engrossa o robusto conjunto de filmes contemporâneos sobre famílias disfuncionais. Revelar aqui o que exatamente há de disfuncional nessa família comprometeria parte da experiência (nada agradável) proposta pelo filme. O diretor Alexandros Avranas tem o prazer sádico de manipular surpresas e revelar os mais perversos detalhes em pequenas doses. Com atuações fortes e uma direção marcada por enquadramentos precisos e frios, "Miss Violence" toma um rumo cada vez mais desconcertante, em que as sutilezas e elipses são substituídas por uma exposição frontal de acontecimentos bastante violentos. Em Veneza, o retrato corrosivo de uma família de classe média proposto por Avranas foi apontado como a poderosa metáfora de um país em que a falência econômica é apenas um aspecto de uma crise moral mais ampla. Outro aspecto evidente é que, à medida em que a trama se desenrola, o diretor sugere que a absoluta passividade de quem aceita a violência ao seu redor é tão grave quanto a violência em si. O título (Senhorita Violência, em tradução literal) seria uma pista nesse sentido. A questão é que, fora de um contexto mais amplo e metafórico, o filme se embrenha no perigoso terreno entre a perversidade que pretende denunciar e a perversidade de seus próprios métodos narrativos, marcados por uma exposição chocante, quase espetacular, de determinado tipo de violência. O domínio narrativo de Avranas é evidente, mas seus métodos são um tanto duvidosos. Um talento, enfim, ainda à espera de confirmação." (Pedro Butcher)
Filme grego discute temas atemporais e delicados que pouco são debatidos pela mídia em geral.
''O novo cinema grego vem chamando atenção por seus filmes curiosos, inquietos e provocativos, além de críticos para com a atual situação do país. Primeiro foi Dente Canino, um bizarro estudo do comportamento humano que acompanha uma família que vive enclausurada e é comandada por um sujeito que rompe qualquer elo de comunicação com o mundo civilizado. Para isso se manter de pé, o indivíduo faz ameaças e inventa fantasias. Por esse terreno, o cineasta Yorgos Lanthimos – premiado em vários festivais, tendo até uma passagem por Cannes na mostra Un Certain Regard – transforma aquelas pessoas em ratos de laboratório e analisa o convívio coletivo, perpetrando quase uma versão moderna da Alegoria da Caverna, de Platão. O mesmo Lanthimos retornou depois com Alpeis, que fala a respeito da substituição de pessoas após a morte. Uma proposta deveras intrigante, mas sem o mesmo impacto do anterior. Outro bom exemplo da já chamada estranha onda grega é o peculiar Attenberg, de Athina Rachel Tsangari, que conta a história de Mariana e sua nova descoberta sexual. A garota enfrenta problemas cotidianos dentro e fora de casa. Em uma pegada mais aguda, o espectador pode ver e sentir de perto os pensamentos mais íntimos da adolescente, algo que vem sendo latente dentro do movimento referente. Esse ''Miss Violence" não faz diferente, pois, dirigido pelo novato Alexandros Avranas, que traz consigo o Leão de Prata de Melhor Direção no Festival de Veneza, o longa é quase um reality show da vida de uma família que se mostra aparentemente normal, mas com o tempo notamos fatores estranhos. É louvável a construção do universo e a concepção da atmosfera feitos por Avranas, pois, como é de praxe entre bons cineastas, o realizador detém e utiliza uma série de artifícios para atingir o que quer. Ora pela dessaturação das cores da fotografia de Olympia Mytilinaiou, que confere tons fúnebres e faz uma pontual rima narrativa com o comportamento das pessoas da casa, principalmente as crianças; ora pela a interpretação crua ou desdramatização dos atores mirins, que parecem ter perdido algo e agem como robôs, abrindo poucas brechas para algum sentimento. O paralelo entre plateia e vizinhos é instantaneamente criado, logo ficamos sem (ou tentando) entender o que está acontecendo. Procuramos achar explicação para tal incidente, no entanto, durante todo o primeiro ato a sensação tensa continua. E, ainda que a pulga já esteja plantada na orelha, a atenção é total, uma vez que observamos os fatos e maquinamos o que está por trás daquilo tudo. Quando a máscara cai, uma face monstruosa se revela e aí começa se desenrolar uma trama corajosa, apavorante e por que não dizer importante. A família formada por um casal de meia idade, com uma filha adulta que é mãe solteira de quatro crianças de pais desconhecidos, se vista friamente, é por sua concepção dissemelhante devido à idade dos pequenos. Há ali um incesto? Tratamos então da exploração da mulher? Pior, estamos falando do abuso infantil sendo coberto por uma carapaça chamada de ambiente conturbado? A certeza é que os temas são muitos, os conflitos chocantes e as ideias pungentes. Na última cena vemos uma porta se fechar, com ela, estamos cegos novamente, não temos ideia sobre o que acontecerá ali ou em qualquer âmbito familiar. A intenção é nos deixar terrificados e passar a impressão que em alguns lares há segredos na vida cotidiana que nem desconfiamos. Em aspectos cinematográficos, a fita é igualmente eficiente, pois, além de ser estética e narrativamente elegante, nos faz pensar, sentir e discutir sobre a maioria dos pontos aludidos." (Wilker Medeiros)
Brutal retrato da crueldade humana visto através de um filtro banal e desinteressante.
''É sempre fascinante quando um filme consegue apresentar de forma sucinta e clara sua estética em apenas alguns minutos de projeção. No caso do premiado ''Miss Violence'', a cena de abertura revela como o diretor Alexandros Avranas trabalhará sua trama em quase todos os aspectos, enquanto outros ficam sugeridos de forma inequívoca. Está tudo ali: em seu aniversário de 11 anos, Angeliki troca olhares amargos com a irmã mais velha, e, num momento de distração da família, se dependura da sacada com um sorriso no rosto, saltando em seguida para sua morte. No que será a chave para o trabalho de Avranas, a garota olha diretamente para a câmera, de costas para a mãe, os irmãos e os avós. É uma expressão vista exclusivamente pela plateia, ou seja, trata-se de um mistério específico mostrado para que nós, como espectadores, o decifremos. A ideia é inspirada, pois, de fato, apenas para o olho externo se faz necessária alguma explicação. Cada minúcia da direção ressalta como aquelas pessoas agem de forma bizarra perante a morte de um parente jovem e próximo, até o ponto em que alguém verbaliza que sequer se nota o impacto daquela tragédia nos outros membros da família. Assim, o diretor busca canalizar uma tensão pulsante, perceptível em virtualmente todas as suas escolhas, de forma a sugerir segredos sombrios que quase todos os personagens conhecem. Não há o que o cineasta não transfigure em algo perturbador. Apesar da narrativa simples, calcada na rotina familiar, o padrão das imagens varia de forma constante: temos a frieza de certos planos em momentos de drama intenso, os diálogos entoados frontalmente para a câmera, o suspense sugerido na movimentação dos atores pelo enquadramento, e por aí vai. A montagem talvez seja o único elemento igualmente perturbador, com seus cortes secos, suas cenas incompletas e sua gritante assimetria. O aspecto sonoro também não fica de lado, já que as músicas destoam com frequência do que a tela exibe, e a sonoplastia preza por silêncios e ruídos bruscos, muito eficientes em quebrar a recorrente placidez. Isso sem mencionar, claro, as pontuais relações de abuso, violência, opressão e terror presentes em todo o filme. E é essa atenção de Avranas em todas as frentes de sua obra que a naufraga. Por investir tão pesado nessa proposta, o cineasta foca no como e deixa o o que à deriva. A construção da tensão é trabalhada muito além da conta para uma conclusão tão simplória. No lugar de quem cometeu tal ato grotesco, e passando pelos porquês (pois os motivos são simples e ficam claros), a trama está sempre visando à específica natureza do que aquela família perpetra. O roteiro, escrito por Avranas e Kostas Peroulis, se torna terrivelmente pobre – pode-se até dizer condenável – ao se dependurar de tal forma nos detalhes da crueldade. Percebe-se que as figuras paternas e maternas são retratadas como opressoras a fim de sugerir uma explicação alternativa para o suicídio da garota, mas abundam os indícios de que há muitos outros esqueletos no armário. O principal sinal de que mais segredos obscuros existem é a forma como o diretor filma os momentos de violência doméstica. A fria estilização dos surtos tirânicos dos avós é tamanha que se torna impossível acreditar que um cineasta comporia aquilo daquela maneira apenas por soberba. É a dissonância entre os atos doentios e o registro calculado que de início sugere e logo martela uma tensão mais profunda e horripilante, que justifique aquela estética perturbadora. Esse arcabouço é fácil de notar muito cedo e não tarda a se tornar distrativo. Quando, finalmente, os panos vão se levantando – alguns de sopetão, outros de forma gradual –, o que parecia distração se revela meramente arroubo estilístico em prol de uma narrativa paupérrima, calcada nas minúcias de horrores velados que estão sempre em relevo. Avranas chega a costurar cenas deslocadas na rotina da família, como o carro do avô estacionando em locais escondidos, por exemplo, apenas para confeccionar um mistério a ser solucionado no fim. O problema é que a natureza das verdades escusas é mais importante que sua presença, e girar em torno da descoberta, além de beirar o mórbido, faz com que as inumeráveis pistas dispostas pelo cineasta se tornem artificiais, mero acúmulo de expectativa. Usando um exemplo recente, o diretor se beneficiaria imensamente da proposta de O Homem das Multidões, de Miguel Gomes e Cao Guimarães. Nele, as instabilidades não se fazem dependentes de uma revelação, mas esta mesmo assim existe, tão surpreendente quanto bem fundamentada ao longo da narrativa. É o tipo de estilização sutil que tornaria Miss Violence algo muito mais perturbador. Apesar de tudo isso, o longa de Avranas ainda reserva uma surpresa. A despeito da sufocante proposta estética, o cineasta desenvolve mais que uma expectativa simplista ao longo da narrativa. Após, é verdade, um alarme falso: no que poderia ser a grande cena redentora do filme, a matriarca da família limpa várias facas enquanto seu tirano come despreocupado ao lado, num lancinante testamento do poder simbólico que domina aquela família. É uma pena que esse instante genial siga a regra do e se tome a rota mais óbvia e tola possível, provando-se apenas um pífio prenúncio do que se dará em seguida. Mas é verdade que a sequência leva a um lampejo radiante de inspiração, até mesmo alimentado por fios tecidos ao longo da obra. Através de vários signos passageiros, Avranas constrói os fundamentos para um genial final aberto, talvez o primeiro momento de suspense genuíno e orgânico da trama, e também aquele em que melhor se sente uma instabilidade, já que os motivos para tensão não estão acobertados, mas sim em suspenso. Seria o ato de fechar a porta uma reação simbólica à regra do avô, que não permitia segredos em casa? Ou uma inversão da primeira cena, na qual Angeliki e a irmã mais velha abrem a porta para simbolizar a verdade que ambas sabem? É um encerramento rico como nada do que se viu até então. Seria excelente que esses minutos derradeiros enriquecessem e dessem outra perspectiva para o filme pregresso. Infelizmente, trata-se apenas de um zênite, um brilho tardio que redime pouco do exercício de estilo que se desenvolveu nos desperdiçados caminhos que levaram até ali." (Pedro Costa De Biasi)
2013 Lion Veneza
Date 16/01/2015 Poster - ##### - DirectorAndy MuschiettiStarsJessica ChastainNikolaj Coster-WaldauMegan CharpentierAfter a young couple take in their two nieces, they suspect that a supernatural spirit named Mama has latched onto their family.[Mov 05 IMDB 6,3/10 {Video/@@} M/57
MAMA
(Mama, 2013)
"Duas menininhas desaparecem numa floresta no dia em que seus pais morrem. Cinco anos depois, são encontradas, mas algo misterioso ainda ameaça as garotas e quem chegar perto delas.
Escrito assim, é um roteiro parecido com muitos outros nesse gênero terror com crianças. Mas a assinatura de Guillermo Del Toro (de O Labirinto do Fauno) como produtor faz diferença. E ajuda muito a presença de Jessica Chastain (indicada ao Oscar deste ano por A Hora Mais Escura)." (Thales de Menezes)
"Jessica Chastain (apesar da personagem péssima) e as aparições da Mama são o que salva, porque este é o clássico caso do terror com roteiro simplório, personagens estúpidos, temas idiotas e situações requentadas. Ao menos o diretor tem umas boas ideias." (Pedro Costa De Biasi)
"Mama fica em uma ponte entre o suspense e o terror, mas não assusta realmente em momento algum." (Alexandre Koball)
"Jamais vou entender como alguém produz um filme como Mama e ao ver o corte final pensa "realmente fiz um bom trabalho". História besta, imagens em que jamais se descobre o limite entre o horror e o simplesmente patético. Terror sobrenatural modorrento." (Daniel Dalpizzolo)
"Surpreendentemente, Muschietti trabalha bem a atmosfera nos dois primeiros atos, apostando mais na sugestão do que naquilo que se vê. Mas o roteiro tem furos de lógica e o terceiro ato, quando tudo vira mais explícito, cai no lugar-comum." (Silvio Pilau)
A infância exposta ao soturno.
"Apadrinhado por Guillermo del Toro, Andrés Muschietti faz sua estreia na seara dos longas-metragens com ''Mama'' (idem, 2013), conto de horror que põe a infância em contato direto com o sinistro e o soturno. Aqui, ele assina tanto a direção quanto o roteiro como Andy Muschietti e divide a segunda função com Neil Cross e a esposa Barbara Muschietti para narrar uma história atravessada por sustos e cenas noturnas, índices prototípicos do gênero cuja utilização soa orgânica. O foco se volta para Jeff (Nikolaj Coster-Waldau), que cometeu a loucura de assassinar a própria esposa e fugir com as duas filhas, Lily e Victoria, para longe de casa sem rumo determinado. Dirigindo em alta velocidade, ele acaba por derrapar numa pista embranquecida pela nevasca. Os três sobrevivem ao acidente e vão parar em uma cabana no interior de uma floresta muito suspeita. Algum perigo ronda o lugar, como reza a cartilha do terror. Depois da sequência nas ramagens frias, o sobrenatural começa a se insinuar e, com ele, surge o primeiro grande susto para o público. Um novo ato extremado de Jeff é impedido por uma figura enigmática e de movimentos abruptos, e as meninas permanecem a salvo naquele ambiente deplorável. Com o passar dos anos, adaptam-se a uma realidade hostil enquanto são procuradas pelos outros familiares e, uma vez encontradas, demonstram uma natureza humana adormecida, em estado latente. O afastamento da sociedade as tornou figuras animalescas, guiadas pelo instinto. Até que voltem a se comportar do modo que se espera de garotas de sua idade, um discreto e insistente processo de aproximação se faz necessário. O tio Luke (vivido pelo mesmo Coster-Waldau), com quem elas passam a viver, é todo paciência nessa fase, e o mesmo não se pode dizer de Annabel (Jessica Chastain), sua namorada descolada que toca numa banda e não demonstra a menor inclinação para lidar com crianças.O sobrenatural invade a trama de fato durante a convivência de Lily e Victoria com o casal. Existe uma forte conexão entre elas e a floresta que se traduz em eventos racionalmente inexplicáveis, provocados pela mesma entidade-título que, no primeiro ato, garantiu a sobrevivência de Victoria. São o verdadeiro terror de Mama, que também oferece lascas de suspense e um punhado de lugares comuns que, em primeira instância, fazem da produção mais um exemplar de um gênero que, por tantas vezes, soa como uma espécie de caricatura de si mesmo. Em outras palavras, a discreta qualidade de ''Mama'' vem muito mais das interpretações de Chastain e das atrizes mirins do que pelo seu roteiro pontuado por algumas derrapadas. Entre os furos observáveis nos 100 minutos de projeção está a demora exagerada para a localização das meninas na tal floresta. São cinco anos de buscas para um resultado que se poderia alcançar em bem menos tempo, considerando que o lugar não era tão distante. A sequência que mostra Jeff internado no hospital em estado grave para, no minuto seguinte, acompanhá-lo em disparada pelos corredores disposto a ajudar as sobrinhas é outro pequeno deslize da narrativa. No que tange aos clichês, não faltam os mais básicos e questionáveis. O perigo sempre vem com a noite e sua escuridão inerente, seja através de sons estranhos, seja por mortes violentas, sobretudo de personagens em busca da resolução do mistério que responde pelo enovelamento do enredo. Sem falar na coragem suicida e inverossímil desses personagens, que se aproximam do objeto estranho completamente desguarnecidos. Em função desses índices, ''Mama'' – que trava diálogo com o curta Mamá (idem, 2012), do mesmo realizador - pende muito mais para o rol dos terrores genéricos, carentes de marcas autorais fortes. A comparação pode soar estapafúrdia, mas tem sua pertinência: quando concebeu filmes do gênero, Ingmar Bergman foi capaz de imprimir um estilo pessoal e criar uma alegoria a partir dos demônios que povoam a mente de um artista. O mesmo não se pode dizer de Muschietti, que parece acomodado à gramática do terror e apenas repisa um tema e uma abordagem recorrentes no gênero. Em uma arte plena de caminhos como o Cinema – toda arte o é, aliás – mais pitadas de audácia na construção e alinhavamento da trama poderiam afastá-la de uma quase despersonalização." (Patrick Corrêa)
Terror produzido por Guillermo Del Toro cria interessante universo gótico mas se prende demais a convenções.
''Como numa boa fábula, ''Mama'' carrega consigo uma dádiva e uma maldição. A dádiva é a exposição garantida pelo curta-metragem Mama, de 2008, que fez sucesso em festivais e na web e gerou interesse pelo trabalho do diretor argentino Andrés Muschietti. A maldição é o efeito colateral: Muschietti, estreante em longas, chega a Hollywood preso ao universo que criou. Procurado por Guillermo Del Toro - que usa sua influência para bancar, como produtor, novos talentos latinos na indústria de cinema dos EUA - para fazer um longa, Muschietti ofereceu um roteiro original que não tinha nada a ver com Mama. Ouviu uma negativa de Del Toro: o único longa possível, o que todos esperam, é a versão completa da história de Mama. Afinal, o que acontece com aquelas crianças do curta? Essa é a pergunta que, de repente, Muschietti se viu obrigado a responder. O resultado, como se pode temer, comporta-se um pouco como um curta estendido, que não desenvolve personagens a contento. Logo no começo do filme descobrimos por que as irmãs estão sob os cuidados da assombrada "mama": são duas crianças órfãs que vivem anos numa cabana isolada depois da morte de seus pais. Elas são descobertas então por seu tio, Lucas (Nikolaj Coster-Waldau), e retornam para a civilização - mas carregam mama consigo. Quem mais sofre é a protagonista, Annabel (Jessica Chastain), namorada de Lucas, que se vê numa competição macabra com mama pela guarda da meninas. Das fábulas, Mama tira seu imaginário gótico. A neve, a floresta, os símbolos de contos de fada - como as cerejas que as crianças comem ou o lobo de pedra no jardim - dão o clima de história dos irmãos Grimm, com direito a um Era uma vez... no início do filme. Seria fácil fazer uma relação entre esse primeiro filme de Muschietti e o universo fabular dos terrores de Del Toro, como O Labirinto do Fauno, se as escolhas cromáticas do argentino - filtros que tiram a cor do ambiente e ressaltam os verdes e os vermelhos - não transitassem tão obviamente por outro terreno visual, o de Alfonso Cuarón. Os mexicanos Cuarón e Del Toro, afinal, hoje são os modelos de cineastas latinos em Hollywood que uma geração aprendeu a seguir. Em Mama, Andrés Muschietti pega um pouco de cada um deles (e dos cabeludos fantasmas japoneses) e dá ao filme uma unidade visual e temática. É interessante como se faz, por exemplo, entre Annabel e "mama", um duelo de estéticas góticas: a roqueira de cabelo preto e olho pintado, herdeira do punk e dos New Romantics, versus o espectro deformado de uma mulher que parece saída, com seu rosto estreito e alongado, da tela modernista "American Gothic" de Grant Wood. É uma pena, no fim, que Muschietti não consiga dar a esses personagens esteticamente bem definidos uma trama que seja satisfatória. Mama rapidamente se prende a convenções do gênero (nos terrores todo mundo é detetive) e clichês de sustos (mama viveu em tempos remotos mas sabe escrever seu nome na tela do computador), e a investigação que vai explicar todos os detalhes do passado do fantasma tira o espaço que Annabel teria com as crianças. Esse espaço era fundamental; Annabel só poderia competir com mama a partir do momento em que ganhasse a confiança das duas órfãs. O que vemos no filme, na verdade, é uma relação que nunca deixa de ser disfuncional: Annabel desconcertada com o problema que caiu no seu colo, enquanto as meninas seguem isoladas. Nem com o buraco preto de mofo que surge na parede da casa Annabel se incomoda muito. É como se a personagem estivesse só esperando o confronto final com o fantasma, ciente do que o roteiro lhe reserva. Como exercício de estilo e criação de um universo, Mama se destaca no meio da safra atual de terrores não-documentais (e por isso a cotação arredondada pra cima de um filme que seria só regular), mas Andrés Muschietti ainda precisa se provar, se quiser ser visto não como um esteticista mas como um contador de histórias." (Marcelo Hessel)
Universal Pictures De Milo Toma 78
Diretor: Andy Muschietti
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Date 25/02/2014 Poster - ## - DirectorRouben MamoulianStarsFred AstaireCyd CharisseJanis PaigeA Russian government official is sent to Paris to bring back her comrades; she soon gets a taste of Paris life and falls in love with an American movie producer.[Mov 07 IMDB 7,1/10 {Video/@@@@}
MEIAS DE SEDA
(Silk Stockings, 1957)
''O ator e dançarino Fred Astaire e o diretor Rouben Mamoulian tiveram seus anos de glória na década de 1930, sobretudo nos musicais. Nos anos 40, Astaire prosseguiu em alta, enquanto a carreira de Mamoulian foi injustamente definhando. Ambos se encontraram pela primeira vez em "Meias de Seda" (1957). Mamoulian estava afastado das telas havia quase dez anos. Completando o elenco, a grande estrela do musical nos anos 50: Cyd Charisse. "Meias de Seda" é uma refilmagem musical do clássico de Ernst Lubitsch, Ninotchka. Na trama, uma agente soviética fica encarregada de resgatar três agentes perdidos na boemia de Paris. Como ela não é de ferro, apesar da aparência inicial, acaba se apaixonando por um diretor musical (Astaire). O último filme de Mamoulian, que, como o penúltimo, tem produção de Arthur Freed para a MGM, não pode ser desprezado por ser uma refilmagem. Se Mamoulian claramente não se sente tão à vontade com o formato cinemascope, ainda mostra sua leveza nos números musicais, com canções compostas por Cole Porter." (Cassio Starling Carlos)
''Em matéria de refilmagem, "Meias de Seda" é um exemplo feliz, em parte porque Rouben Mamoulian e a Metro retrabalharam no registro da comédia musical, em 1957, o "Ninotchka" que Ernst Lubitsch havia dirigido no final dos anos 30 com Greta Garbo. A história não muda, nem precisava mudar. Aqui, Cyd Charisse é a agente comunista absolutamente caxias que se deixará seduzir pelo consumo do lado capitalista do mundo. É claro que, na pele do sedutor, Fred Astaire ajuda e não é pouca coisa. Mas a escolha da comunista não poderia ser mais a calhar, pois Cyd talvez tenha sido a mais bela bailarina que jamais pisou em Hollywood. O melhor: a associação entre delícias do consumo, meias de seda - vistas como típico luxo capitalista - e Cyd, cujas pernas eram seguradas em um monte de dólares." (* Inácio Araujo *)
''Meias de Seda'': Steve Canfield (Fred Astaire) é um produtor de cinema americano que está em Paris para gravar um filme. Nina Yoshenka (CydCharisse) é uma soviética que vai à Paris para levar de volta à Rússia alguns companheiros que se desvirtuaram da causa comunista. Os dois se encontram e adivinhem o que acontece? O meu humor se esvai. Estou eu estudando em pleno feriadão quando resolvo fazer uma pausa para ver um filme – escolho um musical adaptado de um show da Broadway de 1955 (o filme é de 57) na esperança de uma narrativa leve e de boas coreografias. Me deparei com um punhado de esteriotipações ridículas da cultura soviética, de números musicais que não funcionam em sua maioria (exceção para as duas últimas excelentes), de uma guerra fria visual, e de um enredo onde a catequização do socialismo pelo capitalismo se concretiza. Don’t beep me. O fetiche do personagem americano de Fred Astaire em conquistar a dura russa Yoshenka, resume bem a obsessão americana de conquista ideológica, que durou por tanto tempo. Outra representação lamentável é o do papel da mulher – 1: figura da luxúria burra; 2: Ser que não consegue resistir aos romances e às superficialidades (meias de seda, jóias, roupas), abandonando suas ideologias. E tudo isto sendo justificado pela inevitável paixão por Paris. Pelo menos inteligentes eles foram, mesmo em um número onde questionam a necessidade de um elenco, de um roteirista e de um diretor para fazer um filme, na presença das maravilhas recém chegadas que deslumbravam e alienavam o público: o technicolor, o cinemascope, o som estéreo. Eles anunciam a sua intenção descaradamente e comprou quem quis. – E a sua gravata, do que é feita? – Ora, de seda. – Seda deveria ser usada em para-quedas. E para que devem ser usados o cinema, a televisão e o poder virtual? Boom! Comecemos a guerra por um lugar mais consciente, respeitoso de humano." (Jucelino Matos)
14*1958 Globo
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Diretor: Rouben Mamoulian
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Date 25/02/2014 Poster - ##### - DirectorPer FlyStarsEdda MagnasonSverrir GudnasonKjell BergqvistThe world famous Swedish jazz singer, actress and icon Monica Zetterlund's life through stardom and hardship.{Video/@@@}
MONICA Z
(Monica Z, 2013)
''Monica Z é um filme biográfico da cantora de jazz sueca mundialmente famosa, a atriz e ícone Monica Zetterlund vida através de fama e sofrimento.Mas por trás de todo o glamour, Monica se esforça para enfrentar o lado escuro da fama e do sucesso." (Filmow)
Date 10/02/2015 Poster - #### - DirectorHenry KosterStarsJames StewartWallace FordWilliam H. LynnDue to his insistence that he has an invisible six foot-tall rabbit for a best friend, a whimsical middle-aged man is thought by his family to be insane - but he may be wiser than anyone knows.{Video/@@@}
MEU AMIGO HARVEY
(Harvey, 1950)
''Elwood P. Dowd (James Stewart) é uma pessoa bondosa, que dá mostras de total otimismo para todos que estão ao seu redor. Apesar de gostar dele Veta Louise Simmons (Josephine Hull), sua irmã mais velha, que pertence à alta sociedade da cidade, não se sente muito bem na presença de Elwood, pois ele sempre visita todos os bares e botecos da cidade e sempre volta ébrio. Há ainda uma outra razão mais estranha, pois Elwood está sempre acompanhado por Harvey, um coelho imaginário com dois metros de altura que Elwood faz questão de apresentar para todos. É raro o dia em que este excêntrico comportamento não causa algum transtorno e ela nem pode mandá-lo embora, pois na verdade é ela quem mora com Elwood, que é o único herdeiro. No momento Veta está muito preocupada, pois dará uma recepção à tarde para suas amigas mais influentes, na intenção de promover Myrtle Mae (Victoria Horne), sua filha, para as suas amigas e através delas planeja arrumar um bom casamento para Myrtle. Porém Elwood lê em um jornal que sua irmã dará uma reunião e, acreditando que ela esqueceu de lhe avisar, volta logo para casa. Quando começa a "apresentar" Harvey, todas as convidadas vão embora. Não aguentando mais a situação Veta resolve internar seu irmão em um sanatório, mas na hora de explicar o caso para Sanderson (Charles Drake), um psiquiatra, ela se expressa de forma tão confusa que ele acredita que ela precisa ser internada na hora." (Filmow)
''Esta é uma daquelas screwball comedies – comédias escrachadas, aberta, loucamente doidas, sem pé nem cabeça, um subgênero do cinema americano que teve crias às pencas nos anos 30 e 40. O filme é de 1950, mas é bem screwball. Defende a moral de que os doidos são mais humanos, mais sensíveis e mais felizes do que o comum dos mortais. Jamais seria feito agora, nesta época do politicamente correto, porque o personagem central é um sujeito que bebe pacas e não há nenhum problema nisso. Ele se chama Elwood P. Dowd (interpretado por um James Stewart brincalhão e alegre), que tem como companheiro inseparável um gigantesco coelhão de quase dois metros de altura, o Harvey do título. Ao consultar os alfarrábios, percebe-se que o que eu interpretei como uma simples comédia maluca que defende uma moral deve ter parecido para os críticos americanos uma fábula cheia de significados. A peça ganhou um Pulitzer, James Stewart foi indicado para o Oscar e para o Globo de Ouro e Josephine Hull levou os dois prêmios como coadjuvante – o Oscar e o Golden Globe.
Muitos anos depois, este filme seria citado em outro, numa seqüência muito engraçada. A citação é feita em Missão Comédia/Looking for Comedy in the Muslim World, de Albert Brooks, 2005. Logo no começo do filme, o comediante Albert Brooks (que interpreta a si próprio) é chamado para um teste diante da diretora de elenco e da diretora, produtora e atriz Penny Marshall (também interpretando a si própria), que estão se preparando para fazer uma refilmagem deste Harvey original de 1950. Quando a diretora de elenco informa a Penny Marshall que o convidado seguinte para se submeter ao teste é Albert Brooks, ela fica irritada, reclama, diz algo do tipo Mas ele não serve para esse papel, você ficou louca? Ele não tem nada a ver com o Jimmy Stewart, ele não presta pro papel." (50 Anos de Filmes)
23*1951 Oscar / 8*1951 Globo
Date 16/02/2015 Poster - ####### - DirectorPedro AlmodóvarStarsGael García BernalFele MartínezJavier CámaraAn examination on the effect of Franco-era religious schooling and sexual abuse on the lives of two longtime friends.[Mov 05 IMDB 7,5/10 {Video/@} M/81
MÁ EDUCAÇÃO
(La Mala Educación, 2004)
"O impensável: um Almodóvar maniqueísta." (Demetrius Caesar)
"Almodóvar vai e volta no tempo, mistura realidade e ficção, filmes dentro de filmes, personagens que se trocam e se mesclam, homenageia mais uma vez o cinema clássico - tudo sem se perder em seu roteiro complexo. Uma aula de cinema." (Heitor Romero)
"Genial a cabecinha deturpada desse tal de Almodóvar." (Rodrigo Torres de Souza)
Homenagem de Almodóvar ao cinema noir, com personagens fortes e crítica à Igreja Católica.
''Má Educação'' segue o mesmo estilo dos filmes recentes do diretor espanhol Pedro Almodóvar, como Tudo Sobre Minha Mãe e Fale com Ela, tanto em aspectos técnicos como em artísticos. Isso já seria suficiente para você entender que Má Educação é mais um filme de altíssimo nível, afinal essas duas películas citadas são filmes que poderiam muito bem receberem o rótulo de obra-prima sem muita injustiça. Talvez não seja para tanto no caso de Má Educação, mas o filme mais uma vez encanta principalmente pela sua direção e pela paixão com que Almodóvar consegue colocar seus personagens, além de mostrar mais uma vez seu amor com o cinema, dessa vez fazendo isso com o gênero noir. Todo o filme pode muito bem ser considerado uma grande, lindíssima homenagem ao cinema noir, tanto pelo seu roteiro (que faz referência direta a clássicos absolutos do gênero, como ao maravilhoso Pacto de Sangue) como pela sua trilha sonora. Mais noir impossível. A segunda metade, então, é quase uma transcrição literal do clássico de Billy Wilder. Mas já estou me adiantando (desculpe, acontece muito isso). Má Educação é uma história de idas e vindas no tempo, confunde o espectador e confunde o que é realidade de ficção (há um filme sendo rodado dentro do filme). O roteiro é bastante confuso, os personagens se misturam e mostram-se diferentes do que pareciam. Mesmo assim, Almodóvar faz um belíssimo trabalho de direção e todos esses recortes no roteiro apenas servem para criar um clima maior de suspense – coisa que ao final funciona muito bem. Almodóvar é um apaixonado por cinema e aqui homenageou grandes filmes (não apenas do gênero noir). Moon River, música-tema do filme Bonequinha de Luxo (com Audrey Hepburn) é cantada esplendidamente por um dos personagens do filme, já que o mesmo filme é citado por lembrar uma fase marcante da infância de um personagem. A paixão do diretor por cinema não restringe-se, porém, apenas em encaixar belíssimas referências de clássicos em seu filme, mas na direção e cuidado com que comanda seus atores, na forte ligação que ele cria entre personagens e espectadores. Geralmente seus personagens são comuns, bastante realistas, e mesmo assim conseguimos imaginar neles algo de espetacular, numa mistura de realidade e ficção que é difícil de encontrarmos em outros diretores. Muitos irão ver esse filme, obviamente, pelas tórridas cenas de homossexualismo, mas não creio que esse seja um fator muito relevante. Ajuda o ator Gael García Bernal ser um dos novatos mais queridinhos da atualidade, já sendo considerado o novo símbolo sexual do cinema e com uma carreira com enormes possibilidades pela frente, desde que saiba manejá-la bem. Em alguns momentos o diretor parece fazer do homossexualismo um brinquedo do roteiro, forçando closes totalmente hilários (no contexto) de partes íntimas dos atores (a cena do banho de piscina) – algo que à princípio pode parecer desnecessário ou mesmo apelativo, mas encaixa-se muito bem na situação. Enfim, a opção por fazer da maioria dos personagens homossexuais ou transexuais no filme é mais uma característica do próprio diretor do que uma necessidade do roteiro. Creio que o filme seja antes de ser sobre homossexualismo uma homenagem ao cinema noir, como já expliquei no início dessa matéria. A prova disso é que o filme funcionaria perfeitamente do mesmo jeito com todos os personagens sendo heterossexuais. Há também uma importante crítica à Igreja com padres abusando de crianças, embora atualmente isso seja algo comum e quase esperado – não há mais espanto com notícias desse tipo. Esse tema é mais relevante do que o homossexualismo e muito bem interpretado, principalmente nas partes em que o filme volta no tempo para exibir a infância do protagonista Inácio. Mas ainda assim é apenas mais um dentre os vários temas tratados pelo filme. É difícil definir Má Educação como sendo sobre alguma coisa apenas, é um trabalho completíssimo, e por isso pode confundir alguns espectadores, principalmente por causa da característica já comentada: a sua montagem não-linear e a dificuldade, em certos momentos, de entender o que é realidade e ficção dentro do mundo do filme. Mais uma vez, esse é o comportamento exato dos filmes noir: a mocinha pode se transformar na bandida de uma hora para outra, e tudo que você viu até certo momento pode ter sido apenas uma grande farsa. ''Má Educação'' é mais uma aula de cinema do vencedor do Oscar (por melhor roteiro em Fale com Ela) Pedro Almodóvar. É um dos diretores que conseguem marcar suas características na tela (cores fortes, vivas – talvez um pouco enjoativas – enchem os planos de seu filme) mais até do que seus personagens, por melhores e mais bem tratados que estes sejam. Novamente, não é um daqueles filmes revolucionários ou nem mesmo inovadores, mas é levado com tanta perícia pelo diretor (e pelo roteiro) que é difícil achar falhas. Desde a trilha sonora (embora não seja superior à de Fale com Ela) até as interpretações, tudo é sólido e bem estruturado. Um filmão tanto para os adoradores do diretor quanto para os bons cinéfilos." (Alexandre Koball)
''Quando anunciado, ''Má Educação'' (La mala educación, 2004) foi classificado como filme-denúncia, já que os abusos sexuais cometidos por padres na Espanha foram sentidos na pele por Pedro Almodóvar. Até o cineasta entrou no jogo dos rótulos. Disse que o filme caberia melhor na gaveta de cine negro, já que a trama desemboca em mistérios e mortes típicos do noir - gênero inclusive citado em pôsteres no desenrolar da história. Acontece que, dada a complexidade do cinema do espanhol, toda etiqueta parece limitada. Má educação é um filme-denúncia, sim, mas está longe de ser só isso. O próprio Almodóvar já havia esculhambado a igreja em Maus hábitos (Entre tinieblas, 1983), por exemplo, de forma muito mais direta e ostensiva. Também não é apenas filme noir, já que o lado policialesco se instala só a partir da metade da projeção - e também de forma mais tímida do que nos filmes mais rasgados do diretor. Seria mais oportuno ver ''Má Educação'' do ponto de vista da sexualidade. A grande maioria dos seus filmes são femininos. Os atores Javier Bardem, Antonio Banderas e Jávier Cámara são minoria num universo sempre devotado às mulheres. Travestis costumam ser, em suas obras, almas delicadas presas em corpos inconvenientes. São a última trincheira da sinceridade e da idealização. Não aqui. O travesti vivido por Gael García Bernal é opaco, meramente a consequência de uma desilusão. Se há uma particularidade neste décimo-sexto longa de Almodóvar, é o fato de ser, antes de mais nada, um amargo filme masculino. Suspeite dos romantismos de Ignacio (Bernal) quando este reencontra, por acaso, numa cama de hotel, Enrique (Fele Martínez). Pense na emoção, na esperança, como utopias ficcionais. Esses substantivos femininos têm pouco a ver com a dura realidade destes dois rapazes que se amaram na infância. Enrique virou cineasta e se surpreende com os modos afetados de Ignacio. Estranha quando o antigo amigo lhe traz um roteiro autobiográfico sobre os dias incertos que viveram no colégio católico. Mas mesmo assim decide fazer esse filme. É a chance de lavar velhas feridas e entender o novo Ignacio. A metalinguagem se encaixa muito bem nas intenções de Almodóvar. Denunciar a pedofilia do padre que se apaixonou por Ignacio e puniu Enrique seria fácil - hoje em dia, até óbvio. O espanhol prefere mostrar como os abusos marcam a vida adulta de seus personagens e, por extensão, a sua vida e a sua própria carreira. Como Enrique, ele se amparou no cinema para se defender, mas isso não impede que, ao tratar do tema, se revele azedo e magoado. Você poderá constatar depois de algumas reviravoltas: a face ora bela ora monstruosa de Ignacio diz muito da separação que Almodóvar enfim promove entre realidade e ficção. O diretor que adotou o brega e o kitsch como fantasia para maquiar o mundo agora faz a autocrítica. Ele, que sempre se identificou com feminices, expõe o seu coração doído de homem." (Marcelo Hessel)
''Alguns cineastas são conhecidos por fazer comédias, outros são melhores no drama e, outros, no suspense. Almodóvar não é diretor de um gênero só, é diretor de muitos gêneros em um filme só e essa é a característica de seu cinema. E, claro, o aguardado Má Educação não é diferente: tem drama, suspense, crimes, comédia e toques eróticos em uma roupagem que só este diretor espanhol consegue imprimir na película. A história na década de 80, quando Ignácio (Gael Garcia Bernal - muito bom, como sempre) procura um antigo amigo de infância, Enrico (Fele Martínez). Ignácio virou ator e está lá não somente para pedir emprego ao velho amigo que se tornou cineasta, mas também quer que leia uma história de sua autoria: A Visita. É quando Almodóvar nos transporta à infância dos amigos que, alunos de uma escola de padres, apaixonaram-se e foram separados pelo Padre Manolo (Daniel Giménez Cacho) que, por sua vez, era apaixonado por Inácio. Mais tarde, perturbado por conta das lembranças infantis, ele vira travesti. De cara, Enrico adora a história, que desperta uma série de lembranças infantis ao lado desse que foi seu primeiro amor. É quando ele resolve investigar o que acontecera com Ignácio nesse meio tempo e o que fez com que ele se tornasse irreconhecível e acaba descobrindo uma trama muito mais ardilosa e doentia do que a contada em A Visita. Fantasia e realidade misturam-se de tal forma que ficamos tão perdidos quanto o próprio personagem enquanto ele se envolve na teia de segredos escondidos por essa figura tão dúbia - simples, porém complexa - que entra no seu escritório em uma visita que, de fato, muda completamente a vida do cineasta. ''Má Educação'' parece um filme noir, mas com as cores fortes das produções de Almodóvar. Tem o personagem belo, misterioso e fatal, que fascina nosso protagonista e, por sua vez, se mete em uma investigação repleta de mistérios e reviravoltas. Mas, mais do que isso, Má Educação é daqueles filmes nos quais a paixão pela trama, pelo cinema e, principalmente, pela diversidade dos indivíduos está impressa em cada fotograma da película. A mesma paixão presente nos outros filmes do cineasta espanhol que fizeram com que nós, espectadores, também nos apaixonássemos não somente por seus personagens tão pitorescos e únicos, mas por toda essa cultura latina com a qual ele carimba seus filmes. Ao mesmo tempo, Almodóvar não deixa de cutucar feridas abertas em nossa sociedade, que envolve a pedofilia na Igreja Católica e o homossexualismo. Aqui, o cineasta parece querer mostrar que o indivíduo é reflexo direto da criação e nem aqueles que pregam a pureza da alma por meio da religião estão livres dos pecados mais mortais. Almodóvar cutuca a hipocrisia e, pelo menos durante duas horas, mantém os olhos dos espectadores abertos para detectar a falsidade moral desses que nos condenam diariamente. Na verdade, Almodóvar nunca quis ensinar lições de vida. Ainda bem. Em ''Má Educação'', o cineasta dá aula de cinema e como imprimir em um filme sentimentos, tanto os reprimidos quanto os escancarados, despertando não somente a paixão pela vida, mas pela verdade. Pelo menos aquela que queremos ver." (Angelica Bito)
2005 César
Top Espanha #24
Canal+ España El Deseo S.A. Televisión Española (TVE)
Diretor: Pedro Almodóvar
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Date 23/03/2014 Poster - # - DirectorStanley KubrickStarsFrank SilveraKenneth HarpPaul MazurskyFour soldiers trapped behind enemy lines must confront their fears and desires.[Mov 09 IMDB 5,7/10 {Video/@@@@@}
MEDO E DESEJO
(Fear and Desire, 1953)
"Deve ser encarado apenas como uma produção amadora e de recursos praticamente caseiros pelos quais Kubrick a partir quase do nada se utiliza para se exercitar com uma câmera e com o processo de realizar um filme. Ele faria bem melhor depois..." (Vlademir Lazo)
"A propósito, "Medo e Desejo", estreia com modéstia de Stanley Kubrick como diretor, fotógrafo, produtor e editor. Há coisas que não dá para perder." (* Inácio Araujo *)
{O que sabe nos contar com sua tristeza de mascote?} (ESKS)
''Considerado a megalomania de Kubrick por detalhes e perfeição em seus filmes, é de se entender o por que ele resolveu retirar de circulação as cópias de seu primeiro longa-metragem, "Medo e Desejo" (1953). O filme foi financiado pelo próprio Kubrick - obrigado a deixar o seu emprego de fotógrafo e utilizar suas economias pessoais - e por um tio seu. O resultado não é ruim, e isso foi percebido por alguns críticos de Nova York, que chegaram a elogiar a película e apontar o seu diretor como um talento promissor para o cinema. A despeito disso, Kubrick julgava a obra amadora demais e então comprou o maior número de unidades que pose, o que fez o filme ficar fora de circulação muito tempo. Mas o que há de tão amador em "Medo e Desejo"? Visualmente falando, quase nada. Já em seu primeiro longa(é importante ressaltar que o diretor havia dirigidio, até então, três documentários em curt-metragem, asaber, O Dia da Luta, Flying Padre e The Seafarers), Kubrick mostrava excelente domínio de câmera e maravilhosa concepção fotográfica, cargo que ele também ocupa no filme, além da direção e da montagem. Suas refêrencias dramáticas, especialmente na parte final da fita são belas e minuciosamente planejadas. Em um momento ou outro, após o plano de abertura, percebemos mais fortemente a inexperiência do elenco e um ou outro plano ou elemento cênico destoante, mas o resto, trata-se de uma obra dirigida e concebida. Talvez o diretor tivesse em mente as dificuldades de produção do filme e isso pode ter gerado a sua opinião negativa sobre ele. Diz-se, por exemplo, que a sequência em que vemos o nevoeiro na região próxima ao rio, foi um complicado dia de trabalho para a equipe, porque a névoa era produzida por pulverizantes de culturas agrícolas que ainda continham inseticida, ou seja, Kubrick chegou perto de asfixiar os atores. O roteiro do filme assinado por um amigo de Kubrick, Howard Sackler, vencedor do Pultizer de 1969 por sua peça A grande Esperança Branca (filmada por Martin Ritt em 1970). O escritor também assinaria o texto de A Morte Passou por Perto (1955), o segundo longa de Kubrick. Sackler realiza um trabalho bastante existencialista e até lírico no modo como questiona e explora a guerra, os sentimentos dos soldados e a origem da loucura. Seu texto é um misto de diálogos e pensamentos, mas em nenhum dos dois formatos de expressão temos uma verdadeira história clássica sendo contada. Ele cria um conflito a partir de elementos imediatos, principiando com uma contextualização interessantíssima dos soldados em seu ambiente, trecho que faço questão de reproduzir aqui, para melhor entendimento do leitor no que se refere ao impacto e aos simbolismos do texto. Há uma guerra nesta floresta. Não uma guerra que já tenha acabado ou uma que ainda virá, é apenas uma guerra qualquer. E os inimigos que nela combatem não existem, amenos que acreditemos neles. Por isso, essa floresta e tudo o que nela acontece não faz parte a História. Apenas as formas imutáveis do medo, da dúvida e da morte pertencem ao nosso mundo. Essa característica do homem em seu meio e o cumprimento de seu dever social (no caso, o dever para com a pátria, já que os personagens são soldados) é um elemento presente em todo o filme.Mas alguns conflitos morais e éticos são adicionados no decorrer da projeção, o que problematiza essa simples exposição do soldado. Esse elemento é tão importante no que concerne a atmosfera do filme que as cenas em que se destacam receberam as melhores concepções fotográficas, de montagem e direção de Kubrick. A primeira cena é a que três jovens soldados são mortos em uma casa no meio da floresta. Tudo nessa sequência é (estranhamente) belo e composto por elementos estéticos e dramáticos das mais diversas ordens: o jantar que lembra a comida materna, a violenta morte de um soldado e a exposição da dor através de uma batata sendo esmagada por sua mão e o jovem que morre ao entrar na casa carregando toras de lenha nos braços. A segunda cena é a que um general e um tenente são mortos. A iluminação do interior da casa em que vemos a chegada do cão e a plasticidade em torno dela impressiona bastante. A noite, a alternância de primeiros planos e planos gerais em espaços cênicos diferentes ( a casa e o campo em torno dela), três ações acontecendo ao mesmo tempo, o patético fim. Para mim esses são os melhores momentos do filme. Mesmo que haja alguns momentos pouco interessantes e o término do filme não esteja a altura do que foi construído em seu desenvolvimento, "Medo e Desejo" é uma obra da qual Kubrick se envergonhava sem razão. O filme é bem dirigido e sua concepção visual é de fazer inveja a realizadores que já tiveram muito mais recursos em mãos e entregaram muito menos. Trata-se de um filme de guerra incomum, quase uma reflexão sobre a atitude, a alma e o dever do soldado em tempos de guerra, um tipo de abordagem ao ambiente bélico não muito comum no cinema, mesmo nos dias de hoje." (Luiz Santiago)
{Há uma guerra nesta floresta. Não uma guerra que já tenha acabado ou uma que ainda virá, é apenas uma guerra qualquer. E os inimigos que nela combatem não existem, amenos que acreditemos neles. Por isso, essa floresta e tudo o que nela acontece não faz parte a História. Apenas as formas imutáveis do medo, da dúvida e da morte pertencem ao nosso mundo} (ESKS)
Kubrick Family
Diretor: Stanley Kubrick
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Date 06/04/2014 Poster - ###### - DirectorHenning CarlsenStarsEmilio EchevarríaGeraldine ChaplinPaola MedinaChronicles the romantic enchantment of a 90 year old reporter with a girl 70 years younger than himself.{Video/@@}
MEMÓRIAS DE MINHAS PUTAS TRISTES
(Memoria de mis putas tristes, 2011)
''O velho El Sabio é jornalista num pequeno povoado do México. Solteiro convicto, nunca conseguiu se relacionar a fundo com uma mulher desde a morte de sua mãe. As mulheres de sua vida foram sempre prostitutas. Agora, às vésperas do seu aniversário de 90 anos, ele resolve se dar um presente: uma noite de amor com uma adolescente virgem. Ele faz o pedido à dona do bordel que frequenta desde a juventude, que lhe apresenta uma jovem de 14 anos. Já no fim de sua vida, El Sabio vai finalmente descobrir o que é estar apaixonado." (Filmow)
{O sexo é o consolo para aquele que ainda não conheceu o amor} (ESKS)
''Baseado no livro homônimo de Gabriel García Márquez, o filme conseguiu captar a essência de sua escrita tão genial. O que é uma grande responsabilidade, pois falar de tal assunto sem ser polêmico é algo que está apenas nas mãos desse escritor que foge de qualquer padrão criado. El Sábio é um senhor prestes a completar noventa anos. De presente, a única coisa que ele deseja é uma mulher virgem. Depois de passar a vida inteira praticamente em bordéis, só indo para cama com mulheres que pagou, El Sábio resolveu tentar algo novo. O que era para ser apenas um presente e a primeira vez dela, se transforma na primeira vez dele: a primeira vez com o amor. Ouvimos muito dizer que para o amor não existe idade, e como disse El Sabio, deveríamos contar nossa idade pelos anos que ainda gostaríamos de viver. A mentalidade da pessoa conta muito para que isso aconteça.
El Sabio desde pequeno frequentou o mesmo bordel, perdeu muito cedo a sua inocência e desde então só se relacionou com as mulheres pagando, nunca casou, nunca conheceu o amor e nunca tinha se despertado e pensado se realmente queria que isso acontecesse. Vemos um senhor muito inteligente, galante e egoísta, pois até de sua empregada usou e abusou, esta que revelou ser apaixonada por ele. Quando pede a menina virgem para a velha dona do bordel, apenas deseja ter seu presente, mas simbolicamente este pedido faz muito sentido a ele, porque a pureza já era algo esquecido e praticamente nunca a conheceu, a menina era a personificação daquela ingenuidade, da qual as mulheres do prostíbulo não podiam dar. A garota aceitou se entregar ao homem, pois ganhava muito pouco numa fábrica pregando botões. El Sabio jornalista a quase um século, de repente começa a publicar em sua coluna cartas de amor, dirigidas a garota que carinhosamente chamava de "Delgadina". Entre encontros mal sucedidos, eis que ela acaba por se apaixonar pelo homem de 90 anos, e ele por sua vez, via na inocência dela sua descoberta para o amor. O personagem El Sabio foi construído de forma muito bem feita pelo ator Emilio Echevarría, porque do contrário poderia simplesmente passar uma imagem de um velho safado atrás de uma menina que nem desabrochou ainda. Muito nostálgico, somos levados a diversos flashbacks dos quais mostram as suas idas ao bordel, e o como as mulheres gostavam dele, algumas nem queria que pagasse, mas ele nunca permitia isso. Vemos também um pouco da sua infância e a relação com sua mãe, e o como seus olhinhos exprimiam muito amor, sua mãe desejava que ele se casasse, mas isso não aconteceu, até teve uma tentativa, que quase resultou na sua morte. Assim se deu a sua vida inteira, até que Delgadina mudou algo dentro dele. Pela primeira vez El Sabio faria sexo com amor, ele não poderia morrer sem o fazê-lo. O filme é recheado de citações maravilhosas, como: O sexo é o consolo para aquele que ainda não conheceu o amor, a pura verdade, já que quando nos envolvemos com alguém, um simples olhar, um toque, nos preenche. Quando estamos solitários e sem amar, o sexo é um meio de preenchimento, mas sempre acaba faltando alguma coisa, e o velho Sabio percebeu isso e nos mostra que nunca é tarde para amar e que idade não é empecilho. O amor é muito mais, ele abrange algo que está fora do nosso alcance. Um ponto interessante em alguns momentos do filme é quando retrata a ideia de que o idoso não serve mais para nada, muito menos para a sociedade. Isso se dá quando ele ganha um gato já velho, e quando lhe dizem que por estar velho é melhor que sacrifiquem o animal, ele se dói, pois sua condição não é muito diferente. Então a solução de quando se está velho é simplesmente descartar, jogar fora, ou morrer de uma vez? E é numa relação um tanto quanto pitoresca, que mostra que para começar, basta querer e estar vivo. O resto são apenas detalhes. "Memórias de Minhas Putas Tristes" tem um clima saudosista, não chega emocionar, e é até de se estranhar, mas conforme desenrola entendemos aonde a história quer chegar. Para quem leu o livro é uma boa recomendação, o filme dá o tom exato, mas nem chega perto do sentimento que o livro causa. No mais é uma boa adaptação."(Marília Tasso)
Date 25/02/2015 Poster - ## - DirectorNick CassavetesStarsCameron DiazLeslie MannKate UptonAfter discovering that her boyfriend is married, Carly meets the wife he's been betraying; when yet another affair is discovered, all three women team up to plot revenge on the three-timing S.O.B.{Video/@@@} M/39
MULHERES AO ATAQUE
(The Other Woman, 2014)
"Sessão descabelo. Pouco faz sentido aqui; Diaz está descontrolada (quem diria que um dia já fez o simpaticíssimo Quem Vai Ficar com Mary?); e as risadas são, provavelmente, para pessoas esporádicas." (Alexandre Koball)
"Cheio de um histerismo que raramente consegue arrancar alguma risada. Afinal, o que aconteceu com Nick Cassavetes?" (Rafael W. Oliveira)
Comedia dá consecutivos chutes na trave e mostra a péssima fase das 'produções para meninas'.
''Dá muita tristeza ver um filme como ''Mulheres ao Ataque''. Em primeiro lugar, porque não há ponto de partida qualquer que seja para uma crítica elaborada ou contextualizada, já que o filme só contribui para a chacota geral com estereótipos femininos (no roteiro) e a mixórdia no todo enquanto cinema (cinema?); e, em segundo, porque bate uma saudade danada do cinema que era feito nos anos 90 (e até nos 80) para as mulherzinhas do mundo. Meg Ryan morreu, Julia Roberts e Sandra Bullock são mulheres sérias, Bette Midler e Lilly Tomlin hoje são senhoras... mas coisas como Harry & Sally – Feitos um Para o Outro, O Casamento do Meu Melhor Amigo, Enquanto Você Dormia e Cuidado com as Gêmeas ainda ecoam na nossa cabeça, coração e Netflix. Misturando os dois gêneros que evoquei na homenagem às suas musas (os chick flicks e as comédias screwball; e isso porque não vou jamais ousar citar Sandra Dee e Doris Day), essa nova joça chega disposta a arrastar namoradas e esposas aos cinemas - e só. Além de transformar os ouvidos dos respectivos cônjuges em penico após a sessão, com acusações e desconfianças, o filme só tem outro dado a acrescentar: Nick Cassavetes finalmente se desliga da sombra do pai, o mítico gênio John, para se tornar um cineasta de quinta. Se começou pela porta da frente como cineasta com joias como De Bem com a Vida, uma linda homenagem à sua mãe, Gena Rowlands, e Loucos de Amor, dando prêmio de ator em Cannes pra Sean Penn, o cineasta foi se pasteurizando até chegar nesse caça níquel declarado, veículo fajuto para Cameron Diaz voltar aos holofotes. Pastiche da delicinha O Clube das Desquitadas, mas sem 80% do charme (até porque faltam Bette Midler, Goldie Hawn e Diane Keaton aqui), o filme mistura as ideias do filme com uma visão mais moderna da guerra dos sexos, fazendo com que três mulheres se envolvam com o mesmo homem e partam para vingança contra ele ao se descobrirem mutuamente. Apoiado na beleza de Cameron, no talento de Leslie Mann e na voluptuosidade de Kate Upton (quem?), o filme só consegue juntar as três moçoilas mesmo. As milhares de pontas soltas do roteiro, a dispensa que a mais novinha sofre gratuitamente do filme (será que descobriram que a tal Kate era ruim e deixaram a menina só de enfeite, ou foi falta de star power mesmo?) e a total falta de qualquer mínimo traço de qualidade cinematográfica fazem com que o angu pareça ainda mais indigesto. O que sobra? O carisma das meninas e (vá lá) algumas ceninhas que atrancam uma risada, aqui e ali. No geral, trata-se de um produto com um público muito específico, feito pra vender trilha-sonora (as pessoas ainda compram? eles acham mesmo???) e com situações bizarras que dificilmente se justificam ou têm qualquer coerência/graça. E que diabos foi a ideia de colocar a cantora Nicky Minaj no elenco?" (Francisco Carbone)
''Mulheres ao Ataque'' é a nova comédia de Nick Cassavetes (Diário De Uma Paixão) e mostra a vingança de três personagens contra Mark, homem mulherengo e mentiroso interpretado Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones. O longa tenta seguir os moldes de O Clube Das Desquitadas, mas não é capaz de reproduzir o tom ácido e inteligente da produção de 1996. Na trama, a bem-sucedida advogada Carly (Cameron Diaz) finalmente decide investir num relacionamento quando descobre que o homem ideal é casado. Aos poucos, Carly e Kate (Leslie Mann), esposa totalmente submissa a Mark, começam uma improvável amizade, afinal são unidas pelo ódio. Quando descobrem outra amante, decidem desmascará-lo, mas a sujeira é maior do que esperavam e, com uma nova garota a bordo (Kate Upton), prometem uma vingança à altura. Embora a premissa seja boa, as mulheres do filme se limitam a falar mal e perseguir a pessoa que mais odeiam, enquanto tentam traçar um caminho para Kate aprender a viver após o divórcio – tratado como algo de outro mundo. O roteiro de Melissa Stack capta bem o desamparo natural da situação, porém, o diretor exagera ao fazer do rompimento um drama e tentar justificar a obsessão das personagens. Enquanto a esposa se desespera com a traição e abusa da comédia física - cheia de trejeitos, tropeços e gestos exagerados -, Diaz se mostra bastante niilista e atua como contraponto. As protagonistas funcionam juntas, crescem ao longo da narrativa e aprendem lições valiosas uma com a outra. Apesar dos papeis estereotipados, as duas se viram bem dentro das limitações e conseguem arrancar risadas em diversos momentos. O mesmo não pode ser dito do resto do elenco. Para terminar de estragar essa comédia cheia de potencial, Cassavetes abusa das piadas com excrementos, dos clichês, da trilha sonora genérica para fazer o espectador se emocionar e até de piadas machistas. Mesmo assim, dentro do gênero, chegamos à triste constatação de que o longa não está entre os piores de Hollywood – onde parece não haver mais espaço para rir sem apelar." (Daniel Reininger)
''Escrito por Melissa Stack e dirigido por Nick Cassavetes, “Mulheres ao Ataque” conta a história de Carly Whitten (Cameron Diaz), uma mulher na casa próxima à casa dos 40 anos, sofisticada e bem sucedida no trabalho, que conhece Mark (Nicolaj Coster-Waldau), um homem com características bastante semelhantes, com quem começa a ter um tórrido relacionamento, repleto de romance e jantares em restaurantes da moda. No entanto, tudo muda quando Carly conhece Kate (Leslie Mann), uma mulher tímida, desligada (para usar um pequeno eufemismo), ingênua, típica dona de casa do subúrbio, com quem Mark leva uma vida de casado bastante monótona e corriqueira. Depois de alguns encontros para entenderem a situação em que se encontram (especialmente pela parte de Kate), elas desenvolvem uma amizade e conhecem Amber (Kate Upton), uma nova amante de Mark, 20 anos mais jovem, bonita e com o cérebro do tamanho de uma azeitona. E aqui reside um dos maiores problemas do longa: os personagens têm suas características bem definidas, porém completamente estereotipadas. Carly é uma mulher bem sucedida no trabalho, logo é uma devoradora de homens, sem grandes envolvimentos, chegando ao absurdo de nunca falar o nome verdadeiro de seus affairs para suas amigas. Kate é uma esposa dedicada, totalmente dependente do marido, que assina qualquer documento que ele peça sem ler. Amber é jovem e bonita, então, naturalmente burra (aparentemente essas características têm alguma conexão) e só possui roupas curtas e provocantes. Mark é um homem de meia idade que, assim como Frank (Don Johnson) o pai de Carly quando tinha sua idade, é bonito e rico, logo precisa ter várias amantes simultaneamente. O mais lamentável disso tudo é que quando o roteiro aposta na comédia, ele acerta em boa parte do tempo. Tanto nas tramas de vingança das três mulheres (mesmo a batida piada do laxante na bebida tem uma resolução divertida) ou nas crises emocionais de Kate e especialmente no clímax do filme, com show de Nikolaj Coster-Waldau, as risadas estão garantidas. A química entre o elenco funciona, especialmente da dupla principal. Apesar de não exibir grande talento, Cameron Diaz tem um carisma magnético, em perfeito equilíbrio com o excelente timing cômico de Leslie Mann, que rouba com naturalidade todas as cenas em que participa. Os momentos em que “chora como uma vencedora” são de tirar o fôlego. Kate Upton não tem muito o que fazer com sua personagem, além de exibir seu belo corpo e servir de escada para suas companheiras. Don Johnson aparece em poucas, porém boas, incursões. Nicki Minaj também não pode apresentar mais do que sua persona e seus quadris chamativos. Nick Cassavetes conduz bem os momentos cômicos, porém deixa o ritmo cair demais nas (poucas) intervenções dramáticas da trama. Seu maior acerto é na orientação do elenco. Ele também cria planos belos, como o amanhecer nas Bahamas, ou o modo que Carly sai de seu escritório, exaltando bem o contraste entre os dois momentos que a personagem está vivendo. Infelizmente, no terceiro ato o roteiro comete um excesso de resoluções exageradamente fáceis, esquecendo as consequências de boa parte do que foi apresentado até então. Também há uma mudança inverossímil na personalidade das protagonistas que não é bem explicada. No entanto, apesar de problemas que não podem ser ignorados, “Mulheres ao Ataque” é uma boa pedida para uma sessão de risos descompromissada." (David Arrais)
35 Metacritic
Date 27/02/2015 Poster - ### - DirectorPaul FierlingerSandra FierlingerStarsChristopher PlummerLynn RedgraveIsabella RosselliniThe story of a man who rescues a German shepherd and how the two become fast friends.{Video/@@@@} M/80
MINHA CADELA TULIPA
(My Dog Tulip, 2009)
''My Dog Tulip" é um longa de animação baseado no livro escrito por J.R. Ackerley, que conta a história de seu relacionamento com seu pastor alemão. Ackerley não era um grande amante dos cães quando, já idoso, acabou adotando Tulipa – uma bela fêmea de 18 meses de idade. Para sua surpresa, ao longo do tempo, ela se revela o seu grande amor, a companhia ideal pela qual ele passou a vida à procura. Em detalhes vívidos e às vezes surpreendentes, o filme mostra os esforços de Ackerley para garantir uma existência de perfeita felicidade para sua cadela. Obs.: Premiado com Menção Honrosa para Melhor Filme de Animação em 2009, no Festival Internacional de Animação de Ottawa. Último trabalho com a participação da atriz Lynn Redgrave, falecida em Maio de 2010." (Filmow)
{Saúde e felicidade não podem ser garantidas, e a única forma de evitar o peso da responsabilidade pela vida dos animais é não traficá-los} (ESKS)
19 Metacritic
Date 03/03/2015 Poster - ##### - DirectorBasil DeardenStarsDirk BogardeSylvia SymsDennis PriceA closeted lawyer risks his career to bring a blackmailer to justice.[Mov 09 IMDB 7,8/10] {Video/@@@@}
MEU PASSADO ME CONDENA
(Victim, 1961)
''Obra sessentista do cinema britânico, Meu Passado me Condena, dirigido por Basil Dearden, com Dirk Bogarde, foi pioneiro ao tratar da homossexualidade e, embora contido ao tratar do tema, tem seu valor histórico. Parece absurdo para os jovens da geração atual, mas até 1990, o homossexualismo fazia parte da lista de doenças mentais da OMS (Organização Mundial de Saúde) e era considerado caso de saúde pública mundial. Atos homossexuais eram considerados agressões às normas da sociedade em muitos países, e, mesmo em pleno século XXI continuam ilegais em boa parte do mapa global. Um pouco de história A caça as bruxas se estendeu até 1967 na Inglaterra (encarcerou até mesmo o escritor Oscar Wilde) e marginalizou, prendeu, matou e, por fim, chantageou muitos homossexuais até então, processo este que deixou uma mancha na história do país. É disso que trata Meu Passado me Condena (Victim), filme de 1961 do diretor Basil Dearden que, mesmo cheio de contradições, ficou marcado como o primeiro filme a tratar explicitamente da temática homossexual além de ter sido um grande risco assumido pelo diretor e pelo ator Dirk Bogade, astro inglês de renomada reputação. Eu nasci diferente Farr, mas nunca corrompi o normal. Por que eu deveria ser forçado a viver fora da lei por amar da maneira que posso? O julgamento de caráter do homossexual no filme é dúbio desde o início, ao passo que o tomam como vítima, automaticamente o marginalizam, entretanto, nos transportando para a época de sua realização, é compreensível a discrepância no roteiro do filme, não como falha e, sim, como método. A censura era rigorosa e os riscos em defender indivíduos considerados criminosos na Inglaterra eram altos. A trama traz Dirk Bogarde como Melville Farr, advogado inglês bem sucedido e figura em ascendência pública que, após a notícia da morte de Jack Barret, um rapaz com quem tivera um affair, encontra-se em um verdadeiro obstáculo epistemológico, pois assumir sua homossexualidade publicamente é o mesmo de ser considerado criminoso. No dilema, se arriscar a perder, assim, o seu status social ou dar continuidade a sua carreira brilhante de advogado? A verdade é que Farr reprimiu sua homossexualidade em prol do bem estar da sociedade e em detrimento do seu próprio bem estar. Junto da decisão de entrar no armário e não mais dele sair, veio o casamento com a professora Laura, interpretada por Sylvia Syms. O tal jovem Barret, interpretado por Peter McEnery, havia caído na rede de chantagens contra os gays que havia na Inglaterra pré-legalização dos atos homossexuais e acabou preso por furtos realizados para que pudesse pagar aos chantagistas. Preferindo findar sua angústia e proteger a integridade social de Farr (afinal, os dois haviam tido um caso), Barret opta por se enforcar. Farr, por sua vez, motivado pelo luto do jovem, parte em sua caçada aos tais chantagistas e descobre uma verdadeira rede de mentiras ao identificar inúmeros gays que também sofriam com as chantagens. É, no entanto, estranho quando se faz julgamento de caráter ao gay e quanto ao seu papel na sociedade, como já salientado anteriormente, a vitimização vem acompanhada da marginalização. O olhar clínico pode encontrar muitas discrepâncias na temática tratada no filme, contudo, o olhar crítico se sobressai e é revelada a verdadeira intensão do filme (dado o contexto social em que foi produzido): a denúncia social. Realizar denúncia social em uma época em que a indústria cinematográfica e do entretenimento sofria forte influência da censura foi um ato de bravura do filme, mesmo afeito à discrição e camuflado pela lei. Enfim, ainda que uma produção tímida e aparentemente imparcial, Meu passado me condena tem seu valor histórico e cinematográfico na luta contra a marginalização do homossexual em um mundo autoproclamado dos gays. Eu sou um policial, não tenho sentimentos – inspetor Harris – fragmento que demonstra a ilusória imparcialidade do filme em relação à temática abordada." (Equipe Blog de Cinema)
{Eu nasci diferente Farr, mas nunca corrompi o normal. Por que eu deveria ser forçado a viver fora da lei por amar da maneira que posso?} (ESKS)
"Victim, que no Brasil recebeu o título grotesco de ''Meu Passado me Condena'', é um filme de grande importância histórica. Mas não apenas isso: é uma beleza de filme. Feito em 1961, pelo diretor inglês Basil Dearden (1911-1971), é um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre homossexualismo. Com a impressionante característica de que, na época, homossexualismo era crime na Grã-Bretanha, crime que dava cadeia, e era considerado tão grave – como diz um personagem – quanto assalto com violência. Para os muito jovens, 1961 pode parecer distante como a idade da pedra lascada. Não é: em termos de História, meio século não é absolutamente nada; 1961 foi outro dia mesmo. No ano seguinte os Beatles estavam lançando seu primeiro disco. Visto hoje, o filme é, sim, datado. De uma maneira geral, um filme ser datado é defeito. Neste caso específico, é o contrário: vemos, no filme, exatamente a forma com que a sociedade inglesa tratava o homossexualismo naquela época. É como encontrar, sob uma geleira, um animal pré-histórico inteiramente preservado. Victim mostra, como se tivesse sido preservado numa cápsula do tempo, todos os preconceitos que havia contra o homossexualismo. E não se está falando de país muçulmano, ou de cultura regida por códigos religiosos estreitos, e sim da Inglaterra, um dos países culturalmente mais desenvolvidos do planeta. É impressionante, fantástico, incrível como, em meio século, a sociedade avançou na forma de ver o homossexualismo. Pense-se no seguinte: as mulheres levaram milhares de anos para obter o direito de voto, para ter assegurados todos os mesmos direitos dos homens. Ainda há sociedades machistas, e ainda há muita iniquidade, mas já se avançou demais na questão dos gêneros. Ver que em 1961 homossexualismo era considerado crime grave, sabendo tudo o que se conquistou de avanço, lembrando as paradas gays, a aceitação da união estável, em alguns lugares já também do casamento, é chocante. Chocante de uma forma positiva, é claro. Não estou dizendo que já atingimos a perfeição, a plenitude. Mas é forçoso admitir – até mesmo o Luiz Mott teria que admitir: avançou-se demais, neste meio século. O rapaz em fuga liga para o advogado bem sucedido – e ele ameaça chamar a polícia. Os roteiristas Janet Green e John McCormick e o diretor Dearden contam a história como se fosse um thriller, um caso policial – o que faz todo sentido, porque, afinal, se tratava mesmo de um caso policial. E até se demora um pouquinho a dizer do que, afinal, trata a história. Começa com um rapaz que faz serviços burocráticos numa construtora vendo, do alto de um prédio em construção em Londres, a chegada ali de um carro de polícia. O rapaz, Jack Barrett (Peter McEnery), foge correndo do prédio em obras. De um telefone público, liga para seu amigo Eddy (Donald Churchill), que mora na mesma casa de cômodos alugados. Instrui Eddy para pegar um pacote guardado no fundo de seu armário e ir se encontrar com ele em um determinado bar. No momento em que Eddy está saindo da casa, dois policiais estão chegando; pedem para falar com a dona de casa a respeito de um inquilino dela, Jack Barrett. De outro telefone público, Jack liga para o escritório de Melville Farr (o papel do grande Dirk Bogarde). Veremos que Melville é um advogado extremamente bem sucedido; casou-se com a jovem filha de um juiz, Laura (Sylvia Syms), se deu muito bem na carreira. Está mesmo cotado para ser chamado para um importante cargo no Judiciário. Melville atende ao telefone, mas apenas diz, bruscamente, que, caso Jack ligue de novo, ele chamará a polícia. Veremos que Jack havia roubado 2.300 libras da empresa em que trabalhava – e por isso está sendo procurado pela polícia.Acabará sendo preso, num bar numa cidade não muito distante de Londres, no momento em que tentava destruir o conteúdo do pacote que o amigo Eddy havia lhe levado. O inspetor que interroga Jack Barrett é educado, polido. Chama-se Harris (John Barrie, ao centro na foto abaixo), e pede a Jack que revele por que motivo roubou aquela pequena fortuna. Foi para pagar a chantagistas? Jack se recusa a responder. Pouco depois, se mata dentro da cela. Sabia que 90% dos casos de chantagem envolvem homossexualidade? O advogado Melville Farr é chamado à delegacia de polícia. O inspetor Harris mostra o que Jack estava destruindo no momento em que foi preso: um scrapbook, um caderno de recortes com tudo o que a imprensa noticiou a respeito dos importantes casos em que Melville atuou. O inspetor faz ao figurão as perguntas de praxe sobre como ele e Jack Barrett se conheceram. Estamos com exatos 27 minutos de filme quando se dá este diálogo: Inspetor Harris – O senhor tem alguma idéia do que ele estava pagando para manter em segredo? Melville Farr: – Nenhuma idéia. Inspetor Harris: – O senhor sabia, é claro, que ele era homossexual. Meville Farr: – Imaginei que fosse. Inspetor Harris: – Sabia também que 90% dos casos de chantagem envolvem homossexualidade? É fundamental que se entenda o contexto, a época em que o filme foi feito. O espectador não deve ver Victim com os olhos de hoje, como se estivesse vendo um filme feito hoje. Todos os filmes, é claro, precisam ser vistos dentro do contexto, da época em que foram feitos – mas isso, no caso de Victim, é absolutamente essencial. Victim foi o primeiro filme a contestar as leis até então vigentes que definiam o que chamavam de sodomia como crime. O filme é, clarissimamente, contra a criminalização das relações homossexuais – mas, é claro, foi feito dentro dos padrões que havia na época.Visto sem que o espectador entenda esse contexto, o filme pode parecer troglodita, vindo diretamente da Idade das Trevas. Os homossexuais do filme não exibem orgulho de sua opção – como vemos há tantos anos nas Paradas de Orgulho Gay. Alguns têm até vergonha dela. Henry, o barbeiro, por exemplo, diz para Melville Farr: A natureza me pregou uma peça. Você poderia defender a causa. Diga a eles que não há uma cura para o que somos. Certamente não atrás das grades da prisão. Eu me sinto como um criminoso, um fora da lei. Numa seqüência em que Melville Farr se encontra com três homossexuais, eles fazem questão de expor que não tentam seduzir os jovens. Que só têm relações entre adultos, por consentimento mútuo. E o próprio personagem central da história, o advogado Melville Farr, é o que seria visto hoje como um poço de contradições. Havia sido apaixonado por um homem, na juventude – mas não se permitiu relações físicas com ele. Casado com uma mulher jovem, bela, rica, apaixona-se de novo por um homem, o rapaz Jack Barrett, mas de novo não permite que a paixão resulte em contato físico. Luta contra ela, como se fosse uma doença. O próprio título brasileiro do filme exprime uma visão preconceituosa, pavorosa: Meu Passado me Condena expressa pecado, crime. Dirk Bogarde decidiu deixar de lado sua imagem de ídolo das matinês. Pauline Kael, a primeira-dama da crítica norte-americana, se recusou a colocar as coisas sob a perspectiva do seu tempo, de seu contexto. “Essa tentativa pioneira de criar a simpatia do público pelos homossexuais e para divulgar as leis inglesas que os colocavam como um perigo é habilidosa, moralista e moderadamente divertida. Estruturalmente, é um thriller esperto sobre uma rede de chantagistas que ataca os homossexuais. Há uma terrível tentativa de separar o amor que o herói advogado (Dirk Bogarde) sente por sua esposa (Sylvia Syms) e o desejo físico – presumivelmente uma emoção de categoria mais baixa – que ele uma vez sentiu por um jovem (Peter McEnery), que parece ser mais interessante em todos os sentidos do que a esposa. E então Pauline Kael revela o final da trama, coisa que, naturalmente, não vou fazer. E continua: O filme marcou um ponto de virada na carreira de Bogarde; tendo sido ator por mais de 20 anos, ele estava cansado de interpretar papéis de um jovem charmoso, feliz (Eu era a Loretta Young da Inglaterra, ele disse), e aqui ele interpreta um papel que mostra sua idade e que, naquela época, era um personagem ousado. Leonard Maltin dá 3.5 estrelas em 4: Ótimo thriller com o advogado Bogarde arriscando sua reputação ao tentar confrontar uma quadrilha de chantagistas que assassinou seu antigo amor. Considerado ousado na época pelo tratamento da homossexualidade. O Guide des Films de Jean Tulard diz: Um filme com vocação social que denuncia a legislação inglesa da época sobre homossexualidade. Foi um dos primeiros em que o tema foi abordado tão abertamente, e daí vem o interesse do filme, que além disso é bem feito e tem um bom Dirk Bogarde. O maravilhoso livro Cinema Year by Year 1894-2000, que só trata de filmes e fatos importantes, marcantes, diz, sob o título Temas morais disfarçados de thriller: Dirk Bogarde decidiu deixar de lado sua imagem de ídolo das matinês para interpretar um advogado homossexual em Victim, dirigido por Basil Dearden. Ele enfrenta a ruína quando um jovem com quem ele vinha tendo um caso se enforca numa cela de delegacia. Sua morte leva Bogarde a expor uma quadrilha de chantagistas que explora o fato de que a homossexualidade permanecia um crime grave. (…) É um filme corajoso que arranca uma atuação ainda mais corajosa de Bogarde, que finalmente se cansou das comédias e dos filmes de guerra e de época que fez nos dez anos anteriores. Ele recebe ajuda firme de Sylvia Syms como a esposa que tem que enfrentar a vida secreta do marido. Dirk Bogarde (1921-1999), 70 filmes no currículo, nove prêmios, quatro outras indicações, cavaleiro do Império Britânico, faria, exatamente dez anos depois, o papel principal de Morte em Veneza, do mestre Luchino Visconti; na adaptação do livro de Thomas Mann, seu personagem, um compositor erudito (levemente inspirado em Gustav Mahler), sente uma atração forte por um jovem adolescente, Tadzio. Em O Porteiro da Noite, de Liliana Cavanni (1974), interpretaria um guarda de campo de concentração nazista que reencontra uma ex-prisioneira (interpretada por Charlotte Rampling), e estabelece com ela uma relação sado-masoquista.
Apenas em 1967, o ano de Sgt. Pepper’s, o homossexualismo deixou de ser crime na Inglaterra. O IMDb diz que diversos atores recusaram o papel de Melville Farr, e cita especificamente Jack Hawkins, James Mason e Stewart Granger. Também segundo o IMDb, Victim foi o primeiro filme inglês a usar a palavra homossexual. A palavra é falada diversas, diversas vezes ao longo do filme, que traz também – e considero isso ainda mais ousado – a palavra queer. Queer é uma palavra forte, de clara conotação pejorativa, grosseira, preconceituosa, como veado ou bicha. A capa do DVD do filme, lançado no Brasil pela Cult Classic DVD, diz que este filme foi o primeiro a abordar o tema gay explicitamente no cinema. Aí vai um exagero. Foi um dos primeiros, e certamente, entre os pioneiros, foi o mais aberto e corajoso. Mas em 1960 já havia sido lançado The Trials of Oscar Wilde, no Brasil Os Crimes de Oscar Wilde, em que Peter Finch interpreta o escritor, e mostram-se as cenas de tribunal em que ele foi julgado pelo crime de homossexualismo. Há outros exemplos, é claro. Em 1959, Billy Wilder havia feito uma referência clara – gostosa, bem humorada – ao homossexualismo em Quanto Mais Quente Melhor/Some Like It Hot. E, apenas um ano depois de Victim, em Tempestade Sobre Washington/Advise & Consent, Otto Preminger mostraria um senador dos Estados Unidos sendo chantageado por ter tido, durante a guerra, um caso homossexual. É bem verdade que Billy Wilder e Otto Preminger eram realizadores audaciosos, ousados, à frente de seu tempo. Falta dizer que foi apenas em 1967, no auge do flower power, da contracultura, os Beatles lançando Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, as ruas de Londres tomadas por roupas coloridas e mulheres de minissaias no meio dos ainda renitentes ternos escuros, chapéu coco e guarda-chuva, todo mundo experimentando drogas e numa trepação sem fim, que o Sexual Offences Act descriminalizou o homossexualismo consentido entre homens acima de 21 anos de idade. Quando se leva isso em consideração, vê-se claramente a importância deste filme corajoso." (50 Anos de Cinema)
1960 Lion Veneza
Allied Film Makers (AFM)
Diretor: Basil Dearden
2.795 users / 310 face
Check-Ins 562
Date 01/05/2014 Poster - ######## - DirectorJustin ChadwickStarsIdris ElbaNaomie HarrisTerry PhetoA chronicle of Nelson Mandela's life journey from his childhood in a rural village through to his inauguration as the first democratically elected president of South Africa.[Mov 03 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/60
MANDELA - O CAMINHO PARA A LIBERDADE
(Mandela: Long Walk to Freedom, 2013)
''A data de 05 de dezembro de 2013 será lembrada eternamente como o dia em que o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, morreu, aos 95 anos em Pretória, e o mundo perdeu o símbolo de paz e de luta por direitos iguais. Um filme sobre a personalidade de Mandela por si só já é um chamariz de público muito forte e agora, depois desta triste notícia, as expectativas em torno de Mandela: O Longo Caminho Para a Liberdade só fizeram aumentar. A trama, baseada na autobiografia do ex-presidente publicada em 1994,acompanha a vida de Nelson Mandela desde sua infância até a chegada à presidência da África do Sul. A narrativa apresenta o início do trabalho político dele pela defesa dos direitos humanos e o fim do Apartheid e passeando por seus relacionamentos amorosos, a entrada na CNA e o longo período de 27 anos em que esteve preso na Ilha de Robben. ''Mandela: O Longo Caminho Para a Liberdade'' sofre com o problema de falta de equilíbrio e de ritmo para relatar a vida do protagonista. Nitidamente divido em duas partes, a obra pena bastante no primeiro ato, mas termina satisfazendo em sua reta final. A verdade é que os realizadores tinham o grande desafio de apresentar muitos acontecimentos históricos e ao tentar selecionar os momentos mais marcantes terminaram efetuando muitos saltos cronológicos, que podem vir a confundir o espectador e que impossibilitam um melhor acompanhamento dos fatos. Muitas coisas passam batidas e de maneira tão veloz que não ganham a devida profundidade, sendo um grande exemplo o primeiro casamento, que começa, culmina em uma traição e termina em nada mais do que dez minutos. O romance com Winnie Madikizela, segunda esposa de Mandela e muito importante na luta contra o Apartheid, é outro caso que surge do nada e em menos de outros dez minutos já está sendo deixado de lado por conta da prisão de Nelson. A segunda parte, por sua vez, começa já de maneira competente e não sofre com o tanto de informações que precisam ser apresentadas. Como seu tempo de cárcere aconteceu ao longo de 27 anos, os saltos cronológicos continuam existindo, mas desta vez de maneira mais organizada e com uma narrativa mais interessante e fácil de se acompanhar. Por sinal, é neste momento que Idris Elba (Thor – O Mundo Sombrio, Círculo de Fogo) começa a demonstrar trabalho de verdade e a se destacar na pele deste ícone mundial. Muitas das cenas impactantes, como o reencontro com a filha após mais de 10 anos e o fato de poder tocar novamente em sua esposa são conduzidas de maneira magistral pelo ator, que se desconstrói para se tornar uma pessoa mais pacata, menos incisiva e mais reflexiva. Essa guinada muito bem executada é o que está rendendo elogios ao ator, que foi indicado ao Globo de Ouro 2014 e pode aparecer na lista final do Oscar. Naomie Harris (007 – Operação Skyfall) é outra que consegue despontar neste momento, mesmo interpretando uma personagem que não teve a construção digna de sua importância. Winnie é presa, torturada, libertada e vira uma grande liderança do movimento iniciado por seu marido. Harris adiciona um semblante de revolta muito interessante aos acontecimentos e consegue chamar a atenção de quem a assiste, mesmo com todos cientes de que Mandela talvez não fosse tão complacente com seus atos. No final das contas, pode-se dizer que o longa consegue atrair o interesse de quem o assiste, mas que é repleto de errinhos que terminam prejudicando sua execução. Talvez a redução da primeira parte ou uma melhor definição do que seria apresentado nela, assim como o desenvolvimento dos coadjuvantes, que são completamente ignorados diante de sua importância, fossem capazes de permitir a obra, dirigida por Justin Chadwick, a alcançar os objetivos grandiosos que a tanto almejava, mas o desiquilíbrio disposto termina por lhe transformar em uma película um pouco acima da média e muito devido aos méritos de Idris Elba." (Tiago Britto)
''Retratar uma vida como a de Nelson Mandela é ao mesmo tempo muito fácil e muito difícil. ''Mandela - O Caminho Para a liberdade", baseado na autobiografia do líder morto em dezembro, não sai ileso do desafio que é condensar a intensa vida de Mandela em pouco mais de duas horas. Embora haja preocupação com o didatismo, o espectador pode ficar perdido em meio à rapidez com que os eventos são mostrados. A facilidade está no fato de que, muitas vezes, a vida de Mandela é um roteiro pronto, e licenças tão comuns a cinebiografias são dispensáveis. Basta seguir à risca os fatos, como na cena em que Mandela está se defendendo no processo em que acabaria condenado à prisão perpétua. O ator Idris Elba (Mandela) diz que a democracia racial "é um ideal que espero atingir em vida, mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer". A frase emociona e é um slogan que qualquer criança sul-africana recita de cor. Entre os muitos méritos do filme estão o retrato pouco conhecido de Mandela jovem, advogado e amante do boxe que se envolve aos poucos na luta contra o apartheid. A rotina na prisão é recriada à perfeição: as noites de solidão, a camaradagem com os companheiros presos e o trabalho numa pedreira. Também se desfaz o mito de que era pacifista, ao serem retratados atentados comandados por ele. Estão lá ainda pecados do ser humano Mandela, infiel e agressivo contra a primeira mulher, Evelyn. Há inconsistências históricas, a mais séria a invisibilidade de Oliver Tambo, o líder do movimento no exílio e segunda pessoa mais importante na luta contra o apartheid. Também não é verdade que Mandela foi preso simultaneamente a seus colegas, mas um ano antes. E a decisão de não condená-lo à morte não veio de um juiz generoso, mas de intensa pressão internacional. Nada que enfraqueça o filme. Embora superficial em alguns momentos, é bem executado, tem ótimas atuações e dá panorama bastante bom sobre a trajetória do ícone.'' (Fabio Zanini)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo
Videovision Entertainment Distant Horizon Film Afrika Worldwide Industrial Development Corporation of South Africa Long Walk to Freedom National Empowerment Fund Origin Pictures Pathé
Diretor: Justin Chadwick
17.384 users / 12.709 face
Soundtrack Rock = U2
32 Metacritic
Date 05/04/2015 Poster - ## - DirectorPatrick MilleStarsCarole BouquetArthur DupontIzïa HigelinBased on Justine Levy's bestseller, "Mauvaise Fille" tells the story of 25 year-old Louise who learns in the course of one day that she is pregnant with her first child and that her mother is having a relapse of a deadly cancer. Louise's actor-boyfriend Pablo lives life to the fullest and is madly in love with her. Her father, a rock star, is constantly hopping from airplanes to luxury hotels to concert stages. As one life ends and another begins, Louise tries to finesse her way through a very delicate, difficult period. Her experiences are funny, sad and bittersweet. Like Justine Levy's books. And like life itself.[Mov 01 IMDB 5,1/10] {Video/@@@@@}
MENINA MÁ (unofficial)
(Mauvaise fille, 2012)
''Louise descobre ao mesmo tempo que está grávida e que sua mãe está gravemente doente. Felicidade e culpa, tristeza e euforia, amor filial e amor próprio - teremos nove meses para lidar com isso." (Filmow)
2013 César
Chapter 2 ARP Sélection Nexus Factory France 3 Cinéma France Télévision Canal+ Ciné+ uFilm uFund Sofica Manon 2 Le Tax Shelter du Gouvernement Fédéral de Belgique
Diretor: Patrick Mille
99 users / 1 face
Date 26/04/2015 Poster - - DirectorDavid KoeppStarsJohnny DeppGwyneth PaltrowEwan McGregorJuggling angry Russians, the British Mi5, and an international terrorist, debonair art dealer and part-time rogue Charlie Mortdecai races to recover a stolen painting rumored to contain a code that leads to lost gold.[Mov 07 IMDB 5,5/10] {Video/@@@@} M/27
MORTDECAI - A ARTE DA TRAPAÇA
(Mortdecai, 2015)
''Um traficante da arte deve viajar o mundo, armado apenas com o seu charme especial, com a missão de recuperar uma valiosa peça roubada que guarda o segredo de uma conta bancária recheada de ouro. Na aventura, Mortdecai enfrenta a máfia russa, a MI5 e terroristas internacionais." (Filmow)
Requinte visual e exageros divertidos dão o tom ao filme.
''Muitas vezes um ator precisa de um grande papel para alavancar sua carreira. Aquele que o transformará num astro, reconhecido tanto por seu talento dramático como pela sua capacidade de gerar bilheterias. Pouco mais de uma década atrás, Johnny Depp atingiu esse patamar, ao interpretar o famoso pirata Jack Sparrow na franquia da Disney. Infelizmente, ele se transformou em refém de seu sucesso, com grande dificuldade de escapar de tão marcante figura. “Mortdecai – A Arte da Trapaça” é mais uma tentativa do astro de provar que é mais que um pirata bêbado e trapaceiro. O filme conta a história de Mortdecai (Johnny Depp), um traficante de obras de arte que se vê envolvido em uma intrincada investigação internacional em torno de uma obra de arte roubada de uma restauradora. Enquanto tenta proteger sua esposa Johanna (Gwyneth Paltrow) das investidas galanteadoras do agente do MI5 Martland (Ewan McGregor), Mortdecai viaja com seu fiel escudeiro Jock (Paul Bettany) por todo o mundo para descobrir o paradeiro da pintura e manter sua liberdade. O roteiro de Eric Aronson (a partir do romance de Kyril Bonfiglioli) se baseia bem mais em seus personagens que na história propriamente dita. E estes são construídos de forma bastante caricatural, como uma paródia dos estereótipos certinhos e metódicos da aristocracia intelectual britânica, o que seria um defeito, caso isso não ficasse claro, e divertido, desde o início. Tal caricatura não reside apenas na caracterização das figuras que surgem em tela, mas também em suas relações, o que demonstra boa dose de competência ao diretor David Koepp em conduzir seu elenco de estrelas. A química entre o elenco funciona sempre, especialmente o protagonista e sua esposa, numa curiosa relação de vaidade, sexo e interesse. Obviamente, em uma trama baseada em personagens, o desempenho do elenco é fundamental. E que feliz surpresa ver Johnny Depp atuando (ainda que mais uma vez com uma figura cheia de maneirismos) fora dos moldes de Jack Sparrow. Seu Mortdecai é um homem extremamente afetado, mimado, que só se preocupa com o luxo e sofisticação que sua vida de crimes lhe proporciona. Sua própria ocupação é um reflexo de sua personalidade, pois seus conhecimentos sobre história da arte são imensos, além do perceptível, e enorme, prazer que o assunto lhe traz. No entanto, o ator consegue transformar características que poderiam soar irritantes em encantadoras ao transmitir também uma aura de ingenuidade, dada a forma como ele reage à diversas situações à sua volta. Gwyneth Paltrow e Ewan McGregor também estão bem, no desenvolvimento de um quase romance que sempre parece prestes a decolar. Da mesma forma funciona Porém, o outro grande destaque, além de Depp, é Paul Bettany. Jock é um homem com um propósito bem definido em sua vida: servir a Mortdecai fielmente, em qualquer circunstância, sem reclamar, sempre com força e dedicação. E ele faz isso com perfeição, mesmo sob as mais bizarras e improváveis condições. Além disso, outra grande força do novo longa de David Koepp reside no forte apelo visual. Os figurinos reforçam a composição de seus personagens, retratando bem suas personalidades: Ao passo que Mortdecai está sempre com roupas bem cortadas e ajustadas, suas cores extravagantes demonstram que aquela pessoa tem um gosto bastante peculiar. E não esqueçamos do seu maior motivo de orgulho, até mesmo dentro da família, o seu famigerado bigode! Em contraponto, Jock está sempre de preto, como se disfarçasse seu físico avantajado, porém com suas cicatrizes evidenciando a ameaça que ele representa. Alguns outros aspectos criativos surgem em tela, enriquecendo a fita, como os letreiros que indicam as cidades em que tudo está ocorrendo, bem como as viagens, substituindo os repetitivos e enfadonhos planos aéreos que ajudam o espectador a compreender onde a ação está ocorrendo. “Mortdecai – A Arte da Trapaça” é uma comédia leve e divertida que, apesar de uma história com alguns furos, consegue seu objetivo de provocar risos enquanto avacalha com símbolos e estereótipos britânicos." (David Arrais)
Mort Productions Infinitum Nihil Mad Chance Productions OddLot Entertainment OddLot Entertainment
Diretor: David Koepp
21.396 users / 9.626 face
Soundtrack Rock = The Spin Doctors
21 Metacritic
Date 27/05/2015 Poster - #### - DirectorGeorge MillerStarsTom HardyCharlize TheronNicholas HoultIn a post-apocalyptic wasteland, a woman rebels against a tyrannical ruler in search for her homeland with the aid of a group of female prisoners, a psychotic worshiper and a drifter named Max.[Mov 05 IMDB 8,4/10} {Video/@@@} M/89
MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA
(Mad Max: Fury Road, 2015)
{intenso / divertido}Sinopse
''Assombrado por seu turbulento passado, Mad Max acredita que a melhor maneira de sobreviver é vagar sozinho. No entanto, ele é levado por um grupo em fuga através de Wasteland em um War Rig (carro de guerra) dirigido por uma Imperatriz de elite chamada Furiosa. Eles estão fugindo de uma cidadela tiranizada por Immortan Joe, que teve algo insubstituível roubado. Enfurecido, o senhor da guerra convoca todas as suas gangues e persegue os rebeldes impiedosamente na estrada de guerra que se segue.''
"Mad Max "4" é intenso, um dos grandes filmes de ação dos últimos anos. Hardy não é tão bom quanto Gibson, porém a parceria uma segunda personagem forte compensa isso." (Alexandre Koball)
"Ainda que falhe em apresentar um Max interessante, é um grande filme que não deixa respirar, com ação incessante do início ao fim - e das boas -, cheio de cenas já marcantes e que consegue o mais difícil: ter identidade, muito por conta da precisa arte." (Rodrigo Cunha)
"O início meio capenga e a passividade do herói (coadjuvante em seu próprio filme) é compensado com inacreditáveis e insanas cenas de ação, em uma verdadeira ópera-rock no deserto. Pelo atual modo de se fazer cinema, "Mad Max" é um milagre da natureza." (Régis Trigo)
"Na ausência de uma trama em si, Miller constrói um alucinante espetáculo sensorial, criando um universo crível e bons personagens através de detalhes. Um filme que beira a insanidade, mas jamais se perde, com as cenas de ação mais espetaculares do ano." (Silvio Pilau)
"O filme de ação que estou esperando do cinema americano desde sei lá quando." (Heitor Romero)
"Se o cinema de ação norte-americano pudesse pedir um desejo a um gênio, pediria este filme. E um gênio atendeu." (Pedro Costa De Biasi)
"Filme com belas mensagens sobre esperança, medo e companheirismo, onde seus protagonistas carregam uma ambiguidade incrível em seus olhares melancólicos, entrando em contradição com a explosão de cores vibrantes e a ação desenfreada que preenchem a tela." (Francisco Bandeira)
"Podem parar de tentar. George Miller é o rei do pós-apocalipse!" (Bernardo D.I. Brum)
"Imparável e avassalador. Uma perseguição de caminhões num cenário fantástico em menos de duas horas. Como alguém conseguiu filmar Mad Max 4 eu jamais vou entender." (Guilherme Bakunin)
"Uma insana busca por redenção e justiça social em meio a um cenário apocalíptico com "tiro, porrada e bomba" pra tudo que é lado! " (Léo Félix)
"O balé sonoro e visual de 2015." (Rafael W. Oliveira)
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''Como estamos num novo mundo (o mundo cinematográfico), o australiano Miller concentrou toda a sua inventividade, ou quase, na parte inicial do filme.Depois que começa a perseguição o que temos é isso mesmo: perseguição. Miller distingue-se da média ainda aí, é verdade. E a ideia de Max amarrado a um carro, servindo como uma espécie de inútil aríete define bem a ação: se o aríete é, teoricamente, uma arma de ataque, aqui só serve para ameaçar o herói. No mundo de Max tudo passa pela fúria e pela ausência de sentido das ações do homem. George Miller é um pessimista.'' (* Inácio Araujo *)
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''Será "Mad Max - Estrada da Fúria" uma boa maneira de entrar no ano novo? Sim, existe aí o presságio de um ano cheio de problemas e que não será fácil enfrentar. A rigor, sempre foi assim, mas agora a série tem de se adaptar aos novos tempos e promover uma montanha-russa de problemas a ser enfrentados por Charlize Theron (sobretudo por ela). O apocalipse, que já foi por falta de gasolina (nos 1980), agora, é por falta de água. Por sorte, o criador da saga, George Miller, continua a orquestrar o espetáculo. O essencial de sua criatividade está no início. Mas, mesmo depois, Miller mostra que não é qualquer um: quando a barbárie cessa por um tempo, ele sabe introduzir um cenário de devastação, por exemplo.'' (** Inácio Araujo **)
''No último filme da trilogia Mad Max, em 1985, Tina Turner cantava a famosa We Don't Need Another Hero (não precisamos de um outro herói). Talvez fosse melhor o diretor George Miller, criador da saga, ter escutado a canção como um aviso. Três décadas depois, o quarto longa dá saudades de Mel Gibson. "Mad Max: Estrada da Fúria" não é uma continuação, é uma refilmagem que reformata o herói usando elementos dos três longas anteriores. Do primeiro, Mad Max, o trauma do personagem por não ter impedido a morte da mulher e do filho, que aparecem apenas nos delírios de Max. Do terceiro, Mad Max: Além da Cúpula do Trovão, a presença de crianças precisando de ajuda e uma personagem feminina forte. Antes, Tina Turner. Desta vez, Charlize Theron, de cabeça raspada e sem o braço esquerdo, mas muito letal como a imperatriz Furiosa (sim, este é o nome). Mas é do segundo filme, A Caçada Continua, que o longa copia (e amplia) as perseguições explosivas no meio do deserto com carros, caminhões e motos pilotados por seres asquerosos. Mad Max vem na pele de Tom Hardy, conhecido principalmente por interpretar o vilão Bane no último Batman. O azar dele é a comparação com Gibson. Hardy não tem apelo. Canastrão, não é fraco apenas interpretando, é ruim brigando também. Nada heroico. A trama não chega a caracterizar um roteiro completo. É uma sequência de perseguições no deserto. Imagine um faroeste em que a diligência é perseguida pelos apaches o tempo todo. É isso. As circunstâncias fazem Max ajudar Furiosa a fugir do grande bandidão levando com ela as parideiras, pobres mulheres escolhidas para gerar filhos para o tirano. Elas parecem modelos saídas de um desfile da Victoria's Secret diretamente para o deserto australiano. Boa atração visual, mas não fazem sentido algum no filme. "Mad Max: Estrada da Fúria" é apenas regular. Diverte com as perseguições incríveis e o visual exótico dos personagens. Mas isso Mad Max 2 já tinha." (Thales de Menezes)
O alquimista Miller entrega a apoteose dos sentidos.
''Poucos cineastas são bissextos como George Miller. Tendo estreado no cinema em 79 com o primeiro filme da franquia que agora lança esse quarto segmento, Miller dirigiu somente outros 10 filmes e podemos dizer que se deu bem em tudo. Na comédia (As Bruxas de Eastwick), no drama (O Óleo de Lorenzo), na fábula (Babe 2), na animação (os dois Happy Feet), Miller acertou seus poucos alvos mirando em gêneros diferentes mas sendo fiel a um cinema que descortina universos e apresenta um olhar rigoroso sobre esse mesmo universo, explorando com exatidão o exotismo a que se propõe. Esse anunciado reboot de sua franquia vem sendo anunciado há muito tempo, entre projeto e lançamento, finalmente explodindo na tela a partir de hoje. E o primeiro traço que fica claro em menos de 5 minutos de filme é a mão firme de seu criador sobre cada elemento singular daquele universo. Maquiagem, direção de arte, fotografia, edição, cores, som, tudo parece e é capitaneado por um homem que tem controle absoluto de tudo, um maestro atento sobre cada milímetro de sua obra. Alguns pontos extremamente positivos sobre a obra: 1) não há qualquer didatismo: somos apresentados a um universo que já é conhecido por todos os personagens. O que os cineastas/roteiristas incorrem nesse momento? Colocar um elemento exterior para que a explicação dada a ele funcione também ao espectador, recurso esse que costuma ser feliz quase nunca. Miller não se preocupou de forma alguma com isso; tirando uma rápida narração inicial, muito mais atmosférica e alucinógena que explicativa, a obra se mostra por completo, apenas e simplesmente. E nós que corramos atrás dela, o que mostra respeito pela inteligência do público e total confiança no que o projeto pode alcançar. 2) o não-deslumbramento pelo deslumbre: como já dito no início, acima de tudo 'Mad Max' é um filme lindíssimo de todo, com cada elemento sendo absolutamente necessário para a beleza do todo. Mas ao contrário do que qualquer outro cineasta costuma fazer, Miller quer acima de tudo contar sua potente história e não correr atrás de planos grandiosos e/ou descrição fílmica. Logo, o ato de assistir se faz tão essencial quanto o de rever, já que claramente a profusão de elementos não será captado na totalidade apenas em uma visita. 3) blockbusters podem ir além: tudo que foi dito acima reitera o que costumo dizer à exaustão sobre a máquina hollywoodiana. Se é oferecido ao público produtos como a trilogia Bourne, A Origem e esse novo passei pelo universo de Max, porque haveria eu de aceitar e gostar da pobreza absoluta que é Transformers, por exemplo? Blockbusters não precisam subjugar ninguém, nenhum gênero ou ramo cinematográfico precisa. A envergadura do elenco corresponde com o máximo em qualidade física e a temperatura adequada de emoção que cabe no projeto, mas um peão se sobressai no resumo da ópera. Cabe a Nicholas Hoult as inflexões humanas necessárias para capturar a retina do público para além da sessão, da primeira a última cena em uma entrega e um acerto bem raros de conseguir numa produção desse porte gigantesco; o riso e as lágrimas são dele. Miller compreende aquele universo não é de hoje, deitando e rolando sobre cada aspecto sem fetichizar ou arregaçar suas intenções reais, deixando as metáforas e as homenagens aos primórdios do cinema (que vão da valentia de John Ford e Sergio Leone a beleza embrutecida dos melhores Kurosawas) nas mãos do público, mais uma vez confiando no poder de cada indivíduo em absorver as referências, que chega a beber visualmente inclusive nos aborígenes de sua Australia natal. E no meio do carnaval pop-rock estilizado de carruagens esvoaçantes, nesse faroeste moderno (ainda que repleto de dedos clássicos) de caravanas insandecidas, ao ritmo da guitarra flamejante e da percussão furiosa que trás a mais pura hipnose imagética que chega pra gente agora, a certeza final de que um Diretor por trás de qualquer história faz toda a diferença. E transforma, num lampejo do olhar, toneladas de pó em ouro." (Francisco Carbone)
Loucura, beleza, deformidade e adrenalina se misturam neste explosivo blockbuster, resultando em um dos melhores filmes de ação da década.
''Após trinta anos longe das telas do cinema, Max Rockatansky volta a rodar em um mundo pós-apocalíptico repleto de caos, violência, insanidade e veículos extravagantes e turbinados neste “Mad Max – Estrada da Fúria”, desta vez com Tom Hardy substituindo Mel Gibson no papel-título. O criador da franquia, o visionário cineasta George Miller, homem que basicamente definiu os futuros distópicos na sétima arte, reassume a posição de diretor e roteirista da franquia, escrevendo o guião ao lado de seus colaboradores Brendan McCarthy e Nick Lathouris. O fato de McCarthy ser, primariamente, um ilustrador e Lathouris um ator (tendo inclusive participado do Mad Max original) diz muito sobre o filme – e não no mau sentido. Isto porque esta aventura foi construída como uma experiência sensorial, um mergulho numa perseguição de duas horas sem nenhum espaço para fôlego. Ao contrário do que acontece nas aberrações transfórmicas dirigidas por Michael Bay e em genéricos do tipo, o septuagenário Miller conduz a produção de modo que esta jamais se torna confusa, cansativa ou repetitiva, pecados capitais para qualquer epopeia de ação que se dê a respeito. Mesmo prestando claras homenagens à trilogia original protagonizada por Mel Gibson, assistir tais filmes é completamente desnecessário para compreensão desta nova caçada. Os fãs, é claro, se deleitarão com elementos familiares, como uma caixinha de música, um plano fechado nos olhos de determinado personagem, o carro que Max dirige em sua primeira aparição… Diabos, até mesmo a presença de Hugh Keays-Byrne como o antagonista principal remete ao longa original, onde o ator viveu o vilão Toecutter. No entanto, assim como em Mad Max 2 – A Caçada Continua, tudo o que é preciso saber sobre esse universo é explicado de maneira concisa logo nos primeiros cinco minutos de projeção. Em um mundo devastado e praticamente privado de água e petróleo, o ex-policial Max é capturado pelos homens de Immortan Joe (Keays-Byrne), mestre de uma cidadela onde ele controla toda a água remanescente. Quando uma generala de Joe, a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), escapa em uma máquina de guerra levando consigo as parideiras do ditador, Max acaba envolvido na confusão, relutantemente ajudando o grupo a escapar das garras do vilão, ligado de maneira literal a um dos “garotos da guerra” do déspota, o moribundo Nux (Nicholas Hoult). Se alguém ainda duvida da existência de poesia e beleza no caos, basta assistir as cenas de ação deste louco longa, com cada quadro merecendo ser pendurado como uma obra de arte. Montado de maneira ágil por Jason Ballantine (O Grande Gatsby) e Margaret Sixel (Happy Feet – O Pinguim) basicamente como uma jornada de ida (comandada por Furiosa) e volta (na qual Max assume o leme), o filme flui como um tubarão: sempre em movimento, sempre letal, mantendo o público tenso a cada frame. As câmeras de Miller e do diretor de fotografia, o também veterano John Seale, através de tomadas ousadas e alguns planos surpreendentemente longos, capturam a cidadela de Joe, cuja arquitetura reflete a loucura e opulência de seu líder, o visual bizarro dos habitantes de sua corte de opressores, mas principalmente, nos apresentam à estrada e seus guerreiros do asfalto e poeira. O palco de ação amplo, com as filmagens acontecendo em locações abertas em locais áridos e cheios de cores vivas favorecem o uso do 3D, especialmente na versão IMAX, certamente o melhor modo de se experimentar o filme, não só pelo espetáculo visual, mas também pelo impacto único da potente banda sonora do longa. Praticamente tudo o que se vê na tela é feito de maneira prática, sejam os cenários, os veículos ou a maquiagem protética que retrata os ferimentos e deformidades daqueles que sobreviveram ao colapso da civilização. Se Colin Gibson não ganhar todos os prêmios possíveis e imagináveis pelo design de produção desta fita, será a maior injustiça da indústria cinematográfica desde que Gwyneth Paltrow ganhou o Oscar. Isso porque esse conjunto visual físico e sujo dá um aspecto de realidade ao mundo-cão criado por Miller e humaniza ainda mais as ações de Max e Furiosa, com a direção de arte do filme agindo como mais um ator em cena, servindo como um dos grandes pilares de toda a narrativa, inclusive dizendo mais sobre os personagens que os próprios diálogos. O mesmo se aplica às insanas acrobacias automobilísticas, também realizadas de maneira prática com apenas leves retoques digitais, algo raro em um gênero que basicamente tornou-se sinônimo de computação gráfica. Miller basicamente realizou um filme marginal com orçamento hollywoodiano. Conhecemos os personagens não por meio de diálogos ou de exposição, mas através de suas ações e reações. Nisso, o Max de Tom Hardy é, sem dúvida, mais introspectivo que aquele vivido por Mel Gibson, o que não pode ser confundido com falta de carisma. Carregando uma cruz imensa chamada culpa de sobrevivente, esse Max é um isolacionista, que foge tanto dos fantasmas de seu passado quanto dos demais sobreviventes nesse mundo, um mais perigoso que o outro. Max é o nosso Virgílio neste inferno e é através dele, por vezes de maneira passiva, que conhecemos (ou reencontramos) esse louco mundo novo. O Nux vivido por Nicholas Holt é um exemplo do que esse terrível novo lugar carrega. O jovem ator cria um personagem dotado de uma ingenuidade quase infantil, mas obcecado com a ideia de uma morte gloriosa, que o levaria para o paraíso dos guerreiros, em uma crença religiosa que mistura mitologia nórdica e a adoração aos motores de alta potência. Sufocado por doença, miséria e obsessão, Nux só vai conhecer o que é carinho no decorrer dessa jornada, tornando-o uma das figuras mais trágicas da fita. Mas é Charlize Theron a verdadeira dona do filme. Sua Imperatriz Furiosa é a figura heroica da produção, aquela que dá início à jornada de redenção que é a espinha dorsal do roteiro, um arco dramático cujo peso quase wagneriano é ressaltado pela magnífica trilha sonora de Tom Junkie XL Holkenborg. Furiosa é uma Valquíria guerreira que busca libertar suar irmãs de um destino de servidão e lhes dar a liberdade inerente à condição humana (Nós não somos coisas). Longe de ser apenas um estereotipo maltrapilho de guerreira, ela surge uma figura tridimensional cheia de dor e coragem, criada não para ser um mero atrativo para a parcela feminina do público, mas para conquistar os espectadores com valentia e, claro, fúria. E então temos Immortan Joe, o deformado rei de um castelo de horrores, que deseja manter o poder absoluto sobre aquilo que for belo e precioso no mundo. Um tirano dado a discursos fascistas e que mantém o poder através do controle de água, petróleo, armas e de recursos humanos, criando uma sociedade que o idolatra e tratando seus membros como objetos. O grande insight do diretor foi esse. Em um mundo devastado, os homens maus não desejarão apenas ser os lobos do próximo, mas seus senhores e mestres, especialmente daquelas que são a verdadeira fonte de vida. Pode ser um lugar terrível de se viver, mas certamente é um palco interessantíssimo para ser explorado por alguém como Miller. Recomendado." (Thiago Siqueira)
''Hollywood adora remakes, reboots e releituras. A maioria desses, mesmo quando divertidos, não fazem jus aos filmes originais e poderiam facilmente ter outros nomes, afinal perdem o espírito de suas franquias. ''Mad Max: Estrada Da Fúria'' parecia mais um desses casos. Parecia. Com Tom Hardy no lugar de Mel Gibson, estávamos preparados para mais um reboot/remake razoável, mesmo que a presença do diretor George Miller, criador da série, mantivesse as esperanças vivas. E o cara conseguiu! Ele não só fez um novo Mad Max digno, fez o melhor filme de ação do ano e deixou Velozes e Furiosos 7 e Vingadores: Era De Ultron comendo poeira. Desertos, motociclistas vestindo couro, grupos de sobreviventes enlouquecidos, sedentos por gasolina e água, um protagonista vingador de poucas palavras: essas são as marcas do universo criado por George Miller, que continua tão cativante como sempre na mão do australiano, mesmo 30 anos depois. Sem ser um reboot, um remake ou uma continuação propriamente dita, encontramos Max em algum lugar entre o segundo e o terceiro filmes (aparentemente), ainda com seu Ford Falcon Coupe Interceptor e com os cabelos compridos que vemos no início de a Cúpula Do Trovão. Nesses 30 anos desde que vimos Max na telona pela última vez, muita coisa mudou. Não apenas na forma de fazer cinema de ação, mas também na história do herói pós-apocalíptico. Embora o mundo seja muito similar ao criado para os filmes anteriores da série, é também algo novo– ampliado, detalhado e ainda mais violento – afinal, os espectadores estão mais exigentes. Entretanto, uma coisa continua igual: a capacidade de Miller para dirigir acrobacias com carros em perseguição. E a ação começa logo, com Max obrigado a fugir de um grupo de selvagens. Na perseguição, acaba capturado. É levado então para a Cidadela, cujo líder, Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), é Warlord e messias de uma estranha religião, responsável por oprimir os sobreviventes do holocausto nuclear que vivem sob sua proteção e imploram por um pouco de água. Quando a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) foge com as esposas de Joe, Max vê a chance de escapar, mas precisa decidir se ajuda a rebelde ou se segue seu próprio caminho. Assim começam duas horas de porrada quase ininterrupta. Sem Mel Gibson, Max, que passa boa parte do filme mascarado, é praticamente coadjuvante em seu próprio filme. Tom Hardy consegue recriar o estilo e a engenhosidade do problemático personagem, mas ainda falta algum detalhe, aquele jeito espertalhão que Gibson transmitia no papel. Talvez por isso, Charlize Theron é quem ganha importância na trama. A moça, com poucos diálogos e olhares, consegue transmitir tudo o que sofreu na mão de Immortan Joe. A personagem chama atenção desde a primeira cena e ganha cada vez mais espaço, ajudada, é claro, pela grande atuação da atriz. Felizmente, não há nem sequer a ideia de uma história de amor entre Max e Furiosa, clichê máximo dos filmes de ação e boa ausência em Estrada da Fúria. Isso é mais um sinal de que Miller tenta manter o espectador sempre fora da zona de conforto, ao tentar subverter expectativas. Arcos são criados e resolvidos de forma inesperada, eventos do começo do filme são lembrados no final, muitas vezes, com conclusões brilhantes. Miller nunca subestima a audiência e não tem medo de arriscar. E se você se surpreendeu com as perseguições da série Velozes e Furiosos, saiba que nenhuma chega perto do que Miller faz aqui. E o absurdo faz sentido, sempre com muita atenção ao detalhe. Até fica difícil prever como o espectador casual vai reagir, afinal lembra outra produção aclamada pela crítica, mas que foi fracasso de público: Dredd. O filme de 2012 sofreu com a classificação para maiores de 18 anos (mesma deste longa) e muitos não entenderam a ação desenfreada e fora do comum, como consequência, isso afastou muita gente do cinema, infelizmente. Ao menos, Estrada da Fúria tentou deixar claro a cada trailer o nível de loucura que veríamos na tela - e não falo só de mutantes selvagens e ação explosiva. Além disso, quem gosta de porrada, boa música (conduzida por um guitarrista deformado preso a um caminhão militar), belos visuais e perseguições não vai se decepcionar nem um pouco. Na quase estéril Hollywood de hoje, na qual filmes de ação cheios de CGI e personagens clichês com dramas descartáveis reinam, o novo Mad Max chega como um soco no estômago. Exageros, acrobacias e personagens excêntricos são elementos primordiais que fazem dessa produção algo magnífico. Assim como o mundo onde sua história é ambientada, Estrada da Fúria é lindo e brutal, mas não é para os fracos." (Daniel Reininger)
"A desconfiança era grande de que George Miller pudesse errar a mão ou soar datado ao revitalizar uma franquia encerrada em 1985. O cineasta se saiu bem com uma obra digna e comtemporãnea, contudo. Nova encarnação do herói das estradas, o ator Tom Hardy faz um Max menos carismático do que do seu entecessor, Mel Gibson. Mas tem um reforço que compensa: a atriz Charlize Theron como Furiosa, lider de um harén de escravas que se revoltam contra o vilão do filme, um governo tirânico." (Guilherme Genestreti)
Top 250#53
Top 200#191 Cineplayers (Usuários)
Top Década 2010 #16 Top Austrália #3 Top Ação #17 Top Aventura #31 Top Ficção Científica #12
Kennedy Miller Productions Village Roadshow Pictures Village Roadshow Pictures
Diretor: George Miller
237.235 users / 156.630
47 Metacritic
Date 12/07/2015 Poster -####### - DirectorIrving CummingsStarsRita HayworthVictor MatureJohn SuttonAt the end of the 19th century, the young Indiana boy Paul Dresser left his hometown for a long adventure that would eventually place him at the pinnacle of American music as a songwriter.[Mov 06 IMDB 6,4/10] {Video}
MINHA NAMORADA FAVORITA
(My Gal Sal, 1942)
TAG IRVING CUMMINGS
{nostálgico}Sinopse
''A trajetória do compositor Paul Dresser (Victor Mature) que após brigar com o pai, sai de casa para sozinho construir sua vida. Talentoso músico, aceita trabalho com qualquer um que lhe proponha parceria, inclusive trapaceiros e vigaristas. Mas quando Sally Elliott, cantora muito popular e geniosa, ouve sua música e toma para si, desperta sua atenção. Eles decidem compor juntos, visando uma carreira de sucesso. E em meio ao trabalho nasce a paixão e administrá-los conjuntamente não será nada simples. Paul Dresser faleceu em 1905, com 46 anos.''
15*1943 Oscar
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Irving Cummings
365 users / 27 face
Date 01/08/2015 Poster - - DirectorJohn FordStarsBelle BennettNeil HamiltonPhilippe De LacyEllen McHugh, a poor Irish immigrant to America, finds work in a carnival and is thus able to send her son Brian to a fine school. But when her position is found out, the school expels Brian. Mrs. McHugh feels compelled to allow the school principal and his wife to adopt Brian. The widow McHugh becomes a housekeeper and raises her employer's daughter Edith, who grows up to fall in love with Brian McHugh.[Mov 05 IMDB 5,5/10] {Video}
MINHA MÃE
SACRIFÍCIO (alternative title)
(Mother Machree, 1928)
TAG JOHN FORD
{nostálgico}Sinopse
"Ellen McHugh, uma pobre imigrante irlandesa nos EUA, encontra trabalho e vaga em uma boa escola para seu filho Brian. Mas depois de descobrirem sua origem, o menino é expulso do estabelecimento de ensino, e Ellen é obrigada a aceitar a adoção do garoto pelo diretor da escola e sua esposa. Válido como registro histórico, pois conforme o IMDb este filme não é encontrado no seu tempo total, que seria de 75 minutos.Este filme foi originalmente creditado como filme de estreia de John Wayne (que não aparece na metragem aqui existente), mas ele figurou em outros filmes dois anos antes deste, como extra não creditado. Na Biblioteca do Congresso norte-americano existem as bobinas 1, 2 e 5, enquanto as bobinas 2, 5 e 7 sobrevivem atualmente nos arquivos das televisões e na UCLA."
Fox Film Corporation
Diretor: John Ford
91 users / 8 face
Date 11/08/2015 Poster - ###### - DirectorFrederick WisemanDocumentary filmmaker Frederick Wiseman takes us inside the Massachusetts Correctional Institution Bridgewater where people stay trapped in their madness.[Mov 07 IMDB 7,9/10] {Video}
MANICÔMIO TITICUT (unofficial ESKS)
(Titicut Follies, 1967)
TAG FREDRICK WISEMAN
{aterrorizante / assustador}Sinopse
''O primeiro filme de um dos maiores documentaristas de todos os tempos. Um retrato desolador e pitoresco das condições vividas pelos detentos no Manicômio Judiciário de Bridgewater, Massachusetts. Titicut Follies documenta o modo como os internos são tratados pelos funcionários - guardas, assistentes sociais e psiquiatras. Polêmico, o filme foi banido pela Supremo Corte do Estado entre os anos de 1967 e 1992. Melhor Filme no Festival de Manheim; Melhor Filme Sobre a Condição Humana no Festival dei Popoli de Firenze.''
{Se eu aceitar sua premissa básica, o resto parece lógico. Mas a premissa básica não é lógica} (ESKS)
''Titicut Follies é um documentário que conta muito mais do que queríamos saber - mas não conta mais do que deveríamos saber - a respeito da vida atrás dos muros de uma daquelas instituições onde arquivamos e esquecemos os criminosos dados como insanos... O tratamento dado pela sociedade aos seus cidadãos mais insignificantes - e esses, com certeza, são os nossos mais insignificantes - talvez seja a melhor medida do nível de sua civilização. A realidade repugnante revelada em ''Titicut Follies'' nos força a contemplar nossa grande capacidade de sermos insensíveis." (Richard Schickel)
Frederick Wiseman Films
Diretor: Frederick Wiseman
2.421 users / 438 face
Date 05/09/2015 Poster - ####### - DirectorWes BallStarsDylan O'BrienKaya ScodelarioWill PoulterThomas is deposited in a community of boys after his memory is erased, soon learning they're all trapped in a maze that will require him to join forces with fellow "runners" for a shot at escape.[Mov 05 IMDB 6,8/10] {Video/@@} M/56
MAZE RUNNER - CORRER OU MORRER
(The Maze Runner, 2014)
TAG WES BALL
{divertido}Sinopse
''Thomas (Dylan O’Brien) acorda preso em um enorme labirinto com um grupo de outros garotos e sem memória do mundo exterior a não ser por estranhos sonhos sobre uma misteriosa organização conhecida como C.R.U.E.L. Apenas ao explorar os fragmentos de seu passado com pistas que ele descobre no labirinto, Thomas poderá descobrir seu verdadeiro propósito e uma maneira de escapar.''
"Tem potencial de franquia (é especialmente mais leve e divertido do que a anêmica cópia de Batalha Real que ainda está por aí...), mas como desassociar de tantos filmes parecidos que estão saindo? Talvez só as sequências dirão, mas é improvável..." (Alexandre Koball)
"Faz parte de uma nova geração de filmes de ação que tentam se conectar com os jovens de sua época. Apesar de não ter a mesma eficiência de Jogos Vorazes - e até, de certa forma, plagiá-lo -, é um filme que consegue manter o interesse." (Rodrigo Cunha)
"Sem a mesma ambição de seus irmãos distópicos (Jogos Vorazes, Divergente...) e com um tom mais assumido de aventura, 'Maze Runner' é capaz de divertir e empolgar sem muito esforço, garantindo o interesse por suas sequências que virão. Recomendado." (Rafael W. Oliveira0
Corpos martirizados de um cinema genérico.
''O sucesso da saga Harry Potter passou uma década sendo culpado por qualquer narrativa infanto-juvenil épica que se aventura dos livros para os cinemas. O dinheiro que fez o bruxo tem mesmo sua parcela de culpa, mas o jogo de influências já o ultrapassou há muito, e hoje, 13 anos depois de Harry Potter E A Pedra Filosofal, ele parece mais uma lembrança distante — e quase cânone, em comparação — que um familiar mais velho para os tantos como Divergente, Jogos Vorazes, O Doador de Memórias e ''Maze Runner – Correr ou Morrer''.Digo isso porque da onda de adaptações de sagas literárias de fantasia que varreu a primeira década do século — Desventuras em Série, As Crônicas de Nárnia, Zathura, A Bússola de Ouro, As Crônicas de Spiderwick -, ou melhor, da sua estrutura narrativa, em que personagens bastante jovens ocupam lugar de destaque, sobrou pouquíssimo. Desde Crepúsculo, os personagens estão mais velhos e mais atraentes e não por acaso. O corpo passou a ter um valor, inexistente na geração anterior, tanto para a venda de ingressos como para a própria narrativa. Crepúsculo tem suas famosas alegorias sexuais - que, pelo que soube, bem deixaram de ser apenas alegorias nos últimos dois filmes - e, tanto em Jogos Vorazes quanto em Maze Runner, o corpo se tornou sinônimo de resistência, força, rebeldia e sobrevivência. Maze Runner começa já com o protagonista, Thomas (Dylan O’Brien, como ator um ótimo modelo), ainda sem seu nome revelado, preso em agonia dentro de uma caixa e despertando em um campo aberto, cercado por um grupo de garotos da sua idade, meninos perdidos que vivem em comunidade numa estranha Terra do Nunca. Os motivos do lugar e dos personagens só vão estar claros lá para o final do filme. Até então, preserva-se nossa ignorância; a paciência, quando cada nova ação parece mais sem propósito que a anterior e cada explicação mais cabeluda, é que é difícil de manter. De maneira geral, é um filme bastante genérico que consegue, eventualmente, despertar certa curiosidade - devo dizer, no entanto, que me rendo fácil a sagas de fantasia, mesmo quando todas comecem a parecer iguais. Mas este nunca chega no mesmo patamar político, de desenvolvimento dramático ou de direção de nenhum dos Jogos Vorazes. Os conflitos entre os personagens não funcionam, e o combate contra máquinas nunca vai além dos gritos, chutes e da montagem frenética. Os melhores planos encontram o corpo dos personagens em contemplação, em fuga ou simplesmente correndo no labirinto. A aliança entre os dois corpos perfeitamente planejados - o dos atores, pois quase todos seguem o padrão hollywoodiano, e o do labirinto - constrói imagens um tanto interessantes e fortalece as noções de sacrifício e resistência que o enredo busca. Falo de como o filme apresenta o corpo como luta, e não como sexo. Porque, por mais fantásticos e ativos eles sejam contra a autoridade da máquina, eles são bem tímidos uns contra os outros. Mais tímidos do que exigiria a lógica para um grupo de jovens que vivem isolados há anos; depois, quando surpreendidos pela presença de uma garota (Kaya Scondelario, da série Skins), reagem quase exatamente como os garotos perdidos a Wendy (Garotas são demais, diz um personagem inocentemente). Não faz muito sentido cobrar algo diferente de uma saga dessas. Afinal, eles precisam preservar sua classificação indicativa 12 anos para ver resultados na bilheteria. Apenas acho que a manutenção dessa assexualidade no gênero tem ficado cada vez mais patética. No fim das contas, Maze Runner é só mais um produto. Não tem a ambição necessária para se destacar positiva ou negativamente. Espero que satisfaça os fãs do livro porque devem ser eles que vão lhe dar qualquer validade. Como filme, é descartável, mas não execrável, pois oferece muito pouco até mesmo para motivar uma rejeição. Vamos ver quanto tempo ainda dura um subgênero saturado." (Cesar Castanha)
"A premissa de "Maze Runner - Correr ou Morrer" é bastante absurda: um jovem desmemoriado é lançado dentro de um labirinto repleto de armadilhas mortais. Mas isso não faz dele um filme desinteressante. A história tem início com a chegada de Thomas (Dylan O'Brien), que acorda sem explicação dentro de uma caixa já dentro do labirinto. Lá ele é recebido por outros meninos, mais ou menos da mesma idade, que lhe explicam as regras do lugar. Todos já passaram pela mesma experiência e, após o bullying cerimonial, o acolhem em uma sociedade improvisada. Acompanhar esse grupo é sem dúvida o ponto alto do filme, que aqui lembra uma versão menos libertária dos Garotos Perdidos de Peter Pan. A falta de pais, orientação ou qualquer coisa que dê aos jovens algum tipo de explicação sobre a vida é tão urgente que eles criam uma estrutura social própria cujo objetivo é um só: sobreviver. A salvação contra a violência do mundo exterior se dá pela hierarquia e pelo trabalho. Nada de fadas ou brincadeiras. Encarar um ambiente hostil na juventude parece ser um tema cada vez mais comum no cinema, decorrência das adaptações de literatura infantojuvenil. Jogos Vorazes e Divergente, por exemplo, fazem parte de uma mesma tendência, e o sucesso dessas franquias chega a ser um pouco perturbador. No caso de Maze Runner, seria o labirinto, que pune com a morte quem se perde em seu interior, uma metáfora para a vida longe da casa dos pais? A vida está tão difícil assim para esses jovens? Infelizmente, é quando começa a responder essas perguntas que o filme se perde e quebra o clima angustiante criado até então. Mas, como uma franquia que se preze, sobram dezenas de nós a serem desatados nos próximos filmes. Quem sabe o mundo não melhora um pouquinho até lá, e esses filmes não precisem mais ser produzidos." (Douglas Lambert)
''Se você gostou de Jogos Vorazes e Divergente, talvez seja a vez de ir ao cinema assistir ''Maze Runner: Correr ou Morrer'', mais uma adaptação de um livro adolescente que deve dominar as bilheterias. Mas, ao contrário do caminho mais óbvio, o filme dirigido por Wes Ball surpreende e deixa os efeitos especiais em segundo plano para apostar na relação entre os personagens. Correr ou Morrer é baseado no primeiro livro da saga Maze Runner e conta a história de Thomas (Dylan O'Brien), um menino que acorda em uma comunidade isolada. Quando finalmente recobra sua consciência, descobre que está em um ambiente hostil cercado por um imenso labirinto habitado por criaturas selvagens. Obviamente ele e os outros habitantes não sabem porque foram mandados para esse lugar tão adverso. É justamente nesse mistério que o roteiro se apega, algumas vezes até de maneira exagerada. Na primeira metade o filme faz poucas revelações e tenta construir a personalidade de cada um dos moradores do local. Obviamente estará nas mãos de Thomas descobrir toda a verdade e tirá-los dali, algo que ganha força com a chegada de Teresa (Kaya Scodelario, da série Skins), primeira menina enviada para a comunidade. Todos os estereótipos estão retratados nesse ecossistema: o oriental Minho (Ki Hong Lee), o nervosinho Gally (Will Poulter), a criança que inspira o herói. Se no livro as relações entre os personagens são mais conflituosas, o roteiro escrito pelos inexperientes Noah Oppenheim, Grant Pierce Myers e T.S. Nowlin pega leve e elimina boa parte dos exageros da obra original. Correr ou Morrer tem claramente uma produção mais modesta que seus concorrentes, e por isso fez escolhas. O elenco, por exemplo, é formado por atores praticamente desconhecidos e em início de carreira. Destaque para a performance convincente de Dylan O'Brien (da série Teen Wolf e da comédia Os Estagiários), que eleva o nível de cenas até então banais. O baixo orçamento também levou ao uso de soluções baratas, sem que para isso o filme precisasse descuidar do seu visual ou ceder em exagero aos efeitos especiais. É bem verdade que a história contada em Correr ou Morrer é recheada de clichês e por isso havia pouco potencial para ir além. Com o material que teve nas mãos e boas soluções em momentos-chave, o diretor Wes Ball entregou um filme divertido e que prende o espectador até o fim. Também é verdade que os dez minutos finais funcionam mais como um anticlímax do que como um momento surpreendente. Isso não será problema para quem já conhece o livro, caso contrário se prepare para sair do cinema levemente frustrado." (Gustavo Assumpção)
Twentieth Century Fox Film Corporation Gotham Group Temple Hill Entertainment TSG Entertainment Dayday Films Ingenious Media
Diretor: Wes Ball
258.636 users / 37.233 face
34 Metacritic
Date 11/10/2015 Poster - #### - DirectorChristian KlandtStarsMuriel WimmerAntonia PutiloffJoseph Konrad BundschuhThe everyday lives of teenagers, coming from various social backgrounds. For them, sexuality has become a substitute for love, resulting from emotional neglect.[Mov 06 IMDB 5,4/10] {Video/@@@}
MEUS TREZE ANOS
(Little Thirteen, 2012)
TAG CHRISTIAN KLANDT
{esquecível}Sinopse
''Sarah tem 13 anos. Ela e sua melhor amiga Charly, de 16, já perderam a conta dos homens com quem foram para a cama. Sarah então conhece Lukas, 18 anos, num chat na internet, e pela primeira vez em sua vida quer um relacionamento de verdade. Enquanto isso, Charly tem que encontrar um pai para o seu futuro filho, e a mãe de Sarah tem que lidar com o fato de que não é mais uma adolescente.''
Das Kleine Fernsehspiel (ZDF) Hochschule für Film und Fernsehen 'Konrad Wolf X-Filme Creative Pool
Diretor: Christian Klandt
433 users / 41 face
Date 12/11/2015 Poster - - DirectorChristopher McQuarrieStarsTom CruiseRebecca FergusonJeremy RennerEthan and his team take on their most impossible mission yet when they have to eradicate an international rogue organization as highly skilled as they are and committed to destroying the IMF.[Mov 07 IMDB 7,5/10] {Video/@@@@} M/75
MISSÃO: IMPOSSÍVEL - NAÇÃO SECRETA
(Mission: Impossible - Rogue Nation, 2015)
TAG CHRISTOPHER MACQUIRRIE
{intenso / intrigante}Sinopse
''Com a agência IMF desmantelada e Ethan (Tom Cruise) fora de combate, a equipe agora enfrenta uma rede de agentes especiais altamente qualificados, o Sindicato. Estes agentes muito bem treinados estão empenhados em criar uma nova ordem mundial através de uma série cada vez maior de ataques terroristas. Ethan reúne sua equipe e une forças com a desacreditada agente britânica Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), que poderá ou não ser parte desta nação secreta, na medida em que o grupo enfrenta sua missão mais impossível de todas.''
"Repetindo maneirismos da própria série e de outros filmes de ponta dos grandes estúdios dos últimos anos, Nação Secreta tenta criar momentos "wow", um atrás do outro, em detrimento de uma história real. Hollywood, isso já não é o suficiente." (Alexandre Koball)
"O equilíbrio das cenas de ação com o estilo clássico dos filmes de espionagem, o toque depalmiano da direção, o uso dramático do silêncio e a valorização do trabalho em grupo (Hunt não é invencível), fazem a série ressurgir das cinzas. MI5 é legal pacas!" (Régis Trigo)
"Embora não traga nada de novo (ao contrário, repete muitas ideias), o filme diverte do início ao fim, com uma trama suficientemente coesa, bons personagens (inclusive o vilão e Ilsa) e cenas de ação dirigidas com competência. Entretenimento de alto nível." (Silvio Pilau)
"É, ao mesmo tempo, um avanço para série e um gostoso retorno aos moldes e conceitos do primeiro filme, valorizado por bons personagens e divertida dinâmica de grupo. A referência a Casablanca é um charme à parte.'' (Heitor Romero)
"Triste ver que esse tipo de marmelada ainda vende e é considerado o melhor da franquía. Ainda que a justificação esteja no próprio nome, essas missões impossíveis são ridículas. Simon Pegg é a única coisa que faz o filme não ser insuportável." (Guilherme Spada)
"Quando uma franquia de cinema chega a seu quinto filme, na verdade já passou da hora de olha-la com desconfiança. Mas há atenuantes no caso de "Missão Impossível'', adaptação da série de TV dos anos 60 que se tornou um feudo de sucesso para Tom Cruise. As aventuras do agente Ethan Hunt e sua equipe são esquemáticas. Ninguém espera aqui um grande filme, apenas vibrar com absurdos mirabolantes. E isso este episódio tem de sobra." (Thales de Menezes)
"Missão: Impossível é um ótimo título. Porque justifica qualquer cena absolutamente impossível que os roteiristas dos filmes possam inventar. E o quinto exemplar da série abusa dessa liberdade. A muito divulgada cena inicial, na qual o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) se segura na fuselagem de um avião e decola junto com ele, pendurado do lado de fora, entra direto no folclore pessoal de Cruise, que teria realmente feito a cena. O que vem depois não deixa por menos. Numa trama em que a agência de Hunt é desfeita e absorvida pela CIA (chefiada por um canastrão Alec Baldwin), o governo não acredita na existência de uma organização secreta disposta a destruir o mundo. Mas Hunt acredita e quer desbaratá-la. Falta a mocinha. Agente tão mortal quando Hunt, Ilsa Faust é o primeiro papel de destaque da sueca Rebecca Ferguson, bonita e convincente. O filme usa todos os clichês da série: perseguições de carro e de moto, Hunt cumprindo plano mirabolante para invadir algum lugar, as máscaras que ele usa e a cena em que é surrado brutalmente antes de se livrar e liquidar o agressor. Depois de cinco filmes, fica difícil distinguir qual cena é de qual filme. Nação Secreta, porém, se destaca por descuidos e exageros. Numa perseguição espetacular no Marrocos, as ruas estão vazias, à luz do dia. Cadê todo mundo? A falta de pontaria dos bandidos quando atiram no herói que foge correndo não é exclusividade deste filme, mas é pedir demais que assassinos profissionais metralhem Hunt a dez metros e nunca acertem. A sequência final chega a constranger. É a pior solução entre os filmes da franquia. Enfim, Missão: Impossível número cinco é divertido. Mas é preciso perdoar os furos do roteiro e suportar Cruise em sua demonstração de macheza rodando cenas sem dublês." (Thales de Menezes)
A franquia de Tom Cruise deixa de ser apenas diversão de primeira e entra na seara dos Grandes Filmes.
''A iconografia da marca Missão: Impossível utiliza a máscara como elemento cênico desde a série dos anos 60, e ao aportar nos cinemas a cargo do mestre Brian DePalma, o jogo foi mantido desde a abertura. De lá pra cá, hoje quase duas décadas depois, ela ainda se faz presente no novo capítulo, mas o roteiro do quinto exemplar da franquia (agora a cargo de Christopher MacQuarrie) incorpora a máscara para além de visual óbvio; elas dessa vez podem estar ou não no rosto, da forma mais elementar. Adquirindo-a como metáfora humana e construindo sua narrativa através de um intenso jogo de gatos e ratos, onde todos podem (e deverão) estar mentindo, o texto do filme adquire muitas camadas e formas diferenciadas para metaforizar a máscara em seu caráter mais direto e também como modelo social vigente, aquelas que utilizamos diariamente em nossas microcorrupções. No roteiro também assinado por McQuarrie (vencedor de um Oscar há 20 anos por Os Suspeitos e parceiro constante de seu protagonista Tom Cruise), não apenas a história propriamente dita está sendo contada, mas igualmente importante é contemplar os belos diálogos construídos para o filme e a forma como sua estrutura é usada para catalogar um sem número de situações mundanas (ou não), onde o hábito de mascarar-se faz parte das regras comportamentais, tirando em diversos momentos todas as certezas que temos em relação aos personagens. Um trabalho de ourives que parece simples, mas de integração muito sofisticada e não-usual em produtos dessa grandeza hollywoodiana. Ainda que o texto afiado esteja de maneira surpreendente em destaque, o astro Tom Cruise sabe do que o povo gosta, e deve ter vibrado e assinado embaixo de cada espetacular cena de ação concebida. Desde a abertura explosiva já característica, passando pela breve tortura em que Ethan Hunt é jogado de cara, uma emboscada envolvendo snipers numa apresentação da ópera "Turandot" pela Orquestra de Viena, um mergulho literal em busca de um dispositivo de segurança escondido até a mais bem sucedida perseguição de motos da história do cinema, filmada à perfeição e captada num grau de velocidade capaz de deixar Vin Diesel e seus meninos com lágrimas nos olhos. Uma sequência de fato brilhante. Mas já falei que essa Nação Secreta também é tecnicamente um assombro? Da luxuosa fotografia do fera Robert Elswitt (Oscar por Sangue Negro), que também serve para realçar os diferentes países e momentos da narrativa, tal qual a iluminação mais acertada para cada singular diálogo, até a belíssima trilha de Joe Kraemer, que funde o clássico tema de Lalo Schifrin aos acordes da obra-prima de Puccini de maneira genial, passando pela inclemente montagem de Eddie Hamilton (o homem por trás do brilhantismo de Kingsman e Kick Ass), não há praticamente nota dissonante nesse conjunto sem fim de acertos. Mas o produtor Tom Cruise não estava para brincadeira dessa vez e pensou em absolutamente tudo, convocando comparsas passados (Jeremy Renner, Ving Rhames e o indefectível Simon Pegg) e um elenco recém chegado, todos em atuação muito acima da média. E num ano onde Charlize Theron nos entregou sua inesquecível Furiosa, a sueca Rebecca Ferguson praticamente rouba o show a cada aparição de sua Ilsa Faust, uma personagem rica ao extremo e que ganhou notável performance de uma moça para não perder de vista mais. Seu olhar e suas entonações confundem e distorcem nossas percepções a cada cena, transformando sua presença no destaque máximo de um elenco acima de qualquer suspeita. No fim das contas, parece mesmo que 2015 não está para brincadeira em matéria de blockbusters, depois de mostrar que a Pixar ainda pode ser brilhante e no baile de estilo e substância que George Miller deu a bordo da estrada mais furiosa da temporada. Para espanto de todos, Tom Cruise se supera e coloca o novo capítulo de sua bela franquia em todos os topos, das bilheterias e das listas de melhores do ano. (Francisco Carbone)
''No ilusionismo a expressão fumaça e espelhos compreende todo esforço de enganar o espectador com jogos de expectativa e percepção. Esses jogos não envolvem, necessariamente, fumaça e espelhos de modo literal - a não ser que estejamos diante de um filme como ''Missão: Impossível - Nação Secreta'', onde a disposição para a metalinguagem é ingrediente central da ilusão. Antes mesmo de se provar um diretor com bom timing de suspense e de ação, em Jack Reacher e agora nesta sua nova parceria com Tom Cruise, Christopher McQuarrie já demostrava como roteirista em Os Suspeitos uma tendência despudorada ao jogo de aparências. Que esses dois caminhos paralelos finalmente se cruzem - o primeiro Missão: Impossível saiu em 1996, um ano depois de Os Suspeitos - hoje parece predestinação. A franquia das máscaras e dos atos de escapismo encontra em McQuarrie um devoto. Não por acaso, este quinto Missão: Impossivel parece resgatar o espírito do primeiro; McQuarrie emula Brian De Palma naquilo que sempre foi caro ao mestre: desconfiar da imagem, da fórmula, e ao mesmo tempo não resistir ao impulso de cinefilia de se deixar seduzir por essa imagem. Se no seu ponto mais baixo a franquia entrou em jogos desleais (o pé de coelho de J.J. Abrams no terceiro filme, ilusionismo que só conseguia entreter a si mesmo), Nação Secreta retoma o encanto original: o prazer de ser enganado por um truque visual e não apenas um truque de roteiro, de reviravolta. Essa questão do truque visual atravessa o filme todo, desde a cena sem dublê com Tom Cruise que abre o filme, até o desfecho que retoma a ideia da fumaça-e-espelhos literalmente. A metalinguagem, a habilidade de recorrer a imagens para falar da própria imagem, é essencial para McQuarrie porque, com ela, é como se ele dividisse conosco uma piada interna. "Vamos nos enganar juntos", parece dizer, enquanto os créditos iniciais passam cenas do filme todo (uma constante na franquia desde a telessérie sessentista) sem medo de estragar nada por antecipação. Em Nação Secreta, a metalinguagem gera situações francamente cinefílicas (o passeio por Casablanca, com Tom Cruise e seu terno azul no deserto fazendo as poses mais cool desde os tempos de Bogart), algumas lúdicas (demorou cinco filmes para Missão: Impossível fazer o truque clássico de Houdini, o escapismo debaixo d'água), teatralizadas (a cena de ação operística e o atentado ditado pela partitura musical, clichê de suspenses que nunca vai envelhecer) e outras oníricas (o clímax nas ruas vazias com lamparinas antigas parece que entra de fato num filme em preto-e-branco, à moda antiga). Dos temas que se repetem em Missão: Impossível agora que a franquia chegou numa fórmula ideal - como a insistência em desmantelar o IMF filme após filme, porque o espectador sempre vai se identificar com o indivíduo e não com uma organização - poucos funcionam tão bem quanto a parceria entre Ethan Hunt e o personagem de Simon Pegg. Benji está longe de ser apenas o alívio cômico. Ele é o nosso representante em cena, implorando para participar da brincadeira, e é por meio dele que dividimos, com o filme, esse senso de que estamos todos juntos sendo enganados pela primeira vez - mesmo que seja na cena mais banal de jogo de espelhos, quando Ethan vai abrindo uma sala secreta que é uma duplicata da anterior, para espanto/tédio de Benji. No fim, tudo se complementa: a luta de Ethan e sua equipe para não serem apagados da história é a mesma do ilusionista, que flerta com o sacrifício para se eternizar. É por isso que a ideia da caixa lacrada é tão bem sucedida como início e fim em Nação Secreta, um filme que celebra o ofício do artista (seja com ou sem dublê) que entende a importância da sua própria imagem para viver, e que não sofre terror maior do que o medo de desaparecer silenciosamente na fumaça." (Marcelo Hessel)
Paramount Pictures Skydance Productions Bad Robot China Movie Channel Alibaba Pictures Group Odin TC Productions
Diretor: Christopher McQuarrie
156.786 users / 43.555 face
46 Metacritic 65 Down 11
Date 23/11/2015 Poster - ##### - DirectorJoël SériaStarsJeanne GoupilAndré DussollierAndréa FerréolMarie is a 17-year old who was orphaned as a young girl. as a result, she has a tad of arrested development that makes her act much younger than her age. One day she looks in a store window displaying various dolls. Claude the affluent store owner, sees her and becomes infatuated which leads to her and him meeting and deciding to go and take a look at Claude personal doll collection at his house. Marie unaware of Claude unhealthy obsession with dolls, decides to marry him.[Mov 08 IMDB 6,5/10] {Video}
MARIE - A BONECA (unofficial)
(Marie-poupée, 1976)
TAG JOËL SÉRIA
{intrigante}Sinopse
''Quando Marie (Jeanne Goupil), uma mulher tão linda para parecer real, se casa com um fabricante de bonecas, seu novo marido acha difícil tratá-la como uma pessoa real, ao invés de uma boneca. Ela então passa a sofrer com este tratamento, que é uma versão exagerada do tipo de coisa que ela tem sofrido toda a sua vida.''
''Marie tem a mente de uma menina, e projeta toda a situação como um conto de fadas em que Claude é seu príncipe encantado. Joël Séria conduz seu filme de forma cativa, do começo ao fim, com a sensibilidade operando a cada momento. A beleza de Marie torna-se quase hipnotizante e perturbadora. Um filme feito para mostrar os encantos (reais) da atriz Jeanne Goupil." (Gabriela Ignacio)
Coquelicot Films P.H.P.G.
Diretor: Joël Séria
115 users / 13 face
Date 07/12/2015 Poster - ######## - DirectorIsrael HorovitzStarsKevin KlineKristin Scott ThomasMaggie SmithAn American inherits an apartment in Paris that comes with an unexpected resident.[Mov 02 IMDB 6,3/10] {Video/@@@} M/52
MINHA QUERIDA DAMA
(My Old Lady, 2014)
TAG ISRAEL HOROVITZ
{esquecível}Sinopse
''O nova-iorquino quebrado Mathias viaja para Paris a fim de vender um grande apartamento herdado de seu pai distante. Ele é surpreendido por uma senhora refinada (Mathilde) que vive no apartamento com sua filha protetora. Logo, ele fica sabendo que por causa de uma antiga lei francesa ele não terá posse do apartamento antes da morte de Mathilde.''
''Pelo elenco e a relação entre os personagens, pode se dizer que Minha Querida Dama é um filme sobre reencontro. O protagonista é um homem decadente (Kevin Kline), que vai a Paris cuidar de pendências de herança. Na Cidade Luz, se apaixona por outra alma atormentada (Kristin Scott Thomas, de Antes do Inverno). Os dois atores já formaram um par romântico anteriormente em Tempo De Recomeçar e a química está lá. Divorciado e desempregado, Mathias larga o pouco que tem nos Estados Unidos para tentar recomeçar a vida na França. Ele recebeu de herança do pai um grande apartamento e tem o plano de vender o imóvel e dar uma nova guinada. O problema é que o local é habitado por Mathilde (Maggie Smith, de O Quarteto), uma idosa que fez um contrato com o finado que impede o herdeiro de ter controle sobre o apartamento até ela morrer. Mathilde tem duas fontes de tenda: algumas aulas de inglês que ministra para alunos particulares e uma taxa mensal que o pai de Mathias lhe paga, e que agora deve ser assumida pelo protagonista. A idosa tem uma personalidade ácida, o que concede um humor quase britânico a alguns diálogos. Mais adiante, ela funciona como mentora para Mathias,o que torna sua personagem algo entre os papeis que Maggie Smith desempenhou nas franquias O Exótico Hotel Marigold e Harry Potter. Quem também mora no apartamento é Chloé, filha única de Mathilde. Ela é quase tão problemática quanto Mathias, e mantém um relacionamento com um homem casado. Maggie Smith e Kristin Scott Thomas já foram mãe e filha em De Bico Calado (2005) e mostram novamente bastante introsamento. Assim como a relação entre Mathias e Mathilde é transformada com o desenvolver do enredo, o mesmo acontece entre Mathias e Chloé. A disputa jurídica e rivalidade de temperamento do começo do filme aos poucos dá espaço para sentimentos românticos. A conexão se dá porque os dois carregam uma bagagem pesada de sofrimentos. O encontro entre eles se apresenta como uma chance tardia de redenção amorosa e é um dos elementos mais belos de Minha Querida Dama. Como aconteceu com Dúvida, ''Minha Querida Dama'' é a adaptação cinematográfica de uma peça cujo dramaturgo assina o roteiro e a direção. No caso de Israel Horovitz, também é possível afirmar que o filme seja um triunfo, pois afasta a entonação teatral nas falas e consegue incorporar os cenários. Boa parte da ação se passa dentro do apartamento, mas não há a sensação de confinamento que acomete outras adaptações do tipo. Entretanto, o roteiro não é perfeito. Mais para o final, depois de algumas boas surpresas, são criadas armadilhas inescapáveis para a dramaturgia. A única solução possível é entregar um desfecho que parece saído de uma fraca telenovela, o que é um desperdício diante da qualidade de tudo o que foi criado nos dois primeiros terços do filme." (Edu Fernandes)
''A primeira impressão é a de um filme agradável, como há muito quase nunca se vê: em "Minha Querida Dama" há um americano que chega a Paris para reclamar sua herança, um apartamento magnífico. Logo em seguida, dá-se o encontro com Mathilde Girard, a velha senhora que vive no lugar. Ao primeiro contato e suas dificuldades, segue-se a constatação de que não será tão fácil a Mathias Gold (Kevin Kline) livrar-se da inquilina (Maggie Smith). Ela vendeu a propriedade ao pai de Mathias com base em um sistema francês muito particular: o preço é mais em conta, mas o comprador se obriga a pagar um aluguel ao vendedor até a sua morte. Ora, a senhora Girard está com 92 anos e nenhuma intenção de morrer tão cedo. Pior: logo descobrimos que o americano está para lá de quebrado, e toda sua esperança na vida é livrar-se do apartamento. Com a senhora Girard por lá, o intento não será nada fácil. Mais difícil ainda será o relacionamento entre Mathias e Chloé (Kristin Scott Thomas), a filha da senhora Girard. Ao menos no início, pois o tempo vai trazer algumas revelações inconvenientes, tais como o fato de que a senhora Girard foi, por longos anos, amante do pai de Mathias. E que, talvez por sentir-se desprezada, a mãe de Mathias suicidou-se. O roteiro de Israel Horovitz, também diretor do filme e autor da peça teatral na qual a produção é inspirada, não foge à norma de certa dramaturgia americana, que evolui tanto quanto os personagens revelam certos segredos de sua vida. No entanto, Horovitz destoa dessa tradição pela reivindicação fortemente moralista de seu texto. Mathias expressa esse sentimento com todas as letras: o que seu pai e a senhora Girard fizeram é errado. É errado porque causa danos a terceiros (os filhos, entre outros). O certo seria, então, renunciar ao desejo pelo bem geral. Essa é a postura do filme. Suas decorrências são, inevitavelmente, conservadoras. Pode-se dizer que estão alinhadas com o conservadorismo corrente. Mas elas são também banais. E este filme que começa prometendo momentos agradáveis termina por se arrastar, frouxo e previsível. Dito isto, "Minha Querida Dama" é um filme a serviço de suas estrelas. Que são bons atores, claro.'' (* Inácio Araujo *)
"De certo houve certa exageração na performance da adorável Maggie Smith aqui, até porque o papel não permite nuances muito variadas. O filme é todo "correto", talvez até demais." (Alexandre Koball)
BBC Films Cohen Media Group Deux Chevaux Films FullDawa Films Krasnoff / Foster Entertainment Le Premier Productions Specialty Films (II)
Diretor: Israel Horovitz
4.616 users / 2.766 faceSoundtrack Rock
Paul Simon / Tin Hat Trio
19 Metacritic 3.768 Up 82
Date 09/12/2015 Poster - # - DirectorPaul MazurskyStarsRobin WilliamsMaria Conchita AlonsoCleavant DerricksA Russian saxophonist visiting New York City with a USSR circus troupe suddenly decides to defect in Bloomingdale's.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@@}
MOSCOU EM NOVA YORK
(Moscow on the Hudson, 1984)
TAG PAUL MAZURSKY
{simpático}Sinopse
''Vladimir Ivanoff (Robin Williams), um saxofonista do circo de Moscou, sente uma incrível falta de liberdade em seu país. Quando o circo faz uma exibição em Nova York Anatoly Cherkasov (Elya Baskin), o palhaço do circo, pensa em desertar e pedir asilo, mas não consegue por ter uma crise nervosa. Mas Vladimir toma a decisão de desertar quando vão fazer compras na Bloomingdale's, onde é ajudado por Lionel Witherspoon (Cleavant Derricks), uma guarda de segurança da loja que o convida a ficar em sua casa. Ivanoff faz uma lenta e dolorosa transição de cidadão russo para americano, sendo ajudado por Lucia Lombardo (Maria Conchita Alonso), uma vendedora da loja que acaba se tornando sua namorada. Lucia é italiana e sonha logo em ter sua cidadania legalizada. Vladimir também é ajudado por Orlando Ramirez (Alejandro Rey), um advogado especialista em imigração que há vinte anos atrás fugiu de Cuba em um pequeno barco. Vladimir vai se acostumando com os novos hábitos e conhece o estranho e apaixonante american way of life.''
{A coisa mais triste do mundo é a vida} (ESKS)
{Se existe liberdade aqui, ela é orfã} (ESKS)
42*1985 Globo
Bavaria Film Columbia Pictures Corporation Delphi Premier Productions
Diretor: Paul Mazursky
8.444 users / 1.434 faceSoundtrack Rock
The Gap Band / The Motels / Waylon Jennings / Chaka Khan
4.980 Up 7.178
Date 31/12/2015 Poster - ###### - DirectorDante AriolaStarsColin FirthEmily BluntAnne HecheA story of a man who fakes his own death and assumes a new identity in order to escape his life, who then moves in with a woman who is also trying to leave her past behind.[Mov 06 IMDB 5,6/10] {Video/@@} M/42
MEUS DIAS INCRÍVEIS
(Arthur Newman, 2012)
TAG DANTE ARIOLA
{simpático}Sinopse
"Cansado de sua vida, Wallace Avery (Colin Firth) decide abandonar o filho, o trabalho e a dor do divórcio recente para tentar um novo começo. Ele se muda para uma pequena cidade em Indiana, onde adota o nome de Arthur Newman e se apresenta como um jogador de golfe profissional. No caminho, ele conhece Michaela Fitzgerald (Emily Blunt), que descobre rapidamente a sua verdadeira identidade. Mas Wallace vai demorar muito tempo para descobrir a real identidade dela."
Vertebra Films Cross Creek Pictures
Diretor: Dante Ariola
5.063 users / 1.147 face
23 Metacritic
Date 02/01/2016 Poster -### - DirectorJohn CarneyStarsKeira KnightleyMark RuffaloAdam LevineA chance encounter between a down-and-out music business executive, and a young singer songwriter new to Manhattan, turns into a promising collaboration between the two talents.[Mov 07 IMDB 7,5/10] {Video/@@@@} M/62
MESMO SE NADA DER CERTO
(Begin Again, 2013)
TAG JOHN CARNEY
{simpático}Sinopse
''Gretta é seduzida pela cidade grande, muda-se para Nova York com o namorado afim de perseguir seu sonho de viver de sua música. A carreira solo do namorado deslancha e ela fica para trás, mas sua sorte muda quando é ajudada por um fracassado produtor que a vê cantando em um bar local.''
"Tem o tom de sensibilidade e dualidade ideal. A música é boa e os conflitos são razoavelmente críveis." (Alexandre Koball)
"Um feito raro: conseguir juntar tantos personagens de forma orgânica, não esquecer de nenhum deles no caminho, motivar os protagonistas sem cair nos clichês convencionais de um relacionamento e ainda fechar bem todos os diversos assuntos que levanta." (Rodrigo Cunha)
"Mais uma bela declaração de amor de Carney à força da música e sua capacidade de aproximar pessoas. Há momentos de pura magia, em uma história simples, mas contada com inteligência e profunda paixão pelos personagens. Um dos meus favoritos do ano." (Silvio Pilau)
"And, God, tell us the reason\Youth is wasted on the young\It's hunting season and the lambs are on the run\Searching for meaning\But are we all lost stars\Trying to light up the dark?" (Rafael W. Oliveira)
''Em 2006, o irlandês John Carney lançou, com sucesso, o independente Apenas Uma Vez, sobre um músico de rua e uma imigrante tcheca que compõem juntos pelas ruas de Dublin, mas não conseguem engatar um romance porque vêm de relações problemáticas. Em 2013, Carney dirige o americano "Mesmo Se Nada Der Certo", sobre um decadente executivo de gravadora (Mark Ruffalo) e uma tímida compositora britânica (Keira Knightley) que decidem gravar um disco pelas ruas de Nova York. A relação não vira um romance porque ele ainda carrega o trauma da separação da mulher (Catherine Keener) e ela acabou de ser abandonada pelo namorado que virou um cantor de sucesso (Adam Levine). Ao mudar da Irlanda para os EUA, Carney parece ter se guiado pela lógica do em time que está ganhando não se mexe. Fez mais um conto de fadas sobre outsiders salvos pela música (não pelo amor), mas dessa vez com estrelas e mais dinheiro. Mas, como acontece com frequência nesses casos (de fazer o mesmo, só que maior), uma parte da tal da magia se perdeu no caminho. "Mesmo Se Nada Der Certo" é um adolescente que cresceu rápido demais, um ser de voz esganiçada e andar desengonçado, mas que por vezes nos faz vislumbrar a graça da criança que foi (ou do adulto que será). Uma obra, portanto, no meio do caminho: em alguns momentos, parece um filme independente amarrado pelas convenções narrativas da indústria; em outros, parece um filme hollywoodiano estranhamente livre, que se permite arriscar e errar. Como na linda cena em que o executivo e a compositora compartilham fones de ouvido, saem andando pelas ruas de Nova York e comprovam que a realidade se transforma, para melhor, com a trilha sonora certa. "Mesmo Se Nada Der Certo" vale por esse e por outros pequenos momentos de beleza, da beleza singular que nasce do risco." (Ricardo Calil)
***
''Bom representante dos filmes românticos fofinhos, "Mesmo Se Nada der Certo" aposta na fórmula de dois fracassados se unindo para dar a volta por cima. No caso, um casal simpático. Mark Ruffalo é um execultivo de gravadora que perde seu lugar no mercado e busca qualquer opoturnidade para retornar o trabalho. Keira Knightley é uma cantora e compositora que passou um tempo ofuscada pelo namorado cantor famoso (Adam Levine, cantor famoso de verdade da banda Marrom 5) e, abandonada por ele, está perdida na vida. O empresário conhece a moça e decide gravar um disco com ela cantando suas músicas em lugares públicos na cidade, ajudado por amigos instrumentistas. O clima de romance vai bem,, o roteiro acerta ao fugir do meloso e as belas canções são defendidas realmente por keira, que além de linda sabe cantar." (Thales de Menezes)
''Ex-baixista do The Frames, influente grupo da cena irlandesa, John Carney deixou a música pelo cinema, mas a música nunca o deixou. Em 2006, se juntou ao antigo colega de banda Glen Hansard para criar Apenas Uma Vez e deixou a sua marca entre os musicais modernos. ''Mesmo Se Nada Der Certo" segue a mesma lógica do filme premiado com o Oscar de Melhor Canção em 2008 - duas pessoas perdidas que se encontram pela música -, mas o faz de forma diluída, trocando a austeridade europeia pela maleabilidade americana. Keira Knightley vive Gretta, uma jovem compositora sem confiança no próprio talento que se vê sozinha em Nova York depois de perder o namorado (Adam Levine) para a fama. Mark Ruffalo é um produtor musical desprestigiado por suas escolhas profissionais e pessoais. Ele a vê tocando sozinha e visualiza o que ela poderia se tornar. Uma epifania ébria que pode salvar os dois. A cena em que a personagem de Knightley assume o palco e vira objeto de atenção para o produtor toma o primeiro ato do filme. Começa com o ponto de vista dela, insegura, cantando suas desilusões para uma plateia desinteressada. Depois segue a trajetória de Ruffalo até o encontro, em um dia de fracassos sequenciais que culmina em uma resposta do destino. Uma banda invisível acompanha a cantora aos olhos e ouvidos do produtor, em uma das cenas que mostram a música como um personagem, não apenas como condutor narrativo. O mesmo vale para a ideia de gravar na rua o álbum de Gretta, misturando sua voz e os instrumentos aos sons da cidade que a encantara e maltratara. Essa ligação sincera é o que torna Mesmo Se Nada Der Certo possível: as canções do longa convencem por sua qualidade e seus atores convencem como músicos. As composições de Carney, Hansard e Gregg Alexander (com a colaboração de outros produtores musicais) são definitivas para que a história se conecte ao público. Já Knightley sabe cantar e convence na sua postura de indie pé no chão. Levine, por outro lado, consagrado como músico, não atrapalha com o seu lado ator. Ainda que leve a momentos catárticos pela música, Mesmo Se Nada Der Certo, assim como Apenas Uma Vez, não é o filme sobre metamorfoses que aparenta ser. O encontro entre seus personagens não transforma, leva à aceitação - eles apenas passam a compreender a própria história. Para Carney, a música leva ao autoconhecimento e esse é o caminho para a evolução." (Natalia Bridi)
87*2015 Oscar
Top Música #32
Exclusive Media Group Sycamore Pictures Apatow Productions Likely Story
Diretor: John Carney
87.588 users / 40.291 faceSoundtrack Rock
Stevie Wonder
39 Metacritic 716 Down 73
Date 14/01/2016 Poster - ###### - DirectorPier Paolo PasoliniStarsAnna MagnaniEttore GarofoloFranco CittiAn ex-prostitute reunites with her son, but an extortion scheme threatens her aspirations for a decent life.[Mov 10 Favorito IMDB 7,9/10] {Video/@@@@@}
MAMMA ROMA
(Mamma Roma, 1962) Obra Prima
TAG PIER PAOLO PASOLINI
{inesquecível / poético}Sinopse
''Mamma Roma'' é uma prostituta com esperança de mudar de vida e de classe social, mudanças que lhe possibilitariam recuperar sua auto-estima e também o filho Ettore, um adolescente que vive fora de Roma para não presenciar a vida que a mãe leva. A decisão se dá durante o casamento de Carmine, seu ex-gigolô. Mamma Roma sonha com uma vida burguesa, em um novo quarteirão ainda em construção na cidade, mas suas esperanças se confrontam com a realidade.''
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''Mamma e Roma''. A união destes termos no nome da personagem-título do segundo filme do poeta, intelectual e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, realizado em 1962, projeta dois símbolos que remetem à origem física e cultural. O primeiro aparece encarnado na imagem maternal de Anna Magnani, a mãe protetora que se sacrifica para dar tudo a Ettore, o filho adolescente que ainda não conhece as maldades do mundo, como ela alerta no primeiro diálogo com ele. Roma é, além de cenário, um mito. A cidade contemporânea é vista à distância, enquanto Ettore e seus amigos perambulam por terrenos baldios, entre ruínas que remetem ao mundo arcaico, a tempos imemoriais em que uma loba teria alimentado os gêmeos Remo e Rômulo, fundador da cidade que se tornou império e civilização. O que se vê dessa antiga glória é apenas uma periferia onde uma população marginalizada amontoa-se em conjuntos habitacionais. Ali, ''Mamma Roma'' constrói seu sonho de sair da prostituição, trabalhar como feirante e proteger sua cria das maldades do mundo. Ettore, contudo, prefere viver como um animal selvagem, longe desse amor excessivo que controla e bloqueia seus instintos, numa liberdade sujeita à violência. Ele representa também a juventude bela e bruta, cujos corpos masculinos ainda imaturos fascinavam Pasolini desde seus primeiros escritos e que ele continuaria a retratar, combinado com a ideia do martírio, até Salò, seu derradeiro filme. Ettore Garofolo, que interpreta o filho, era garçom numa cantina que Pasolini frequentava. Ele introduz no filme as características do não-ator, uma performance não estilizada e a corporeidade de um rapaz da multidão. Já Anna Magnani, mais que atriz profissional, é um ícone. Sua imagem e personagem evocam a Pina de Roma, Cidade Aberta e a Maddalena de Belíssima, filmes que inauguraram e encerraram o neorrealismo. Só que em vez de retomar tal qual esta forma datada do pós-guerra, Pasolini, no mesmo momento que Antonioni, Fellini e outros grandes, a reinterpreta como indagação do presente e como oráculo que prenuncia o pior mundo possível." (Cassio Starling Carlos)
{Cada um é responsável por aquilo que é} (ESKS)
{O mal feito por própria culpa é como uma estrada em que caminham outros que não tem culpa} (ESKS)
A Itália revelada.
''Dedicado a Roberto Rossellini e compartilhando a protagonista da obra-prima mais lembrada do diretor, Roma, Cidade Aberta, Mamma Roma é o retrato de uma Itália que, após a Segunda Grande Guerra, teve de encarar a si mesma. Em seu segundo longa, o diretor egresso da poesia experimentava uma nova forma de cinema que, às luzes do neo-realismo italiano, contestava a linguagem clássica. "Mamma Roma'', interpretada por Magnani, é uma prostituta de meia-idade que tenta mudar de vida ao trazer seu filho de dezesseis anos Ettore para a metrópole e começar uma vida nova como vendedora de vegetais na feira. Enquanto Ettore descobre a vida crescendo e tentando sobreviver a uma Itália que, após sobreviver aos traumáticos acontecimentos da década de quarenta, já não compartilhavam do mesmo sentimento altruísta de cineastas como Rossellini e Vittorio De Sica; a história de resistência de Roma Cidade, Aberta contra um mal maior – que vitimava Magnani no final das contas, assim como religiosos e comunistas – agora torna-se uma luta meramente por sobrevivência, onde Pasolini faz uma crônica desmontada da marginália e da delinquência: o lado ignorado de Roma vem à tona em um mundo onde conceitos como conforto, estabilidade e segurança são apenas sonhos dos personagens capturados pela câmera: prostitutas, cafetões, vândalos, bêbados e miseráveis. Pasolini faz um filme sem progressão psicológica e dramática clara; sua dramaturgia é antes desmontada em episódios que, distanciando-se da narração de uma saga, do envolvimento através da paixão: o recurso do distanciamento ao invés de minar o potencial humanista da obra, antes acrescenta ao mesmo. Mamma Roma não julga se seus personagens estão certos ou errados. A decadência não é determinista quanto é íntima, pessoal e subjetiva. Não se da apenas pelas condições miseráveis em que vivem, mas também pelas suas escolhas, pelo que se sujeitam, pelo que são obrigados a fazer para não morrer de fome; há um desejo nítido na expansiva Mamma Roma (Magnani era pura energia visceral e explosiva em cena) em tentar fazer as coisas certas, mesmo com as falhas de caráter; os longos porém irriquietos planos, a ação estendida no tempo e explorando o espaço denotam um espaço diegético imenso, onde muitos se perdem todos os dias e os que sobrevivem compartilham a dor dos miseráveis. O número de personagems dentro de quadro em Mamma Roma podem passar a impressão que o inferno são os outros, que restringem a nossa liberdade, que nos dominam e tudo mais; mas também é um cinema que existe para os outros, em função do outro. Seus personagens jamais existem sozinhos. Se são tanto algozes quanto vítimas, em muitos dos seus filmes mais ternos, como Mamma Roma, estão em busca de contato, de compreensão, de ajuda. A desiludida sociedade italiana de Pasolini só pode se apoiar na família, por mais que fuja do padrão – como a família monoparental formada por Mamma e Ettore, e das pessoas próximas, por mais que fujam do estereótipo conservador, como as amigas prostitutas da protagonista, ou o relacionamento conflituoso de Ettore com seus amigos vândalos. O próprio título já entrega essa leitura: a Mãe Roma só pode existir em função de um filho. E não à toa que a genitora de Roma seja uma ex-prostituta. A Itália de Pasolini é um país de muitas mulheres, de vários homens, se comunicando de forma temperamental e intensa praticamente o tempo todo, da alegria à raiva: Mamma Roma é uma imagem pulsante de uma Itália não criada, mas percebida revelada. A câmera, indo às ruas, liberta dos estúdios, percorrendo a Itália que não convinha ao Estado conservador e ainda ligado à igreja, conferiu uma força poética sem igual que influenciou todas as novas escolas de cinema ao redor do globo ao criar um cinema que não se pretendia uma resposta, não se pretendia uma linguagem, não se pretendia a maiores engenhosidades; pretendia, antes, a experimentação, o desmanche do modelo tradicional, as composições de luz, sombra e movimento interagindo de forma ativa com a dramaturgia inovadora, influenciada pelas novas escolas de pensamento do teatro, com personagens que vagavam, que não evoluíam, que não se tornavam melhores; que eram dolorosaemente humanos. A imagem, direta e com teor realista, graças à Tonino Deli Colli, o mesmo diretor de fotografia de Sergio Leone alerio Zurlini e Federico Fellini, confere com seus tons fortes um filme que cresce aos olhos, que nunca passa despercebido, que evidencia seus contrastes sociais através dos contrastes de tom e intensidade no seu preto e branco tão vivo quanto imenso e aterrador. Sufocados por uma macroestrutura sem esperanças de escalarem o meio social de onde vivem, os personagens de Pasolini não transgridem, pois miseráveis que são, não constituem oposição à situação. Não subvertem, porque a sua realidade não parece ter a escapatória. Resta-lhes a marginalidade, o “estar à parte”, a sensação de não-pertencimento. Mamma Roma sempre parece deslocada tanto entre os entediados vendedores do mercado quanto entre desinteressadas prostitutas, com sua persona conferida pela atriz sempre maior que a vida, sempre furiosa, sempre galhofeira; Ettore jamais consegue se acertar totalmente com os vândalos. Mesmo mãe e filho jamais conseguem se entender direito; Mamma é extremamente zelosa, Ettore extremamente rebelde. A mãe Roma não sabia onde estava pisando, não sabia para onde guiar suas crias desamparadas, nem tinha certeza se ia sobreviver frente à maré de pobreza, violência e estratificação social que vigorava de forma tão absoluta; mas o que torna o filme de Pasolini tão humano, tão cativante e tão forte é que ninguém, frente à sua determinação inabalável de tentar viver, poderia impedi-la de pelo menos tentar." (Bernardo D.I. Brum)
''Pier Paolo Pasolini incomodou gente demais em sua breve carreira cinematográfica. Ateu confesso na Itália católica, com seus trabalhos controversos ele deflagrou uma guerra artística usando a Bíblia para criticar dogmas e tecer comentários e apologias acerca da marginalização social e sexualização. Não é à toa que ''Mamma Roma'', a personagem título de seu segundo trabalho, tenha contornos tão explícitos das Marias: da Madalena, a sua origem como prostituta; da de Nazaré, a inabalável dedicação materna por seu filho único, Ettore. Mas, isto não seria tão grave se a narrativa não viesse em uma embalagem implicitamente edipiana e os olhares disparados a uma basílica não hesitassem em responsabilizar Deus das mazelas transcorridas na difícil vida da mulher. Antes disto, porém, o roteiro do próprio Pasolini busca situar o espectador em uma Itália pobre, quente e pouco escolarizada, onde os personagens se movimentam em torno de um escambo moral, cunhando e quitando favores e dívidas de espécies diversas. Nesta Itália, de rostos familiares e histórias contadas no pórtico das casas, Mamma Roma (Magnami) desfila arrogância e sensualidade e ajuda a compreender no jeito efusivo, o encanto que provocava nos homens (e o ciúme das mulheres) de quando rodava as ruas de Roma. Movida a resgatar e integrar o filho na sociedade romena, ele havia sido abandonado criança em uma cidade vizinha, Mamma também se dedica a encontrar um emprego e uma boa mulher para ele, tarefa árdua já que o vadio e arredio Ettore (Garofolo), desabituado ao estudo e profissão. Filho do cafetão Carmine (Citt) e dono de uma infância e adolescência jamais revelados (assim como as de Jesus), Ettore acaba apaixonando-se por Bruna (Corsini), uma libertina mulher que não tem problema algum em dispor da sua sexualidade com qualquer um dos jovens malandros da vizinhança. Esta atração de Ettore por Bruna remete a um complexo de Édipo desenvolvido sem alarde por Pasolini e, mesmo que o jovem desconheça a vida pregressa da sua mãe, é natural concluir que a fixação decorre instintivamente do paralelo dessa com Mamma. E as semelhanças entre elas não se prendem exclusivamente às liberalidades sexuais, e ambas também foram mães na juventude de bebês doentes, detalhe mencionado sutilmente certo momento. Inspirado pelo movimento neorrealista, Pasolini explora a realidade nua, crua e desglamourizada de Roma, desencadeando os eventos de maneira livre (alguns diriam, frouxamente), sendo que muitos destes parecem existir independentemente dos demais, quase apêndices, como a visita de Mamma e um comparsa fingindo serem irmãos. Se ajuda no desenvolvimento de facetas de uns personagens, serve inclusive como respiro de jovialidade no terceiro ato, onde o romanticismo pausado cede lugar a uma sucessão súbita de situações que escalam em complexidade. Não obstante, ainda, a fotografia de Tonino Delli Colli acentua a precariedade daquela população, expondo-os usando apenas a iluminação natural, o que rende a sequência mais bela da narrativa: ''Mamma Roma'' vagueando na rua escura, debaixo das parcas luzes dos postes de iluminação que mais parecem pequenos lampiões incandescentes à distância. Utilizando sobretudo atores amadores, de forma a construir o retrato mais honesto e autêntico, com exceção da ótima Anna Magnani, não é difícil observar a sensível perda na qualidade assim que algum dos jovens da gangue assume as rédeas da ação, cuja inexperiência é denunciada agudamente nos closes de Pasolini. O mesmo acontece nas intervenções bem humoradas e descartáveis de convidados na cerimônia de casamento de Carmine e Clementina. Aliás, é neste momento que Pasolini sugere a sua versão da Santa Ceia, usando o mesmo enquadramento frontal visto na pintura de Leonardo da Vinci. A usurpação de símbolos religiosos viria ou na forma de objetos cenográficos, como escapulários e crucifixos, quanto na condução do calvário e a imagem de um personagem de braços abertos e prestes a expirar apenas poderia significar a sua paixão. Nada, entretanto, que justifique o banimento desta belíssima obra de arte de muitos cinemas ou a agressão infligida por neonazistas na ocasião de seu lançamento, o que viria a fomentar a curiosidade do público na simplicidade e ousadia da obra de um diretor incômodo e mordaz e, inegavelmente, talentoso e poético." (Márcio Sallem)
1962 Lion Veneza
Arco Film
Diretor: Pier Paolo Pasolini
5.607 users / 485 face
Date 10/02/2016 Poster - ######### - DirectorNanni MorettiStarsMargherita BuyJohn TurturroGiulia LazzariniMargherita, a director in the middle of an existential crisis, has to deal with the inevitable and still unacceptable loss of her mother.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@} M/66
MINHA MÃE
(Mia Madre, 2015)
TAG NANNI MORETTI
{onírico}Sinopse
''Margherita (Margherita Buy) é uma diretora de cinema que está prestes a iniciar as filmagens de seu novo longa-metragem, que será protagonizado pelo galanteador astro internacional Barry Hughins (John Turturro). Paralelamente, ela precisa lidar com vários problemas em sua vida pessoal, como o fim de um relacionamento e a doença da mãe (Giulia Lazzarini), que está internada no hospital.''
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''A filmografia do diretor italiano Nanni Moretti está cheia de referências pessoais, e duas obras – Caro Diário e Aprile – são francamente autobiográficas. Depois de ter se afastado desse universo em seus últimos longas, Moretti volta às origens em "Mia Madre". O filme conta a história de Margherita (Margherita Buy), uma cineasta que enfrenta a morte da mãe enquanto roda um filme. Moretti viveu o mesmo drama quando filmava o premonitório Habemus Papam. Neste, Moretti é Giovanni, o irmão da cineasta, cuja serenidade contrasta com o perfil irascível e angustiado de Margherita, uma espécie de alter ego feminino do diretor. Professora de latim aposentada – como a mãe de Moretti –, Ada (Giulia Lazzarini) está hospitalizada, sem chance de recuperação. A narrativa alterna cenas no hospital, em que ela recebe visitas dos filhos, da neta e de amigos; momentos da rodagem do filme de Margherita, que fica cada vez mais tumultuada; e flashbacks –alguns deles oníricos. Parte da tensão das filmagens é responsabilidade de Barry Huggins (John Turturro), caprichoso ator americano que se destaca pelo narcisismo e pela incapacidade de decorar falas. Expansivo, Turturro não nega sua origem italiana e é o responsável pelos – poucos, mas excelentes – momentos de humor neste que é o mais íntimo e o menos cômico dos filmes de Moretti. Além dos atritos com Barry e da situação da mãe, Margherita precisa lidar com a crise de adolescência da filha e com o fim de um relacionamento. Suas hesitações ganham proporções maiores quando comparadas à devoção de Giovanni, que pede demissão para se dedicar à mãe. No centro de tudo está o luto. Margherita enfrenta a perda da mãe, mas também o luto de si mesma, sentimento moral relacionado com a frustração, a solidão e a lassitude que a rodeiam. O latim, que Ada ensina à neta e transmitiu a gerações de alunos, é o legado que deixa à posteridade e uma forma de renascimento. Com muita sobriedade e delicadeza, Moretti aborda os recônditos da intimidade sem cair no patético e,assim, encontra o universal." (Alexandre Agabiti Fernandez)
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''Diante da história da cineasta que, ao mesmo tempo, dirigi um filme, precisa aguentar o estrelismo do ator americano (John Turturo) e acompanha a agonia e a morte da mãe, não faltam elementos para interessar o espectador. é a história de "Mia Madre", Nanni Moretti. Ele interpreta o irmão da cineasta, que a acompanha em sua vida dolorosa. Mas que diferença faz? O luto é o luto. A dor não diminui por ser repartida. Não no que tem de especial. Moretti faz um filme delicado com o assunto sobre o qual é difícil triunfar. A morte dos progenitores não é um fato especialmente dramático: está na ordem natural das coisas. No entanto, para os filhos, mesmo adultos, o sentimento é de desamparo - e partilhá-lo entre os espectadores não é, certamente, um mérito menor.'' (* Inácio Araujo *)
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''Tenho 35 anos. Não voltarão mais os doces de quando eu era uma criança. As tardes de maio não voltarão mais. Os doces de quando eu era criança não voltarão mais! As merendas com pão e chocolate! Mamãe! Minha mãe! Minha mãe não voltará mais! A canja de galinha de quando eu ficava doente! O último dia de escola antes das férias!", lamentava Michele, personagem de Nanni Moretti, ao perder um lance decisivo no final da partida de polo aquático em Palombella Rossa. Três décadas depois, aos 62 anos, o cineasta retorna em "Mia Madre" ao mesmo sentimento de orfandade ao evocar a morte de sua própria mãe, a professora de latim Agata Apicella Moretti, em 2010. Filmar a partir das próprias experiências é a intenção que orienta o trabalho de Moretti desde o título explícito de seu primeiro longa, Io Sono un Autarchico (Eu me Basto, em tradução livre), de 1976. Mais tarde, a proposta foi radicalizada com Caro Diário e Aprile, títulos que trouxeram popularidade ao diretor italiano e nos quais não se distingue a ficção da autorreflexão. Michele Apicella, alter ego de Moretti, surgiu no primeiro longa e foi sempre interpretado pelo cineasta-ator, como uma versão adulta do garoto de Boyhood e de tantos romances de formação. Em "Mia Madre", assim como em "O Quarto do Filho", outro filme em torno da experiência do luto, seus personagens se chamam Giovanni, nome civil do diretor. Esse jogo de espelhos, em vez de reafirmar um enfadonho narcisismo autoral, permite a Moretti fazer filmes que combinam crônica social e política e observações sobre o nonsense da existência. Em "Mia Madre", ele duplica seus eus nos personagens do filho dedicado, que ele próprio interpreta, e da irmã, Margherita, cineasta irascível que entra em crise quando a mãe vai hospitalizada durante a produção de um filme. Se a comicidade era um aspecto predominante nos primeiros filmes do diretor, engraçados mesmo quando amargos, a melancolia suplantou o riso nas fases seguintes. "Minha Mãe", como o soberbo Habemus Papam, tem o impasse e a paralisia como temas mais evidentes. Em ambos, os protagonistas fazem viagens na irrealidade cotidiana para na volta encontrarem-se mais estupefatos. A oscilação entre o público e o privado, entre o que querem de mim e o que eu quero (ou não quero mais) para mim demarca o percurso de Margherita, interpretada com precisão por Margherita Buy. A chegada do caricato ator americano Barry (John Turturro), com seus tiques de gente de cinema, só agrava o amuramento dela. No entanto, a sabedoria de Moretti impede que "Mia Madre" se transforme num tratado de psicologia em formato de filme. A camada pessoal e subjetiva de Margherita atrai e repele múltiplas formas de afeto (com a mãe, o irmão, a filha, o ex-marido, o namorado, a equipe), e o realizador explora essas combinações para produzir também um estudo de sociedade. A folclorização da cultura, o esvaziamento de significado do cinema, a retórica dos formadores de opinião, a banalização da violência, a inutilidade ou não do que se ensina na escola são alguns tópicos que o filme apenas constata, temeroso de que a profundidade seja um círculo vicioso. Aparentemente, não há saída, nos diz Moretti, mas não custa mostrar o que provoca tanto mal-estar. Ajuda os que se perderam na multidão a se reencontrar." (Cassio Starling Carlos)
''Mia Madre é, talvez, o filme mais ambicioso da carreira de seu experiente diretor, o italiano Nanni Moretti. Na realidade, sua costura dramática é tão complexa – embora um olhar superficial não revele isto – que é bastante possível que muitos espectadores se sintam naturalmente incomodados com o constante contraste de tons da narrativa empregado pelo cineasta justamente para ressaltar um dos pontos mais intrigantes deste seu trabalho: a artificialidade própria do Cinema. Escrito por Moretti ao lado de Francesco Piccolo e Valia Santella, o roteiro acompanha a diretora Margherita (Buy), que encontra-se no meio das filmagens de seu novo projeto e durante o qual precisa lidar com as excentricidades de um astro norte-americano, o enlouquecido Barry Huggins (Turturro). Ao mesmo tempo, a protagonista lida com a internação da mãe, Ada (Lazzarini), cuja saúde entra em declínio rapidamente apesar de todos os cuidados oferecidos não só por Margherita, mas também por seu irmão Giovanni (Moretti). Assim, a partir do contraponto entre as duas facetas da personagem (a pessoal e a profissional) e também entre seu rigor e a natureza expansiva de Barry, Mia Madre vai construindo uma experiência envolvente que em um momento provoca o riso apenas para no seguinte levar o espectador às lágrimas. Abrindo a projeção já com acordes melancólico de piano que acompanham os créditos iniciais, o longa mantém sua perspectiva sempre grudada à de Margherita – e, neste sentido, é interessante perceber como a ótima montagem de Clelio Benevento reflete de perto a subjetividade da diretora, fragmentando suas lembranças a tal ponto que, a partir de certo instante, mal conseguimos diferenciar entre o que é memória ou pesadelo. Enquanto isso, Nanni Moretti envolve a narrativa em uma atmosfera muitas vezes solene que leva o espectador a sentir o pânico crescente da personagem diante da possibilidade iminente da perda – e vale lembrar que Moretti é um veterano neste tema, tendo sido responsável pelo devastador O Quarto do Filho. Justamente por ser tão denso com tamanha frequência, Mia Madre praticamente exige o alívio cômico oferecido pelas intervenções de John Turturro, cujo espírito frenético e impulsivo traz imensa frustração à disciplinada Margherita, o que também o leva a ser mais querido pela equipe que mal o conhece do que a líder com a qual trabalham diariamente (uma ironia que não escapa a esta nem ao filme). Não é acaso, aliás, que ao longo da história a pobre mulher vai sendo sufocada por contratempos crescentes que vão desde um assistente de produção que se esquece de buscar Barry no aeroporto até a inundação de seu apartamento, já que a perda de controle é possivelmente o que ela mais teme em sua vida pessoal e profissional – o que, inclusive, a leva frequentemente a exigir que seu assistente lhe revele todos os problemas enfrentados pela produção mesmo que ele esteja ali justamente para filtrar as questões menos relevantes. Contudo, o elemento mais fascinante do longa reside em sua discussão sobre sua própria artificialidade, um tema que Moretti introduz de maneira bastante sutil ao trazer sua protagonista pedindo que os atores sob sua direção exibam, em suas performances, um pouco de si mesmos, já que deseja ver ilusão e realidade lado a lado – e quando lembramos que o nome da personagem (Margherita) é o mesmo de sua intérprete, a estratégia narrativa brilhante de Nanni Moretti começa a se delinear. Desta forma, quando logo depois o cineasta encena uma passagem em um hospital de maneira obviamente artificial, com travellings constantes que chamam atenção para si mesmos, torna-se impossível precisar o que ali é intencional ou não – sendo particularmente revelador constatar como o ator interpretado por Turturro parece oferecer uma interpretação mais falsa ao realmente dirigir um carro do que ao fingir conduzi-lo (uma ideia que é complementada quando, ao tropeçar em suas falas em italiano, ele grita um frustrado Me levem de volta à realidade!).Como se não bastasse, em dois ou três momentos, Margherita e seu irmão Giovanni (que é vivido, não se esqueçam, por Moretti) condenam a artificialidade da fantasia e/ou demonstram frustração diante da trivialidade de problemas nos sets quando se comparados ao drama que sua mãe vive no hospital, como se o próprio realizador estivesse questionando, aqui, o valor do que faz – e quando consideramos que a mãe de Margherita (vivida estupendamente por Giulia Lazzarini) é professora de Latim exatamente como era a mãe de Moretti, morta há poucos anos, notamos que Mia Madre é realmente um exercício quase de autoanálise por parte do italiano. Um exercício que passa também por uma projeção de futuro no instante em que, por pouquíssimos segundos, Ada surge vestindo as roupas da filha diante do espelho, como num flashforward do que espera não apenas Margherita, mas todos nós. Um futuro que pode, sim, ser assustador, mas que também é uma promessa de experiências vividas, de aprendizados e de relacionados construídos. Uma visão doce sintetizada naquela que, claro, tinha mesmo que ser a última palavra ouvida em Mia Madre: Amanhã." (Pablo Villaça)
''Uma experiência pessoal fez o diretor Nanni Moretti (O Crocodilo) se inspirar para escrever o roteiro de ''Mia Madre''. Sua mãe estava internada com uma doença grave enquanto ele finalizava o longa Habemus Papam. Apesar do ponto de partida da trama estar fincado na realidade, o longa se permite voos oníricos e cenas criativas. O enredo gira em torno dos diversos conflitos experimentados pela cineasta Margherita (Margherita Buy, de Estranhos Normais) – um alter ego feminino do diretor. No plano profissional, ela está em meio à produção de um longa-metragem. Além das pesadas demandas do trabalho, ela tem um desafio a mais na figura de Barry Huggins (John Turturro, de Êxodo: Deuses E Reis). O ator deixou Hollywwod para ir à Itália especialmente para participar do filme de Margherita, mas seus ataques de estrelismo são corriqueiros. Lidar com o astro é ainda mais complicado por causa dos solavancos pessoas aos quais está submetida. No campo amoroso, a protagonista recentemente terminou um relacionamento motivada por inseguranças. Ela é divorciada e tem uma filha adolescente, que é o menos dos seus problemas. Ainda no âmbito familiar, a mãe de Margherita está lutando contra o câncer. Ada (Giulia Lazzarini) sempre foi uma mulher independente, professora de idiomas com alunos que a admiram. Por isso, estar nessa posição de vulnerabilidade a incomoda, o que cria obstáculos para os filhos. Nessa contenda, Margherita tem a ajuda do irmão Giovanni, vivido pelo próprio Nanni Moretti. Ele oferece todo o apoio e chegou a tirar férias do trabalho para cuidar da mãe. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, a personagem principal acusa a pressão. Em seus sonhos, imagina a morte da mãe de algumas maneiras. É na inclusão do onírico que Mia Madre brilha. Em alguns momentos, o espectador é enganado pelo filme e acredita que o sonho é real. Em outros momentos, pensamos adentrar o mundo da fantasia, mas trata-se de um acontecimento esdrúxulo na vida da cineasta. A concatenação de sonho e verdade envolve e nos faz acompanhar mais de perto o martírio de Marguerita, exatamente por não termos em um primeiro momento total certeza de que os eventos na tela sejam sonhos ou não. Assim, o envolvimento com um tema tão universal quanto o amor materno rende uma experiência íntima em cada um dos espectadores." (Edu Fernandes)
2015 Palma de Cannes
Sacher Film Fandango Le Pacte Rai Cinema Ifitalia Arte France Cinéma Fonds Eurimages du Conseil de l'Europe Ministero per i Beni e le Attività Culturali (MiBAC) Arte/WDR Films Boutique L'Aide aux Cinémas du Monde Le Pacte Regione Lazio
Diretor: Nanni Moretti
3.340 users / 1.146 faceSoundtrack Rock
Leonard Cohen
10 Metacritic
Date 25/02/2016 Poster - ######## - DirectorCarlos SauraStarsGeraldine ChaplinAmparo MuñozFernando Fernán GómezAna is alive and married with Antonio; they arrive in the manor in the countryside of Spain where she worked as a nanny many years ago, for the centennial birthday of the matriarch. In their reunion, she finds that Jose died three years ago; Juan left his wife Luchy; Fernando is still living with his mother and unsuccessfully trying to fly a hang glider; and the three little girls are grown-up. Further, she discovers that the dysfunctional family is completely broken, and Luchy in embezzling mother's money. When Juan arrives for the celebration, he plots with Fernando and Luchy to kill the mother to get the inheritance. Meanwhile, Antonio has a brief affair with Natalia.[Mov 07 IMDB 7,6/10] {Video}
MAMÃE FAZ 100 ANOS
(Mamá Cumple Cien Años, 1979)
TAG CARLOS SAURA
{surreal}Sinopse
"Ganhador do Prêmio Especial no Festival de San Sebastián, do Prêmio da Crítica no Festival de Bruxelas e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Mamãe Faz 100 Anos é uma obra dirigida por um dos mais importantes diretores da Espanha, Carlos Saura. Nesta obra-prima, Saura analisa a sociedade Espanhola durante o regime de Franco, apresentando uma família que aproveita a reunião de aniversário dos 100 anos da matriarca, para planejar sua morte e apoderar-se de sua herança. Mas apesar de fraca e doente, a Mamá (Rafaela Aparicio) ainda possui um caráter forte, impondo sua presença e autoridade frente aos seus individualistas e gananciosos filhos"
"Humor negro afiadíssimo e grande estudo de personagens, além de uma relevante e bem apresentada crítica social. O flerte com o surrealismo dá o toque especial nesse belo drama de família." (Heitor Romero)
52*1980 Oscar
Top Espanha #21
Elías Querejeta Producciones Cinematográficas S.L. Les Films Molière Pierson Productions
Diretor: Carlos Saura
735 users / 31 face
Date 10/03/2016 Poster - ##### - DirectorGeorge MarshallStarsDean MartinJerry LewisLizabeth ScottFleeing a murder charge, a busboy and a nightclub singer wind up on a spooky Caribbean island inherited by a young woman.[Mov 05 IMDB 6,6/10] {Video/@@@@@}
MORRENDO DE MEDO
(Scared Stiff, 1953)
TAG GEORGE MARSHALL
{hilário}Sinopse
"O cantor Larry Todd e seu parceiro atrapalhado Myron Mertz são perseguidos por um gângster ciumento. Na fuga, são ajudados por Mary Carrol, herdeira de uma grande propriedade em Cuba. Quando Mary está para pegar o navio para tomar posse de sua herança, Larry e Myron descobrem que ela vem sendo ameaçada de morte. Além disso, a propriedade que ela herdou, um castelo medieval, tem fama de ser assombrada. Os dois resolvem ir para Cuba com a moça, e entram para o show da cantora Carmelita Castinha, apresentado a bordo."
Paramount Pictures
Diretor: George Marshall
1.107 users / 80 face
Date 19/03/2016 Poster - ##### - DirectorChristophe HonoréStarsMatthis LebrunSamantha AvrillaudAmira AkiliA girl is approached by a strange boy outside her high school. He asks her to follow him to hear stories where gods fall in love with human beings.[Mov 05 IMDB 5,6/10] {Video/@@@@}
METAMORFOSES
(Métamorphoses, 2014)
TAG CHRISTOPHER HONOÉ
{onírico}Sinopse
''Quando Europa ignora sua aula para subir a bordo de um caminhão de oito rodas com um jovem magnético chamado Júpiter, mal sabia ela que sua jornada de iniciação iria começar. É só sair da rodovia que ela vê-se numa terra habitada por deuses poderosos que podem transformar os seres humanos em plantas ou animais em um piscar de olhos. Júpiter, Baco, Orfeu: Europa vê, ouve e interage neste confronto de deuses e mortais, apreendendo um maior sentido de vida e de amor com estes vingativos e doces sedutores.''
"Um jogo interessante entre o sensorial e a associação para contar a relação de mitos greco-romanos com a vida e a morte baseado na série de poemas de Ovídio. Desta mesma relação encontra brechas para discutir princípios religiosos." (Pedro Tavares)
A fabulação trêmula.
''É movediço o terreno das adaptações. Primeiro pelo embate que o cinema precisa estabelecer com a persistente ideia, não menos falaciosa ou ingênua, por mais que a passagem do tempo caleje a sensibilidade popular, de que toda obra adaptada deve ter uma fidelidade quase matrimonial com aquela que a originou. Depois, pelos níveis de significado e trama que se deseja extrair do texto-mãe, o que certamente leva o filme direto ao cerne da dificuldade aqui apresentada, e que se divide em dois movimentos cruciais: como criar, a partir da obra originária, um roteiro, para depois, nas palavras de Carrière, fazê-lo evanescer e se transformar num filme? Ou seja, de palavras lidas, passamos para palavras escritas até que finalmente tudo se evapore numa sequência de imagens. Tal é o caso das Metamorfoses (Métamorphoses, 2014) de Christophe Honoré, diretor para quem o título do próprio filme parece cair bem, tamanha a sua mutabilidade de estilos. Evocando o clássico subtexto das Metaformoses de Ovídio, já carregadíssimo de simbolismos e cosmogonias nos seus milhares de versos, a tarefa de Honoré torna-se clara em sua introdução. Fabular a partir da palavra e de recursos típicos do cinema - cortes e close-ups -, transmutar homem em animal pela alquimia das trucagens, e, a partir daí, contar três estórias, entremeadas de pequenos recortes, seguindo os encontros de Europa, princesa humana, com 3 divindades, desde o momento em que é (confusamente) raptada por Zeus. Mas não é pelo literário que Honoré peca. No cinema, as adaptações manifestam o nível de fidelidade, e portanto da crença de quem as assiste, a partir dos contratos que insinuam naquilo que é imagético. O espectador, neste caso inocente, não precisa tomar conhecimento algum de onde o golpe o atingiu: sua ligação com o que vê é de imersão. A problemática da Metamorfose-filme é que o observador que conhece o subtexto se depara com personagens insossos, desprovidos de qualquer indicialidade da magia ou do escândalo dos mitos originais, enquanto que o espectador que dá a mão ao filme e aceita ser submetido certamente também se encontra inquieto com a falta de costura e o constrangimento de ter que dar sentido a algo que não está propriamente nas imagens, mas nos supostos fios que deve tecer a partir dela para dar continuidade a um contrato já estilhaçado. Porque os personagens principais e aqueles que participam das historietas menores surgem repentinamente, como que para preencher espaços vazios, e cumprem funções que não parecem sustentar, adicionar ou fazer sentido perante as tramas maiores, das quais sentimos faltas quando a narrativa divaga. O filme de Honoré se assemelha a um livro ruim de mitologia: embaralha as tramas dos grandes deuses e heróis com pormenores mal inseridos, embora necessários, e faz tudo parecer uma cusparada de adolescentes excitados. Não provoca, não complexifica ou enriquece. É curioso, contudo, que as histórias que mais interessam são aquelas com conexões ao mundo real, não-fabular. Justamente quando o filme toca a relação de Europa com Baco e Orfeu e traça paralelos entre a crença religiosa atual e a crença nas divindades antigas, vê-se renascer a potência das grandes narrativas mitológicas e sua capacidade de, como na tela de Buonarotti sobre a criação de Adão, fazer o sagrado e o terreno convergirem num simbolismo explicativo das origens do Homem. Paradoxalmente, se há alguma magia neste cinema, ela se dá nos breves vislumbres do mundo dos homens comuns. Talvez falte a Honoré a perícia de um Eugène Green, com seu O Mundo Vivente, ou do Duelo de Jacques Rivette. Nos maestros da fabulação, o ato de inventar se dá através da palavra emoldurada pelo quadro e impulsionada por uma mise-en-scène de gestualidades orgânicas. Um gesto de Bulle Ogier e sabemos estar, sim, diante de uma feiticeira do sol; um quadro excessivamente vivo de Green para elevar a palavra ao estatuto de magia, e fazer-nos simplesmente crer que um cachorro é um leão. Enquanto isso, há a fabulação trêmula de Honoré, a quem os musicais e romances parecem servir melhor, e o embaraço de ouvir pronunciado o nome de um deus por alguém que não sabe como dizê-lo." (Felipe Leal)
{A boca é a porta pela qual a alma vai e vem} (ESKS)
{Vem-me a ideia de contar as formas mudadas em novos corpos, deuses, inspirai a minha iniciativa, e, da primeira origem do mundo, guiai ininterrupto o meu canto. Até o meu tempo} (ESKS)
''Baseado no poema homônimo Metamorphoseon, do romano Ovídio (8 d.C.), o filme Metamorfoses surpreende e encanta por diversos motivos. Uma delas é a atualização metafórica dos temas da mitologia greco-romana revivida em situações da contemporaneidade que se faz perfeita na construção de uma verossimilhança do fantástico. Um homem de cem olhos, uma jovem transformada em novilha ou outra que cabula aulas, um caminhão em alta velocidade: tudo se passa numa agradável harmonia narrativa, ainda fiel a leitura do antigo poema. O diretor Christophe Honoré conduz a montagem com simplicidade e graça que a caminhada de Europa (Amira Akili) – aqui encarnando uma adolescente secundarista seduzida por Júpiter (Sébastien Hirel) – pelo fantástico universo dos deuses do Olimpo é acompanhada pelo espectador com naturalidade. A jovialidade e a sensualidade que caracterizam a trama do poema tão bem ilustrado na película fazem com que seu apelo seja universal. Ou seja, trata-se de um filme para gregos e troianos. O tortuoso trajeto de Europa, a personagem central do filme, é pontuado por sua interlocução com três personagens divinos: Júpiter, Baco e Orfeu. Estes lhe contam histórias extraordinárias, muitas delas sobre metamorfoses. A jovem, ao invés de se assustar se apaixona pelo mundo fantástico e nele mergulha cada vez mais profundamente." (Amanda Migliora)
2014 Lion Veneza
Les Films Pelléas France 3 Cinéma Le Pacte Canal+ France Télévisions Centre National de la Cinématographie (CNC) Appaloosa Films Région Languedoc-Roussillon Région Provence-Alpes-Côte d'Azur Palatine Étoile 11 Cofinova 10 Cinémage 8
Diretor: Christophe Honoré
274 users / 37 face
Date 23/04/2016 Poster - - DirectorStanley TongStarsLeslie NielsenKelly LynchMatt KeeslarThe myopic millionaire defeats jewel smugglers in his usual bumbling manner.[Mov 07 IMDB 3,8/10] {Video/@@@}
MR. MAGOO
(Mr. Magoo, 1997)
TAG STANLEY TONG
{esquecível}Sinopse
''Após o rubi mais valioso do mundo ter sido roubado de um museu, a gema fica acidentalmente com Mr. Magoo, um ricaço que tem uma péssima visão, mas não usa óculos. Isto sempre o coloca em confusões e ele se vê metido em mais uma quando os bandidos se aproximam dele para recuperar a pedra, pois um grande leilão está anunciado onde os chefões do submundo vão aparecer para tentar comprá- la. Baseado no antigo seriado animado.''
"Se há algo que é verdadeiramente frustrante é quando uma ideia que tem tudo para dar certo acaba dando errado. O cinema está repleto de casos assim como, por exemplo, com o filme em live-action do desenho animado "Mr. Magoo". Afinal, Mr. Magoo, com sua enorme miopia, é um dos personagens mais engraçados dos desenhos animados – eu mesmo curtia muito os seus desenhos quando criança. E seu intérprete era ninguém menos que o engraçadíssimo Leslie Nielsen (franquia Corra Que a Polícia Vem Aí) – um comediante que eu e mais milhões de pessoas ao redor do mundo também curtiam. Tinha tudo para dar certo, não tinha? Tinha, mas não deu. Apesar dos esforços de Nielsen, o filme foi uma bomba tão grande que deu um prejuízo enorme, não chegou a ficar duas semanas em cartaz e logo foi lançado em home vídeo para tentar recuperar pelo menos uma parte do investimento." (Blog)
Walt Disney Pictures Nearsighted Productions
Diretor: Stanley Tong
11.841 users / 272 faceSoundtrack Rock
The Village People
Date 13/05/2016 Poster - ##### - DirectorJoachim TrierStarsJesse EisenbergGabriel ByrneIsabelle HuppertThe fractious family of a father and his two sons confront their different feelings and memories of their deceased wife and mother, a famed war photographer.[Mov 08 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@@} M/70
MAIS FORTE QUE BOMBAS
(Louder Than Bombs, 2015)
TAG JOACHIM TRIER
{intenso}Sinopse
''Uma exposição que celebra a fotógrafa Isabelle Reed três anos após sua morte prematura traz o filho mais velho dela, Jonah, de volta para a casa da família, forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene e seu afastado irmão mais novo Conrad do que passou em anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente se conectar com seus dois filhos, mas eles precisam lutar para conciliar seus sentimentos sobre a mulher da qual se lembram de maneiras tão distintas.''
"Sem qualquer traço original, o tema da solidão/depressão/conflito familiar é trabalhado com carinho narrativo por Joachim Trier, embora seja perceptível uma incômoda pretensão que palpita a projeção, além de Eisenberg interpretar mais uma variante de si." (Rafael W. Oliveira)
''Mais Forte que Bombas" é o primeiro filme rodado em inglês de Joachim Trier (nenhum parentesco com o Trier mais famoso e espalhafatoso). Dinamarquês radicado na Noruega, o cineasta do elogiado Oslo, 31 de Agosto atinge, pela primeira vez, um público internacional maior. Estamos mais uma vez no terreno da superação. No caso, do terrível acidente que levou para o além a premiada fotógrafa de guerra Isabelle Joubert Reed (Isabelle Huppert), deixando o marido Gene (Gabriel Byrne) e seus dois filhos, Jonah (Jesse Eisenberg) e o caçula Conrad (Devin Druid). A grande força do filme está na apresentação complexa e razoavelmente original dos personagens e das situações que eles enfrentam. Jonah, por exemplo, é apresentado numa maternidade, logo no início do filme. Ele acaba de se tornar pai. Por acaso, encontra lá uma ex-namorada. Esse fio da história será seguido? Parece que não. Logo somos transportados para outra cidade, onde estão Gene e Conrad, pai e filho adolescente que não se entendem. Jonah mais tarde irá se encontrar com eles. Por que? É algo que entenderemos melhor ao longo da trama. Forma-se um cadinho de dramas, estímulos e sofrimentos embaralhados, como em nossas vidas, e demoramos um pouco para perceber quem é quem e quais são as motivações em jogo. Essa apresentação complexa dura cerca de 40 minutos, e aos poucos o filme ganha aspectos mais convencionais, quando não acadêmicos. Oslo, 31 de Agosto é uma bela releitura do romance Le Feu Follet, de Drieu La Rochelle, que já havia inspirado o melhor filme de Louis Malle, Trinta Anos Esta Noite. Nele também temos uma estrutura narrativa que se revela aos poucos, igualmente tingida pela melancolia. Mas em "Mais Forte que Bombas", diferentemente de "Oslo", as coisas tendem a se harmonizar demais. O longa deixa-se dominar pelo aspecto conciliador da maior parte dos dramas de superação. Isso não é necessariamente ruim. Muitos grandes dramas foram feitos sob o signo da conciliação. A questão é que as conciliações aqui parecem surgir apenas para que o drama não seja pesado demais para plateias mais amplas. Estamos próximos, por vezes, do drama de autoajuda. E Joachim Trier mostrou anteriormente que pode fazer melhor. Ainda que não seja possível dizer que é um passo em falso em sua carreira." (Sergio Alpendre)
O silêncio no seio familiar pode ser ensurdecedor, mais forte que bombas. Os laços que, em tese, deveriam ser os pilares da sociedade – entre pais e filhos, maridos e esposas – sofrem duro desgaste sob o fardo da incomunicabilidade, exacerbando sentimentos de deslocamento e solidão porventura inerentes aos indivíduos, tornando-os desconhecidos do seu ente próximo. Temporalmente fragmentado, o drama de Trier é marcado pela discrição; fogos de artifício emocionais não serão encontrados aqui, para desalento do público ansioso por louças jogadas contra a parede ou lavagem de roupa suja aos berros. Em espírito, lembra Tempestade de Gelo, de Ang Lee. Registre-se a surpresa de Devin Druid, a revelação do elenco encabeçado por Isabelle Huppert, Gabriel Byrne e Jesse Eisenberg." (Gustavo)
Alcançando fantasmas.
''Não é certo se como maldição ou benefício, mas seguramente o cinema é afetado por questões de repertório. Não que a dureza, a resistência do espectador com maior quantidade de obras em catálogo não seja presente, mas uma obra, em especial se pensamos os níveis de referencialidade a que todos são expostos e introjetam, dificilmente nasce só. Melhor dizendo, e de forma mais direta: um filme nunca será o mesmo para duas pessoas, e por questões que extrapolam um senso de gosto. É que parece um haver um certo fetiche no cinema contemporâneo, supostamente lançado por Tarantino, com seu Pulp Fiction - Tempo de Violência – porque as celeumas em torno da originalidade também não surgem do vácuo –, e novamente confirmado por "Mais Forte que Bombas", novo filme de Joachim Trier; um fetiche a partir do qual se tornou cool, ou mesmo provocativo, embaralhar as narrativas para surtir algum tipo de efeito no espectador. Para contar a história de uma mulher morta, uma vez contestável mãe, célebre fotógrafa de guerra e insatisfeita crônica, Trier se utiliza de virtualidades. Isabelle Reed, vivida por Huppert, quase nunca está em cena presente, viva, a não ser por registros de televisão, fotografias ou lembranças. Curiosamente, como numa jogada esperta, seu ofício diz respeito a uma vertente da fotografia que pressupõe do golpe de sorte, o estar lá para dar o tiro certeiro, disparando o obturador para capturar o momento preciso que condensa tudo aquilo que se quer dar à vista. Curiosamente também, a fotografia e o cinema vivem de mortes, de embalsamamentos, e da forma como se lida com tais imagens passadas. E assim o pai e seus dois filhos têm de viver: assombrados pelo que uma retrospectiva jornalística trouxe à tona. E aí a forma entra em cena. Aquilo que sustenta a narrativa embaralhada assume sua estruturação. Trier nos diz que com esse fantasma feminino só há um modo de lidar: aliado à memória, surgem os pontos de vista dos 3 homens de sua vida. Mas se esse recurso tão caro ao cinema é acionado, onde foi parar a diferença? Por que o poderoso como eu vejo se torna um insosso exercício formalista de afetação, que decorre quase exclusivamente pela mistura dos tipos de retorno à figura daquela mulher? O caçula imagina o acidente que tirou sua mãe de si, o mais velho lembra dos raros momentos em que ela compartilhou seus sentimentos, enquanto o pai, para quem dificilmente se tenta dar sentido ao casamento cinzento, rememora a amargura das partidas e retornos calejados da mulher. O que acontece é que a multiplicidade dos recursos dá um tiro no próprio pé: a personagem complexa, e que o próprio filme expõe como multifacetada, de onde, aliás e precisamente, parecem surgir suas feridas abertas, sofre pelo unidirecionalismo de quem a lembra. Estaria Isabelle Reed sempre e exaustivamente depressiva? Tão raros os momentos em que fala por si, suas narrações tristes, embora caricatas, são os sopros mais memoráveis de organicidade a que o filme se presenteia. Deslocados, os outros 2 homens tentam encontrar uma redenção para si e entre si, para não falar de Jesse Eisenberg, cujo papel está, como sempre, muito além de suas capacidades, e cuja inclusão na trama, como ator e como personagem, assemelha-se à de um parente para quem o distanciamento não é tão desconfortável pelos anos de separação quanto simplesmente por nunca parecer ter feito parte de tudo aquilo. Filmado aos modos de um Azul É a Cor Mais Quente, com seus planos médios e primeiríssimos planos para dimensionar a intimidade e o sentimento do que é quase físico, o filme de Trier cai no infortúnio da duplicar, na forma, a sensação daquilo que é inalcançável. Se filmo um fantasma que não pode mais estar ali senão pelas marcas que deixou, fragmentando o modo que eles têm de lembrá-lo, meu gesto derrapa, e ele se torna inatingível também para nós, a quem a imagem foi destinada. Há um momento em que a personagem de Huppert se questiona o que aconteceria se desse àqueles povos uma câmera para que registrassem a si mesmos. Pareceriam eles menos vítimas do que quando ela os fotografou? Pergunto-me o que aconteceria, então, se seu filho não tivesse reservado à lixeira virtual aquelas imagens que ela mesma fez de si, num gesto simbólico que atravessa o diegético; ou seja, se o diretor tivesse optado por deixar que aquela mulher se mostrasse mais por suas próprias lentes." (Felipe Leal)
2015 Palma de Cannes
Top Dinamarca #41 Top Noruega #17
Motlys Animal Kingdom Arte France Cinéma Beachside Films Bona Fide Productions Canal+ Centre National de la Cinématographie (CNC) Ciné + Fonds Eurimages du Conseil de l'Europe Memento Films Production Nimbus Film Productions
Diretor: Joachim Trier
4.372 users / 1.457 face
31 Metacritic 1.698 Down 309
Date 03/07/2016 Poster - ###### - DirectorGillian ArmstrongStarsDiane KeatonMel GibsonMatthew ModineDiane Keaton stars as a prison warden's wife who falls in love with a death row convict (Mel Gibson.) Believing he's innocent, she helps him and his convicted brother escape.[Mov 06 IMDB 6,2/10] {Video/@@@}
MRS SOFFEL
MRS SOFFEL - UM AMOR PROIBIDO (Aternative Title)
(Mrs. Soffel, 1984)
TAG GILLIAN ARMSTRONG
{esquecível}Sinopse
''Pittsburgh, 1901. Peter Soffel (Edward Herrmann) é o diretor de uma prisão de segurança máxima e Kate Soffel (Diane Keaton), sua esposa, apesar de ter uma saúde frágil freqüentemente lê a Bíblia em voz alta para os internos. Durante sua ronda habitual Kate fica sabendo dos Irmãos Biddle, Ed (Mel Gibson) e Jack (Matthew Modine), que foram condenados à morte por assassinato e roubo. Ed tem boa aparência, é inteligente e charmoso, fazendo Kate ficar impressionada. Gradativamente, ela se apaixona por Ed e ajuda os dois irmãos a escaparem da prisão, fugindo com eles.''
42*1985 Globo
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Diretor: Gillian Armstrong
2.371 users / 117 face
Date 01/08/2016 Poster - ### - DirectorWes BallStarsDylan O'BrienKaya ScodelarioThomas Brodie-SangsterAfter having escaped the Maze, the Gladers now face a new set of challenges on the open roads of a desolate landscape filled with unimaginable obstacles.[Mov 05 IMDB 6,4/10] {Video/@@} M/43
MAZE RUNNER - PROVA DE FOGO
(Maze Runner: The Scorch Trials, 2015)
TAG WES BALL
{esquecível}Sinopse
''Thomas (Dylan O’Brien) e seus companheiros Clareanos vão encarar seu maior desafio até agora: procurar por pistas sobre a misteriosa e poderosa organização conhecida como C.R.U.E.L. Sua jornada os leva até O Deserto, um cenário desolado repleto de obstáculos inimagináveis. Unindo-se com lutadores da resistência, os Clareanos desafiam as forças superiores da C.R.U.E.L. e descobrem seus terríveis planos para todos eles.''
"As escolhas que a série fez não mantêm a estrutura do interessante primeiro capítulo, caindo no lugar-comum de forma absoluta." (Alexandre Koball)
"Apesar de possuir diversos filmes dentro de um (Mad Max, Resident Evil, Eu Sou a Lenda), é bastante competente e a incrível qualidade de produção fazem do que poderia ser uma mera ficção ciêntifica teenager, um filme de qualidade." (Guilherme Spada)
''Segundo episódio da franquia baseada nos livros de James Dashner, "Maze Runner - Prova de Fogo" segue a fórmula básica dos filmes YA (young adults), protagonizados por e dirigidos a jovens adultos (mas consumidos sobretudo por adolescentes). Como nas séries Jogos Vorazes e Divergente, o filme se passa em um futuro pós-apocalíptico no qual um grupo de jovens resiste a um misterioso poder opressor. Também da mesma forma que outros YA, a narrativa se divide em duas partes. Há cenas de diálogos que tentam explicar a complicada trama. E sequências de ação em que os personagens enfrentam provações de dificuldade crescente, claramente inspiradas nas fases de videogames oferecendo ao público dose de adrenalina. Há ainda um pouco de romance casto, porque Hollywood sabe que os hormônios dos adolescentes estão em ebulição, mas vivemos em uma época conservadora. Mas, então, o que Maze Runner 2 tem de específico? Em primeiro lugar, claro, os detalhes da trama. Depois de escapar do labirinto no primeiro episódio, o protagonista Thomas (Dylan O'Brien) e seus amigos são levados a um abrigo dirigido por pessoas que supostamente combatem a organização conhecida como Cruel. Mas Thomas logo descobre os segredos de seus anfitriões e escapa com seu grupo por um deserto onde terão de enfrentar criaturas disformes. A certa altura, Maze Runner 2 vira um filme de zumbis e uma prova de atletismo, em que os personagens parecem em uma versão distópica de Corra, Lola, Corra. Nas séries Jogos Vorazes e Divergente, falhas são compensadas pelo talento das atrizes (Jennifer Lawrence, Shailene Woodley). Dylan O'Brien se revela um ator com recursos mais limitados e, também por isso, o resultado de Maze Runner 2 fica abaixo da média da safra recente dos YA." (Ricardo Calil)
''Decisão é a palavra que norteia muitas das ações no filme Maze Runner: Prova de Fogo. Alguns personagens neste segundo filme da franquia fazem ou precisarão fazer uma escolha. E algumas destas decisões podem mudar totalmente o rumo da vida de cada dos personagens e da história como um todo. Nesta sequência, Thomas (Dylan O’Brien, da série Teen Wolf), Teresa (Kaya Scodelario, da série inglesa Skins) e os outros jovens que fugiram da Clareira se deparam com uma realidade completamente diferente da que viveram até agora. A superfície da Terra foi queimada pelo Sol e o vírus Fulgor continua se espalhando entre o restante dos seres humanos, os transformando em criaturas chamadas cranks. Esta produção, também dirigida pelo mesmo diretor do primeiro, Wes Ball, começa de forma intensa e mantém este mesmo ritmo até o final. Mas ao contrário do roteiro do primeiro filme, que teve três roteiristas – Noah Oppenheim, Grant Pierce Myers e T.S. Nowlin – este segundo foi escrito apenas por este último. E tanto Ball quanto Nowlin são novatos em Hollywood nas funções que estão exercendo nesta franquia. Porém, apesar de não terem tanta experiência nas áreas que estão trabalhando, conseguiram realizar novamente um ótimo trabalho. A história mostrada no filme é um pouco diferente da contada no livro escrito por James Dashner, porém, está coerente com a da produção anterior e deixa bons ganchos para o terceiro filme da franquia que já foi anunciado. Percebe-se que o todo desta produção está bem azeitado. Todas as partes se integram perfeitamente. Começando pelas atuações. Os jovens atores Dylan O’Brien e Kaya Scodelario, apesar de não terem uma extensa carreira cada um, sabem muito bem o que precisam fazer quando as câmeras estão gravando. Em nenhum um momento do filme, seja a cena que for – de ação ou de relação – eles se perderam e não souberam realiza-las. As mesmas observações feitas àqueles dois jovens atores podem ser aplicadas aos atores Thomas Brodie-Sangster, Ki Hong Lee, Dexter Darden e Alexander Flores. Estes são os intérpretes dos outros jovens integrantes do grupo, respectivamente, os personagens Newt, Minho, Flypan e Winston. Os diferentes cenários pelos quais os personagens passam ao longo da história foram impecavelmente construídos. Percebe-se pouco os efeitos especiais na montagem dos ambientes e dos seres como os cranks. Outro aspecto que mostra o nível de cuidado com a realização desta produção são as cenas de ação, como, por exemplo, as de luta. Como já foi dito anteriormente, a franquia terá um terceiro filme e vale muito a pena segui-la para saber qual será o destino destes personagens neste futuro distópico da Terra." (Roberto Bueno)
De um episódio a outro, cinesserie sobre futuro apocalíptico vai do céu ao inferno.
''No lançamento ano passado do primeiro Maze Runner, imaginei que enfim essa legião de adaptações de livros 'young adults' americanos, onde todos versam sobre uma sociedade totalitária que oprime uma população geralmente centrado num grupo de jovens rebeldes, tinha enfim encontrado um diferencial e uma versão a agradar bem mais os meninos que as meninas. Tendo em vista que os outros dois exemplares de sucesso são defendidos pelas feições de Jennifer Lawrence e Shailene Woodley (isso fora as inúmeras tentativas fracassadas de criar novas franquias a partir de outros livros, todos indo pro lado crepuscular da coisa), era legal ver enfim um grupo de rapazes preso num local/ilha/comunidade, e separado do resto do mundo por um perigosíssimo labirinto intransponível, até a chegada de um novo morador capaz de correr como nenhum outro e com disposição de enfrentar os perigos da estrutura. Ao final do primeiro bem-sucedido exemplar da série, os jovens conseguem fugir do tal labirinto, descobrindo que (oh, que surpresa!) o mundo tinha sofrido uma espécie de guerra que o devastou, e as respostas para zilhões de perguntas viriam no capítulo dois. Será que a ausência do labirinto fez parte da magia se esvair? Provavelmente. Longe de sua prisão, os rapazes se encontram num mundo semi desértico de inspirações madmaxianas e o filme começa a colecionar um sem número de referências e apropriações de outras obras, todas inferiores aos originais e desinteressantes; sim, infelizmente parece que o que tornou o primeiro exemplar uma elaborada e eficiente 'sessão da tarde', se foi sem muita chance de retorno. Algumas sequências são ainda empolgantes (como a perseguição por um prédio em ruínas inclinado), e rapidamente ainda observamos elementos do cinema de horror dar as caras quando fica claro que o tal apocalipse tem ligação com um processo de zumbificação dos seres humanos, mas o filme simplesmente não tem fôlego durante boa parte da projeção, e o que deveria ser ao menos um produto veloz e ágil simplesmente não dá as caras, e os bocejos se tornam uma constante de tempos em tempos, ou seja, pouco do que tinha funcionado no primeiro restou aqui. Até mesmo as bacanas metáforas sobre os regimes opressores de ontem e hoje se perdem e soam vazios, além do filme ter perdido qualquer diferencial para com os similares Jogos Vorazes é Divergente, e o que tinha de superior a eles aqui é passado; o filme vai muito mal se comparado às segundas partes desses outros dois, e se formos somente comparar com seu próprio início já dá pena. O desfecho do filme ainda volta a acelerar, mas já é num clima de repetição de tudo já visto recentemente, com traições e máscaras puxadas, e muita abnegação por parte do protagonista, chegando a lembrar os irritantes finais em círculo da série animada dos anos 80 Caverna do Dragão, com o protagonista eternamente voltando atrás do seu destino por não desistir de seus companheiros de aventura. Com a queda da originalidade e do ritmo, o elenco dificilmente iria resistir e, se alguém conseguiu se destacar no meio da pasmaceira, talvez seja a entrada em cena da talentosa Lili Taylor; o elenco jovem não consegue impor nada, e se limita a dizer o texto em cenas constrangedoras (a pior delas onde todos recordam de amigos queridos já mortos) ou correr pra lá e pra cá, conforme o interesse do roteiro. Ao ter suas questões esvaziadas e suas motivações resumidas a uma correria nada intensa, a série escorregou em mensagem e realização, mesmo que o diretor seja o mesmo Wes Ball do primeiro; simplesmente inexplicável como um projeto se descaracterizou tanto no espaço de um ano. Resta torcer para que o terceiro exemplar recupere sua bem sucedida mistura de estudo sobre distopias e blockbuster sem compromisso. Sim, afinal ninguém quer ver filmes inferiores a suas pretensões e intenções, ainda mais quando o trabalho já foi realizado com sucesso. Mas tendo à frente a reta final, fica mais ou menos no ar que o próximo episódio seria apenas o desfecho de adrenalina 'non stop' que estamos acostumados a encarar em encerramento de séries, onde o roteiro apenas acena de longe e a tela é ocupada com tiro, porrada e bomba. Só que Maze Runner já nos deu uma rasteira (ainda que negativa) nesse segundo episódio, não custa torcer para nova rasteira, dessa vez coroando a saga com um fim empolgante e pungente como se desenhou lá no início." (Francisco Carbone)
Gotham Group TSG Entertainment Temple Hill Entertainment
Diretor: Wes Ball
139.129 users / 24.324 face
29 Metacritic 358 Down 106
Dte 15/08/2016 Poster - ### - DirectorErik PoppeStarsJuliette BinocheNikolaj Coster-WaldauLauryn CannyRebecca is one of the world's top war photographers. She must weather a major emotional storm when her husband refuses to put up with her dangerous life any longer.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@} M/57
MIL VEZES BOA NOITE
(Tusen ganger god natt, 2013)
TAG ERIK POPPE
{violento}Sinopse
''Considerada uma das melhores fotógrafas de guerra do mundo, Rebecca passará por uma das situações mais difíceis de sua vida. Seu marido Marcus cansou de sua vida de viagens e lhe acusa de se dedicar pouco à família. E agora Rebecca deve escolher abandonar sua família ou deixar a profissão que tanto ama.''
*****
''Atriz vive dilemas de uma fotógrafa de guerra incapaz de se adaptar ao lar. O começo de "Mil Vezes Boa Noite" é explosivo. A fotógrafa de guerra Rebecca (Juliette Binoche) acompanha as últimas horas de vida de uma mulher-bomba no Afeganistão, até que esta cumpre seu destino, e a outra quase morre tentando registrar a cena. Mas o verdadeiro conflito de Rebecca se dá quando ela retorna para casa, na Noruega, e seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato: ou ela abandona a profissão ou se afasta da família - incluindo as duas filhas que vivem com medo de perder a mãe a qualquer hora. Rebecca lembra o protagonista do oscarizado Guerra ao Terror, o militar que se vicia na adrenalina do combate e não consegue se adequar à rotina doméstica. Mas há duas diferenças essenciais. A primeira delas, ideológica: ela acredita que suas fotos vão ajudar a chamar a atenção das pessoas para os problemas do mundo (Eu quero que as pessoas vejam, engasguem com seus cafés e reajam). A segunda, uma diferença de gênero: a inadequação de Rebecca à vida doméstica parece representar um peso maior pelo fato de ela ser mulher e mãe. Como se ela estivesse, supostamente, contrariando as leis da natureza. A protagonista está presa aos dilemas entre maternidade e vocação, idealismo e senso de sobrevivência. Ex-fotógrafo de guerra, o diretor norueguês Erik Poppe tem o conhecimento de causa e a sabedoria para levantar perguntas difíceis sem apresentar respostas fáceis. A cada momento em que a narrativa parece tomar um rumo seguro - seja o do conformismo, seja o da ruptura -, acontece algo que conduz o filme de volta ao terreno mais interessante da ambiguidade. Para tanto, é essencial a contribuição de Binoche, atriz capaz de condensar emoções contraditórias em uma só expressão, de segurar um close em qualquer filme. Já se vão 30 anos observando esse rosto numa tela enorme - e ainda há tanta coisa a decifrar." (Ricardo Calil)
Binoche brilha em filme que foge do lugar comum.
***
''Qual o pecado em abrir e fechar um filme com brilho e impacto? Nenhum, diriam todos. Mas ao quebrar nossa expectativa com um miolo prosaico e linear (mesmo que positivo), o diretor Erik Poppe tira do seu filme sua aura explosiva (perdoem o infame trocadilho) e situa seu filme numa região regular, quase repetida. Vemos aqui a família da fotógrafa de guerra vivida por Juliette Binoche já bem desestruturada depois que ela sobrevive a mais um ataque por homem bomba no Oriente Médio. Experiente, ela acorda e vê sua família em frangalhos, marido e filhas destroçados pelas infinitas possibilidades diárias de perdê-la. Nesse momento, ela decide parar e retomar a relação que ela já nem lembra mais como é. Mas talvez seja mesmo já tarde demais para resgatar qualquer coisa, diante do quadro de descrédito e desesperança que uma guerra (ou várias) podem provocar até em quem está bem longe, mas que ainda assim pode ser surrupiado em seus sonhos. Não há o que dizer da delicadeza de Binoche, do seu comprometimento para com a personagem, essa é daquelas atrizes cuja capacidade já ultrapassou todas as barreiras mas que não cansam de demonstrar sempre mais cuidado e sentimento a qualquer produção. As cenas citadas acima, de abertura e desfecho, tem impacto dobrado graças à sua bravura. Ao diretor Poppe cabia apenas tirar o recheio do lugar comum que assola dramas familiares recentes. Com Binoche em cena, ao menos um lado está defendido." (Francisco Bandeira)
****
''É uma fala que vem de Shakespeare - que Julieta diz a seu Romeu. O último verso quando a ama a chama e ela se despede do recém-descoberto amor de sua vida. Mil vezes boa noite. Erik Poppe queria um título romântico e enigmático para seu longa (quase) autobiográfico. Ex-fotógrafo de guerra, antes de virar cinegrafista e diretor, ele queria refletir sobre questões que o atormentaram por anos. É ético buscar a beleza na destruição e na morte? E por que uma pessoa se sente tão atraída por seu trabalho - mesmo que seja documentar a guerra - que termina sacrificando tudo (amor, família, relações) em busca da imagem impactante? Não deixa de ser significativo (revelador?) que ele tenha transferido essas interrogações/preocupações para a uma mulher, como se, sendo um homem, não tivesse direito de formulá-las. Homens têm de ser duros, mulheres são mais sensíveis. Isso talvez seja lenda. Homens enterneceram-se, mulheres endureceram. Mas permita-se a liberdade poética ao autor norueguês. Poppe começa seu filme de forma tão enigmática como seu título. Com sua câmera na mão, a fotógrafa Juliette Binoche, em plena zona de combate, é atraída pelo que parece um ritual. Mulheres pranteiam uma outra, que jaz numa cova, mas ela é retirada para se transformar num anjo exterminador. (As mulheres endureceram, sim.) Bombas são coladas a seu corpo.Juliette flagrou a preparação de uma mulher-bomba e, agora, a segue. A mulher explode - uma sequência muito bem feita - e a própria Juliette quase morre. Ela volta para casa, e é um problema. Essa mulher tem marido, tem filha, mas vive por e para seu trabalho, que também é sua arte. No que não deixa de ser uma inversão de certos parâmetros familiares tradicionais, o marido se ocupa do lar e a filha cobra a ausência da mãe. ''Mil Vezes Boa Noite'' - são os telefonemas que Juliette dá de lugares distantes, em áreas de risco. Cada despedida poderá ser a derradeira. Por falar em risco, começar um filme por sua cena mais forte é... Suicídio? Erik Poppe sabe disso e cria, bem mais adiante, outra cena forte. A filha pega a câmera e a dispara contra a mãe - shoot/filmar, fotografar é a mesma coisa que disparar (para matar), em inglês. É curioso assinalar que muita coisa da crise do casal de ''Mil Vezes Boa Noite'' também está em Mão na Luva, que José Joffily e Roberto Bomtempo adaptaram da peça de Oduvaldo Vianna Filho, e que as questões da guerra e das fotos fornecem momentos contundentes ao texto de Incêndios, a peça do libanês Wajdi Mouawad que Aderbal Freire Filho montou para a interpretação de Marieta Severo e que, com certeza, resulta melhor - a encenação na cidade - para a atriz que para seu marido diretor. Volta e meia, Juliette Binoche surpreende com projetos mais comerciais, alguma comédia, mas quase sempre seu rosto belo - e tenso - serve a encontros privilegiados, com autores excepcionais. Krzystof Kieslowaki, Abbas Kiarostami, Bruno Dumont. Em sua curta carreira, Erik Poppe tornou-se um autor cultuado e teve o que definiu como a sorte de interessar a Juliette. Ele lhe enviou o roteiro, ela imediatamente disse sim. Para o papel do marido, ele tentou e conseguiu Nikolaj Coster-Waldau, da série Game of Thrones. Ele é Marcus, ela, Rebecca. Em 1967, Michelangelo Antonioni também filmou um fotógrafo e escolheu um ator, David Hemmings, cujos olhos pareciam a extensão da câmera em Blow-Up/Depois Daquele Beijo. Há um mistério do olhar de Juliette Binoche. É crucial em ''Mil Vezes Boa Noite''. Rebecca é uma mulher dividida e, por causa dela, sofrem o marido, a filha. Vale a pena compartilhar essa experiência dilacerante.'' (Luiz Carlos Merten)
Top Noruega #10
Paradox Spillefilm Paradox (produced by) Newgrange Pictures Film Väst Zentropa International Sweden
Diretor: Erik Poppe
5.386 users / 3.820 face
22 Metacritic
Date 31/08/2016 Poster - ###### - DirectorDonald PetrieStarsSandra BullockMichael CaineBenjamin BrattAn F.B.I. Agent must go undercover in the Miss United States beauty pageant to prevent a group from bombing the event.[Mov 06 IMDB 6,2/10] {Video/@@@@} M/43
MISS SIMPATIA
(Miss Congeniality, 2000)
TAG DONALD PETRIE
{simpático}Sinopse
''Durante toda sua vida Gracie Hart (Sandra Bullock) sonhou em seguir os passos de sua mãe, Emily, uma dedicada agente do FBI que morreu em serviço. Porém, o temperamento agressivo de Gracie sempre lhe trouxe problemas no FBI, fazendo com que ela tenha um único amigo, seu parceiro Eric Matthews (Benjamin Bratt). Quando chega ao FBI a informação de que um grupo terrorista pretende explodir uma bomba durante o concurso de Miss Estados Unidos, logo se decide infiltrar uma agente no concurso, para poder acompanhar de perto os passos dos terroristas. Infelizmente, a única agente disponível é exatamente Gracie Hart, que não gosta nem um pouco da história de ter que se tornar uma miss de uma hora para outra. Para ajudá-la na transformação, o FBI contrata o experiente Victor Malling (Michael Caine), um consultor obsessivo que deve transformar a agressiva Gracie em uma glamourosa candidata a miss, para que ela possa se infiltrar no concurso e descobrir os planos dos terroristas.''
"Muito engraçado, e Bullock está adorável."(Heitor Romero)
"Além de Bullock segurar e levar o filme muito bem nas costas (mesmo tendo um curioso Michael Caine ao seu lado), o roteiro é inspirado nas gags e diálogos, e Donald Petrie acerta no tom de descompromisso do filme. Diversão das melhores." (Rafael W. Oliveira)
''No filme "Miss Simpatia",Sandra Bullock é uma agente do FBI que deve, para o bem da pátria e de investigações em torno de atentados, despir seus ares de garoto e concorrer a Miss EUA. O que vem a seguir parece um caso de ingenuidade programada. Por exemplo, a trama se permite todas as preguiças, todas as lincenças para as coisas se ajeitem da maneira que melhor convém ao filme. No entanto, o publico foi fiel a "Miss Simpatia" e nem notou suas inúmeras deficiência. É que, em troca, este filme produzido pela própria Sandra Bulluck coloca de maneira muito sensível a situação contemporâneo da mulher. No passado, os concursos de Miss exprimiam bem o que a mulher devia ser: alguém que lê O Pequeno Príncipe e torce pela paz mundial. Ou seja, alheia ao mundial. Esses concursos, preservados em formol, hoje não tem o apelo normativo de outros tempos. Como deve ser a mulher, enfim? Ou, mais amplamente, o que é a mulher? Ela pode ser muito bem ser a mulher que vai a luta, com revólver, como a agente deste filme, ou alguém que, mais metaforicamente, enfrenta o mundo com armas em princípio menos letais. O certo é que ela é primordialmente uma profissional, integrada ao mundo da produção. O que Sandra Bullock vem dizer com este filme é que essa nova condição talvez não esgote interamente a mulher. É um pouco como aquela feminista famosa que, certo dia, revelou que gostava de fazer bolos - e o mundo quase veio abaixo. Não é nada muito complicado, mas justamente essa falta de complicação que faz o sucesso: essa dúvida que percorre os cérebros, femininos ou não, aqui é posta ao alcance de todos, sem humilhar ninguém. E até com certo humor.'' (* Inácio Araujo *)
''Certos filmes são proibidos pela censura para pessoas menores de certa idade e, depois, de passar em alguns horários na TV (isso tem um lado positivo, que é aumentar o movimento das locadoras, e outro, que é fazer com que os juizados de menores se sintam quites com os pais da classe média). Já outros deveriam ser proibidos acima de certos horários. "Miss Simpatia", por exemplo, está num horário limite: já no cair do sol. Todos, entre adultos e crianças, deveriam assistir a "Miss Simpatia" nas sessões da tarde, que é quando faz sentido. Ali, Sandra Bullock, recém-chegada de uma série de fracassos, interpreta uma policial durona que, por circunstâncias da vida, acaba tendo de se infiltrar num concurso de beleza, na condição de... candidata. Bem, e lá está a mulher que se acostumou a empunhar arma e perseguir bandidos nesse meio de adoradoras de O Pequeno Príncipe. Enquanto a policial come fast food e não dá a mínima à aparência, suas fúteis colegas de concurso só pensam nisso. Convenhamos que a idéia de base é feliz para uma comédia, pois conhecemos um número infinito de filmes em que policiais têm de se infiltrar em quadrilhas, mas nada parecido com isso. De resto, o que é surpreendente, miss Bullock se sai de toda essa história com uma agilidade e uma vivacidade que, aparentemente, nunca iriam se revelar em sua pessoa meio frígida. Talvez exista no filme a idéia de que, mesmo na mulher mais valente, existe uma candidata a miss. Pode ser, pois nada é unívoco neste mundo, e menos ainda nas mulheres. Seja como for, não é uma idéia muito profunda. O filme também não é profundo: assim são as boas sessões da tarde." (** Inácio Araujo **)
''Sandra Bullock veio ao Brasil em 1997 para divulgar Velocidade Máxima 2. O filme era uma bomba. Talvez por isso o humor dela não estivesse dos melhores, mas uma coisa era visível: ela é linda! Se é a beleza de Sandra Bullock que você espera ver no filme Miss Simpatia, dê um jeito de chegar atrasado ao cinema. Não entendeu a dica&qt& Muito simples: a queridinha da América está mal vestida, sem maquiagem, nem penteado, péssimos modos e anda como um homem. Enfim, no papel da agente do FBI Gracie Hart, ela está feia! Tanto quanto Cameron Diaz em Quero Ser John Malkovich. Ponto positivo para a atriz, que mostra o quanto estudou para montar sua personagem. Quando estreou nos Estados Unidos, com o título original Miss Congeniality, a crítica assustou o público. No fim de semana em que entrou em cartaz, o filme arracadou 13,8 milhões de dólares e foi apenas a quinta melhor bilheteria. Até mesmo Um homem de família foi melhor, fazendo 15,2 milhões. Porém, o boca-a-boca fez o seu papel e na terceira semana a comédia protagonizada por Sandra Bullock já somava 10 milhões de dólares a mais que a lenda natalina estrelada por Nicolas Cage e Téa Leoni. ''Miss Simpatia'' é uma comédia diferente do que se vê por aí hoje em dia. Ela não é escrachada como Quem vai ficar com Mary. Nem tampouco é politicamente incorreta como Todo mundo em pânico. E, principalmente, não é uma comédia romântica - o gênero da moda em Hollywood. O roteiro é bastante simples. Gracie Hart, agente do FBI que despreza todos os padrões de beleza, é convidada a participar do concurso que vai escolher a Miss Estados Unidos. Tudo isso para tentar deter a ameaça de atentado que pode colocar as beldades em risco de morte. O trabalho de transformar a gata borralheira em Cinderela fica a cargo de um afeminado Michael Caine (Oscar de ator coadjuvante por Regras da Vida). Ele tem 48 horas para fazer Hart entrar num decotado vestido, calçar os saltos altos e se tornar Gracie Lou Freebush, a miss New Jersey. Ah, o mais difícil, fazê-la entender que é fundamental querer a paz mundial. Os fãs de Sandra Bullock que pagaram para ver até mesmo Velocidade Máxima 2 vão poder se deliciar mais uma vez com a atriz. Já os trekkers poderão matar a saudade de William Shatner, o eterno Capitão Kirk. O resto da humanidade também pode se divertir, basta deixar de lado o preconceito contra a "queridinha da América" e se lembrar de todas aquelas piadas sobre modelos." (Marcelo Forlani)
58*2001 Globo
Castle Rock Entertainment Village Roadshow Pictures NPV Entertainment Fortis Films
Diretor: Donald Petrie
138.327 users / 2.529 faceSoundtrack Rock
Los Lobos / ABBA
2.391 Down 467
Date 01/09/2016 Poster - ##### - DirectorJohn PasquinStarsSandra BullockRegina KingWilliam ShatnerGracie Hart abandons the life of a field agent to become the public face of the FBI. Yet, when Cheryl Frasier and Stan Fields are kidnapped, she is determined to rescue them, along with her reluctant partner.[Mov 04 IMDB 5,1/10] {Video/@} M/34
MISS SIMPATIA 2 - ARMADA E PERIGOSA
(Miss Congeniality 2: Armed and Fabulous, 2005)
TAG JOHN PASQUIN
{esquecível}Sinopse
''Ter combatido uma ameaça em um concurso de miss nos Estados Unidos faz da policial Gracie Hart (Sandra Bullock) uma verdadeira celebridade, o que não a agrada muito, já que a fama repentina a impede de trabalhar sob disfarce. Por causa disto ela é remanejada para realizar a única função que pode fazer ter no momento dentro da corporação policial: percorrer o circuito de programas de TV e ser o rosto oficial do FBI. Relutante de início, aos poucos Gracie passa a aceitar melhor a idéia e até mesmo gostar da atenção que recebe. Chamada de Barbie da agência, especialmente por sua nova parceira Sam Fuller (Regina King), Gracie precisa voltar à ativa quando seus amigos Stan Fields (William Shatner), apresentador de concursos, e Cheryl Frazier (Heather Burns), a vencedora do concurso de miss que participou, são sequestrados em Las Vegas. Sem querer perder Gracie como sendo a imagem da agência, o FBI a envia para uma conferência de imprensa em Las Vegas juntamente com Sam, que tem a função de ser sua guarda-costas. Juntas elas precisam resolver o caso.''
Só faltou a tal simpatia." (Rafael W. Oliveira)
****
"Miss Simpatia 2" fala sobre construir e explorar grifes. Uma delas é Gracie (Sandra Bullock), policial que, no primeiro filme, vira miss e que agora é cooptada como símbolo de um FBI carrancudo perante a população: seu rosto, modelar, será estampado rosa por aí. A outra grife é a série. O novo filme remonta, em parte, o esqueleto estético do original; o objetivo é perpetuar a marca. Mas algo está errado.Gracie ganha uma guarda-costas (policial negra durona) e com ela vai para Las Vegas. O projeto é claro: manter as duas juntas para que o filme equilibre uma função cômica e outra humana. Há um problema nessa coisa de funções - o filme não sairá do esforço de abarcar o público e pacificá-lo em sua (suposta) ânsia por coordenadas, fluxos bem categorizados... É um vício no qual o anterior, que tirava sarro de sua própria estrutura, não incorria. De todo modo, na face cômica, o diretor transplanta, sem muito tesão, gags avulsas de um depósito da história do cinema: a tensão soa ora deslocada, ora postiça no terreno comédia de dupla. No aspecto humano, o eixo é uma frustração romântica de Bullock. Mas não se busca mais do que o mecânico sobre essa sensação de refúgio do mundo pela cobertura encontrada em um quase desconhecido, em um lugar improvável (a policial negra, em Las Vegas), após golpe afetivo: temos, antes, uma história de auto-estima e tolerância, de afirmação simplista desses valores gerais do bem (subestima-se o público). Mas nem tudo vai mal: o filme lança visão sobre Las Vegas como cidade de disfarces e da encenação - com parques temáticos e luzes mentirosas: reflete os procedimentos dos personagens, sempre travestidos para as missões." (Claudio Szynkier)
Reune todos os clichês do gênero policial em dupla, porém sem a mesma eficiência de seus melhores representantes.
''As distribuidoras nacionais costumam aderir a alguns sub-títulos para seus longas que, ao invés de atrair o público, acaba afastando-o. Miss Simpatia 2 - Armada e Perigosa poderia até ser um bom filme, mas confesso que temi quando vi que este horroroso sub-título não era uma invenção das distribuidoras nacionais. Pelo menos, não desta vez, pois o nome original é praticamente o mesmo. Antes de entrar no cinema, já estava claro que este filme seria uma comédia menos intensa que a anterior, menos inteligente, com menos profundidade e menos diversão. Os eventos se passam três semanas após os do primeiro filme, com Gracie Hart (Sandra Bullock) famosa nos Estados Unidos e sofrendo com isso durante os seus trabalhos. Como todos a reconhecem, fica difícil passar em uma missão de identidade secreta despercebida pelo público, o que acaba acarretando o seu afastamento do centro de operações do FBI. Só que Gracie não é demitida, pois todos a adoram e ela nem havia feito nada para tal. Ela apenas troca sua função dentro da agência: deixa de ser uma policial durona para se tornar a nova modelo que melhora a imagem do FBI pelo país. Lógico que se estivéssemos falando da Gracie que vimos em Miss Simpatia, isso seria um argumento absurdo. Porém, a idéia idiota que o roteiro tem para ela aceitar tal mudança na carreira é fazer com que Gracie esteja magoada com Eric Matthews, que fora seu par romântico no primeiro filme, após um belo fora que a policial levou de seu companheiro de trabalho. Só que Gracie vê a necessidade de deixar de ser uma marionete para voltar a trabalhar quando sua amiga Cheryl Frazier (Heather Burns), vencedora do concurso do primeiro filme, e Stan Fields (William Shatner), o apresentador, são seqüestrados em um distrito diferente de onde trabalha. Um grande problema do roteiro são os inúmeros clichês do gênero, que vêm em uma verdadeira avalanche do início ao fim da projeção. Entra uma parceira de cena, totalmente diferente de Gracie, para que o contraste entre as duas gere uma boa dose de risadas; o chefe do distrito onde o caso ocorre se mostra totalmente contra os métodos de Gracie e ela tem que fazer tudo escondido, colocando em risco sua carreira; todos que tentam impedir Gracie de realizar sua investigação parecem ser idiotas a ponto de cair em truques onde nenhuma outra pessoa em sã consciência cairia; e muitos, muitos outros. O pior de tudo são as oportunidades que o filme não aproveita. Gracie parece estar totalmente a vontade como a bonequinha de luxo da polícia, ao contrário do primeiro trabalho, onde todos os esforços para que ela parecesse alguém que não era tornavam tudo mais engraçado e verossímil. O modo como a mensagem do filme é passada no final é absurdamente falso, pois está totalmente deslocado de todo o contexto do filme. Está lá, única e exclusivamente, para dizer que há uma. Os vilões então, estão lá simplesmente para que haja um seqüestro e a história possa acontecer, mais nada. Leia esse parágrafo se houver visto o filme, senão pule para o próximo - Há um furo colossal de roteiro nesse sentido, pois os seqüestradores deixam claro que estão levando a Miss porque o concurso poderia pagar milhões por ela, mas quando Gracie está assistindo ao vídeo, descobre que eles estavam atrás do apresentador, e não dela. Como assim? Mudaram o roteiro e esqueceram de fazer uma revisão no material filmado? Pois no final, quem era importante de novo era ela, e não o apresentador, que parece ter entrado apenas de gaiato na confusão. Se imita filmes de ação com duplas policiais e todos os seus clichês, deveríamos deduzir que sairemos gargalhando do cinema, não? Não pense assim. Miss Simpatia 2 é simplesmente um filme para ser assistido e esquecido logo após, mas que nem divertir nesse meio período ele consegue. A ação, que poderia esconder um pouco esse ponto, é praticamente nula e, quando acontece, é insatisfatória. Há uma briguinha aqui, uma cena de ação acolá, mensagens piegas levadas a sério demais e algumas câmeras lentas irritantes, querendo potencializar o poder das personagens. Nada funciona. É um filme que você simplesmente assiste, nunca reage. O carisma da dupla principal então... Até que Sandra Bullock se esforça, mas sua personagem é artificial demais para que a gente saia do cinema conquistado por ela - algo que não acontecia no original, pois comanda o filme do início ao fim. Sua parceira de cena, Regina King, interpreta da maneira mais estereotipada possível Fuller. Chega a irritar em certos momentos a artificialidade com que ela encarna a personagem, daqueles tipos de norte-americanos cheios de marra e que se acham os melhores. Sem ação, sem comédia e sem energia. Bem que os produtores nos avisaram: Armada e Perigosa. Só não poderíamos adivinhar que eles haviam levado no pé da letra o sentido da expressão, porque Miss Simpatia 2, no final das contas, é uma bomba só." (Rodrigo Cunha)
Mais uma sequência totalmente dispensável, uma aposta fracassada de Sandra Bullock.
''Que ninguém negue que o primeiro Miss Simpatia era delicioso. Tinha suas falhas – sub-trama policial fraca, trilha sonora primária – mas fazia rir aos montes, ajudado pela atriz que melhor atualmente sabe fazer o estilo de comédia física, Sandra Bullock, que vinha de uma série de fracassos comerciais e que, com o sucesso do filme (faturou mais de 200 milhões de dólares), reafirmou seu status de estrela de primeira grandeza de Hollywood. Ficamos todos esperando por uma continuação, o que seria o óbvio neste mundo de remake e continuações do cinemão americano. Curiosamente, quem mais relutou em seguir a história de Gracie Hart, a agente durona do FBI que no filme original virava uma miss, foi Sandra Bullock. Ela, que chegou ao fundo de sua carreira ao estrelar Velocidade Máxima 2, e não queria se envolver em mais um projeto-seqüência. Mas como dinheiro consegue tudo (ou poder, já que Ms. Bullock conseguiu que sua produtora realizasse o projeto), cá estamos nós com a continuação. A equipe do novo filme foi bastante modificada. A começar pela direção: saiu o especialista Donald Petrie (“Como Perder um Homem em 10 Dias”, “Meu Marciano Favorito”), entra o fraco John Pasquin, cujo último trabalho tinha sido o péssimo Joe Sujo e que só foi escolhido para o cargo por ter trabalhado na série de televisão The George Lopez Show, do qual Sandra Bullock é produtora. Do elenco, as faltas mais sentidas foram as de Michael Caine (que preferiu trabalhar em Batman Begins, totalmente justificável) e Benjamin Bratt, o par romântico de Gracie Hart no filme anterior. Bratt não voltou até porque a proposta, de acordo com seus realizadores, não era fazer mais uma comédia romântica, e sim algo totalmente diferente dos padrões. Foi uma bela aposta, mas que, infelizmente, não funcionou, já que o filme parece um pouco perdido, sem qualquer tipo de apelo que tanto funcionava no anterior. A culpa, com certeza, é do roteirista Marc Lawrence, escritor do primeiro filme, mas que só vem pisando na bola – foi ele quem roteirizou/dirigiu o chato Amor à Segunda Vista. Lawrence até que consegue bons momentos, mas seu roteiro é preguiçoso e cheio de clichês já por demais explorados no cinema. Ele, por exemplo, alterou aquilo que era de mais sagrado no filme anterior: a personalidade simpática e de bom coração de Gracie Hart, que aqui se torna uma perua chata e insossa. Essa mudança de comportamento da heroína é justificada por conta que Gracie Hart se tornou muito famosa após os eventos do filme anterior e, por isso, seria uma ameaça às novas missões secretas do FBI. Entre virar uma funcionária burocrática do bureau ou vir a se tornar garota propaganda do segundo, ela não tem dúvidas e acaba encarnando o rosto do FBI. Escreve um livro, passa a dar entrevistas em programas de televisão, até que volta à ação quando sua amiga Cheryl Fraser (Heather Burns), a Miss Estados Unidos, acaba sendo raptada junto a Stan Fields (William Shatner), o ex-apresentador do concurso de miss. Só que Gracie Hart dessa vez será ajudada (ou não) na investigação por sua atual guarda-costas, Sam Fuller (Regina King), uma agente esquentadinha que não leva desaforo para casa. Sandra Bullock não consegue levar sua personagem ao mesmo nível do anterior mesmo com a ajuda de vários artifícios: maquiagem de envelhecimento (como em Vovó... Zona), uso de roupas de corista e modelitos que fariam inveja à socialites brasileiras – sempre amparada por um consultor de moda, a cargo do ator Diedrich Bader, que não foge do estereótipo do homossexual afetado e que chega a usar um traje constrangedor. Quem brilha mesmo é Regina King, fazendo um contraponto interessante, masculinizado e bem composto. King, que deu um show de interpretação em Ray, tem se mostrado uma das atrizes mais versáteis da atualidade. Há de se ressaltar a péssima fotografia de Peter Menzies Jr. (Lara Croft: Tomb Raider), com ângulos ruins e fotografia escura demais. Enfim, é um filme que acabou fracassando nas bilheterias (fez 46 milhões de dólares no mercado doméstico norte-americano) e que não deixa muitas lembranças após a subida dos créditos." (Andy Malafaya)
Top 100#80 Cineplayers (Bottom Editores)
Castle Rock Entertainment Village Roadshow Pictures Fortis Films
Diretor: John Pasquin
51.586 users/ 622 faceSoundtrack Rock
Ike & Tina Turner / Natasha Bedingfield / Spiderbait / Thelma Houston / Ohio Players
34 Metzcritic
Date 01/09/2016 Poster - # - DirectorKen RussellStarsAlan BatesOliver ReedGlenda JacksonTwo best friends fall in love with a pair of women, but the relationships soon go in very different directions.[Mov 04 IMDB 7,6/10] {Video/@@@}
MULHERES APAIXONADAS
(Women in Love, 1969)
TAG KEN RUSSELL
{cansativo}Sinopse
''A batalha dos sexos acontece no início dos anos 20: Gerald Crich e Rupert Berkin são grandes amigos e se apaixonam pelas irmãs Ursula e Gudrun Brangwen. Cada um tem sua maneira e sua personalidade refletida no amor, com diferentes destinos e surpreendentes descobertas. Vencedor do Oscar de Melhor Atriz para Glenda Jackson.''
"O romance original é chato (D.H. Lawrence tem obras mais envolventes), mas Russell pegou só o essencial e criou um romance febril em torno de obsessões amorosas e guerra dos sexos. A cena de luta livre é clássica." (Vlademir Lazo)
"Não é exatamente sobre a homo, a hetero, ou a bissexualidade, mas sobre uma busca por uma conexão que vá além das barreiras biológicas, a procura pela satisfação plena, completa. A luta homoerótica é um dos momentos mais corajosos do cinema." (Heitor Romero)
{A vida é como um ringue de patinação, tem muita gente que cai} (ESKS)
{Deteste o próximo como você detesta a si mesmo} (ESKS)
"Mulheres Apaixonadas", terceiro e melhor longa para cinema de Ken Russel, diretor oriundo da TV inglesa, é de 1969, um ano antes de ele iniciar uma série de filmes exagerados e irregulares sobre músicos, entre eles Tchaikovski (Delírios de amor) e Liszt (Lisztomania). Baseado em romance de D.H. Lawrence, narra a história de dois grandes amigos (Oliver Reed e Alan Bates), que se envolvem com duas irmãs (Glenda Jackson e Jennie Linden) durante os anos 1920. Mais precisamente, o filme fala das possibilidades do amor. Há sinais de afetação que contaminaria a maior parte dos filmes posteriores do cineasta. Mas aqui ainda respira-se certo frescor do cinema da época. Assim como o contemporâneo Richard Lester (que também começou na TV e era famoso à época por Petúlia e dois filmes com os Beatles), Russel se filiava então ao free cinema, o movimento de diretores como Lindsay Anderson e Karel Reisz que modernizou o cinema inglês, outrora pesado e excessivamente literário. (Sergio Alpendre) "O romance original é chato (D.H. Lawrence tem obras mais envolventes), mas Russell pegou só o essencial e criou um romance febril em torno de obsessões amorosas e guerra dos sexos. A cena de luta livre é clássica." (Vlademir Lazo)
''O diretor inglês Ken Russell), morto em 27 de novembro, teve com Mulheres Apaixonadas o seu primeiro “sucesso de escândalo”, como os franceses se referem a obras explosivas pelo lado polêmico. Revendo-se o filme, lançado agora em DVD, podem-se compreender os motivos. Tanto quanto uma adaptação deva ser fiel ao seu original literário, Mulheres Apaixonadas o é – pelo menos em relação ao espírito desta que é uma das obras mais conhecidas de D.H. Lawrence. Para compreendê-la, precisamos nos lembrar do quanto era puritana e falsamente moralista a Inglaterra do tempo de Lawrence. Questões da sexualidade eram empurradas para baixo do tapete e, quem se atrevia a trazê-las de volta à sala de visitas, como era o caso de Lawrence, via-se logo execrado pela moral média. Ele falava dessas coisas que não se dizem nos bons salões. No limite, se pensam, mas em nome do bom gosto, devem ser caladas. Lawrence punha tudo a nu – com a devida licença da expressão. Russell, em plena explosão dos costumes do final dos anos 1960, começo dos 1970, retoma o texto e sua têmpera explosiva. Não traz a história para a o seu tempo contemporâneo, mas a deixa lá atrás, nos anos 1920. Faz um filme de época para contar a história de duas irmãs que se relacionam com dois amigos íntimos. O cinema de Russell, já se sabe, é super saturado. De cores e de interpretações intensas, beirando o exagero; às vezes o grotesco. Não chega aqui ao paroxismo de Os Demônios, baseado em Aldous Huxley, mas passa perto. Mulheres Apaixonadas é intensamente erótico, paradoxal, assertivo. Por baixo da chamada fleuma britânica – um clichê antropológico como outro qualquer – encontra uma sociedade em brasas. Pegando fogo. Literalmente. Glenda Jackson interpreta Gudrun, essa escultora fogosa. Sua irmã é Ursula (Jennie Linden), uma professora bastante mais convencional, ma non troppo. As duas se relacionam com dois amigos íntimos, Gerald (Oliver Reed) e Rupert (Alan Bates). Há, em especial por parte de Gerald, um desajuste em relação ao amor e ao desejo. Por vezes parece apaixonado por Gudrun; noutras, não pode amá-la. Mas também não suporta vê-la com um rival. O bicho homem é um paradoxo. Gerald encarna essa contradição. Do ponto de vista feminino, Gudrun é essa mesma ambivalência, simétrica, que vai da vontade de estabilidade à sua negação, o desejo da aventura. Essas tensões tornam o relacionamento explosivo. Mas, claro, não são tanto as ideias em debate que fizeram a fama deste filme, mas algumas cenas francamente ousadas para a época, embora hoje, com a banalização da sexualidade audiovisual, não pareçam tão excepcionais assim. Mas, pela intensidade com que são vividas, em especial por Glenda Jackson e Oliver Reed, o ator-fetiche de Russell, ainda nos impressionam. O filme ficou famoso também por uma longa sequência de luta entre os dois homens, completamente nus. Cenas de um realismo extremo, uma violência que confina com a ternura, em demonstração de amizade viril paradoxalmente marcada por uma pegada homoerótica. Se deu o que falar em 1969, essa sequência atravessa o tempo e se revela muito forte ainda hoje. Não envelheceu. Como, de maneira geral, não parece de maneira nenhuma antiquada essa versão bastante calorosa do clássico de D.H. Lawrence. Talvez seja um dos pontos sólidos da carreira de Ken Russell, um contestador que teve seus altos e baixos, mas nunca deixou sua lâmina sem o gume afiado. Esteticamente, o filme não parece datado. E suas ideias continuam valendo. Ambientado na Inglaterra conservadora da década de 20 do século passado, ainda têm o que dizer para os pseudoliberais do início do século 21." (Luiz Fernando Zanin Oricchio)
43*1970 Oscar / 28*1970 Globo
Brandywine Productions
Diretor: Ken Russell
5.277 users / 557 face
Date 01/12/2016 Poster - ## - DirectorLiv UllmannStarsColin FarrellJessica ChastainSamantha MortonOver the course of a midsummer night in Fermanagh in 1890, an unsettled daughter of the Anglo-Irish aristocracy encourages her father's valet to seduce her.[Mov 06 IMDB 5,6/10] {Video/@@@} M/56
MISS JULIE
(Miss Julie, 2014)
TAG LIV ULLMANN
{intenso}Sinopse
''Verão de 1890. Ao longo de uma marcante noite no Condado de Fermanagh, uma instável filha da aristocracia anglo-irlandesa (Jessica Chastain) incentiva um empregado (Colin Farrell) de seu pai a seduzi-la. Escrito e dirigido pela lendária atriz Liv Ullmann. Baseado na clássica peça homônima, de August Strindberg.''
''Quando August Strindberg escreveu uma de suas peça mais famosas, "Senhorita Julia", de 1888, ele queria retratar a forte hierarquia de classe e gênero presente na sociedade da época, na qual a relação entre criados, patrões, homens e mulheres não poderiam coexistir sem levar em consideração a disparidade de poder. Na adaptação de Liv Ullmann, a musa de Bergman, Jessica Chastain, e Colin Farrell conseguem intensificar a tensão desse contexto aristocrático com um confronto de atuações de alto nível. A trama de Miss Julie se passa em 1880, durante o solstício de verão – dia mais longo do ano – na rica propriedade de um barão irlandês. A data é marcada por festejos regados a bebida e dança. É também o dia no qual as fronteiras sociais são ultrapassadas e ricos e pobres, patrões e empregados, se misturam sem preconceitos. É nesse cenário que se inicia um perigoso jogo de sedução entre a filha do barão, Julie, e seu criado, John. Tudo é assistido passivamente pela cozinheira da casa e noiva de John, Kathryn. Ullmann consegue retratar bem o panorama em que os personagens se encontram. A relação entre um subordinado e seu "superior" era considerada um escândalo, ao mesmo tempo em que mulheres, principalmente as da alta sociedade, eram estritamente proibidas de se envolverem com homens que não fossem seus maridos. Na trágica história, a aproximação entre eles levará os dois lados à ruína. Apenas três atores permanecem em cena, Chastain, Farrell e a britânica Samantha Morton. A atmosfera teatral é muito evidente e há poucas cenas externas no filme. É assim que a cineasta consegue criar um clima claustrofóbico perfeito ao concentrar os acontecimentos na residência da família. É como se os personagens estivessem trancafiados dentro de suas próprias inquietações e fadados a se sufocarem nos próprios segredos. A parte mais enérgica do drama, cuja primeira parte é centrada em insinuações entre Julie e o funcionário de seu pai, ocorre com a descoberta do caso amoroso dos dois pela cozinheira Kathryn. Em meio ao caos, Chastain e Morton crescem na trama e entregam ao público uma atuação bastante sólida e competente. Infelizmente, a história parece enveredar por outros rumos, mas logo retorna ao drama fácil e assim permanece até sua conclusão. Naquele momento em que pensamos, e torcemos, que as duas mulheres terão um despertar revolucionário, somos confrontados com a realidade da época e seus fins sexistas. A narrativa de ''Miss Julie'' leva certo tempo para cativar o espectador. Alguns dos monólogos são longos e, aliados a falta de movimento, se tornam cansativos. Ullmann acerta em combinar o elenco renomado e popular com o texto tradicional do teatro - a trama é bastante fiel à obra original - mas peca ao transpor seus elementos às telonas. Diferente dos palcos, o público de cinema necessita de estímulos visuais diferenciados e a câmera estática e pouca variedade de cenários pouco contribuiram para o resultado final." ( Iara Vasconcelos)
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''Miss Julie", adaptação de Senhorita Julia, clássica peça teatral de Strindberg, divide-se em três momentos bem distintos. No primeiro, a ênfase fica com a oposição entre a nobre Julia e o criado John, na Irlanda do final do século 19 - a peça é deslocada para a Irlanda aparentemente por questões de produção. Na ausência do pai de Julie, o castelão, a moça empenha-se em fazer com que John rompa os códigos de convivência entre a aristocracia e a criadagem. É um pouco mais do que isso: trata-se de provocar John, levá-lo à exasperação. John responde instaurando o que se pode, não inapropriadamente, chamar de luta de classes: o oprimido suporta por algum tempo a opressão, depois rebela-se. Essa revolta o leva até onde Julie pretendia: à cama. No segundo movimento (ou ato), algo se transforma: passa-se à predominância dos aspectos psicológicos da questão. Rompida a barreira da intimidade, a classe social (e as obrigações decorrentes) passa a segundo plano: a ação dedica-se sobretudo à análise psicológica dos personagens. O desfecho, trágico, marca uma espécie de encontro entre essas duas instâncias, tratando dos gestos individuais que rompem as convenções do relacionamento de classes e suas decorrências. À parte o estranho fato de o filme não receber no Brasil o nome já consagrado da peça que adapta, é quase obrigatório acentuar o caráter de discípula de Ingmar Bergman que Liv Ullmann conserva como diretora. Atriz de Bergman em uma pancada de filmes (contei dez em sua filmografia), sua última direção, Infiel, partia de um texto de Bergman. Desta vez ela própria adapta uma peça de Strindberg. É certo que Strindberg é um autor fundamental na formação de Bergman, mas também é fundamental para o teatro sueco. E Ullmann nos coloca diante de um inferno mais suave que o de Bergman, não pelo texto que encena, mas pela forma como o encena. Se Bergman sempre colocou o rosto humano no centro de suas preocupações, Liv não se afasta do procedimento de seu mestre. A audácia e a radicalidade de Bergman, porém, são substituídas na maior parte do tempo em Liv por uma estética convencional do campo/contracampo, desviando-se do belo prólogo (as imagens da jovem Julie no castelo e no campo adjacente). Como Bergman, ainda, Liv Ullmann dá mais atenção à interpretação feminina, de tal modo que Jessica Chastain, como Julie, destaca-se de maneira acentuada em relação a Colin Farrell, aqui numa interpretação bastante monocórdia de John.'' (* Inácio Araujo *)
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"Talvez a direção de Liv Ullman seja um tanto fria. Talvez, à inglesa (de onde vem a produção), a noção do espetáculo de prestígio se imponha. Nem por isso "Senhorita Julia" é desprovido de interesse. Mesmo a fragilidade de Colin Farrell como o criado a quem Julie, ou Jessica Chastain, busca seduzir, não chega a tirar o encanto da história de Strindberg. Porque estamos aqui numa guerra de sexos: a mulher seduz para afirmar o seu poder de mulher sobre o criado. Não só: ela também precisa afirmar o seu poder de classe. Ela é mais forte porque pertence a uma classe social mais forte. Luta de classes, portanto. E do outro lado a reação, a resistência, virá menos do homem do que da classe inferior. Dessa batalha resultará o final trágico. Com um pouco menos de bom-tom, o filme chegaria à intensidade da peça." (** Inácio Araujo **)
Se há um motivo para ver este longo teatro filmado é o desempenho magistral de Jessica Chastain.
''Desde 1951 a peça "Miss Julie”, escrita em 1888 pelo sueco August Strindberg, teve nada menos do que 16 adaptações para filmes de longa metragem, incluindo aqueles feitos para a TV. A primeira destas versões, dirigida por Alf Sjöberg, também sueco - e que dirigiu alguns roteiros escritos por Ingmar Bergman - recebeu um Grande Prêmio do Júri em Cannes 51. Muitas atrizes de renome já encarnaram esta que é uma das mais ricas e complexas personagens femininas jamais criadas para os palcos, papel ambicionado especialmente por intérpretes suecas - como as bergmanianas Ingrid Thulin (no teatro, em 1960), Bibi Andersson e Gunnel Lindblon (em filmes para a TV de 1969 e 1965, respectivamente), além de Lena Olin que foi dirigida pelo próprio Bergman no palco em 1991. Entre as estrangeiras, Helen Mirren, Fanny Ardant e Janet McTeer já se entregaram à tarefa de viver a moça que faz um histérico jogo de gato-e-rato com o criado Jean em uma noite de solstício de verão sueco. Até onde foi possível pesquisarmos nenhuma das outra 15 versões filmadas chegou aos 129 minutos de duração deste filme dirigido por Liv Ullmann, sendo que a "clássica" de Sjöberg contou apenas 90 minutos. Também excelente atriz, Liv Ullmann pode ter ficado encantada com o elenco anglófono afiadíssimo que dirigiu e no qual há o destaque inevitável da interpretação avassaladora de Jessica Chastain. Embora Samantha Morton também esteja nada menos do que perfeita como a cozinheira, um papel nitidamente menor, mas não menos importante para o enredo que enlaça Julie e Jean. Este surge em também ótima composição de Colin Farrell. Mas apesar do elenco brilhante, a segunda parte do drama se alonga excessivamente na opção de Ullmann por um ritmo lentificado que só se sustenta pela admiração magnética que Jesica Chastain provoca. Mesmo assim, o embate dos personagens em ritmo de Andante quase Adagio exacerba a teatralidade em detrimento do Cinema. A opção pode ter sido corajosa em si mesma, mas é aí que, em tais situações, faz falta a genialidade de um Bergman que filmou uma peça que transcorre no ambiente fechado de uma cabine de projeção durante duas horas inteiras no pouco conhecido Os Criadores de Imagens, seu penúltimo filme (para a TV) com a mesma Anita Björk - que foi a Julie inaugural em longa metragem, obviamente envelhecida mas colaborando para fazer de tal experiência mais uma obra-prima do Cinema, a despeito da teatralidade explícita. O principal motivo para ver e até mesmo rever este filme de Ullmann será mesmo o desempenho magistral de Jessica Chastain. A atriz já esteve refinadíssima como a (também histérica) Salomé de Oscar Wilde filmada por Al Pacino (inédito em nossos cinemas) no qual também é impressionante sua intensidade dramática neste outro caso de "teatro filmado" (ainda mais radical), muito mais impactante do que qualquer ótima interpretação que ela já tenha nos dado em filmes de origem menos teatral. E em Miss Julie, cujo texto é melhor do que o de Salomé, Jessica está ainda melhor: bigger than life."( Luiz Fernando Gallego)
Maipo Film Apocalypse Films Company, The Senorita Films Subotica Entertainment
Diretor: Liv Ullmann
3.127 users / 1.723 face
18 Metacritic 4.052 Up 478
Date 04/12/2016 Poster - ####### - DirectorJon FavreauStarsNeel SethiBill MurrayBen KingsleyAfter a threat from the tiger Shere Khan forces him to flee the jungle, a man-cub named Mowgli embarks on a journey of self discovery with the help of panther Bagheera and free-spirited bear Baloo.[Mov 07 IMDB 7,5/10] {Video/@@@@} M/77
MOGLI: O MENINo LOBO
(The Jungle Book, 2016)
TAG JON FAVREAU
{simpático}Sinopse ''Baseado no livro publicado em 1894 por Rudyard Kipling, possui uma série de contos ambientados no mundo animal, incluindo o clássico conto do menino indiano chamado Mogli, que é criado por uma família de lobos.''
"O fato de ser uma refilmagem para uma animação já limitada por si só; a falta de personalidade dos animais digitais da Disney; e o arco da história tedioso fazem de Mogli um caça-níqueis abusivo e descarado. E muitos ainda virão, vide o sucesso deste." (Alexandre Koball)
"Favreau cria uma aventura com todos os elementos clássicos de um filme da Disney - para o bem ou para o mal -, envolvendo-os em uma embalagem digital nada menos que espetacular. Um filme família típico, que entretém, mas é pouco memorável." (Silvio Pilau)
"O detalhismo na exuberância visual é o que há de melhor nesta releitura narrativamente problemática (toda a sequência com o rei Louie) do clássico da Disney, dependente em excesso da obra original. Filme divertido, mas que será esquecido muito em breve." Rafael W. Oliveira)
Novo fruto da era do revisionismo e da revisitação.
''Da última década para cá, uma profusão de terrenos já conhecidos foram revirados em novas apostas de revitalização de público. Para lucrar mais em cima de carros-chefe já eternizados e que garantiam sua sobrevida nos lançamentos em mídia ou serviços de streaming, uma saída encontrada foi recauchutar, para as preferências estéticas e dramáticas dos novos tempos, com as clássicas animações adaptadas de contos de fadas e de obras de autores famosos transformadas em fantasias live-action (interpretada por atores e com cenários constrídos) e com um tom menos infantil e quase juvenil. Nesse interim Tim Burton filmou Alice no País das Maravilhas, Julia Roberts atuou Espelho, Espelho Meu, tivemos Malévola, Branca de Neve e O Caçado, Kenneth Brannagh dirigindo Cinderela, Oz: Mágico e Poderoso... E a lista de mitos recontados só cresce, como é o caso do vindouro Alice Através de Um Espelho e esse ''Mogli: O Menino Lobo'', aposta da Disney no filão, dirigido por Jon Favreau. O ator e diretor fez história no cinema blockbuster ao dirigir os grandes hits Homem de Ferro e Homem de Ferro 2, muito provavelmente dois dos filmes que detonaram de vez a produção à toque de caixa dos filmes de super-herói. Com cenários e animais computadorizados, produzidos pelo mesmo estúdio responsável por A Vida de Pi e tendo como único ator em tela o ator mirim Neel Sethi, dando vida ao clássico personagem criado pelo britianico Rudyard Kipling na compilação de histórias O Livro da Selva em 1894. A história do garoto criado por uma alcateia que tenta chegar até a cidade dos homens ajudado pela séria pantera negra Baguera e pelo simpático e bon vivant urso Balu a fugir de perigos como o tigre Share Khan e a serpente Kaa é atualizado para novos tempos e novas faixas etárias: há um esforço de Favreau em criar um mundo à parte, uma selva opulenta e exagerada, com jogos de luz e sombra criados o tempo todo, onde o ritmo de ação, travellings e montagem de ritmo estilizado distanciam do filme basicamente de fantasia e comédia de décadas atrás, com o contexto e a narrativa também sendo atualizados para abordagens mais complexas e menos maniqueistas. Agora, Share Khan desponta como um antagonista não apenas pessoal mas também político de Mogli, querendo convencer todos os animais durante a chamada Trégua da Água, uma seca no rio que atravessa a floresta que faz com que todos os animais entrem em um acordo de paz temporário onde lutas e caça são proibidas. O tigre, deformado após uma luta contra um humano, tem raiva de toda a espécie e deseja a morte de Mogli, antes disso transformando-o em um “perigo” para o equilíbrio da sociedade animal. Favreau é consistente na direção, mas também não inventa e nem ousa muito. Seu material, apesar de exuberante, não exatamente sobressai: é vítima de facilidades narrativas como a narração em off apenas pontual, sequências de duração considerável que acrescentam mais tempo do que efeitos dramáticos à trama - toda a sequência do Rei Lou, por exemplo). Apesar dos tempos mortos, ele é sábio para retomar seu filme das exigências contratuais e imprimir suas preferências de construção de atmosfera, já visível desde o início - com o filme começando com uma perseguição - ou na atmosfera suja e sombria na aparição da serpente Kaa, que aparece pouco mas, com voz de Scarlett Johansson, rouba a cena. Curioso ver como tal queda de braço funciona. Mogli tenta vestir uma roupa que não é muito sua e que por muitas vezes é desconfortável. A abordagem mais heróica e realista e menos lúdica cria um filme que precisa ter os momentos de graça e ternura encaixados de maneira breve, não muito desenvolvida, enquanto o tom sério fundamentado no suspensa e na ação física, se intensifica cada vez mais, com Favreau enquadrando Mogli - que logo adquire um papel de protagonismo ativo por sua habilidade de criar ferramentas e soluções para problemas oferecidos - os animais e suas batalhas como fazia com o engenhoso Tony Stark em Homem de Ferro. Cada ângulo valoriza fluidez, admiração pelo estilo de composição (closes, planos em contraluz, manipulação digital do equilíbrio de cores e os efeitos construídos para as transições entre tempo presente e flashback) e o impacto sonoro e/ou visual. Se antes a luta do desenho era só por uma aceitação interior, agora ela ganha contornos com chavões ambientais, com Mogli sendo uma síntese tanto da figura que pode ser destrutiva quanto benéfica - como uma criança, como um indivíudo ainda desenvolvimento e ainda criativo, um verdadeiro mar de possibilidades. Mas não vai muito além, é verdade, de ser uma recauchutação mais agitada, com uma câmera mais trêmula e mais livre pelo espaço cênico, protagonizado por um ator pouco expressivo que parece mais ter sido escolhido pela semelhança, mas ainda é estritamente fiel não só a história de Kipling mas também à animação precedente: mesma paleta de cores, mesma direção de arte, mesmas músicas compostas para a animação de 1967. Dessa maneira, Favreau vai além de não negar a influência: sua obra é praticamente dependente da obra anterior, fazendo muito pouco além de tirar do desenho e passar para a vida real sob as novas exigências de hoje, tornando o último filme produzido sob a tutela de Walt Disney quase um pré-requisito para se julgar o filme desse ano. Existindo por causa da animação, tomando a animação como ponto de partida e régua, o filme choca a profusão de narrativas visuais criativas e excesso de música cantada afins de ilustração com o suspenso com algo de thriller, com seu horizonte de expectativas sendo de certa forma massificante: o vilão Share Khan é completamente ameaçador; Baghera é praticamente um policial; a alcateia está sempre tensa e a um passo de começar a confusão; o originalmente cômico Rei Lou é recriado como uma figura monstruosa e grotesca, criando mais subterfúgios de suspense. Apenas Balu segue uma chave cômica que garante a simpatia infantil pela figura bonachona, amante da comida, do bucolismo e do canto. Mas a sensação de filme perdido entre infância e juventude, entre fascinação colorida e aceleração hormonal, permanece por longa parte atrapalhando muitas vezes o desenvolvimento dramático do filme, no meio do caminho entre leveza e peso. Para o bem e para o mal, este é o Mogli dos novos tempos: com aquela velha aura, mas com as necessárias aparências atuais vindo como um elemento estranho, que tenta se adaptar e, quando consegue, funciona como ação filmada motivada pelo ambiente e contexto sempre original do conto inglês e quando não, soa derivativo de muito do que é praticado hoje em dia. Consciente, mas ainda não tão refinado. No final das contas, na disputa de adaptar o clássico em live-action entre o Mogli da Disney e Favreau e o Jungle Book de Andy Serkis e a Warner Bros., esse conseguiu sair antes, empurrando o outro para 2018, mas com um preço essencial: a identidade indistinguível da obra literária e da animação para que tanto deve. Fica a dúvida, que de tão apagado e pouco ousado, se este Mogli será lembrado no futuro. Prever é impossível, mas a julgar pelo sentimento geral de derivação, pode-se dizer que é pouco provável. O que não é, propriamente, caso raro: o que não falta são versões esquecíveis de verdadeiros gigantes da cultura popular. Uma inevitável armadilha, um fardo sempre muito grande para carregar. Sair do zero, inventar concepções totalmente novas, ainda é muito radical. Mas esse tipo de produto (live-action, computação gráfica, ícones pop) vende cada vez mais; a tendência para a consolidação é o refinamento. E o Mogli 2016 já esboça um caminho a amadurecer e pavimentar." (Bernardo D.I. Brum)
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"A integração visual que "Mogli - O Menino Lobo" proporciona entre seus personagens bichos para lá de realistas e o único ator na tela, o garoto Neel Sethi, 12, decretou um novo patamar no cinema de animação. Não se trata então de assistir ao filme simplesmente por ser tão mágico e encantador, como poucos. É uma produção para ser vista e revista, no melhor equipamento possível de vídeo caseiro, por todos que tenham interesse na evolução do cinema. A Disney fez mais um capitulo obrigatório dessa história." (Thales de Menezes)
''Quem foi criança antes do fenômeno Rei Leão vai entender: não tem nenhum filme – desenho, no caso, mas longa-metragem – com bichos mais importante que "Mogli", a versão lançada pela Disney em 1967 e exibida em cinemas muitas vezes entre as décadas de 1960, 70 e 80. Um distante segundo lugar seria 101 Dálmatas, do mesmo estúdio. "Mogli" é totalmente selva; já Dálmatas, 100% urbano, sofisticado. Em "Mogli" os adultos são os bichos, o humano é a criança indefesa. Em Dálmatas, o contrário, os adultos humanos, entre malvados e bonzinhos, querem ou proteger ou vestir a pele dos filhotes. Na natureza, cenário de "Mogli", os sentimentos são bem mais crus. Entre malvados e bonzinhos, os bichos adultos querem proteger ou sequestrar e exterminar o menino, seja por vingança, seja por proteção ou apenas nutrição. Em Dálmatas, a vilã é a vaidade. Ambos viraram filmes com gente de carne e osso, 101 Dálmatas em 1996, "Mogli" agora. O primeiro acabou transformado em uma aventura para crianças, daquelas que aborrecem os adultos obrigados a acompanhar seus filhos no cinema. "Mogli", suspeito, fará o movimento oposto. E, graças aos óculos escuros obrigatórios para a versão 3D – primorosa, aliás –, muito marmanjo vai poder chorar na frente dos filhos sem ser desmascarado. Se era plano do diretor Jon Favreau, deu certo: o novo "Mogli" produz a mesma sensação de espanto que Avatar. É o tipo de filme grande e sem cerimônia, que aumenta o volume do uau da plateia. E mesmo para quem viu o original quando criança e sabe de cor as letras das músicas cantadas pelos bichos em português vale ver a versão legendada. Com atores como Ben Kingsley, Bill Murray, Scarlett Johansson e Christopher Walken nas vozes dos animais, o trabalho de fazer os lábios dos bichos gerados digitalmente se movimentarem exatamente como fariam se formassem aquelas sílabas deixa tudo mais verossímil. Sim, verossímil. Durante uma hora e 45 minutos, dá para acreditar completamente que aqueles bichos falam e pensam daquela maneira. Por isso uma única ressalva: por que não fazê-los cantar também? As únicas duas músicas que estão no longa são a do urso Balu e a do rei Louie. São as mais famosas, as melhores, mas fazem falta a marcha dos elefantes, o coral dos urubus e a balada exoticona da cobra Kaa (esta ganhou uma linda versão na voz de Scarlett que toca nos créditos finais –não vá embora correndo assim que o filme acabar). Por fim, o garoto. Neel Sethi, nova-iorquino de origem indiana escolhido para ser o único de carne e osso nessa aventura cinematográfica, é uma revelação. Um bom ator, que não deixa a peteca cair, não faz gracinha para a câmera e nem parece atuar. É um menino-lobo, à vontade entre os seus, os outros bichos da selva, e com o lugar e as condições em que passou quase toda a vida. Mogli é uma experiência mágica: o longa-metragem animado preferido da infância virar um filme para adulto nenhum botar defeito não é uma coisa qualquer." (Tete Ribeiro)
89*2017 Oscar
Fairview Entertainment Moving Picture Company (MPC) Walt Disney Pictures
Diretor: Jon Favreau
185.947 users / 74.554 face
49 Metacritic 117 Up 5
Date 28/12/2016 Poster - ### - DirectorNoah BaumbachStarsGreta GerwigLola KirkeShana DowdeswellA lonely college freshman's life is turned upside-down by her impetuous, adventurous stepsister-to-be.[Mov 08 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@@} M/75
MISTRESS AMERICA
(Mistress America, 2015)
TAG NOAH BAUMBACC
{inteligente}Sinopse ''Tracy, uma solitária caloura de faculdade em Nova York, é resgatada de sua solidão por sua futura meio-irmã Brooke, uma garota aventureira da cidade que a envolve em esquemas envolventes e loucos. Mistress America é uma comédia sobre buscas por sonhos, acertos de contas, famílias temporárias e roubos de gatos.''
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''Nem sempre a distinção entre o leve e o inconsistente se dá a ver como evidência imediata. Uma das vantagens de "Mistress America" é nos trazer essa questão. Por um lado, Noah Baumbach nos apresenta Tracy (Lola Lyrke) e Brooke (Greta Gerwig). A primeira, uma estudante e candidata a escritora. A segunda, um pouco mais velha, uma garota que já deu cabeçadas em mais ou menos todos os setores e agora sonha em abrir um restaurante. O que as une: a mãe de Tracy está de casamento marcado com o pai de Brooke. O fato de a primeira ser novata e solitária em Nova York ajuda na aproximação. Ela passa a ser, assim, um tipo de aprendiz da cidade, acom- panhante das aventuras de Brooke e uma espécie de vampira, pronta a se apropriar da futura irmã para produzir suas histórias. Estamos, até aqui, num cenário típico do cinema independente americano: figuras fora do espectro habitual; luta por encontros e realizações pessoais; decisões que revelam a fragilidade ou o infantilismo das personagens etc. Isso ajuda o filme a sair do lugar-comum. A leveza triunfa, e é aparentemente esse o desafio que se impôs Baumbach. Se a primeira abordagem das personagens é firme, o que se segue é errático. Daí por diante, personagens entrarão em cena apenas para cumprir uma função (ter ciúmes, por exemplo), não para existir; outros servem para dar carona e alimentar alguma esperança romântica. Um momento interessante é aquele em que se revelam relações interpessoais caóticas, nas quais a solidez aparente das existências se desmonta. Com efeito, o cinema independente tem o mérito de trazer à luz personagens diferentes da Hollywood tradicional: eles não precisam ser vencedores ou perdedores. Simplesmente são. Isso os aproxima dos seres humanos de fora das telas. A excessiva preocupação em se mostrar leve, no entanto, conduz à fragilidade: sequências irregulares, em que o acúmulo de acontecimentos, criados para tornar a história interessante, a transforma num apanhado de curiosidades sobre a existência de duas jovens normais: Brooke e Tracy são personagens esquecíveis de um filme idem.'' (* Inácio Araujo *)
''Se em Frances Ha Greta Gerwig vivia aquela típica garota tão indecisa quanto adorável, em Mistress America, o novo filme de Noah Baumbach, que tem o brasileiro Rodrigo Teixeira (RT Features) como um dos produtores, somos apresentadas à uma espécie de irmã gêmea muito menos simpática daquele personagem, a arrogante e quase insuportável Brooke. É a partir do encontro dela com a adolescente Tracy (Lola Kirke) que o roteiro se desenvolve. As duas estão prestes a se tornarem meia-irmãs, já que seus pais planejam um casamento para breve. Como é de se esperar de uma comédia, as duas têm temperamento oposto: enquanto a mais nova é tímida e tem um objetivo claro na vida (tornar-se escritora), Brooke é daquelas figuras extrovertidas e capazes de inventar um novo desejo a cada minuto, ainda que não dê sequência à maioria destes. Quando conversam, em diálogos entoados sempre em alta velocidade, Brooke está naturalmente voltada ao próprio umbigo, aparentemente alheia aos problemas de Tracy. Isto, porém, não impede que a caçula postiça fique fascinada por aquele estilo de vida, pelo menos à primeira vista.Como já havia feito em Enquanto Somos Jovens, Baumbach, que tem 46 anos, aproveita a oportunidade para, além de celebrar, alfinetar a geração de nova-iorquinos que veio logo depois dele e hoje está na casa dos trinta e poucos. No caso do filme anterior, era o documentarista com um pé na vanguarda e outro no vintage interpretado por Adam Driver. Agora, a jovem pretensamente empreendedora retratada por Greta, à procura da próxima frase que vai bombar no twitter. Ambas parecem pessoas certamente apaixonantes no início, mas que, quando colocadas sob observação, não demoram a revelar traços menos lisonjeiros, muitos deles diretamente ligados à falta de maturidade exigida pela vida adulta. Frances Ha já tinha um pouco disso, mas tanto Enquanto Somos Jovens como Mistress America usam um elemento que o primeiro filme desta sequência não tinha: um antagonista, alguém que não se encaixa no perfil hipster, mas de alguma forma sofre as consequências deste estilo algo inconsequente e acaba tendo que assumir a posição de voz da razão. Foi o papel de Ben Stiller em Enquanto Somos Jovens e é o de Lola Kirke em ''Mistress America''. Mesmo assim, o cineasta costuma não pesar no julgamento de seus personagens centrais. Com bom humor, ele acaba encontrando um desfecho que, em vez de propor uma grande transformação, passa a mão na cabeça destas figuras, como que dizendo: deixa pra lá, eles são assim mesmo e não vão mudar. E vem dando certo. Discípulo assumido de Woody Allen, Noah Baumbach é hoje um dos principais nomes do cinema autoral norte-americano, talvez comparável apenas a Wes Anderson e Paul Thomas Anderson. Certamente é, entre os três, o observador mais realista.'' (Diego Olivares)
Fox Searchlight Pictures RT Features
Diretor: Noah Baumbach
17.6595 users/ 23.381 faceSoundtrack Rock
Orchestral Manoeuvres in the Dark / Hot Chocolate / Toto / Ace of / Base / Paul McCartney / Suicide
42 Metacrit 4.013 Up 160
Date 29/12/2016 Poster - ######## - DirectorPaolo TavianiVittorio TavianiStarsLello ArenaPaola CortellesiCarolina Crescentini10 young friends hide out from a deadly disease in the countryside during the 1300s.[Mov 06 IMDB 5,7/10] {Video/@@@@@}
MARAVILHOSO BOCCACCIO
(Maraviglioso Boccaccio, 2015)
TAG VITORRIO TAVIANI / PAOLO TAVIANI
{poético}Sinopse ''Depois de César Deve Morrer, os irmãos Taviani (Vittorio e Paolo) vão regressar ao cinema com Maraviglioso Boccaccio, uma adaptação de Decameron, a obra-prima de Giovanni Boccaccio. A peste atingiu a cidade e um grupo de jovens decide revoltar-se contra a sensação de morte iminente. Deixam Florença e refugiam-se numa vila abandonada nas colinas. Ali, entre os dilemas morais e as atividades necessárias à sobrevivência, enganam o tempo a contar histórias uns aos outros. O tom das histórias é variado, do trágico ao cómico, ou do bizarro ao erótico.''
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''O "Decameron", conjunto de cem pequenas histórias reunidas por Giovanni Boccaccio no século 14, é uma mola-mestre de boa parte do que chamamos de cinema italiano, por seu espírito farsesco, pela crônica de costumes e por inspirar a mistura certeira de sublime e grotesco. "Maravilhoso Boccaccio", novo filme dos irmãos Paolo, 84, e Vittorio Taviani, 86, retoma esse imaginário que já foi adaptado literalmente por cineastas do porte de Pasolini em Decameron e que também se encontra disseminado na tradição cômica que ajudou a popularizar e globalizar os filmes italianos. Não se trata de releitura, como o surpreendente César Deve Morrer, em que os Taviani filmaram o Júlio César de Shakespeare com presidiários. O novo longa permite-se retomar um material culturalmente admirável para conferir não sua atualidade, mas sua eternidade. O filme segue a estrutura narrativa adotada por Boccaccio. Um grupo de jovens foge da epidemia de peste negra em Florença e se reúne no campo. Ali, constituem uma comunidade, e cada um narra pequenas histórias, contos morais sobre amor e morte. Os Taviani não se limitam a encenar instantes desse encontro ou a transformar os relatos em belas imagens. O interesse deles é expor a aparente contradição entre juventude e morte que aparece na situação dos narradores e na maioria dos relatos escolhidos. A impactante primeira cena mostra um rapaz com chagas pelo corpo, atônito, e sua queda do alto do Duomo de Florença. Uma sucessão de mortos, jovens e crianças, consolida a ideia de vida interrompida que os octogenários Taviani observam com espanto. No lugar da leitura lúbrica de Boccaccio oferecida por Pasolini, os Taviani expandem os questionamentos morais de suas histórias. Um homem que abandona sua mulher doente pode reivindicar algum direito? Até que ponto ceder ao desejo carnal é contraditório com a fé? Matar em nome do amor tem algum sentido além do egoísmo? Cada caso propõe uma espécie comum de dúvida e nenhum se soluciona com uma escolha definitiva. Próximos do fim, os irmãos Taviani lembram que viver é em mais de um sentido errar. E para isso é preciso ter tempo." (Cassio Starling Carlos)
''O mais recente filme dos cineastas Paolo e Vittorio Taviani se passa em Florença, no século XIV, época em que a peste negra afligia a Europa. Fugindo desse cenário de desolação, dez jovens se isolam num castelo, contando histórias para passar o tempo e esquecer um pouco a situação caótica além muros. As cinco tramas que vemos são retiradas do Decamerão, clássica coleção de novelas escritas por Giovanni Boccaccio. Em comum, o amor e certo pendor à desventura, espelhando, assim, as duas forças que se digladiam em torno dos jovens narradores, ávidos por viver as paixões próximas, ao passo que lutam pela sobrevivência contra a ameaça da doença. Ainda que a morte esteja sempre à espreita, Maravilhoso Boccaccio é mais inclinado a reforçar o poder do amor, para isso valendo-se ora do puro e idealizado romance, ora até mesmo da comédia. Embora bastante falado, o longa dos Taviani chama atenção pelo apuro visual. As imagens da Itália interiorana são bonitas, não somente as que vemos nas panorâmicas de campos verdejantes, mas também outras que evidenciam a importância da geografia e das construções. Numa das tramas, o amor desesperado do jovem que vela em silêncio o cortejo fúnebre de sua dulcineia a salva literalmente da morte. O que se segue é um embate ético, mais precisamente de propriedade, algo natural à época remontada, em que a mulher era considerada quase posse de seu marido. Enclausuradas, proibidas de qualquer contato exterior, muitas vezes por vontade da família e não da vocação, as religiosas do segmento ambientado no convento se rebelam contra o celibato, numa narrativa repleta de bom humor. Em outra parte, o amor possessivo de um pai dificulta a relação de sua filha, ainda enlutada pelo passamento recente do marido, com o aprendiz por ela enamorado. Mesmo transbordante, o sentimento encontra barreiras intransponíveis, sucumbindo num desfecho trágico para todos os envolvidos. Já a bela história do homem acompanhado de seu inseparável amigo falcão, que penhora tudo em função de uma mulher, é marcada pela tristeza, mas acaba oferecendo conforto aos personagens que até ali tanto sofreram. Por fim, a brincadeira de dois amigos com um terceiro, a quem contam as mirabolantes (e inventadas) propriedades mágicas de uma pedra negra, rara nas cercanias, que conferiria invisibilidade ao seu portador. Aqui as forças maiores são a irresponsabilidade e o mal-entendido, atributos que quase provocam uma tragédia. Os episódios de ''Maravilhoso Boccaccio'' são aparentemente próximos apenas pela origem e por certas similitudes de tom. Contudo, há ligações subterrâneas e discretas entre os conteúdos. Mesmo fiéis ao ideário de Boccaccio, à exposição do amor espiritual e da moral medieval, os irmãos Taviani apresentam uma interpretação muito particular do Decamerão original, filtrando-o por sua estética visual, exuberante em alguns momentos e mais propensa ao minimalismo em outros. Não há uma preocupação com reconstituições fidedignas de época, pelo contrário. Nesse ponto, o distanciamento do realismo desemboca na teatralidade, registro bem-vindo à transposição da obra de Boccaccio ao cinema, algo que os Taviani fazem sem traí-lo, mas evitando “desaparecer” demasiado diante de sua importância histórica." (Marcelo Müller)
Stemal Entertainment Cinemaundici Barbary Films Rai Cinema Ministero per i Beni e le Attività Culturali (MiBAC) Amer (support) Acetificio Caradini Emilio Indéfilms 2 Fonds Eurimages du Conseil de l'Europe Toscana Film Commission Regione Lazio Regione Toscana CineFinance Italia
Diretor: Vittorio Taviani / Paolo Taviani
535 users / 61 face
Date 15/02/2017 Poster - ######### - DirectorKenneth LonerganStarsCasey AffleckMichelle WilliamsKyle ChandlerA depressed uncle is asked to take care of his teenage nephew after the boy's father dies.[Mov 09 IMDB 7,9/10] {Video/@@@@@} M/96
MANCHESTER A BEIRA-MAR
(Manchester by the Sea, 2016)
TAG KENNETH LONERGAN
{inesquecível}Sinopse ''Lee Chandler é uma espécie de faz-tudo do pequeno complexo de apartamento onde vive, no subúrbio de Boston. Ele passa seus dias tirando neve das portas, consertando vazamentos e fazendo o possível para ignorar a conversa de seus vizinhos. Em suas noites vazias, Lee bebe cerveja no bar local e arruma confusão com qualquer um que lhe lançar um olhar. Quando seu irmão mais velho morre, ele recebe a desagradável surpresa de sua nomeação como tutor de seu sobrinho. De volta à sua cidade natal, ele terá que lidar com memórias queridas e dolorosas.''
"MBTS" poderia muito bem definir o gênero "drama" em si - é sua síntese, todos os principais elementos de sofrimento, perda, angústia, e vida real estão ali, liderados pela atuação cuidadosa de Casey Affleck. Um grande exemplar do gênero." (Alexandre Koball)
"O ruído entre trilha e filme por vezes incomoda, mas é notável como se desprende de alguns artifícios e ganchos dramáticos habituais nesses longas sobre suportar perdas, criando potentes fluxos de cena observacionais a partir de boas caracterizações." (Daniel Dalpizzolo)
"Fica um pouco repetitivo após os flashbacks cumprirem a função, e algumas opções são discutíveis (adágio de Albinoni), mas é um retrato cruel e sem abraços redentores sobre a culpa e a incapacidade de se perdoar. A atuação "pra dentro" de Casey surpreende" (Régis Trigo)
"Mesmo com toda a dor presente no filme, pouco disso é sentido pelo espectador, que acompanha tudo à distância. Mas Lonergan acerta ao evitar caminhos comuns e fáceis de obras semelhantes, construindo bons personagens que deixam o elenco se destacar." (Silvio Pilau)
"Lee é um personagem despedaçado, bem pouco de si sobrou no presente e seu inteiro está quase todo no passado. Manchester é um filme sobre cacos, pedaços que vão ficando pelo caminho e sobre a constatação de se estar apenas sobrevivendo incompleto. Lindo." (Heitor Romero)
"Encontrar a dor no silêncio é um dom, algo que Lonergan faz tão bem com sua abordagem econômica e sutil, apoiado pela reunião de elenco mais intensa dessa temporada de Oscar e outras premiações. Grande filme." (Rafael W. Oliveira)
"Um drama no mais verdadeiro sentido da palavra, sobre tragédias e perdas suscetíveis a qualquer pessoa. Uma narrativa sensível e humanizada. Casey Affleck mostra que pode ser muito mais do que o "irmão do Ben", numa atuação digna de prêmios." (Léo Félix
"Quero saber o que se passou na cabeça do diretor para descentralizar a força da relação dos dois protagonistas e enfiar momentinhos cômicos (tentativas, aliás) e vexatórios na narrativa, além do acompanhamento da musiquinha insuportavelmente ilustrativa." (Felipe Leal)
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''2017, o ano do Oscar limpar a barra com os negros. Se no ano passado o prêmio parecia filme de Mel Gibson, todo all white, neste ano dos nove indicados na categoria de melhor filme em três deles a questão racial está fortemente implicada, sendo que dois são, digamos, all black. Como diziam os antigos: são as voltas que o mundo dá. O principal mérito de "Manchester a Beira-Mar" é o de nos mostrar como se forma um brigão de bar, um desses caras que vivem procurando encrenca porque no fundo são possuídos por uma grande dor que os consome etc. etc. Convenhamos que não é muito, tanto mais que vem acompanhado pela célebre vida das cidadezinhas americanas etc. etc. Casey Afleck tem uma única expressão do começo ao fim. O papel não pede mais, é verdade. Mas o carnaval em torno de sua interpretação parece dar a entender que a categoria de melhor ator está meio capenga este ano.'' (* Inácio Araujo *)
"Enquanto os os de La La Land e os de Moonlight se estapeavam digitalmente pelas redes sociais no último Oscar, uma minoria silenciosa enxugava lágrimas e apontava "Manchester a Beira-Mar" o melhor filme da temporada. Ao rever o longa que ganhou melhor estatueta de melhor roteiro e melhor ator para Casey Affleck, agora já sabendo a intensidade da desgraça que se abete sobre seu personagem, fica claro que é um drama maduro, filme para o público adulto como não se vê facilmente em cartas. Entre a apatia e a perplexidade. o zelador que precisa cuidar do sobrinho sozinho depois da morte do irmão enfrenta os fantasmas de outra tragédia pessoal. Affleck sozinho já vale o filme, mas Lucas Hedges rouba cenas como adolescente õfão." (Thales de Menezes)
{Nos meus filmes, eu me esforço, frequentemente, para ilustrar da maneira mais simples, mais evidente, o tempo percebido, de forma diferente, segundo os meus personagens. O cinema permite isso. O diretor dispõe do poder de revelar a relatividade das situações. Podemos nos concentrar em um detalhe, filmar sob diferentes ângulos e durante mais um tempo um ator do que o outro, apesar de ambos estarem conversando. Mostrar que uma situação filmada é subjetiva me agrada.} (ESKS)
''Um empregado limpa a neve da entrada de um prédio, organiza os entulhos, conserta o vazamento no apartamento de um morador, desentope um banheiro enquanto entreouve a conversa lúbrica da cliente ao telefone. O conjunto de cenas que abre "Manchester à Beira-Mar" forma uma série desconectada, delineia o espaço, as situações, mas dá do personagem uma imagem apagada, um esboço. A estratégia, incomum no cinema americano, faz da introdução do terceiro longa do dramaturgo e cineasta Kenneth Lonergan um instante que demanda atenção. Os fragmentos expostos pelo diretor e roteirista intrigam mais do que provocam simpatia ou repulsa. Quem é Lee? Por que ele adota um comportamento arredio e agressivo? As questões se completam e orientam a trama. Mais do que isso, elas dão sentido à ideia de estudo de personagem, seguem o movimento narrativo do protagonista desde o passado, esclarecem os motivos que estão na origem de seu isolamento. É essa atenção maior ao personagem do que às ações que distingue "Manchester à Beira-Mar" do melodrama banal sobre perdas pessoais, desamor e reconstrução. Mesmo quando parte desta resposta vem do passado, em flashback, ele surpreende pelo modo como desloca as expectativas. Uma cena de teor trágico, por exemplo, em que se revela uma doença letal, é pontuada por reações cômicas que traduzem a emoção de maneira mais complexa. A interação forçada com o sobrinho Patrick a todo momento desloca Lee de seus pontos de ancoragem, criando situações que tornam o filme irônico ao mesmo tempo em que permanece doloroso. A atuação de Casey Affleck, distante do molde do cinema de emoções escancaradas, também é fundamental para o efeito de opacidade. É ela que nos induz mais a observar as reações de Lee, tentar compreendê-lo mais do que sentir o mesmo que ele. Se o recurso tende a esfriar o teor dramático, o vento gelado que sopra ali não deixa de ser bastante incômodo.'' (Cassio Starling Carlos)
Memória e continuidade.
''Manchester à Beira-Mar é um filme que luta constantemente em manter o fantasma do luto sobre a trama. Sua narrativa parte do sentido de reinício após um trauma com remitências ao passado (ou flashbacks, como preferir) e o maior alicerce que Kenneth Lonergan (diretor de Conte Comigo e do ótimo Margaret) achou para a funcionalidade delas foi o melodrama. Um tipo de melodrama adormecido, sim, mas de cenas elásticas como forma de aludir ao passado quando este não está na tela. São cenas de rostos e corpos cortados pela metade, em geral, como uma espécie de asfixia e amputação de uma história - que aos poucos exibe suas bifurcações. Lonergan exime alegorias para criar um suposto arco de culpa - o filme é autoexplicativo à função do acaso como modo informativo de um estado de espírito - talvez a única delas seja a locação: um local ermo, cinza, silencioso. É uma forma comum de potencializar a construção de personagens e dar a eles diferentes nortes. Lee Chandler (Casey Affleck) é a personificação do efeito que o luto traz. O mínimo o basta para se reinventar. Em outro extremo Lonergan reserva o cotidiano de Lee como força contrária. A figura do sobrinho, os dias que passam, as oportunidades que passam pelos olhos; tudo guarda segredos que o filme não se inibe em anunciar desde o primeiro terço. Chandler raramente é visto de pé e de corpo completo. Está agachado, sentado, deitado ou é registrado em superclose. Será incompleto para sempre. Há nesse ponto uma questão muito interessante sobre Chandler ser vampirizado no filme: como a amargura pode chegar nesta forma?Conforme estas lacunas são preenchidas pela narrativa, a figura de Chandler passa por uma metamorfose no julgamento que Lonergan sugere ao público. São nos planos mais abertos, de ações bruscas e de corpos mais distantes, que o filme se potencializa - as brincadeiras no barco, o jogo de hóquei, a bebedeira e os ensaios com a banda: a memória aqui é volátil, como se este fantasma tomasse diferentes formas conforme à aparição de cada rosto na tela. Se o jovem Patrick (Lucas Hedges) e a forte Randi Chandler (Michelle Williams) servem de personificação da continuidade, é necessário lembrar que até ela terá momentos de aflição e arrependimento. Portanto, Manchester À Beira-Mar é um filme subjetivo a respeito de que toda emoção tem raízes e que haverá um momento para que as folhas caiam. E é deste processo sem ordem definida que o filme se afirma e que a vida nunca seguirá uma lógica, por mais que se tente planejá-la. São dos limites do gênero que o filme se sustenta, em cenas mais explosivas - há uma série delas, como se o filme fosse uma longa série de vinhetas do silêncio que precede o estrondo. Se o melodrama é um gênero de exatidão e não de subjetividade, Lonergan consegue o balanço necessário para que o filme seja, antes de tudo, o fim do abismo e ode à observação." (Pedro Tavares)
84*2017 Oscar / 79*2017 Globo / 2017 César
Top 250#175
Amazon Studios K Period Media Pearl Street Films The Media Farm The Affleck/Middleton Project B Story Big Indie Pictures (in association with) CMP OddLot Entertainment
Diretor: Kenneth Lonergan
153.107 users / 38.880
52 Metacritic 266 Up 7
Date 15/02/2017 Poster - ######## - DirectorBarry JenkinsStarsMahershala AliNaomie HarrisTrevante RhodesA young African-American man grapples with his identity and sexuality while experiencing the everyday struggles of childhood, adolescence, and burgeoning adulthood.[Mov 04 IMDB 7,5/10] {Video/@@} M/99
MOONLIGHT - SOB A LUZ DO LUAR
(Moonlight, 2016)
TAG BARRY JENKINS
{cansativo / esquecível}Sinopse ''Black (Trevante Rhodes) trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.''
"Vale pela bonita cena do reencontro com o amigo no bar, quando o filme finalmente respira e encontra vida por trás de sua estrutura ultra-calculada, em que ações, temas e opções formais equivalem-se a acessórios adornando manequins numa vitrine." (Daniel Dalpizzolo)
"Minha primeira impressão de Moonlight não foi tão boa: havia achado o filme simples demais, raso, meio frio. E aí o tempo me fez perceber que ele é assim porque não quer discutir, quer chamar a atenção para que a gente debata os temas relevantes que tem." (Rodrigo Cunha)
"Moonlight é perfeito em suas limitações, e um vencedor digno de uma premiação tão comercial quanto o Oscar, que quer apagar desastres anteriores." (Alexandre Kobal)
"Trunfo x Defeito: o recorte triplo do protagonista enriquece a abordagem da homofobia e da dificuldade de aceitação num mundo ao qual não se pertence, mas prejudica o desenvolvimento dos personagens (que simplesmente somem) e da história. Bom mas travado." (Régis Trigo)
"É admirável a quantidade de temas que Jenkins discute em uma narrativa tão econômica, mas o filme funciona mesmo graças à construção humana da relação do protagonista com seu meio. Um filme cuidadosamente pensado, muito bem atuado e relevante." (Silvio Pilau)
"Apesar da narrativa preguiçosa e das soluções fáceis, é um delicado drama sobre o não achar seu lugar no mundo, não ter a oportunidade de viver a vida que se quer, a carência do toque e do afeto. Funcionam cenas isoladas, mas o conjunto é bem deficiente." (Heitor Romero(
"Atrapalha bastante um segundo ato redundante e caricatural, além dos diálogos expositivos que atravessam o filme. O ouro está no complexo personagem de Mahershala Ali e no econômico e elegante terceiro ato." (Bernardo D.I. Brum)
"Subiram os créditos e eu estava tentando lembrar de filmes com a mesma força representativa de 'Moonlight'. Não achei. Filme especialíssimo, rico e de personagens pulsantes." (Rafael W. Oliveira)
"A divisão de partes de acordo com as idades de Chiron é uma estratégia que dá frescor ao roteiro à cada meia-hora. Porém, a narrativa de sua jornada em busca da auto-descoberta renderia melhor se fosse menos linear, um pouco mais de ousadia não faria mal." (Léo Félix)
"Subiram os créditos e eu estava tentando lembrar de filmes com a mesma força representativa de 'Moonlight'. Não achei. Filme especialíssimo, rico e de personagens pulsantes." (Rafael W. Oliveira)
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''2017, o ano do Oscar limpar a barra com os negros. Se no ano passado o prêmio parecia filme de Mel Gibson, todo all white, neste ano dos nove indicados na categoria de melhor filme em três deles a questão racial está fortemente implicada, sendo que dois são, digamos, all black. Como diziam os antigos: são as voltas que o mundo dá. Já no final de "Moonlight - Sob a Luz do Luar'', um amigo pergunta a Black quem afinal é você? Para alguém que acompanha o amigo desde a infância é bastante tempo... Mas a questão faz todo sentido. Quem é ele? O menino franzino a quem chamavam de Little, o adolescente Chiron, vítima de bullying dos fortões da escola, ou Black, o adulto traficante? O introvertido Little parece constituir-se de fora para dentro: parece que será sempre o que dizem que é. É fraco? É gay? É excluído? Tudo isso. A vida de Chiron será essa: mudar de nome e de pele. Sua jornada consiste em descobrir quem é.'' (* Inácio Araujo *)
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''No final das contas, quem pôde mesmo rir com a premiação do Oscar, ou com a amadorística confusão armada no final, foi o presidente americano. Afinal, nove entre dez intervenções ao longo da cerimônia eram para mostrar, com humor ou sem, que Hollywood está em guerra com Donald Trump. O prêmio de melhor filme a "Moonlight" talvez entre nessa conta. Tratava-se de eleger um filme que respondesse a um momento, afinal, grave da nação americana. E o longa de Barry Jenkins tem de sobra o peso temático que falta a La La Land (que ficou com melhor direção e atriz, entre os prêmios principais). Afinal, ali fala-se de negros e homossexuais, aborda-se uma comunidade pobre, um protagonista sem pai, com uma mãe drogada e de certa forma adotado por um traficante... O ponto mais interessante do filme talvez seja a construção do protagonista, cujos olhos parece que nada veem, mas sempre são vistos com intensidade: esse jovem introvertido se forma de fora para dentro, a partir, sempre, do olhar do outro. Em troca, carrega com todas as tintas as marcas do filme de prestígio, a começar pela fotografia, que por vezes torna os personagens tão impalpáveis que um tema essencialmente carnal, como a sexualidade, acaba reduzido à abstração. A dignidade triunfa sobre o conjunto do filme e até mesmo seus temas terminam um tanto diluídos. Damien Chazelle terá sempre o troféu de melhor direção para se consolar. Com sua estrela, Emma Stone, esse jovem cineasta com cara de pós-adolescente impõe-se como uma das esperanças da nova Hollywood. Sobretudo a premiação de Emma Stone foi uma premiação previsível: o Oscar gosta de promover jovens estrelas. E por sinal ela já mostrou que é ótima. Casey Affleck, o melhor ator, é outra aposta. Pessoalmente, me impressionou bem mais o Andrew Garfield de "Até o Último Homem", mas ninguém estava a fim de encher demais a bola de Mel Gibson, o diretor do filme (e apoiador de Trump). Numa noite em que o Oscar lavou-se da ausência de negros no ano passado e deu o grande prêmio a um filme "all Black", não se pode deixar de dizer que, depois das 14 retumbantes indicações, "La La Land" saiu da noite meio que com o rabo entre as pernas. E Trump com as orelhas quentes.'' (** Inácio Araujo **)
''Já estamos no fim de "Moonlight - Sob a Luz do Luar", quando Kevin, o amigo de Black, pergunta quem, afinal, ele é. É tudo o que importa, desde que o filme começa, desde que vemos o menino franzino que foge dos colegas. Ele atende pelo apelido de Little, ou seja, pequeno; ou, ainda, frágil. O que mais chama a atenção em Little são os olhos. Eles não parecem ver nada. É como se não existissem para ver, mas para que ele fosse visto pelos outros. E essa é, em resumo, a história de Little: a de alguém que se constitui de fora para dentro. É como se os outros dissessem a ele, o tempo todo, o que ele é. Não só os colegas que o perseguem dizem quem ele é (bicha). Também sua mãe, a drogada. E também o traficante Juan, que o acolhe como uma espécie de filho (e de quem Little escuta outras coisas que não as que falam os colegas ou a mãe). O que importa: Little é o que dizem que ele é. A mãe, frise-se, o chama pelo nome real: Chiron. É a identidade, aliás, que o define na segunda parte do filme, quando se torna um rapaz espigado, porém ainda fraco. Um introvertido que mal conversa com outras pessoas. Exceto com Teresa, a namorada de Juan, o traficante (já devidamente morto) e com Kevin, o único amigo com quem pode contar. Pode, mas nem tanto: é Kevin quem o abandonará meio covardemente durante um episódio decisivo, em que será espancado pelos colegas. Quando chegamos à terceira parte, tudo parece ter mudado. Como se tivéssemos entrado em outro filme: Chiron tornou-se um fortão, que circula num carro parecido com o de Juan, seu tutor. Tornou-se traficante, também. Usa um protetor nos dentes que lhe dá a aparência agressiva que convém a um traficante. Passou por um reformatório e agora atende pelo nome de Black. Isto é, um genérico. Um nome que não designa um ser, mas uma cor, uma etnia, uma raça – como preferir. Não será segredo dizer que esse homem sem nome só encontrará sua real identidade ao descobrir sua sexualidade. Sua homossexualidade. Eis, em suma, um tema delicado. Não para Little, mas para qualquer um de nós: a sexualidade é o que somos. E somos ao menos em parte, como Little, aquilo que outros dizem que somos. A busca de si mesmo passa pela sexualidade (ou a busca da sexualidade é o que nos constitui, desde a infância) de forma decisiva. Freud não tocou no tema por acaso... A jornada de Chiron o leva da delicadeza da infância à brutalidade da idade madura. De vítima a algoz, talvez. Barry Jenkins tem a inteligência de reconstituir essa árdua travessia – nada fácil para ninguém – sem facilitar o percurso nem de seu personagem nem de seu espectador. Talvez "Moonlight" sofra de certa solenidade –mal que afeta quase todo filme do Oscar–, de alguma falta de humor, o que se explica pela complexidade do tema (para personagem e público). Em todo caso, a sinceridade, o tranquilo bom gosto de Jenkins e a inserção da sexualidade entre outros temas (crescer; ser negro) garantem a "Moonlight" a primazia de tratar a homossexualidade de forma adulta e inteligente desde Brokeback Mountain, de 2005, do qual, diga-se, não herdou a tendência ao melô acaipirado.'' (** Inácio Araujo **)
Azul opaco.
''Gosto de pensar os filmes como organismos. Todos eles, mas sobretudo alguns. Organismos que ora se desenvolvem num crescendo, ganhando em adensamento (imagético? narrativo?), ora se perdem num decréscimo do sopro de vida que os havia feito inflar. Mas que também podem ser esquizofrênicos, se assim os manejam; sutis ou autodestrutivos, sôfregos de disritmia. Está quase tudo, então, no tempo? Os primeiros teóricos se maravilham não com o bebê filmado pelos irmãos Lumière, mas com o vento que anima as folhas atrás da idílica cena familiar. O mundo que se põe em movimento, que se anima, como produto de suas próprias forças. Imagem em movimento. Só que uma ilusão de força motriz. Nada pode ser capturado do jeito como aconteceu. Se me instalo para filmar uma coisa, ela já deixou de ser coisa, ou antes foi submetida ao tempo da câmera. O tempo do cinema é abstrato, construído. É nessa textura temporal que as coisas são-sendo. Do primeiro ao penúltimo segundo de projeção: o filme só É quando se encerra para si mesmo, no instante que antecede a escuridão. Se não o penso assim, tampouco posso pensar "Moonlight: Sob a Luz do Luar". Todos filmes, aliás, mas sobretudo ele. Sua trajetória narrativa se divide por tripartição clássica – infância, adolescência, idade adulta –, mas também sobre a periculosidade de uma outra: Chiron é negro, gay e pobre. Pode ser centenas de outras coisas, e de fato o é, mas se constrói primordialmente assim. Ainda infante, impõem-lhe uma sexualidade que ele não pode compreender, apercebe-se de um mundo de tráfico prematuramente, num ricochetear de traição: a droga que rouba a sanidade e o carinho que sua mãe podia oferecer é vendida pelo único amigo que acredita ter feito, homem décadas mais velho que ele e supostamente mais experiente. Já adolescente, o horror da sexualidade que não pode explorar se intensifica. Sob a luz do luar, o corpo inclina-se para receber o primeiro contato sexual. As mãos se agarram a areia para controlar o frêmito de prazer. Mas a areia escorrega-lhe pelos dedos: seu único momento de singeleza apaixonada é sufocado pela agressividade destrutiva das gangues de escola. Subproduto dos guetos americanos? Falaremos disso em breve. O resumo de sua vida antes de se tornar adulto, já sintetizado pela duração da obra, tem algumas implicações. Corro o risco de tomar uma posição possivelmente particular demais. Porque a publicidade o vende como uma problemática identitária (não só uma, mas a melhor do ano) espetacular, precisarei discordar. Ora, todo filme, ao tratar de sujeitos, e sobretudo de um que comumente o protagoniza, não traz a possibilidade de um questionamento de identidades? A não ser que existam sozinhos, e ainda assim é duvidoso, personagens não estão sempre em relação? O mundo não os toca de forma alguma? A crítica jornalística me parece fácil demais. Se a sexualidade, as drogas, a prostituição e a criminalidade propulsionam tal moldura identitária, é mais provável que Moonlight se instale na beira de um abismo. De um lado, a história que se conta de maneira quase sádica: qualquer clarão vaga-lumesco de felicidade é castrado, e acredita-se que intencionalmente, por uma constelação de misérias. Do outro lado, a aproximação quase inelutável da obra que tangencia demais o tecido social e para quem será impossível desvincilhar-se do puro veículo: vejam bem, a vida desses americanos é uma penúria.Fala-se, então, em apelar aos extremos? Embelezar a miséria para torná-la palatável ou mostrá-la crua demais, assim como se pensa que ela deve ser vista, e a qualquer custo? Faço um contraponto com aquele que me parece ser seu oposto perfeito: Garotas. Garotas negras, pobres, suburbanas de Paris e em descoberta de uma sexualidade. O que Sciamma alcança e que Jenkins sequer consegue arranhar é a ultrapassagem completa das frases de efeito e do filme que quer se tornar belo através de uma fotografia ou uma mensagem. Eu me afeiçoo por Marieme, sua protagonista. Rio de seus confrontos entre gangues no metrô, choro com suas decepções amorosas, torço para que ela cresça, amadureça. Sua condição não me causa desconforto, não me é vexatória. Ao contrário: quero fazer parte de seu mundo. O recorte de sua vida respira, seus tropeços fluem naturalmente. De certo modo, suas delícias e desapontamentos também são os meus. Tornam-se os meus por aqueles instantes. Já a arte de Jenkins é uma costura de rasteiras. Assim que abre espaço para a simpatia, derruba-nos novamente. E daí que aquela vida seja um sucedâneo de injustiças? Tudo se dá na maneira de filmar (enquadrar ainda não perdeu seu poder de dar significado), de coser o que se conta. Os gritos da mãe em slow motion, a mistura simbólica do azul do luar com quase toda a direção de arte, os planos centralizados de rostos em discordância com o tempo do que está sendo dito – tudo transparece afetação, a tentativa de fazer sentir. Simulacro sensorial. É possível resolver um filme em seus últimos 30 minutos? Colocar um personagem já sofrido diante de um confronto final com a mãe, só para fazê-la regurgitar e atestar a via-crúcis que já vínhamos acompanhando, cansados; afinal, é preciso fechar as pontas, desculpas devem ser ditas. Mas Naomie Harris não é nenhuma Mo'Nique. E quando finalmente nos instauramos dentro do tempo de uma reconciliação (do filme e do personagem, por sinal), quando a tensão entre dois corpos e duas memórias começa a se infiltrar, já não há mais tempo para redenção. É como um bebê que acreditávamos natimorto e que começa a sinalizar batimentos cardíacos, mas só para morrer de novo. O cinema não sobrevive às pressas. O belíssimo azul que emana daquele corpo negro é opaco demais, não permite a passagem da luz." (Felipe Leal)
89*2017 Oscar / 74*2017 Globo
A24 PASTEL Plan B Entertainment
Diretor: Barry Jenkins
160.859 users / 39.792 face
51 Metacritic 238 Up 1
Date 06/03/2017 Poster -# - DirectorDavid Gordon GreenStarsAl PacinoHolly HunterHarmony KorineLeft heartbroken by the woman he loved and lost many years ago, Manglehorn, an eccentric small-town locksmith, tries to start his life over again with the help of a new friend.[Mov 10 Favorito IMDB 5,6/10] {Video/@@@@@} M/56
MANGLEHORN
(Manglehorn, 2014)
TAG DAVID GORDON GREEN
{inesquecível}Sinopse ''Angelo Manglehorn (Al Pacino) é um antigo criminoso que agora leva uma vida de serralheiro recluso em uma cidade pequena. Como as escolhas que fez no passado o levaram a perder a mulher que amava, ele fica obcecado sobre não poder mudar o que se passou. Depois de tentar, sem sucesso, dar a volta por cima, ele precisará resolver de uma vez por todas os problemas que o atormentam. Tendo um gato como melhor amigo, um estranho relacionamento com seu filho e começando uma amizade com uma mulher bonita, ele se encontra em uma encruzilhada entre ser consumido pelo passado ou abraçar o presente.''
''Depois de investir alguns anos em comédias e na televisão, David Gordon Green retorna em Manglehorn, a exemplo do recente Joe, aos dramas que o consagraram em festivais. Ainda que não demonstre a tensão de um Contracorrente, por exemplo, o novo filme tem bons momentos. Com a câmera o tempo todo perseguindo o personagem-título, vivido por Al Pacino, Green fala de solidão, arrependimento, raiva e falta de fé. A opção de centrar em Pacino é certeira. O veterano faz aqui seu melhor trabalho em anos, como o rancoroso e socialmente desinteressado Angelo Manglehorn. O roteiro o favorece e dá pistas sobre quem foi esse homem e por que ele ficou assim. Aos poucos, entendemos seu amargor. Para ilustrar o confuso interior do personagem, Green emprega uma série de recursos de montagem, como fusões de imagens. Basicamente, vemos duas cenas ao mesmo tempo, sendo que uma é sempre uma espécie de monólogo interior de Pacino. Em outros momentos, ele alterna cenas extremamente gráficas da cirurgia de um gato com um diálogo ou encadeia uma surrealista cantoria no banco onde trabalha a caixa que é a única amiga de Manglehorn, vivida com dignidade por Holly Hunter. Misturando a tudo isso alguns simbolismos interessantes - o homem é um chaveiro que não consegue libertar-se de seus próprios grilhões; um mímico surge em algumas ocasiões, com seu simulacro de existência e melancias destruídas sugerem sangue em um acidente - o diretor realiza um filme interessante, que, em última instância, consegue ser otimista e libertador. A realidade sempre se esconde atrás do que nos foi sugerido, afinal." (Erico Borgo)
''Senhor Manglehorn é um filme que nos deixa com uma sensação de uma desconhecida estranheza, como se déssemos com a peça de um puzzle debaixo do sofá anos depois de o termos tentado completar. Ser ''Manglehorn'', o serralheiro protagonizado por Al Pacino, não é fácil: antigo treinador de baseball, com um casamento falhado mal digerido e uma antiga paixão mal resolvida a pesarem-lhe a consciência, é um tipo cheio de bagagem, com um historial respeitável. Nisso há também qualquer coisa de universal, que transcende o espaço específico da zona do Texas onde decorre a ação do filme. Centrando no quotidiano de ''Manglehorn'', o filme procura esboçar um olhar na direção dos erros passados e oportunidades perdidas, em tons pretensamente poéticos. O que é aqui estranho, senão mesmo desconcertante, é a forma como David Gordon Green vai construindo o retrato desta espécie de familiar distante de Harvey Pekar, centrando todo o universo na figura de Al Pacino mediante um exercício de estilo pouco convincente: como as experiências da montagem (com uma acentuada atração por dissolves) não fazem outra coisa senão chamar atenção para si mesmas, a dada altura reparamos que temos estado a olhar para o Al Pacino e que já há muito perdemos o interesse no puzzle que é "Manglehorn'', a personagem. Quando de tempos a tempos, como na inspirada a sequência do jantar romântico com Dawn (Holly Hunter), uma funcionária do banco do qual é cliente com quem costuma trocar dois dedos de conversa, lá encontramos a peça do puzzle e ''Manglehorn adquire por fim a gravidade de um personagem, já é tarde demais. Mas não é sempre tarde demais? Há uma (inesperada?) sintonia entre aquilo que intuímos ser a vida interior de ''Manglehorn'' e a confusão formal do filme, como nos inúmeros voice-over que vão pontuado a ação e que servem de mecanismo de suporte narrativo. Essa relação entre interior e exterior que a própria montagem sugere e parece acentuar, remete-nos aliás para um registo mais expressionista daquele que encontramos habitualmente no filme-retrato. Ainda que não nos convençamos inteiramente da validade dessa abordagem, há aqui apesar de tudo isso uma ideia de cinema, uma tentativa de figurar o mundo a partir da imagem em movimento. Mas esse outro filme, aquele que poderia ter sido mas não é, sai sempre derrotado pela pobreza da encenação - a dada altura Dawn empurra a areia de um vaso partido acidentalmente por ''Manglehorn'' para debaixo do tapete da sala...! Esta ilustração meio infantil da máxima show, don't tell, é uma abordagem dramática de efeitos nefastos que, para além de nos forçar a considerar a hipótese do guionista estreante Paul Logan não confiar inteiramente nos seus espectadores, acaba por fazer com que tudo resulte num tom forçado e desinteressado. O que pensar do contraste entre a gravidade dos grandes planos sobre o rosto de ''Manglehorn'' e o desenvolvimento dramático do filme, senão apontar aí uma contradição entre aquilo que parece ser a expectativa de uma forte ligação emocional com o espectador, e a opção por uma estrutura episódica que mantém tudo à distância? E, já que perguntamos, qual o sentido da citação da sequência mais emblemática do Weekend do Godard? Homenagem (vazia)? Show-off (gratuito)? Fora o inesperado diálogo entre Manglehorn e Dawn naquele jantar infeliz, há ainda um outro momento com algum fulgor capaz de despertar interesse. Mas nunca estão à altura do seu potencial dramático. Para quê convidar um Harmony Korine anfetaminado e clownesco a debitar uma torrente de diálogo com ares de improviso, senão se é capaz de aguentar um plano por mais de cinco segundos?" (José Raposo)
2014 César
Worldview Entertainment Dreambridge Films Muskat Filmed Properties Rough House Pictures
Diretor: David Gordon Green
5.864 users / 1.923 face
26 Metacritic
Date 25/05/2017 Poster - ########## - DirectorXavier DolanStarsAnne DorvalAntoine Olivier PilonSuzanne ClémentA widowed single mother, raising her violent son alone, finds new hope when a mysterious neighbor inserts herself into their household.[Mov 07 IMDB 8,1/10] {Video/@@} M/74
MOMMY (unofficial)
(Mommy, 2014)
TAG XAVIER DOLAN
{cansativo}Sinopse ''Uma viúva encontra-se sobrecarregada com a custódia em tempo integral de seu explosivo filho de 15 anos de idade que sofre de déficit de atenção. Enquanto tentam sobreviver, a nova garota do outro lado da rua, Kyla, benevolentemente oferece o apoio necessário. Juntos, eles descobrem um novo sentido de equilíbrio e a esperança pode ser recuperada.''
"Tem muitas camadas e o trio principal é bem desenvolvido, a trilha sonora é ótima também. A brincadeira com a proporção de aspecto da imagem é interessante, mas cansa (preferia ter o filme largo o tempo todo)." (Alexandre Koball)
"Histeria coletiva encontra o melodrama sem assumi-lo como tal, a desgraça alheia virando sinônimo de autorismo. Desperdício de boas cenas isoladas, uma narrativa dilatada em prol da lágrima fácil, o filme-chantagem de cada dia." Gabriel Papaléo)
"Remete ao 'Eu Matei Minha Mãe' do diretor com mais carinho e menos gritaria, estética condizente elenco gracioso. Que o jovem continue trilhando caminhos e justifique o título de promissor que lhe é dado." (Rafael W. Oliveira)
{Às vezes o amor não é o bastante quando a estrada fica difícil} (ESKS)
{Eu vou afundar com este navio, e eu não vou levantar minhas mãos e me render} (ESKS)
{Talvez você seja a pessoa que me salvará} (ESKS)
"Fiquei desorientado de gratidão com o reconhecimento do júri, e o tanto de amor que recebi ao longo da última semana me convence da verdade: faço cinema para amar e ser amado. A declaração acima do cineasta canadense Xavier Dolan, 25, ao receber o prêmio do júri no último Festival de Cannes por "Mommy" (2014), reflete a mesma combinação de emoção calculada e ego descontrolado de seus filmes. Dolan é mais um caso de jovem talentoso proclamado autor antes mesmo de construir uma obra. O fato de ter estreado aos 20 anos, em 2009, e de todos os seus cinco longas terem sido selecionados por festivais de primeira grandeza, como Cannes e Veneza, validou admirações. Com seus três primeiros filmes, Eu Matei a Minha Mãe, Amores Imaginários e Laurence Anyways, o jovem cineasta soube cultivar o público sedento de novidades com um perfume de escândalo combinado com um olhar gay numa estética de excessos - muita gente viu semelhanças com o primeiro Pedro Almodóvar. Em "Mommy", ele retoma a relação de amor e ódio entre mãe e filho de seu longa de estreia. O tratamento mais sóbrio do tema misturado à apresentação diferenciada convenceram o júri de Cannes e a quase unanimidade da crítica de que Dolan teria superado sua adolescência estética. No centro do filme, três personalidades desajustadas ou inadequadas ilustram a ideia de marginalidade. O adolescente Steve é expulso por atear fogo na escola e queimar um colega. Diane, sua mãe, expressa, desde o apelido, Die (morra, em português), a atitude quero que tudo vá para o inferno. Kyla, vizinha que se junta à dupla disfuncional, é uma professora que sofre de afasia, sintoma de sua inadequação ao casamento quadrado. Dolan filma os embates com energia, mas não pensa duas vezes antes de sobrecarregar a intensidade dos desempenhos, o que converte o resultado em muita histeria. Sua necessidade de ilustrar cenas de sentimentos com canções ultrapop é procedimento que, se em novela soa cafona, no cinema junta redundância a esse artifício. Por fim, pode parecer inovador o uso do formato quadrado da janela do filme, apesar de o procedimento ser o mesmo adotado no pouco visto filme brasileiro O Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães. Mesmo que haja originalidade na escolha, Dolan nunca resiste à reiteração. Quando encena movimentos de liberação, por exemplo, ele abre o quadro para que isso seja interpretado como liberação. Por estas e outras, a visão de "Mommy" impede o espectador atento de acreditar que Xavier Dolan já é mais do que apenas um diretor mimado." (Cassio Starling Carlos)
''Depois de chegar causando em festivais com uma produção em massa desde 2009, o diretor, roteirista e ator Xavier Dolan, hoje praticamente um veterano com cinco longas-metragens assinados aos 25 anos, mostra em Mommy que ainda tem contas a acertar com seu passado tão recente. A aceitação de sua homossexualidade e a relação problemática com a mãe, temas de sua estreia autobiográfica como diretor, Eu Matei Minha Mãe, adquirem uma outra forma em Mommy. Dolan imagina uma versão futurista do Canadá, em que uma nova lei permite que pais entreguem sem custos seus filhos com problemas mentais ao cuidado de uma instituição pública. Sai a homossexualidade enquanto doença, entram as patologias de fato. Na trama, Die (Anne Dorval) diz que nunca vai abrir mão de cuidar de seu filho adolescente, Steve (Antoine-Olivier Pilon), mesmo que os acessos de fúria dele encontrem combustível no temperamento igualmente curto da mãe. Steve acaba de ser expulso por botar fogo na cafeteria da clínica onde estava internado temporariamente, e Die, mesmo desempregada, resolve assumir todas as responsabilidades. Ao vencer por Mommy o Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano, apelando para as consciências dos votantes com seu discurso humanista, Dolan atraiu mais a resistência de quem vê no seu cinema um formalismo vazio - ainda mais porque dividiu o troféu com Adeus à Linguagem de Jean-Luc Godard, cineasta que sempre fez da forma um instrumento de expressão. A tendência de Dolan aos floreios em Mommy certamente faz pouco para atenuar essa resistência. Do enquadramento artístico (o filme é todo projetado em janela 1:1, quadrada, com exceção de duas cenas), para dar ao filme na marra um senso de claustrofobia e urgência, às atuações "à flor da pele" (Dolan não percebe que se as pessoas são impulsivas o tempo todo isso esvazia o próprio conceito de impulsividade), ''Mommy'' se faz no artifício." (Marcelo Hessel)
''Um quadrado. A tela do cinema se dimensiona e se aperta para excluir os excessos e ampliar os detalhes. Essa escolha estética cativa desde a primeira cena de ''Mommy'' e provoca um “uau” explosivo ao atrelar isso ao estado de espírito dos personagens. Por duas vezes a tela se abre com o intuito de arregaçar as emoções que aliviam o drama ao máximo, a partir da ideia central de liberdade. Afinal, este é um filme de impactos, colisões e contrastes. E tudo o que é encadeado pela edição - de timing certeiro –, desde as músicas que conectam até as ações que inspiram, consegue dialogar com a luz e sombra de cada personagem, com cores que aquecem a paleta e dão uma concepção de profundidade à narrativa. É nisso que ''Mommy'' se destaca, na maneira intrínseca como abusa das possibilidades estéticas e cria intensidades que eletrificam o espectador. É impossível desviar o olhar. A caixinha desenhada na tela te proíbe de buscar fôlego, que só chega quando o personagem Steve permite. A interpretação do ator revelação de Cannes, Antoine-olivier Pilon, é emocionante e sensitiva. Ele é Steve. Doce e carinhoso, o rapaz sofre com TDAH mas nem isso ou os acessos de fúria o impedem de sonhar em estudar na Julliard. Composto, quase que exclusivamente, por cenas potentes e cheias de emoção e beleza, esse longa canadense percorre um traçado interessante com o roteiro escrito pelo diretor Xavier Dolan. Nele, um governo fictício acaba de aprovar a lei S-14 que permite aos familiares abandonar os jovens problemáticos aos cuidados do governo a qualquer momento, sem contar com burocracia alguma. O cenário do filme já se fecha nessa possibilidade e assim vemos as implicações e desafios de mãe e filho. A mãe vive um contexto deslocado - o que pode muito bem ser identificado pelo guarda-roupa com influência dos anos 70 - e volta a viver com o filho, depois da expulsão por delito de um internato correcional. Esse é o golpe inicial que desarranja o prumo de Die, interpretada por Anne Dorval. Essa mãe não tem as respostas, ela não é a figura resolvida que vai ajustar a desordem. Ela é tão perdida quanto o filho. Nesse sentido, as referencias ao filme Esqueceram de Mim trazem familiaridade à trama e é mais uma história dentro da história com a relação do filho que só cria problema e fica abandonado em casa, mas dessa vez a mãe se iguala no estado de desamparo. Outra história contida em um olhar e que aparece de relance é a sexualidade do garoto. Entre tantos esbarrões, uma pessoa entra em cena para equilibrar a equação. Do outro lado da rua onde moram está a personagem de Suzanne Clement, Kyla. Uma mulher com claros problemas emocionais que a fazem prender as falas dentro dela mesma, soltando com dificuldade aquilo que ela quer dizer. Juntos, os três se apoiam para sobreviver aos conflitos e recuperar a esperança. Uma esperança que ganha mais um fôlego no último segundo do filme. O desacato às imposições parte da maneira como o diretor foge do tradicional e permeia o escopo das personagens. Com seu 5° filme, ganhador do Prêmio do Júri em Cannes, Dolan mostra que sabe como fazer funcionar uma história usando criatividade visual e sensibilidade de composição e execução, além do refinamento em extrair interpretações marcantes dos atores. A cena final fica. A cena inicial fica. Todas elas ficam grampeadas na mente do espectador que é convidado para uma experiência sensorial feita sob medida para a tela de cinema. E o filme é uma linguagem própria de comunicar o amor de Xavier Dolan com a figura materna. Segundo a nota do diretor, em sua estreia com Eu Matei Minha Mãe ele quis de certa forma punir a mãe e agora essa é a chance dela de se vingar. “Porque é para ela que eu sempre quero retornar. É ela que eu quero ver ganhando a batalha, é para ela que eu quero inventar problemas de modo que ela tenha o crédito de solucionar todos eles, é através dela que eu me questiono, é ela quem eu quero escutar gritar alto quando não dizemos uma única palavra. É ela que eu quero acertar quando estávamos errados, é ela, não importa o quê, que terá a última palavra“. E esse amor batiza o longa, ''Mommy''." (Gabriela Miranda )
Sobre mãe e filho.
''Mommy é o tipo de filme que parece não se esgotar facilmente. Cada percepção leva a outra, diversa que seja, e então a mais uma, num jogo de camadas muito mais empolgante do que pode soar. Não cabe argumentar se a obra é mais complexa que a média de um nicho qualquer de produções cinematográficas, pois ela não deixa de ser rica se encarada em suas superfícies. Por isso, é fácil ver o paralelo deste longa-metragem com o primeiro do cineasta canadense Xavier Dolan: além da premissa mais ou menos similar, vem de Eu Matei Minha Mãe a pluralidade de recursos estilísticos que transformou aquela estreia em uma explosão temerária de cinema juvenil. E uma delas é a predisposição novelesca e afetada do diretor, que aqui já leva a questionamentos e relativizações bastante instigantes. A personagem de Anne Dorval, a mãe viúva Diane Die” Després, carrega o conjunto completo de visual, índole e rotina caricaturais que a permitiriam caber em boa parte das novelas latino-americanas dos últimos anos. Sua relação heterodoxa com o filho Steve (Antoine Pilon) também não ficaria deslocada no núcleo cômico de algum enlatado brasileiro ou mexicano de fim de tarde, com suas brigas histéricas e surtos efusivos. Mas isto pode apenas ser dito do primeiro terço da projeção, ou talvez até menos. Não tarda para que o tom farsesco dê lugar a um drama domiciliar muito bem delimitado, quase irreconhecível se comparado às cenas de minutos antes. No entanto, essas duas propostas não são inconciliáveis, mas sim inseparáveis. Na verdade, essa primeira reviravolta, das muitas que Mommy reserva, é tão singela quanto o virar de uma moeda. A proximidade intensa de mãe e filho é pautada pelas instabilidades psicológicas de Steve. Pode-se inferir que a natureza irascível e violenta do garoto moldou a personalidade de Die e que o fraquejar desta inspirou no filho uma afetividade exacerbada, embora não fique (excessivamente) claro como essas influências se deram. O dia a dia caótico retratado até então acaba ganhando a aparência de um oásis, lamacento que seja, em meio às tempestades que rugem nos piores momentos. E Dolan vai além do dualismo de apresentar a desordem funcional (ou a ordem disfuncional) da família e explorar as instabilidades mais urgentes que a afetam. Após estabelecer as particularidades de Steve e Die, o filme mais uma vez muda de foco, passando então a explorar as expectativas centrais da condição materna. O roteiro começa a desenvolver de forma mais pronunciada as esperanças, as frustrações, as afeições e as fragilidades de qualquer mãe, moldando sentimentos antes particulares em formas universais. É quando Die manifesta de forma ainda mais intensa seu amor incondicional, e também se vê cada vez mais atormentada pelas escolhas que deve fazer em relação ao filho. Este, por sua vez, mostra o mesmo afeto, mas segue o caminho do jovem problemático. Com isso, o filme cria uma belíssima transição do histriônico para o dramático e do dramático para o arquetípico. É nesse sentido que Dolan encontra uma singeleza pungente: seus floreios estéticos seguem de alguma forma presentes, inclusive na narrativa, e as emoções cruas continuam ditando os relacionamentos entre personagens, mas o cuidado de fundamentar todas essas construções faz com que esta seja uma obra de maturidade perceptível. É uma forte oposição ao descarrego que é Eu Matei Minha Mãe e à ilusão de superioridade vista em Os Amores Imaginários, e vários estágios acima de Laurence Anyways em sua busca por um cinema profundo e ainda assim pessoal. Não é difícil notar que o diretor se despojou de muitos de seus tiques e se focou na cena, nos atores e em emoções familiares, como que cortando sua autoralidade com a forma de um drama clássico. Chega a ser surpreendente como o cineasta molda a encenação, a fotografia, a montagem e o som de forma tão singela para dar peso a cada aspecto da trama, cada traço dos personagens, cada minúcia de seus relacionamentos. Como um conhecedor do cinema de Dolan pode imaginar, essa proposta se estende às músicas usadas para pontuar certas cenas. Suas ideias para a trilha sonora se mantêm muito semelhantes, mas, seguindo a tendência do filme todo, se mostram mais simples que de costume. No caso, é a honestidade que se faz notar, seja com Dido relatando os sentimentos de Die (“Eu vou afundar com este navio, e eu não vou levantar minhas mãos e me render), Liam Gallagher cantando a expectativa da família (Talvez você seja a pessoa que me savará) ou Lana Del Rey deixando uma nota amarga no final aberto (Às vezes o amor não é o bastante quando a estrada fica difícil). Todo o conjunto dos esforços do diretor leva à valorização dos atores, particularmente o trio formado pela centradíssima Dorval, pelo vulcânico Pilon e por Suzanne Clément, que interpreta uma vizinha que se aproxima da família. Além de Clément viver as diversas facetas da personagem com incrível precisão, ela tem o atrativo de ser uma forasteira, uma figura de fora, que não surge logo de início para situar o espectador naquele mundo particular de Die e Steve. Com isso, além de apresentar traços sociais dos dois personagens, ela se torna extremamente crível como elemento catalisador, seja para estabilizar ou desestabilizar a mistura, e está presente em muitos dos momentos de crise e calmaria mais poderosos do longa. Mas é impossível falar da estética de Mommy sem no mínimo mencionar a grande reviravolta que toma de assalto o terço final do filme. Com o respaldo vigoroso de Experience, do músico Ludovico Einaudi, a cena em questão puxa e concentra em um turbilhão tudo que o roteiro trabalhou até então, em uma pequena, comedida coleção de recursos tão simples que seu baque é quase inexplicável. E o mais impressionante é como mesmo esse singelo malabarismo estrutural é construído única e exclusivamente para elaborar os temas profundamente afetivos que regem a obra. No fim, a produtividade prodigiosa do canadense é uma das mais magnéticas chaves para sua interpretação como artista: observar sua evolução, com sua dose de tropeços e enguiços, rende ricos resultados. Agora, com este novo filme, é possível se dar ao prazer múltiplo de encontrar Dolan com a disposição de se despir de suas alardeadas, famigeradas e premiadas pretensões autorais e investir em algo tão trivial quanto um filme sobre mãe e filho. E, desta vez, focar nisso." (Pedro Costa De Biasi)
2014 Palma de Cannes
Top Canadá #16
Scott Free Productions TSG Entertainment Twentieth Century-Fox Studios, Hollywood
Diretor: Xavier Dolan
36.612 users / 14.214 faceSoundtrack Rock Lana Del Rey / Beck / The Reel / Oasis / Eiffel 65 / Counting Crows
34 Metacritic 2.591 Up 90
Date 13/07/2017 Poster - ### - DirectorPatty JenkinsStarsGal GadotChris PineRobin WrightWhen a pilot crashes and tells of conflict in the outside world, Diana, an Amazonian warrior in training, leaves home to fight a war, discovering her full powers and true destiny.[Mov 06 IMDB 7,6/10] {Video/@@} M/76
MULHER MARAVILHA
(Wonder Woman, 2017)
TAG PATTY JENKINS
{simpático}Sinopse ''Antes de ser Mulher-Maravilha, ela era Diana, princesa das Amazonas, treinada para ser uma guerreira imbatível. Criada numa ilha paraíso protegida e escondida, tudo muda quando um piloto americano chega em seu território e avisa sobre um grande conflito tomando forma no mundo. Diana deixa seu lar convencida de que pode impedir a ameaça crescente. Lutando ao lado dos homens em uma guerra para dar fim a todas as outras, Diana descobre seus poderes… e seu destino.''
"Quero ser a Marvel". E não, isso não é bom: é péssimo! Novamente as famigeradas piadas (a grande maioria sem graça), previsibilidade absoluta, excesso de computação gráfica e temas cansados. Mulher-Maravilha é um tédio só." (Alexandre Koball)
"Início interessante, especialmente quando investe na comédia de costumes. O restante é mais um filme que parece filmado por um robô, cenas que não carregam a menor profundidade dramática ou tensão, personagens imbecilizados em prol do maniqueísmo padrão." (Daniel Dalpizzolo)
"A beleza de Gal Gadot já seria suficiente pra eu gostar do filme, mas além disso ele acerta na química do casal central, em evitar o excesso de megalomania, e no conceito geral de que o amor é a única força da natureza capaz de salvar o mundo. Bem legal." (Régis Trigo)
"O filme tem os típicos excessos do gênero (como o clímax que apela para o CGI) e diversos diálogos piegas, mas apresenta muito bem a personagem e Patty Jenkins constrói ótimos momentos. Não me incomodaria em ver outro filme estrelando Diana." (Silvio Pilau)
"Diana é uma personagem mais tradicional de HQ, não é tão trabalhada em nuances ou multifacetada como são os heróis do cinema atual - é apenas alguém muito convicto de seus princípios e que jamais cede ao cinismo de nossos tempos. Boa aventura retrô." (Heitor Romero)
"Se sabota no final com plot twists mais dispostos a surpreender público do que construir dramaturgia. Ainda assim, é um belo filme de formação, onde a persona de Diana mantém o interesse e o drama carregando o filme nas costas." (Bernardo D.I. Brum)
"O início revela uma obra de potencial nunca alcançado. A ação é medíocre e a história é, no mínimo, genérica. O terceiro ato é piegas, desordenado e verborrágico." Guilherme Bakunin)
"Jenkins possui tato e sensibilidade para pontuar o choque entre culturas e o papel da mulher em um mundo regido por homens, mas WW ainda é um filme anêmico, bagunçado, mal dirigido (ação inócua) e sem lá muita personalidade. Ainda não foi dessa vez, DC." (Rafael W. Oliveira)
"O filme tem os típicos excessos do gênero (como o clímax que apela para o CGI) e diversos diálogos piegas, mas apresenta muito bem a personagem e Patty Jenkins constrói ótimos momentos. Não me incomodaria em ver outro filme estrelando Diana." (Silvio Pilau)
''Um dos fenomenos no cinema de 2017. "Mulher Maravilha" é otimo para ter em casa; é tão inventivo, bonito e divertido que revelo vez ou outra é normal. O melhor filme da temporada baseado em quadrinhos ( e o melhor com heróis da DC Comics) é praticamente inatacável. A diretoria Patty Jenkins merece aplausos, mas o foco de louvação é a talentosa israelense Gal Gadot, que parece ter nascido para o papel da amazona guerreira que deixa sua ilha mítica para lutar com os ingleses na 1 Guerra Batalhas, humor, romance, clima de gibi, enfim, tudo nima mistura agradável. A franquia deve gerar continuações, e no ano que vem ela volta em A Liga Da Justiça." (Thales de Menezes)
Ingenuidade de aventura clássica.
''Não é de se estranhar a receosa expectativa que todos estavam com relação a esse "Mulher Maravilha", afinal, tanto Batman vs Superman: A Origem da Justiça quanto Esquadrão Suicida foram filmes muito aquém do que poderiam ter sido e colocaram em cheque a possibilidade desse mundo expandido da DC funcionar. Diferente da Marvel, sua principal concorrente, que aposta em uma ação mais crua e menos dramática, com humor pontuando o ritmo dos filmes, e, portanto, tornando mais fácil sua identificação com o público, os filmes da DC são mais pesados, densos, algo que ainda está presente em Mulher Maravilha, mas acompanhado de uma novidade que faltava nas outras obras e que aqui faz tudo funcionar: equilíbrio. Voltamos no tempo para conhecer a história de Diana, uma amazona diferenciada protegida pela mãe Rainha para não entrar em batalhas, porém seu instinto a leva àquilo a qual existe: proteger a humanidade. Em época de Guerra, um aviador cai na belíssima e isolada ilha onde as guerreiras vivem e isso basta para dar início a sua jornada, o que a leva a Londres e à luta contra uma Alemanha teoricamente influenciada pelo Deus da Guerra na mitologia grega Ares. É tudo muito bem balanceado: primeiro, conhecemos como tudo começou, depois partimos para o conflito entre sua inocência com a realidade do mundo - aproveitando esse choque para inserir pontuais momentos de humor e criticar o que as mulheres passaram de modo delicado e elegante -, para depois irmos ao campo de batalha e chegarmos até à conclusão do filme. É um ritmo tão perfeito, e ao mesmo tempo tão surpreendente, que nem notamos as mais de duas horas e vinte de duração. Isso também por ser um filme de origem, onde há muita coisa a ser apresentada, desde novos personagens a motivações e vilões, o que pode ser tanto um mérito quanto uma armadilha para um filme inaugural, mas que Mulher Maravilha tira de letra. Nem o querido Batman - O Cavaleiro das Trevas, com aquele Duas Caras inserido do nada, é tão redondinho assim. Até mesmo as sequências de luta, que geralmente se estendem por longos e tediosos minutos de efeitos especiais, aqui acontecem no tempo certo e, por serem muito bem coreografadas, empolgam até quem não é muito acostumado a curtir esse tipo de cena, com esses efeitos servindo como ferramenta ao invés de serem a atração principal. Essa, sem sombra de dúvidas, é a estrela protagonista Gal Gadot. Visualmente, ela é de uma pureza inacreditável, mulher poderosa, de boa postura e presença de tela, engolindo até rostos conhecidos como Chris Pine. Sua composição mais inocente, mas ao mesmo tempo agressiva, convence e se torna um dos principais motivos de toda aquela história funcionar. Além, é claro, de ser visualmente deslumbrante e combinar 100% com a personagem. Claro que toda sua importância histórica como mulher é aproveitada pelo timing do longa: ela nunca foi tão maravilhosa e é a primeira vez que uma diretora comanda um filme sobre heróis, a competente Patty Jenkins. Em certo momento, Diana invade uma reunião de líderes - apenas homens - e é a mais sensata entre todos eles; ao notar a incredulidade com que é tratada, dá para ver o quanto mudou dos anos 20 para cá, onde ela ocupa importante posição no museu mais tradicional do mundo. É bonito ver uma personagem feminina salvando a pele de tantos homens em combate também, fazendo o que, para eles, é impossível. E não a toa a ilha povoada apenas pelas amazonas é muito mais colorida e convidativa do que a Londres cinzenta e cheia de dor onde os homens governam. É uma pena enorme que a vilã, a gênia dos gases Maru, não tenha a mesma profundidade de desenvolvimento do que a heroína, pois sempre defendo que grandes vilões tornam os heróis maiores, vide Coringa, mas aqui ela é tratada mais como vítima coadjuvante do Deus Ares. Uma pena, pois poderia ser um embate muito mais interessante. Entre explosões, diálogos e atitudes previsíveis, desnecessários slow motions, reviravoltas manjadas e aquilo que já vimos em outros filmes de heróis menos corretos, temos um filme redondo legal pra caramba e de boa intenção. É importante por sua representatividade perante à luta feminina, mas também tem um coração enorme ao trazer uma mensagem simples, bonita, direta, universal. E, porque não, ingênua, como as grandes aventuras eram antigamente e hoje foram deixadas de lado por jornadas cada vez mais cínicas e pessimistas. Não é perfeito, mas faz bonito no gênero e deixa uma impressão muito melhor para a Liga da Justiça que está se formando aos poucos." (Rodrigo Cunha)
''O embate entre os fãs das duas maiores editoras de quadrinhos americanas, Marvel e DC Comics, é questão primordial para os nerds.
Cada novo exemplar desse já sólido filão de filmes baseados em HQ é mais um round na briga. Nos últimos anos, a superioridade foi da Marvel, em crítica e em bilheteria. Mas o confronto fica mais equilibrado a partir desta quinta (1º). Ao sair do cinema, a constatação: "Mulher-Maravilha" não é só o melhor filme de um personagem da DC. É tão bom que parece filme da Marvel. Na verdade, parece melhor do que quase todos os filmes da Marvel. O trabalho caiu nas mãos de uma diretora. Patty Jenkins teve sucesso precoce, aos 31, com Monster. Mas a carreira empacou, restringindo-se a episódios de séries. Na superprodução, imprime assinatura incomum aos filmes de heróis de gibi. Consegue equilibrar cenas leves de química romântica entre a Mulher-Maravilha e Steve Trevor, espião americano na Primeira Guerra, com sequências de ação empolgantes. A israelense Gal Gadot é realmente uma maravilha, mas sua contribuição vai além da beleza. Foi uma sacada escalar uma moça de Israel, onde garotas vão para o Exército. Sua desinibição nas coreografadas cenas de batalha talvez não tenha a ver com o treinamento militar, mas muitos espectadores devem estabelecer essa relação. "Mulher-Maravilha" tem ação durante a Primeira Guerra, quando a amazona Diana quebra o isolamento de seu ambiente, uma ilha mística habitada só por mulheres, ao encontrar Steve (Chris Pine). O roteiro ganha pontos numa recriação do início do século passado e propõe com simpatia o estranhamento de Diana diante da Europa. Claro que o filme rende muita discussão sobre um dos temas da vez, a mulher ganhando poder numa sociedade machista. No caso de Diana, superpoder. Com ação, humor, romance e personagens charmosos, "Mulher-Maravilha" é provavelmente o início de uma franquia com tudo para dar certo. Antes do segundo filme solo, ela vai se unir aos meninos no aguardado longa da Liga da Justiça. É esperar para ver se Diana poderá colocá-los num caminho mais divertido no cinema." (Thales de Menezes)
"Mulher-Maravilha" deve se tornar hoje o filme com a maior bilheteria mundial dirigido só por uma mulher. Mas após três semanas em cartaz percebe-se que, na leitura do público mais engajado, que contava com esse reforço da aliada do movimento feminista, o longa de Patty Jenkins ficou devendo resposta à altura do que se esperava da personagem. O descontentamento de parte da exigente audiência começou após a divulgação do pôster e trailer com a heroína (Gal Gadot) de axilas depiladas. O exagero do Photoshop só se equipara ao excesso de patrulha na reclamação. A expectativa era grande, claro, afinal é a primeira vez que a personagem, criada em 1941, é protagonista no cinema, num momento em que o feminismo ressurgiu com pautas tão necessárias e que se fazia urgente uma heroína no meio de tantos filmes com salvadores do mundo do sexo masculino. O longa, mesmo festejado, recebeu críticas pela representação do feminismo. Uma foi a de que a natureza individual da heroína é característica de heróis machos, e que o único caminho para uma mulher avançar no mundo masculino seria a coletividade. Ainda que os movimentos organizados sejam essenciais para conquistas, as maiores mudanças só serão possíveis por meio do que chamo de revolução individual da mulher, exatamente o que a heroína faz. O filme retrata o melhor do feminismo moderno. Consciente da capacidade, proativa e assertiva. Decide o que quer ser, apesar da resistência da mãe, age independentemente do cenário masculino, se relaciona com homens de igual para igual, trata o sexo com o mocinho com a esperada naturalidade, sem neuras, passividade e romantismo exagerado. Reclamam que MM tem poderes graças a Zeus, um homem, o que enfraquece o empoderamento esperado numa mulher. É possível fazer leitura menos contestatória. A de que ele reconhece a igualdade entre os gêneros ao transformar Diana, amazona mortal, numa deusa poderosa, a única capaz de salvar o mundo. Outro personagem que causou reação foi a vilã, retratada, segundo uma crítica, como cientista perversa, como se mulheres inteligentes só usassem o poder para o mal. Quadrinhos estão cheios de vilões de ambos os gêneros, e quase sempre são eles os de pior caráter. E não dá pra exigir sororidade só porque a mocinha do filme é mulher. Há centenas de guerreiras inteligentes, independentes e empoderadas em Themyscira, onde Diana foi criada e o ponto de partida da obra. Não coincidentemente essa parte é tida como um dos melhores momentos por retratar a sociedade matriarcal do sonho de algumas feministas. Não o meu. Não vivemos numa ilha habitada só por mulheres. Temos que sobreviver em um mundo ainda bastante masculino, em que vilões nos desafiam em forma de violência, desigualdade de oportunidades, preconceito, dupla jornada. A melhor lição da heroína é que não dá para esperar que o mundo se transforme no que esperamos, temos que participar ativamente da mudança, cada uma com o seu papel, mesmo sem avião invisível, braceletes ou chicotinho da verdade. Na maioria das vezes será só ignorando o machismo a nossa volta, como ela fez. Ao analisar as circunstâncias nas quais a personagem surgiu nos anos 1940, nos EUA, é difícil acreditar que uma personagem tão feminista pudesse ter sido criada quando os direitos das mulheres começavam a ser conquistados. No livro A História Secreta da Mulher-Maravilha, de Jill Lepore, professora de História Americana na Universidade Harvard, o protagonismo da heroína é dividido com o seu criador, o psicólogo William Moulton Marston, um sujeito esquisito e fascinante. Ele, que pensou em suicídio aos 18 anos, deve sua salvação ao encontro com George Herbert Palmer, professor de filosofia e viúvo de Emmeline Pankhurst, um dos maiores nomes do movimento sufragista americano. Foi o início da ligação com o feminismo que culminou na Mulher-Maravilha, três décadas depois, na Segunda Guerra. Era o momento propício para o surgimento de uma mulher forte, independente, capaz de salvar o mundo, quando os homens lutavam fora do país e abriram espaço para a emancipação feminina. Detalhes íntimos de Marston foram as grandes inspirações para os superpoderes. Criou o detector de mentiras, representado pelo laço da verdade, e viveu um triângulo amoroso muito antes do mundo falar em poliamor. Uma das mulheres usava braceletes. O livro narra a evolução nas HQs. Roupas encurtaram, houve perda dos poderes nos anos 1960, na efervescência da revolução sexual, até MM ser resgatada uma década depois pela jornalista e ativista Gloria Steinem para voltar a ser a heroína feminista que sempre foi. A História Secreta Da Mulher-Maravilha. Nos anos 1970 e 1980, o movimento feminista travou, época em que começa um embate entre feministas radicais e liberais – o trashing", fenômeno que vemos se repetir hoje, inclusive no Brasil. MM ainda passou por muitas transformações visuais nas décadas seguintes, sempre seguindo o que era ditado pela opinião pública. Mais músculos, mais decotes, menos roupas, mais mulher-objeto e menos heroína, até perceberem que o mundo precisa mais de mulheres poderosas do que de tchutchucas. Como podemos conferir no filme, Marston ficaria orgulhoso da versão feminista de sua heroína, no século 21." (Mariliz Perrera Jorge)
''O filme solo da Mulher-Maravilha carrega pelo menos três ônus nas costas que aumentam sobremaneira e talvez injustamente sua responsabilidade de ser mais do que precisava ser: é o primeiro longa da mais importante super-heroína dos quadrinhos; é apenas o segundo longa de super-heróis a ser dirigido por uma mulher (e de longe o de maior orçamento) e, talvez mais importante ainda, é a derradeira chance da Warner/DC mostrar que seu Universo Cinematográfico pode funcionar além do confinamento sombrio e não muito inspirado a que ficou restrito até agora. Em outras palavras, há muito em jogo em cima do sucesso de bilheteria e de crítica do filme, mais do que é normal se esperar de uma obra assim. Além disso, depois do massacre crítico a que foram sujeitos Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, os fãs da DC precisavam de algo que levantasse sua moral e auto-estima, combalidas ao ponto de cozinharem as mais estapafúrdias teorias da conspiração anti-DC e pró-Marvel possíveis, como se os críticos cinematográficos fossem a Legião do Mal, sempre minando a Liga da Justiça. E, antes que esses mesmos fãs venham com pedras na mão em razão dessa minha afirmação, apenas olhem em volta e relembrem o furor raivoso com que muitos lidaram com os comentários maciçamente negativos, mesmo quando o crítico era cuidadoso ao abordar primordialmente os aspectos técnicos das citadas obras. A reação enfurecida que descartava o valor dos críticos é, agora, exatamente o contrário (já que a obra foi bem recebida pela crítica), com um amor nunca antes demonstrado pelos mesmos críticos que há meses eram monstros insensíveis e incompetentes, o que só comprova a necessidade que muitos têm de ter sua opinião validada de uma forma ou de outra e a incapacidade de muitos em aceitar, civilizadamente, opiniões contrárias às suas. Então, foi debaixo desse fogo cruzado intenso e dessa enorme responsabilidade que Mulher-Maravilha estreia mundialmente e, felizmente, em grande parte, o trabalho de Patty Jenkins consegue cumprir suas tarefas com louvor. Se havia dúvidas sobre Gal Gadot como a personagem-título, elas já haviam sido dissipadas em BvS e, agora, são completamente obliteradas. Se havia alguma dúvida sobre a competência de Jenkins por ela ser razoavelmente inexperiente, com apenas um (ótimo) longa no currículo, ela é soterrada aqui. Se havia trepidação sobre mais um filme do Universo Estendido DC perdido em suas ambições inalcançáveis, não há nada a temer. Mulher-Maravilha é o filme que, se não veio trazer um sopro de novidade, definitivamente veio mostrar que uma super-heroína pode carregar seu próprio filme solo facilmente nas mesmas costas que carregam as responsabilidades mencionadas.
A luz
Mulher-Maravilha é um filme de origem, não há como fugir disso. E, aqui, o roteiro de Allan Heinberg, baseado em argumento dele mesmo e também de Zack Snyder e Jason Fuchs, nos apresenta à Temiscira e às amazonas de maneira irretocável, bebendo da mitologia original da criação de William Moulton Marston, como Diana ter sido “feita” de barro, algo que sua mãe Hipólita (Connie Nielsen), a rainha, diz para ela para evitar abordar elemento que só foi introduzido nos quadrinhos mais recentemente, que transformaram Diana em filha de Zeus nos sensacionais arcos de Brian Azzarello durante os Novos 52. Vemos um paraíso imaculado, povoado unicamente por mulheres vivendo em paz, mas treinando para a guerra. A pequena Diana (Lilly Aspell), deslumbrada com seus pares adultos, quer porque quer ser treinada como guerreira, mas sua mãe a impede, ainda que sua tia, a general Antíope (Robin Wright) desobedeça as ordens e a treine de toda forma. E, na medida em que já aprendemos sobre o espírito inocente, mas valente da futura Mulher-Maravilha, aprendemos sobre a origem das amazonas por intermédio de um artifício narrativo inteligente que disfarça o didatismo como uma história de ninar para o futuro terceiro vértice da Santíssima Trindade da DC. É assim que somos introduzidos, pela primeira vez, ao conceito dos deuses do Olimpo e da fúria de Ares, o deus da guerra, que acaba com seus pares, sendo derrotado por Zeus que, mortalmente ferido, cria Temiscira, uma ilha protegida do mundo, e as Amazonas como uma forma de manter o vilão em xeque. O que é interessante é notar que, ao mesmo tempo que esse breve momento entre mãe e filha serve para educar o espectador sobre o que seria mostrado ao final da projeção, ele também funciona como uma forma de trabalhar a percepção de mundo por Diana. Se Temiscira é uma ilha protegida do olhar externo, Diana é uma joia super-protegida por sua mãe, conhecedora, claro, de sua herança genética como filha de Zeus. Ela quer manter sua filha como uma ilha dentro de uma ilha e o resultado disso é uma pureza e uma inocência que são carregadas para Diana adulta, já na forma de Gal Gadot, que interpreta o mundo de maneira literal, sempre lidando com absolutos, sem gradações. Essa forma típica da juventude de percepção de mundo é trabalhada maravilhosamente bem por Gadot, que mantém seu ar de deslumbre com tudo o que vê, com tudo o que aprende, com tudo o que descobre. Ela é a encarnação da pureza e da inocência, da luz mesmo, que nos encanta imediatamente naquele paraíso secreto.
Mas o paraíso está perdido – ou quase – e essa pureza e inocência são ameaçadas com a chegada do espião americano Steve Trevor (Chris Pine), que despenca dos céus na costa da ilha e é salvo por Diana somente para que ela descubra a violência e a morte que o Homem traz consigo: um batalhão alemão, que perseguia Steve, invade Temiscira e, no processo, Diana aprende sobre a morte, sobre a valentia de um estranho e sobre o que ela nasceu para fazer. Com sua tia morta e com a revelação de que o mundo está em guerra, Diana não titubeia em enfrentar sua mãe e, armada com a espada Matadora de Deuses, um escudo, o laço da verdade e uma armadura cerimonial, além da tiara com o símbolo de Antíope, ela parte para o mundo dos homens para achar e matar Ares, que ela tem certeza é o responsável por todo o caos em que as nações se encontravam. A equação é simples: se Ares é o deus da guerra, responsável pela queda dos deuses do Olimpo, então sua morte eliminaria a guerra. É por isso que é importante entender de verdade a forma insular como Diana foi criada em sua ilha e como o roteiro trabalha bem esse aspecto. Ela não é como as outras amazonas, que viveram a grande guerra liderada por Hipólita. Ela é escudada do conhecimento duro e cru e conhece o mundo em tese, levando a mitologia ao pé da letra. O raciocínio infantil que ela tem sobre Ares é a forma pura de se encarar uma situação impossível e isso não retira da personagem sua inteligência e muito menos sua bravura. O filme é, acima de tudo, afinal de contas, a história da perda da inocência de uma jovem mulher que, por acaso, é a ''Mulher-Maravilha''. Patty Jenkins já mostra personalidade aqui, nesse crucial terço inicial. Ela sabe exatamente o que precisa mostrar e o que precisa esconder, mas nunca trata o espectador como bobalhão, como alguém que nunca tenha ouvido falar da heroina. Sua montagem é delicada, calma, sem arroubos frenéticos mesmo quando lida com a excelente sequência da invasão da ilha. Ao lidar com a ação e com a violência, ela sabe igualmente esconder o que precisa para garantir a universalidade da fita, sem mascarar os horrores da guerra a partir das feições de Diana lidando com um dilúvio de novas informações. O uso da câmera lenta, algo que Jenkins herda de Zack Snyder, não tenho dúvida, é também reservado para os momentos de pancadaria e, mesmo assim, aqueles envolvendo as amazonas. São momentos cirúrgicos que valorizam as sequências e, em sua grande maioria, têm propósito narrativo, como quando vemos – pelo olho de Diana – a morte da primeira amazona. A paleta de cores da exuberante fotografia de Matthew Jensen (mais conhecido por seu trabalho na TV, mas que foi o responsável pela fotografia de Poder Sem Limites e do mais recente Quarteto Fantástico) é um colírio para olhos que esperavam o peso das escolhas sombrias e azuladas de Snyder. Mas, também, há uma funcionalidade nas cores claras – mas nunca fortes – usadas por Jensen, que é criar o forte contraste funcional com o mergulho na escuridão que Jenkins faz aqui. Na medida em que Diana entra cada vez mais em contato com o mundo real, menos cores, menos claridade o filme passa a ter, em uma escolha óbvia, mas mesmo assim sábia da manipulação da temperatura da projeção que usa a fotografia para comentar estados de espírito, mais do que para apenas emprestar um duvidoso elemento autoral.
As sombras
O par criado imediatamente por Diana e Steve ainda na Ilha Paraíso (a ilha nunca é chamada assim e a Mulher-Maravilha também é sempre somente Diana, mas não há mal algum em tomar essa liberdade, não é mesmo?) é de se aplaudir. Gadot e Pine têm química instantânea e não só porque os dois são jovens e bonitos, mas sim porque eles compartilham uma entrega a seus respectivos personagens.A Diana de Gadot é a inocência pura que deseja mais do que tudo aprender sobre o mundo e Pine é a experiência mundana que deseja mais do que tudo a inocência de Temiscira. São, de certa forma, os proverbiais opostos que se atraem e a atração, aqui, é natural e bem abordada – sem pressa – por Jenkins, ao ponto de certa forma causar genuína tristeza a morte de Steve ao final, ainda que fosse algo realmente necessário dentro da mitologia estabelecida no Universo Estendido DC. Quando eles partem da ilha para o mundo dos homens, a viagem de descoberta da jovem Diana realmente começa. Sem a proteção de seus pares, ela, agora, precisa viver sua vida independente e, no processo, lidar com o bombardeio sensorial que é esse universo fora do escudo mascarador de Zeus (foi só eu, ou a magia usada ali poderia justificar a existência do ridiculamente mítico avião invisível” em futura continuação?). Agora, Diana é apenas” uma mulher em um mundo comandado pelos homens. Um mundo feio, destruído e em constante conflito. Nesse ponto, o roteiro de Heinberg mais do que acerta novamente ao introduzir de vez os elementos cômicos, algo que já havia sido usado nas sequências da “banheira” e do barco entre Steve e Diana. A introdução da simpática Etta (Lucy Davis) na história ajuda bastante nas de certa forma batidas, mas bem utilizadas cenas de escolha de “roupas adequadas” para a guerreira amazona, com uma bem vinda piscadela para a clássica série setentista estrelando Lynda Carter, seguida de uma cena em um beco de Londres que perfeitamente recria sequência equivalente em Superman – O Filme, de Richard Donner. É o legado sendo usado de forma inteligente e não intrusiva para contar uma história. É em Londres que a história, então, ganha seus contornos finais: Steve e Diana têm suas ideias negadas e eles são proibidos de fazer qualquer coisa contra a Alemanha que possa ameaçar ao armistício. Mesmo com a ajuda de Sir Patrick (David Thewlis), que faz jogo duplo (triplo, pois ele é Ares, claro) como defensor da paz e patrocinador do grupo montado por Trevor, a missão é impossível: ir até uma base alemã atrás das linhas e destruir o gás criado pela Doutora Maura ou Doutora Veneno (Elena Anaya), a mando do beligerante General Ludendorff (Danny Huston). Nesses aspectos – no grupo de Trevor e nos dois vilões – vemos os primeiros problemas da fita, ainda que eles de certa forma sejam mitigados pelo foco constante em Diana, que agora é Prince. Jenkins, ainda mantendo um passo cadenciado e paciente, emprega muito tempo na introdução do otomano Sameer (Said Taghmaoui), do irlandês Charlie (Ewen Bremner) e do nativo americano Chefe (Eugene Brave Rock) dando a entender que eles serão importantes na narrativa. No entanto, ainda que eles funcionem aqui e ali como alívios cômicos e comentário social (o massacre dos indígenas é abordado rapidamente como parte do aprendizado de Diana), eles são, em conjunto ou separadamente, desperdiçados completamente na história. Imaginem o mesmo filme sem esses três personagens e pensem o que mudaria de verdade. A resposta será muito provavelmente um grande “nada” e o colorido que eles agregam não justifica a metragem de celuloide empregada para eles. No caso dos dois vilões – a Doutora Veneno e o General Ludendorff – eles são rasos como o proverbial pires, praticamente caricaturas vilanescas que são tratados de maneira derivativa pelo roteiro. A Doutora Veneno não tem praticamente função alguma, pois teria sido bem mais honesto simplesmente usar cientistas genéricos de jaleco branco para criar os gases que ela cria. Sua presença na história, assim como os amigos de Trevor, é o equivalente a uma figuração de luxo. Ludendorff, por outro lado, funciona como uma tentativa válida, mas mal executada, de se desviar a atenção sobre a verdadeira identidade de Ares. Jenkins erra ao pesar demais no uso estilo vilão de James Bond de Huston, que, talvez consciente de seu papel caricatural, atua como uma panache quase hilária. Por outro lado, ela acerta ao lidar com David Thewlis e seu Ares quando ele é revelado a Diana finalmente na torre da fábrica de gás venenoso (mais sobre isso adiante). Mas nada tira o brilho da escolha da Primeira Guerra Mundial como pano de fundo para a ação. Ainda que a Mulher-Maravilha dos quadrinhos tenha sido criada durante a Segunda Guerra e que sua famosa série de TV tenha toda a primeira temporada passada durante esse conflito, a lógica do uso do primeiro conflito mundial é perfeita. Não só é o primeiro grande momento destrutivo da História da Humanidade, o que combina com a suspeita inocente de Diana sobre Ares, como também permite o uso da guerra química e de cavalos, o primeiro elemento ajudando a sacramentar o horror da guerra e, o segundo, a permitir uma transição suave – ou quase – entre o que Diana conhece e o que ela tem à disposição nesse novo mundo. E é nesse cenário de destruição, em plena Terra de Ninguém, que o mais importante momento da obra de Patty Jenkins acontece: o nascimento de uma super-heroína. Poucos momentos em filmes de origem de super-heróis foram tão eficientes em encapsular essa gênese quanto na belíssima sequência da trincheira em que Diana se transforma em Mulher-Maravilha ao largar seu manto, subir a escada e, sozinha, enfrentar o inimigo. Em termos comparativos, seria perfeitamente possível parear o poder dessa sequência com a primeira aparição pública do Superman no filme de Richard Donner, em que o herói salva Lois Lane do helicóptero ou quando Tony Stark sai da caverna com sua Mark I em Homem de Ferro. Falo, aqui, não necessariamente de fidelidade ao material fonte, mas sim de fidelidade espiritual a tudo que os quadrinhos clássicos representam. Diana, de vermelho, dourado e azul, armada apenas de um escudo e uma espada, além de seus braceletes, não titubeia em desviar de sua missão principal e mergulhar de cabeça em um conflito que não é seu, mas que é sim seu. Essa é a essência do herói. E ela está toda aqui, nesses breves minutos que continuam na também ótima sequência de retomada do vilarejo. A paleta de cores amarela e dourada de Jensen dá lugar, então, ao azul predominantemente, respeitando o horror da guerra que até emudece a vitalidade da armadura de Diana, mas não sua determinação. Vemos um exemplo evidente da funcionalidade da fotografia sombria que pontuei mais acima. O escurecimento é inversamente proporcional à claridade de pensamento de Diana. Quando mais a ela é revelado, menos cor o filme passa a ter, o que evita que sombrio seja sinônimo de escuro, como muitos tendem a confundir por aí.
A escuridão
No terceiro ato, depois que a relação entre Diana e Steve chega a seu ponto algo de forma elegante e discreta, singela mesmo, Patty Jenkins começa a perder o controle de seu filme, colocando-o nos trilhos do convencional e, pior, do genérico. O primeiro sinal disso é a forma como o bombardeio do vilarejo com o gás experimental da Doutora Veneno é tratado. Uma fumaça laranja, um (apenas um) corpo no chão e uma Diana desnorteada, mas não tanto. Tudo aquilo que fora encapsulado na sequência da trincheira se perde aqui. Mas há uma recuperação de fôlego depois que ela finalmente liquida o general alemão, na certeza de que ele é Ares. Sua frustração vendo que nada mudou logo abre espaço para o surgimento de seu verdadeiro nêmesis, o até então tão solícito e simpático Sir Patrick. O uso das janelas para separar Diana de Ares durante a conversa que eles têm foi uma boa ideia da diretora, que mantém o ar de mistério e ameaça acesos, ainda que, neste ponto, o roteiro de Heinberg exagere no didatismo, não deixando absolutamente nada para dedução do espectador. Essa mania de explicar o óbvio em detalhes excruciantes subestima o público e arrasta o filme que já é longo e cuja duração começa a ser sentida a partir deste ponto. Diana não precisava que ninguém desenhasse para ela o que está acontecendo, que a lenda de Ares como sendo o único responsável pelas mazelas da humanidade é só isso mesmo: algo conveniente para ser contado por uma mãe super-protetora para sua filha querida. Se consideramos o crescimento da personagem até o ponto em que Ares finalmente se revela, o texto expositivo de Heinberg chega a ser um insulto à inteligência dela e, por tabela, a nossa. Mas a grande verdade é que estes dois pontos que levantei acima nem são as maiores fraquezas do terceiro ato. O maior pecado do roteiro e da execução de Jenkins é a luta pasteurizada final entre a Mulher-Maravilha e Ares com sua armadura dos quadrinhos. Aqui, a estrutura aventuresca e jovial do filme cede espaço para uma pancadaria entre deuses que simplesmente não combina com tudo o que veio antes. Sim, há uma circularidade lógica nos eventos, mas a forma como o roteiro lida com Ares e o liquida em questão de minutos com explosões, veículos sendo arremessados e um “raio” mágico tirado completamente da cartola coloca o filme perigosamente no território do genérico, do apressado e do formulaico. Não que o resto da estrutura do roteiro não acompanhe a estrutura de outros filmes de origem de super-heróis, pois acompanha em detalhes, sem realmente apresentar nada de novo neste termos. No entanto, Jenkins havia, até aqui, sido bem sucedida em transformar o óbvio, o clichê em um espetáculo para os sentidos, em uma injeção de ânimo no subgênero dos filmes de super-herói que também deve muito à enérgica e mais do que convincente atuação de Gal Gadot. No entanto, quando tudo ao final se resume a uma escuridão quase que total com troca de socos titânicos em uma montagem abrupta, com planos de milissegundos e uma resolução do tipo acabou seu tempo, acaba isso aí embebida em CGI que deixa a desejar, vemos o filme da produtora tomando de assalto o filme da diretora. Vemos o discreto toque pessoal perder força e a linha de produção entrar de sola, subestimando um vilão razoavelmente bem construído e, pior, subestimando a fantástica heroína que a fita estabelece. Como se isso não bastasse, o roteiro não resiste e dá a Steve Trevor um espaço que ele não precisava ter. Calma que eu explico. A escolha estrutural de Jenkins, nesse tumultuado final é entregar dois finais sucessivos, o primeiro em relação à Trevor e, o segundo, ao conflito divino. Ainda que não houvesse outra solução que não a morte do personagem, ela toma uma enorme porção deste final, quase que efetivamente repartindo o tempo entre ele e Diana. E o filme é de Diana. É, afinal de contas, o primeiro filme solo de uma super-heroína. Os holofotes precisavam estar nela e não – mesmo que momentaneamente – na história secundária. A montagem sucessiva chega a quase criminosamente dar a entender que a Mulher-Maravilha só é o que é em função de Trevor.
A odisseia continua
Apesar dos pesares, Mulher-Maravilha é o filme que Warner/DC precisava e que os fãs ansiavam e é quase o filme que a septuagenária heroína merecia. Ele estabelece um vislumbre de caminho a ser seguido se o Universo Estendido DC efetivamente quiser desvencilhar-se da pegada equivocada que teve até agora, que correu demasiadamente para criar algo compartilhado que mais parece uma colcha de retalhos costurada de olhos fechados. Na mesma linha, a mitologia construída aqui, com calma e compassadamente – de certa forma espelhando o filme de origem que vimos em O Homem de Aço – engrandece o todo ao mesmo tempo que dá um passado e uma dimensão aos heróis da DC no cinema. Patty Jenkins e Gal Gadot pavimentam um futuro potencialmente brilhante, mas que, para chegar lá, a produtora precisa de paciência e determinação, evitando agir no afogadilho ou apostando apenas no nome de seus queridos personagens ou no taco de cineastas estabelecidos." (Ritter Fan)
Warner Bros. Atlas Entertainment Cruel & Unusual Films DC Entertainment Dune Entertainment Tencent Pictures Wanda Pictures
Diretor: Patty Jenkins
332.697 users / 71.123 faceSoundtrack Rock Imagine Dragons
50 Meracritic 15 Up 2
Date 14/07/2017 Poster - ### - DirectorLuke ScottStarsKate MaraAnya Taylor-JoyRose LeslieA corporate risk-management consultant must decide whether or not to terminate an artificially created humanoid being.[Mov 06 IMDB 5,8/10] {Video/@@} M/48
MORGAN
(Morgan, 2016)
TAG LUKE SCOTT
{simpático}Sinopse ''Uma consultora corporativa de gestão de risco (Kate Mara) é convocada para investigar um acidente que provocou vários danos em uma instalação remota. Chegando lá ela se depara com uma jovem (Anya Taylor-Joy) de aparência frágil e inofensiva e precisa decidir se ela deve ou não ser sacrificada.''
"Sim, é mais um filme sobre experiencias para gerar uma raça superior que saem do controle e apresentam perigo para humanidade. Mas esse tem uma assinatura respeitável. Riddley Scott, pai do diretor, é produtor desse filme que foi mal nos cinemas, mas está prestes a virar série de TV. Tem climão certo, boa narrativa e traz sacads que o deixam acima da média do gênero sci-fi. Talvez não tão marcante para telona, mas pode render um seiado de fôlego. Provavelmente, sem os bons atores do longa: Kate Mara, o sempre òtimo Paul Giamatti e Anya Taylor-Joy como Mrgan, resultado perigoso de uma expêriencia tenebrosa." (Thales de Menezes)
Scott Free Productions TSG Entertainment Twentieth Century-Fox Studios, Hollywood
Diretor: Luke Scott
28.433 users / 5.505 face
33 Metacritic 1.103 Up 249)
Date 11/07/2017 Poster - ## - DirectorRichard TanneStarsTika SumpterParker SawyersVanessa Bell CallowayChronicles the 1989 summer afternoon when the future President of the United States, Barack Obama, wooed his future First Lady, Michelle Obama, on a first date across Chicago's South Side.[Mov 04 IMDB 6,6/10] {Video/@@} M/74
MICHELLE E OBAMA
(Southside with You, 2016)
TAG RICHARD TANNE
{esquecível}Sinopse ''1989. Barack Obama (Parker Sawyers), calouro da faculdade de Direito de Harvard, arruma um emprego temporário em um escritório de Chicago. Lá, fica sob as ordens da jovem advogada Michelle Robinson (Tika Sumpter), por quem se apaixona. Certo dia, a advogada finalmente aceita o convite do estagiário para sair e os dois visitam um museu, fazem uma longa caminhada e terminam o dia de verão assistindo ao filme Faça a Coisa Certa, de Spike Lee.''
"Além de ser um pequeno e singelo romance, acredito que uma de suas principais funções, que é justificar a personalidade de Obama, foi cumprida com maestria." (Alexandre Koball)
"Ecoando a Trilogia do Amanhecer, é um relato simples, mas sempre doce e eficiente, de duas pessoas descobrindo sentimentos um pelo outro. Não há pieguice ou excessos, e os protagonistas têm ótima química. Não tem a magia de Linklater, mas funciona." (Silvio Pilau)
''Em uma esquina do Hyde Park, bairro da zona sul de Chicago, onde costumava existir uma sorveteria, uma placa celebra o lugar onde Barack Obama beijou Michelle Robinson (depois Obama) pela primeira vez. Marcos assim, raramente dedicados a presidentes em exercício, dão a medida da iconografia construída em torno de Obama na cultura política e pop dos EUA. "Michelle e Obama", que estreia no Brasil nesta semana, não dá conta dessa iconografia. Modorrento e adocicado, o filme tampouco faz jus à história de vida do casal que deixará a Casa Branca em janeiro próximo. Não que a produção – cujo título em inglês é um menos pretensioso Southside With You, em alusão ao pedaço de Chicago onde os dois viviam– revele algo surpreendente da vida de Obama, já desfiada em biografias minuciosas como A Ponte e um sem-fim de artigos na imprensa americana. Em 84 minutos, o diretor novato Richard Tanne acompanha o primeiro encontro entre Barack, estagiário de 27 anos em um escritório de advocacia de Chicago e estudante de direito em Harvard, e Michelle, sua supervisora na firma, dois anos e meio mais nova, em uma tarde de 1989. Eles conversam pelas ruas do Southside; visitam um museu; participam de uma assembleia comunitária na qual Obama faz um longo discurso sobre persistência; falam sobre as respectivas famílias; assistem a Faça a Coisa Certa, de Spike Lee; jantam; tomam sorvete; se beijam. Apesar do roteiro esquálido, o filme poderia ter força se os diálogos usassem mais improviso (como, por exemplo, na trilogia de Antes do Amanhecer, de Richard Linklater), mas isso seria impossível em se tratando de personagens reais – o que se ouve, embalado pela estética e a música da época, é esquemático e previsível. Ou se o Obama tranquilão interpretado pelo ator Parker Sawyers, cujo biotipo e o olhar penetrante lembram os do presidente americano, fosse além de imitar o modo de falar do democrata e transpirasse alguma emoção. Felizmente, a Michelle de Tika Sumpter consegue captar parte da força da personagem original, normalmente descrita em biografias como uma pessoa muito mais arredia do que a que a figura inspiradora que hoje domina as redes sociais, e oferecer um vislumbre da dinâmica do casal. Se o filme valer uma sessão da tarde inócua, é por ela." (Luciana Ribeiro)
''A ideia, de Richard Tanne, de nos contar uma ideia sobre o primeiro encontro romântico de Barack Obama e a então Michelle Robinson definitivamente soa como uma comédia romântica glorificada, simplesmente mais do mesmo, mascarado com o velho “baseado em fatos reais” e representações de personalidades ilustres de nossa sociedade. Felizmente, contudo, somos surpreendidos pelo que o diretor/ roteirista nos oferece – não que seja um filme que mudará nossas vidas, mas ele certamente conta com mais alma do que muitos outros do que vemos por aí, conseguindo sobrepujar seus acertos sobre os defeitos que estão, sim, presentes. A trama acompanha um dia na vida de Michelle (Tika Sumpter) e Barack (Parker Sawyers). O, então, estudante de Harvard, temporário no escritório de Robinson, convida sua futura esposa para uma reunião de um dos bairros mais pobres de Chicago. Enquanto Michelle insiste que aquilo não é um encontro, Barack procura convencê-la constantemente do contrário. Em diversos aspectos, Michelle e Obama, de fato, soa como uma comédia romântica qualquer. A clássica estrutura dos chick flicks está presente de forma explícita: garoto conhece a garota, ele a perde e, por fim, a reconquista. O que diferencia a obra das centenas de outras do mesmo gênero é justamente o trabalho de Tanne como roteirista, que insere diálogos verdadeiramente bem escritos, trazendo uma constante dinâmica para o longa-metragem. O roteiro ainda assume um importante discurso sobre o preconceito e a misoginia, fatores que seriam combatidos posteriormente na administração de Obama. Sob determinado olhar, esse é quase um filme de origem, visto que conseguimos enxergar com clareza o futuro presidente e primeira dama nos personagens apresentados. A direção também não deixa a desejar e foge do óbvio em seus enquadramentos e movimentos de câmera, que distanciam sua produção de outras comédias românticas. Há uma presença maior de planos mais contemplativos, que se encaixam com os diálogos presentes. O que mais nos chama a atenção é o trecho na galeria de arte, que faz uso de uma linguagem quase documental para construir um dos mais belos momentos do filme. As atuações de Sawyers e Sumpter também não deixam a desejar. Ambos contam com a difícil tarefa de sustentar o longa quase que por completo – são poucos os momentos que os vemos contracenando com outros atores. Os dois conseguem verdadeiramente encarnar suas contrapartes na vida real, adotando todos os maneirismos dos dois. Sumpter, em determinados momentos, acaba soando teatral ou robótica demais, mas, felizmente, isso é contornado na maior parte da projeção. Dito isso, apesar de sua alma, ''Michelle e Obama'' ainda se estabelece como um simples feel good movie. Mesmo com seu discurso contra o racismo e o preconceito de uma forma geral, seu foco na crescente relação entre o futuro presidente e sua primeira-dama acaba ficando no território da comédia romântica. É, definitivamente, melhor que muitas outras obras do gênero, mas não acrescenta nada de novo verdadeiramente. De toda forma, irá agradar o espectador que apenas busca ser entretido na sala do cinema." (Guilherme Coral)
2016 Sundance
Get Lifted Film Company IM Global
Diretor: Richard Tanne
7.030 users / 46.623 faceSoundtrack Rock Martha & The Vandellas / Soul II Soul / The Delfonics / Teddy Pendergrass / Janet Jackson
42 Metacriric
Date 21/07/2017 Poster - ##### - DirectorWerner HerzogStarsMichael ShannonWillem DafoeChloë SevignyInspired by a true crime, a man begins to experience mystifying events that lead him to slay his mother with a sword.[Mov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@@ M/59
MEU FILHO, OLHA O QUE FIZESTE!
(My Son, My Son, What Have Ye Done, 2009)
TAG WERNER HERZOG
{assustador}Sinopse ''O filme se inspira na história verídica do assassino Mark Yavorsky – que enlouqueceu e apunhalou a mãe até à morte com uma espada – e é influenciado pelo mito do matricida Orestes, da tragédia de Eurípedes. Somos introduzidos no enredo com a chegada de um detetive (William Dafoe) que investiga o assassinato violento de uma mulher morta pelo filho Brad (Michael Shannon), homem que enlouqueceu após ouvir a voz de Deus numa viagem ao Peru.''
{A voz de Deus que também ouvimos já no título original do filme: My Son My Son, What Have Ye Done, como em resposta ao célebre questionamento de Cristo ao morrer: Eli Eli, Lama Sabactani (Deus meu, Por que me Desamparaste?). Título que resgata na sonoridade e rima a retórica bíblica, como se Herzog desse voz ao Deus que se calou e matou seu filho, espelhando-o agora num homem que rejeita o ventre, que aniquila a presença materna como única hipótese de sobrevivência e redenção} (ESKS)
''Não adiantou o nome de David Lynch na produção, não adiantou o rebuliço causado com a sessão surpresa em Veneza, ''Meu Filho, Olha o Que Fizeste!'' é filme sombreado por um tipo de maldição que acompanha desde as primeiras inspirações; mal que se apresenta, invariavelmente, nas grandes obras incompreendidas pelo tempo. Enorme tolice acusar um trabalho como este de restrito aos iniciados em Herzog, seu diretor, se na verdade é título que não exige mais do que sensibilidade, filme que pede a chance de identificar não apenas um evidente processo rumo a insanidade, mas de encontrar nos caminhos da loucura um reflexo de tormentos que assolam o homem desde tempos ancestrais. Projetado na mente de Herzog em 1995, a partir de um crime verídico, o roteiro de Meu Filho… esperou mais de uma década para encontrar qualquer chance de concretização. É possível imaginar o temor de investidores diante de um simplório enredo policial, situado em terras americanas, que precisasse contar com cenas no coração do Peru, especificamente no Rio Urubamba. E por mais que reconheçamos ser esta necessidade uma espécie de fetiche para o autor de Aguirre e Fitzcarraldo, filmes que contaram com a mesma locação, o estranhamento imposto pelo roteiro na relação dos espaços é pedra angular da dramaturgia aqui implicada. É por causa do que nosso protagonista (Michael Shannon, numa interpretação que beira o expressionismo) experimenta na distinta região, do que ele vive tão profundamente a ponto de afirmar que naquele local conseguiu ouvir a voz de Deus, que toda a motivação de Meu Filho… será revelada e justificada. Há no contato de seu corpo com o ambiente natural - as pedras, as águas, o verde, a terra, elementos onipresentes em Herzog - uma espécie de invocação que não pode ser compartilhada ou filmada, mas que sombriamente habita toda a projeção do longa metragem. Vem deste embate das naturezas o desejo do crime, a inócua justificativa do personagem para o assassinato cometido contra a própria mãe, ato que também não nos é dado o ver. E é no matricídio que os anseios culminam, nesse instinto de eliminação que, de fato, acompanha a carreira do diretor desde seus primeiros gestos com as câmeras. Muito adequada a explícita referência ao Orestes, interpretado pelo mesmo ator numa peça dentro do filme, jogo de espelhos, acentuação no caráter labiríntico da loucura, desta diluição/desintegração interior que o jovem filho atravessa. Mais do que um exercício de mise en scène, o que vemos nas belas sequências negras, literalmente mergulhadas em escuridão, do teatro, é um complexo desenvolvimento de mise en abyme, como raras vezes Herzog terá tão claramente explorado. Apropriar-se da tragédia grega, como ele aqui o faz, instaura um abismo que nos permite uma compreensão não só das angústias sofridas por suas personas - emoções e reações míticas, originadas num estado primitivo do humano e que para sempre serão universais -, mas que também ilumina um aspecto de seu trabalho enquanto filmografia, enquanto conjunto de filmes que orientam-se sob uma espécie de política do trágico. É bem verdade que as preocupações de Herzog no cinema, especialmente estas que encontram no mundo físico um contraste para o realce do sublime, são constantemente motivadas dentro de um princípio muito próximo ao da tragédia: exploração subjetiva de indivíduos que agem no mundo e se transformam independente de sua vontade. Se Meu Filho… estampa direta e frontalmente tal especularidade, o faz não de maneira leviana, como para truncar gratuitamente a estrutura do enredo; pelo contrário, encontra aí uma iluminação de questões que até aqui (em sua carreira) poderiam estar carentes de embasamento. É porque Herzog assume o trágico que seus filmes permanecem cristalizados, enigmas que não se rompem ao mero desfecho ou clímax, e nesse sentido, Meu Filho… torna-se exemplo máximo de uma concepção muito particular dentro da narrativa contemporânea. Do longo trem que divide a tela ao meio, logo nos créditos de abertura, aos efeitos de algumas cenas que mais parecem fotografias, dada a imobilidade e pose dos atores, Meu Filho… é filme que desarticula não só uma lógica de Hollywood - a exemplo do que bem faz seu irmão, Vício Frenético -, mas reorienta todo um procedimento do olhar no cinema de gênero. Por mais que se fale dele ou se tente explicá-lo, eis um filme que sempre manterá o surpreendente das formas, equilibrado numa fina teia de significados, pois concentrado em seus efeitos. Filme que atesta Herzog como um alguém sempre disposto a se enfrentar, seja voltando às águas de um rio, seja colocando seu trabalho diante do espelho, afinal, assim como as águas nunca são as mesmas, também um espelho jamais reflete uma mesma imagem de si." (Fernando Mendonça)
2009 Lion Veneza
Defilm Industrial Entertainment Paper Street Films
Diretor: Werner Herzog
8.283 users / 2.711 face
13 Metacritic
Date 12/09/2017 Poster - ####### - DirectorMaïwennStarsVincent CasselEmmanuelle BercotLouis GarrelTony is admitted to a rehabilitation center after a serious skiing accident. Dependent on medical staff and painkillers, she takes the time to remember the tumultuous love story she lived with Georgio.[Mov 04 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@} M/68
MEU REI
(Mon Roi, 2015)
TAG MAIWENN
{cansativo}Sinopse ''Depois de um grave ferimento no joelho, Tony (Emmanuelle Bercot) se muda para o sudoeste francês para realizar um longo tratamento capaz de ajudá-la a caminhar normalmente. Mas esta não é a sua maior dor: ela ainda amarga um longo relacionamento infeliz com Georgio (Vincent Cassel), homem manipulador e possessivo com quem tem um filho.''
"Após o belo "Polissia", Maiwenn derrapa com um projeto inesperadamente convencional, na temática (conflitos amorosos) e na forma (mosaico de flashbacks), e que não diz a que veio. Boas atuações, alguns momentos fortes, mas no geral é bem decepcionante." (Régis Trigo)
"O amor é como um electrocardiograma. Se vai para cima e para baixo, está vivo. Se está numa linha reta, está morto." (Guilherme Spada)
"Consegue capturar bem as nuances de um relacionamento real, cheio de altos e baixos; cheio de amor e ódio; cheio de olhares e desprazeres. É um filme com vigor, bem interpretado, sensível e não escancara tudo para o espectador. Perto do ideal." (Alexandre Koball)
''Não há um elogio maior a se fazer sobre "Meu Rei" do que dizer que o filme lembra Uma Mulher Sob Influência, obra-prima de John Cassavetes, com interpretações antológicas de Gena Rowlands e Peter Falk. Não, o filme francês jamais chega a ser tão memorável quanto o americano. Mas, em seus melhores momentos, a diretora Maïwenn (Polissia) se aproxima do feito cassavetiano de entregar uma obra que parece antes um recorte da vida do que uma encenação. Nessas sequências luminosas, Emannuelle Bercot (ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes pelo filme) e Vincent Cassel pouco deixam a dever a Rowlands e Falk. Sob a mise-en-scène livre de Maïwenn, que privilegia mais o jogo entre os intérpretes do que uma decupagem de cena rigorosa, eles por vezes nos fazem esquecer que estamos diante de atores e acreditar que seus personagens caminham entre nós. "Meu Rei" é um estudo sobre a dependência amorosa. Tony (Bercot) é uma mulher sob a influência da paixão por Georgio (Vincent Cassel). Ela é uma advogada tímida, de classe média. Ele é rico e ex-namorado de jovens modelos. Na primeira vez que eles transam, Tony chora, conta que seu ex-marido se separou alegando que sua vagina era larga e pergunta se Georgio também era um idiota. Eu sou o rei dos idiotas! E, dali em diante, ele será seu rei - e seu idiota – particular. Tony irá aguentar tudo pela paixão. Sempre que Tony ameaça ir embora, Georgio – sedutor, manipulador, abusador – a convence a ficar. Ele depende da dependência dela, de seu amor submisso e irrestrito. Em um certo sentido, "Meu Rei" é um filme didático, uma radiografia de uma mulher viciada em amor. Esse aspecto enfraquece o todo: para melhor obter seu diagnóstico, a narrativa irá reprisar situações, sublinhar intenções. Mas o principal problema do filme é sua estrutura, toda construída em torno de flashbacks. No começo, Tony sofre um acidente e enfrenta um longo tratamento, com o objetivo de voltar a caminhar. Suas cenas de martírio físico são intercaladas com suas memórias sobre a relação com Georgio – uma escolha que abre espaço para um tanto de psicologia barata e metáforas banais sobre queda, recuperação, superação. Não tira o mérito das muitas cenas de frescor narrativo, de brilho intenso de Bercot e Cassel. Mas impede que Maïwenn chegue mais perto de Cassavetes." (Ricardo Calil)
''Não seria surpreendente se, nos tempos estranhos em que vivemos, gente preconceituosa usasse as escolhas da personagem de Emmanuelle Bercot em Meu Rei para justificar os machismos nossos de cada dia. É que Tony, a mulher em questão, vive num relacionamento abusivo com Georgio (Vincent Cassel), sujeito atraente e muito controlador, por quem ela é absolutamente apaixonada. Daí que mesmo após decepções gigantescas, traições e muita violência psicológica, Tony continua atraída pelo marido (ex, a partir de determinado momento da narrativa), o que, para alguns, seria suficiente para definir a personagem como mulher de malandro, que gosta de apanhar (por vezes literalmente). Estariam justificadas, por esse raciocínio, as ações de Georgio, fazendo-se aqui a economia de um dos aspectos mais cruéis, e comuns, da opressão: a captura da mente do oprimido, levando-o a compactuar com aquele que o agride e a se culpar pela violência que sofre. Nesse sentido, o que Maïwenn consegue com Meu Rei é expor as vísceras de um relacionamento abusivo sem abrir mão da complexidade dramatúrgica, uma vez que Tony não é tratada em nenhum momento do filme como mero instrumento para a construção de um panfleto, mas como uma mulher de carne e osso, com desejos, inseguranças, fragilidades. O mesmo vale para Georgio, que não surge em cena como um vilão a lá Dormindo com o Inimigo (1991): ele é também um homem complexo, com vícios e virtudes, que realmente acredita no seu amor por Tony e pelo filho que têm juntos. A apresentação desse personagem como um ser humano, ao invés de um monstro, permite uma reflexão importante sobre o tema central do filme: até que ponto a maneira como são pensados e estruturados os relacionamentos heterossexuais não tornaria todos eles, em maior ou menor grau, abusivos? Afinal, num mundo em que ser homem frequentemente significa conquistar, prover e dominar, como esperar outro resultado que não milhões de Georgios?A vontade de lançar esse tipo de debate complexo, árduo, sobre o qual dificilmente se chega a um veredito peremptório, parece muito própria de um cinema francês contemporâneo, aquele calcado no realismo, no qual Meu Rei está inserido e que costuma produzir títulos bastante interessantes. Alguns exemplos são Polissia (2011), da própria Maïwenn, as obras de Laurent Cantet e de Jacques Audiard (sobretudo Entre os Muros da Escola, 2008, no primeiro caso, e O Profeta, 2009, no segundo), e o recente De Cabeça Erguida, 2015, que concorreu em Cannes ao lado de Meu Rei, foi exibido no Festival Varilux do ano passado e, coincidentemente, tem na direção a própria Emmanuelle Bercot, a estupenda intérprete de Tony. Por lançar um olhar humano, complexo e não panfletário para os abusos de um relacionamento heterossexual, Meu Rei provavelmente precisaria mesmo ser dirigido por uma mulher. A legitimidade do filme depende disso até certo ponto, uma vez que a presença de um diretor aqui muito facilmente levaria a acusações (que poderiam fazer sentido) de complacência com o personagem de Cassel e de um juízo de valor machista com relação às ações de Tony. Mas Meu Rei tem mais que isso, já que na condução do complicado debate que o filme propõe estão Maïwenn e Bercot, duas diretoras-atrizes que fazem, hoje, o que talvez há de melhor no mainstream do cinema francês." (Wallace Andrioli)
2016 Palma de Cannes / 2015 César
Les Productions du Trésor (co-production) StudioCanal France 2 Cinéma Les Films de Batna Arches Films 120 Films Canal+ Ciné+ France Télévisions Cofinova 10 La Banque Postale Image 8 Cinémage 9 (in association with) Palatine Étoile 12 Région Ile-de-France
Diretor: Maïwenn
7.711 users / 4.910 face
18 Metacritic
Date 04/09/2007 Poster - ## - DirectorRebecca MillerStarsGreta GerwigEthan HawkeJulianne MooreMaggie wants to have a baby, raising him on her own, but when she gets romantically involved with John, a married man, things get complicated and all the balance of Maggie's plans may collapse.[Mov 05 IMDB 6,2/10] {Video/@@@@@} M/76
MAGIE TEM UM PLANO
(Maggie's Plan, 2015)
TAG REBECCA MILLER
{simpático}Sinopse ''A jovem Maggie (Greta Gerwig), tenta viver por conta própria na cidade que nunca dorme: Nova Iorque. A moça deseja ter um filho, criando-o por conta própria, mas quando ela se envolve romanticamente com John, um homem casado, as coisas podem se complicar e todo o equilíbrio dos planos de Maggie pode cair por terra.''
"Parece um filme de Woody Allen, com um tanto mais de sensibilidade. Temos a Nova York fria, imensa, personagens lotados de conflitos, relacionamentos confusos, infelizes. É uma delícia, na verdade, esse pequeno filme." (Alexandre Koball)
''Muito pouco ou quase nada pode dar errado numa comédia romântica às avessas com um triângulo amoroso formado por Julianne Moore, Ethan Hawke e Greta Gerwig. Se a direção for da feminista e nada convencional Rebecca Miller (A Vida Íntima de Pippa Lee), o plano tem chance de ser infalível. "O Plano de Maggie", na verdade, são dois. No primeiro, cansada de relações frustradas, Maggie (a sempre divertida Greta) decide ter um filho por conta própria. A estratégia é convencer um amigo hipster que produz pepinos em conserva a doar esperma para a empreitada. Só que o projeto de Maggie falha, já que ela conquista um antropólogo ficto-crítico (Hawke), que larga sua neurótica e dinamarquesa mulher (Julianne, um escândalo, só pra variar), para ficar com ela. A filha de Maggie chega de um jeito mais antiquado do que ela arquitetava. Mais imprevisível e divertido é o segundo plano: já cansada do egocentrismo do marido, que não fazia parte do projeto, Maggie trama um esquema mirabolante para devolvê-lo à ex. Com habilidade, a diretora tira sarro de seus personagens, enquanto leva o público a se afeiçoar a eles. Se o plano de Maggie não der certo, o de Rebecca Miller deu." (Adriana Kucheler)
"As Gretas mais famosas do cinema não poderiam ser mais diferentes. Garbo era toda glamour, poder, mistério. Gerwig é aparvalhada, balbuciante, adorável. Ainda assim, elas têm algo fundamental em comum: como Garbo, Greta Gerwig criou uma persona tão marcante que cada filme protagonizado por ela se torna um filme sobre ela."O Plano de Maggie" não é exceção. Com seu enredo de encontros e desencontros amorosos entre tipos neuróticos e intelectuais de Nova York, o filme de Rebecca Miller foi logo comparado a Woody Allen e Noah Baumbach. Faz sentido. Mas também dá para dizer que "O Plano de Maggie" é, antes de tudo, o mais novo episódio de uma série documental sobre a vida de Gerwig. Nights and Weekends (codirigido por ela), Frances Ha e Mistress America (dirigidos por Baumbach, seu marido) seriam alguns dos capítulos anteriores. Uma série sobre uma garota meio atrapalhada que se recusa a crescer: a assumir um namoro, um casamento, uma profissão. Uma Peter Pan do cinema indie. No longa, Greta é Maggie, funcionária de faculdade que quer ter um filho, mas não um casamento. Prepara-se para uma criação independente, mas se envolve com John (Ethan Hawke), professor da faculdade casado com a dominadora Georgette (Julianne Moore). John larga a mulher por ela, e Maggie tem a filha. Mas logo percebe que não quer mais o casamento. E aí bola o plano do título: devolver o marido para os braços de Georgette. O filme foi classificado pela crítica americana como uma anticomédia romântica. E realmente há algo de original (e salutar) na ideia de uma heroína cujos problemas começam com o casamento (em vez de terminarem com ele). Mas o filme parece se contentar com o fato de ter em mãos uma premissa esperta e não se esforça muito para explorar todas as suas consequências cômicas. No geral, o humor fez bem a Rebecca Miller. Roubou-lhe a pompa que ostentou em dramas como O Mundo de Jack e Rose. Mas continua sendo uma diretora de palavras, não de imagens. Ainda falta uma marca distinta para seu cinema --algo que só reforça a sensação de que este é mais um filme de Greta, a adorável."(Ricardo Calil)
2015 Sundance
Franklin Street Freedom Media Hall Monitor Hyperion Media Group Locomotive Rachael Horovitz Productions Round Films
Diretor: Rebecca Miller
11.110 users / 2.523 faceSoundtrack Rock Bruce Springsteen
35 Metacritic 4.768 Down 362
Date 16/06/2017 Poster - ##### - DirectorDarren AronofskyStarsJennifer LawrenceJavier BardemEd HarrisA couple's relationship is tested when uninvited guests arrive at their home, disrupting their tranquil existence.[Mov 03 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@} M/75
MÃE!
(Mother!, 2017)
TAG DARREN ARONOFSKY
{esquecível}Sinopse ''Um casal vive em um imenso casarão no campo. Enquanto a jovem esposa (Jennifer Lawrence) passa os dias restaurando o lugar, afetado por um incêndio no passado, o marido mais velho (Javier Bardem) tenta desesperadamente recuperar a inspiração para voltar a escrever os poemas que o tornaram famoso. Os dias pacíficos se transformam com a chegada de uma série de visitantes que se impõem à rotina do casal e escondem suas verdadeiras intenções.''
"A espiral de loucura de Aronofsky. Talvez ele tenha passado um pouco do ponto aqui." (Alexandre Koball)
"O caos narrativo do Aronofsky ainda é tolerável, e aqui ele abraça o delírio com gosto e num ritmo de cena até envolvente. Mas como não era Polanski em Cisne, nesse ele também não é Buñuel - ou seja, traz pra roda um bilhão de simbolismos e ferra tudo." (Daniel Dalpizzolo)
"2 filmes em 1: a primeira metade é tensa, ousada, e bem filmada (lembra o Aronofasky de "Réquiem para um Sonho"; a segunda é a porra-louquice pura, e com um pé no mau gosto (lembra o diretor de "Fonte da Vida"). Mesmo com os excessos, o saldo é positivo." (Régis Trigo)
"Talvez a ambição de Aronofsky seja maior que o alcance, talvez o filme seja um embuste, mas é inegável a capacidade que ele tem de provocar, embasbacar e propor reflexão. Faz alguns dias que vi 'mãe!' e sigo pensando nas camadas do filme. Isso é raro." (Silvio Pilau)
"O filme mais autoindulgente de 2017. Esvazia tanto sua dramaturgia com metáforas pretensamente reflexivas e inócuas que torna-se redundante. Vá assistir "Repulsa ao Sexo" ou "A Noite dos Mortos-Vivos" que você ganha mais. " (Bernardo D.I. Brum)
"A tragicomédia de Aronofsky. Mais do que seus simbolismos (que sim, são de certa forma banais), o que há de realmente inexplicável está na intensidade de suas sensações, emoções, na liberdade caricatural de um apocalipse descontrolado e delicioso. Filmão." (Rafael W. Oliveira)
"Não ensinaram Aronofsky que o simbolismo e seu referente não bastam para fazer cinema. Tão rico de significados quis ser, tornou o filme uma sucessão de ligações religiosas ora abjeta, ora exaustiva. Lawrence se resume à respiração ofegante e gritos." (Felipe Leal)
Adivinhe quem vem para jantar.
''Num bizarro universo em que O Iluminado (The Shining, 1980) se cruza com O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968) dentro de uma comédia surrealista de Luís Buñuel, nasce o novo filme do diretor Darren Aronofksy, Mãe! (Mother!, 2017). Em uma casa vitoriana isolada em um lugar inespecífico, um casal vive uma rotina bucólica em que a esposa se preocupa em restaurar o local que no passado passou por um violento incêndio, enquanto o marido se isola e procura inspiração para a escrita de seu novo poema. Há uma estranheza denotada na interação errante entre os dois, reforçada por um ambiente de portas fora do lugar, escombros, paredes descascadas, saletas ocultas, móveis parcialmente queimados. Ela possui uma misteriosa conexão física e sinergia com a estrutura daquela casa, enquanto ele parece preso ao passado anterior ao incêndio. Antes que esses pequenos detalhes estranhos comecem a ganhar espaço, uma visita inesperada se torna a prioridade da história. O marido não se incomoda em receber um perfeito estranho e convidá-lo para passar a noite, mas para a esposa dedicada que zela pela paz e pela construção de um reconfortante ambiente familiar e inspirador, aquela atitude e aquela nova presença são simplesmente inaceitáveis e não fazem o menor sentido. A partir desse princípio de pesadelo freudiano, Aronofsky desenrola seu infindável desfile de alegorias e, muito ambicioso, tenta acertar uma avalanche de temas distintos que de alguma forma se refletem na situação cada vez mais insustentável da casa. Como numa comédia surrealista, quanto mais a esposa procura se livrar de visitantes indesejados, mais eles aparecem aos montes e mais inconvenientes do que nunca. É um plot interessante e, até certo ponto, Aronofsky faz um bom uso dele, trabalhando bem o crescente de tensão na primeira meia hora. Mas o clima sufocante de isolamento logo se dissipa e a história vai tomando rumos tão absurdos que, em dado momento, nem mesmo o diretor sabe o que fazer. Há muitos ecos da famosa trilogia do apartamento, de Roman Polanski, e dela vêm também os inúmeros temas que o diretor francês abordou nos anos 1960/1970, como a opressão da sociedade sobre o indivíduo comum, a exploração da sexualidade da figura feminina, a formação familiar e o impacto de um filho no casamento, a vizinhança intrometida e de alguma forma invasiva e perigosa, a paranoia do isolamento etc. No entanto, não há a maestria e a elegância de um Polanski para dominar uma gama tão ampla de temas importantes. Por exemplo, o excesso de planos fechados jamais dá conta de explorar adequadamente os ambientes da casa, sendo o local praticamente um personagem conjunto à esposa. Quanto mais a casa é invadida e violada, mais a esposa se desestabiliza e enfraquece, tendo seus apelos de paz e tranquilidade negados ou ignorados pelo marido, que por sua vez parece vibrar com o horror da situação. A câmera de Aronofsky não obedece a essa lógica de correlacionar os personagens ao ambiente, ficando quase que o tempo todo fechada em closes no rosto de Jennifer Lawrence (numa atuação toda responsiva). Logo a conexão mulher/casa vai perdendo sua força, para só ser retomada no histérico e bagunçado ato final, quando o diretor se perde no carnaval que criou e simplesmente sai girando e cortando descontrolado em uma montagem frenética e grosseira. "Mãe!" trata, em primeiro plano, da exploração feminina em vários níveis. O diretor comentou em entrevistas sobre se tratar de uma alegoria sobre a Mãe Natureza e como o homem se aproveita dela sem oferecer nenhum retorno. Não há qualquer indício literal dessa leitura ao longo do filme (ainda que seja possível enxergar o que bem entender no meio de tanta bagunça), porém há a questão da misoginia em voga – seja a personagem de Jennifer Lawrence sendo explorada enquanto mãe, enquanto esposa, enquanto anfitriã, enquanto dona de casa, enquanto mulher. Como parte indissociável da casa (inclusive não há cena alguma dela fora de lá), ela é também a estrutura física e moral que sustenta e que se deteriora com tudo o que ocorre. Ela só está ali para servir aos propósitos do marido, um artista em crise que precisa de paz e inspiração para criar, mas ao mesmo tempo precisa que seu ego seja massageado pelo sem-número de fãs/invasores/interesseiros. Conforme o filme se distancia dessa situação, logo fica claro que tudo se trata da mera utilização da mulher dentro dos propósitos profissionais e pessoais masculinos. Do outro lado, se desenha aos poucos uma sucessão de acontecimentos que remetem às histórias bíblicas cheias de furor, fantasia e sangue que extravasam a veia agnóstica e questionadora que o diretor havia já pincelado em seu filme anterior, até culminar num simbólico armagedom particular. A ambição de Aronofsky é aliar o cinema de arte ao cinema de apelo comercial, injetar criatividade num cenário de mesmice. Proposta válida e nobre, mas que fica só na intenção quando tudo não passa de malabarismos técnicos vazios e tentativas de se aprofundar em inúmeras alegorias e assim poder se vender como complexo, como se a mera menção a um sem-número de temas e assuntos relevantes fosse o suficiente para fazer o tal do cinema politizado, de arte. A narrativa de rupturas, cheia de lacunas, a princípio parece oferecer algo mais cerebral e inteligente, mas logo se trai em desfechos redondinhos, conclusões mastigadas, a fim de satisfazer aquela parcela do público que não tolera pontas soltas e só sai feliz quando sente que conseguiu desvendar cada detalhe. É como se ele tivesse a ambição e mesmo a capacidade de ir além, de realmente se arriscar, mas ao mesmo tempo se visse preso às expectativas comerciais que seu nome gera a cada novo lançamento. A sequência final deixa tudo isso bem claro: por mais que haja aqui e ali alguns momentos de pura tensão e graça, Mãe! se encerra encaixando a peça restante do quebra-cabeça, inteligível o suficiente e traindo toda a loucura, todo o sangue, todo o onirismo, todas as ousadias tentadas em seu decorrer." (Heitor Romero)
Aronofsky no paraíso do risco.
''O fogo serve para expurgar, de acordo com muitas religiões e crenças. Expelir dor, sentimentos ruins, fatos desagradáveis, sofrimentos, grandes tragédias: o fogo conserta tudo, e coloca tudo num contexto de fim de um tempo, para o início de outro. Há muito fogo e referências a derivados em mãe!, o filme novo de Darren Aronofsky, tais como brasas, cinzas, queimaduras. Um dos tantos símbolos e metáforas do longa, o fogo abre o filme num plano de horror puro. Após ele, a beleza da calmaria, do despertar de um pesadelo e de se perceber que tudo não passava de um. Ao sair da sessão de um filme como esse, a certeza das perguntas é muito mais concreta do que a percepção das respostas, que não vem fáceis. Mas não se enganem, Aronofsky não está brincando, mas apenas simplificando o que talvez fosse melhor deixar complexo. No entanto, dá gosto de ver um cineasta ser deixado livre por um grande estúdio para criar o que quiser e poder exacerbar suas obsessões. Por falar em obsessões, Aronofsky foi fiel a seu tema-chave e volta a filmar os obsessivos e seus pontos de contato com o exterior e seu redor. Dessa vez não apenas os filma como também claramente aponta os dedos em sua direção como se a acusá-los, o que trás um toque de contemporaneidade a um filme que se desenha alheio ao tempo e ao espaço. A obsessão da vez tem ligação direta com temas sociais da atualidade, e Aronofsky emprega tanta clareza em sua crítica que talvez isso justifique uma parte do ódio que vem sendo direcionado a ele. Ainda que Noé tenha detratores, ainda que Cisne Negro não seja uma unanimidade mais, ainda que Réquiem para um Sonho seja um filme bastante criticado, há muito tempo não via um diretor de grande porte apanhar tanto. Mas a verdade é que seu novo filme não faz concessões a quem não embarcar em seus delírios (de grandeza?) e em sua proposta de risco; não há como comprar briga com quem não gostar de mãe!, consigo enxergar no filme todos os alvos aparentes: megalomania, pretensão, uma certa arrogância, tá tudo lá, é um pacote. Isso não quer dizer que Aronofsky acerte em todas as miras. Observo a coragem de sair da casinha e expor algo tão visceral, saúdo a chegada de um filme de grande porte escolher tão deliberadamente uma posição de enfrentamento com as vias ditas comerciais; esse risco é bem-vindo. Mas é exatamente aí que falta justificar-se em repetição de planos, que não dá pra entender personagens que somem, ou que aponte para seu desfecho com tantas auto-explicações (todas atribuídas ao coitado do Javier Bardem). O filme tem uma atmosfera que se abre para o risco, inclusive abraçando características negativas, como possíveis retratos fiéis demais de machismo e misoginia, mas acho que seu desfecho tenta limpar uma visão mais que nociva das relações homens e mulheres, que o filme pinta como infernal. Ao passo de absorver uma certa repugnância excessiva vinda dos personagens para com relação à Jennifer Lawrence, o filme não estaria mais do que retratando isso, mas se aliando a essa vertente? No elenco vemos vigor. Se Ed Harris apenas empresta sua aura a um personagem tão conhecido e que aqui está bem longe das tentações que representou, Michelle Pfeiffer desfila charme e ousadia com uma espécie de falta de paciência, uma urgência de nariz arrebitado, que só adiciona verniz a essa outra figura que nunca foi associada a essas características. Javier Bardem vende ambiguidade com esse personagem cujas últimas camadas só serão descortinadas ao fim da jornada, e embora ele seja responsável por diálogos expositivos, ele é um monstro da atuação que acaba ficando livre desse escorregão do roteiro. Mas Jennifer Lawrence manda e desmanda em mãe!, e tem aqui seu desempenho mais especial desde Inverno da Alma. Uma mulher que não se conhece e não sabe do tamanho de sua personalidade, mas que tateia no escuro entre a doçura e a incredulidade durante boa parte da projeção. Jennifer é a pujança do filme; Aronofsky filma seus closes de maneira implacável e a coloca com uma subjetiva, o que faz com que tudo absolutamente no filme seja sobre ela. É com domínio pleno de sua arte, ela se entrega como talvez nunca o tivesse feito. Tecnicamente impecável, o filme é construído como um pesadelo sujo e gratuito. Viciado em planos-sequência num nível que lá pelas tantas eles passam a nem serem percebidos mais, Aronofsky é puro excesso em cena, e eu não sei dizer se isso é necessariamente bom ou ruim. Para contar essa narrativa da maneira mais crível possível, parece primordial que as amarras fossem sendo soltas, até que no segundo ato uma espécie de rolo compressor de eventos é acionado no filme e transforma os pesadelos de Lawrence em pesadelos reais do espectador, com sua sujeira inerente e seu tom de escárnio cada vez mais forte e mesmo estridente, que obviamente irá desagradar a tantos. Um filme ligeiramente podado seria muito mais eficaz em sua mensagem final, impactante mas explícita demais. O filme gigantesco que Aronofsky pensou era possível, assim como a certeza de que geralmente "menos é mais". Nos estertores do todo, conseguimos ouvir os gritos e ver as labaredas a retomar o centro do quadro, como se todos os signos dele ultrapassassem os limites de suas representações literárias e míticas e chegassem até o público, que obviamente rejeita um momento tão apoteótico em todos os sentidos, mas cuja força imagética e interpretativa resiste e sobrevive." (Francisco Carbone)
2017 Lion Veneza
Protozoa Pictures
Diretor: Darren Aronofsky
98.496 users / 42.199 faceSoundtrack Rock Patti Smith
51 Metacritic 64 Down 19
Date 20/01/2018 Poster - #####
- DirectorLuca GuadagninoStarsTimothée ChalametArmie HammerMichael StuhlbargIn 1980s Italy, romance blossoms between a seventeen-year-old student and the older man hired as his father's research assistant.[Mov 05 IMDB 8,1/10] {Video/@@@@@} M/93
ME CHAME PELO SEU NOME
(Call Me by Your Name, 2017)
TAG LUCA GUADAGNINO
{excitante}Sinopse ''O sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman, Elio (Timothée Chalamet), está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando chega Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai.''
"Tem uma sensibilidade que o engrandece (embora esporadicamente seja expositivo demais), e seu charme é a simplicidade daquele afeto que, por algumas semanas, é o mundo dos dois." Alexandre Koball)
"Três canções de Sufjan Stevens, dois protagonistas muito bem delineados e algumas cenas verdadeiramente espirituosas e delicadas. Tem seus poréns e algumas coisas indiscutíveis ali no meio, mas no geral Guadagnino conduz bem os trunfos que tem em mãos." (Daniel Dalpizzolo)
"Sensível e bonito, funciona muito bem enquanto retrata a aproximação entre os dois. Infelizmente, as situações se tornam comuns e arrastadas assim que o romance se consome, mas o filme cresce mais uma vez no final. Acima da média, mas não memorável." (Silvio Pilau)
"De uma delicadeza tremenda e uma habilidade notável de ir se infiltrando aos poucos no universo de cada um daqueles dois personagens, até criar um senso de intimidade tão grande que fica impossível não se envolver. Timothée Chalamet é um monstro em cena." (Heitor Romero)
"Se dá bem enquanto aproveita da tensão mal resolvida em sua primeira metade; quando descamba para o romance, cai em todas as armadilhas que poderia ter evitado. Uma versão coxinha dos filmes de Eric Rohmer que caminha para virar o Moonlight de 2018." (Bernardo D.I. Brum)
"Um filme belíssimo, retratando uma paixão orgânica e inevitável. O monólogo do pai, no final, é um momento grandioso, inesquecível." (Guilherme Bakunin)
"Apesar de algumas grosserias por parte do roteiro Ivory, há muito o que se louvar na transmutação sexual e sua representação de amadurecimento para Elio e Oliver, aqui representados por uma ambientação delicada e cuidadosa. Mais atenção para Timothee." (Rafael W. Oliveira)
"Guadagnino conduz com sensibilidade uma bela e humana história de amor de verão, permeada de lindas imagens e com excelentes atuações de Chalamét e Hammer." (Léo Félix)
"PROPRIAMENTE um filme de personagens, tão sublime, tão inexistente, tão sedutor na fusão do apolíneo + dionisíaco, e ainda com uma mise-en-scène tão apurada, que chega a ser um dos espécimes que nos fazem acreditar ser possível realizar bom cinema hoje." (Felipe Leal)
"Um grande caso de histeria coletiva" (Felipe Ishac)
''Primeiro as boas notícias: talvez a melhor é que de novo podemos ver a luz da Itália no cinema, coisa rara hoje em dia. Mas não é de segunda ordem esse fenômeno recente que é o fato de relações afetivas entre pessoas do mesmo sexo terem começado a ser bem filmadas. Em "Me Chame pelo Seu Nome", o centro da trama é a ligação entre o jovem Elio e o americano Oliver. São os afetos que o filme mobiliza, antes de mobilizar a sexualidade. De maneira que, quando o faz, não é uma coisa de degenerados, mas de duas pessoas que se encontram. E isso é feito sem grandes pudores, o que não deixa de ser um mérito. Agora as más notícias: não é por acaso que os contos de fada acabam com um "foram felizes para sempre", assim que o príncipe encontra a princesa. A felicidade é uma coisa chata, vale para o boy meets girl assim como para o boy meets boy. Ou então se faz como Von Stroheim: é depois do casamento que as coisas importam de verdade (quando os rolos acontecem, o caráter se revela etc.). O filme dirigido por Luca Guadagnino sofre de monotonia por excesso de felicidade, de não se aprofundar nas personagens, mas nunca da excessiva languidez que certos filmes românticos costumam se permitir. Por fim, as notícias médias: trata-se de um roteiro de James Ivory, aparentemente o real mentor do filme, portanto pode-se esperar um jogo de atração e repulsão bastante prolongado e não desprovido de sensibilidade. Um pouco da história: numa vila italiana, um professor (o pai de Elio) recebe o americano Oliver para um período de estudos, durante as férias de verão de 1983. O americano é o que há: alto, bonitão, culto, inteligente, bom dançarino, simpático. Elio o observa de esguelha por vários motivos. Aos poucos, os dois se aproximam. Elio deixa para trás inclusive uma jovem francesa nada desinteressante. Há um tanto de descoberta aí. Por fim, esse longa tem o dom de nos remeter (acredito que aconteça com outras pessoas) a outros filmes. Os longos passeios de bicicleta dos dois rapazes, por exemplo, fazem lembrar bastante o belíssimo And Soon the Darkness, de Robert Fuest, nas cenas em que as duas garotas inglesas pedalam pelo interior da França. Há a paisagem, o estranhamento, o fascínio da luz, a sensação de perigo iminente. Já o pai de Elio lembra, é quase obrigatório, o Robin Williams de alguns filmes, sempre fazendo aquela cara de quem entendeu e compreende tudo, antes mesmo que as coisas tenham acontecido ou sido ditas. Entre altos e baixos, uma produção cujas virtudes, inegáveis, deixam-se envolver pelas fragilidades, não menos evidentes.'' (* Inácio Araujo *)
''Garoto europeu (Timothée Chalamet) tem seu despertar sexual aflorado com a chegada a sua casa de um americano mais velho (Armie Hammer). O filme do italiano Luca Guadagnino rumina a natureza do desejo tanto pela via intelectual, despejando referências plásticas, musicais e filosóficas, quanto pela via do instinto puro, fazendo o erotismo brotar a cada quadro (e nas bocas, peitos, calções, frutas...). Direção precisa (no limite do maneirista), ótimas atuações e bom roteiro fazem dele o filme mais redondo entre os que disputam o prêmio. Mas o fato de outra obra sobre um romance gay já ter vencido o prêmio em 2017 pesa a na direção contrária. Uma pena, Me Chame é o que Moonlight quis e não conseguiu ser: um bálsamo sensível contra o puritanismo em tempos tão pudicos.'' (Guilherme Genestreti)
A construção da identidade emocional.
''É muito estranho que a Itália esteja passando por uma entressafra de realizadores há alguns anos, exatamente um país que tem a tradição do cinema escrita nas entranhas da sétima arte. Essa estranheza advém principalmente do fato de que um dos melhores diretores da atualidade é italiano e realiza filmes cada vez melhores, com uma assinatura cada vez mais clara e até agora sem nenhum deslumbramento. Seu nome é Luca Guadagnino, e seu olhar globalizado acaba escapando da contagem italiana por excelência, já que seus filmes abordam personagens de diversas partes do mundo, estando ou não em seu país de origem, falando ou não italiano. Independente de qualquer coisa, Luca faz um cinema que o coloca em qualquer alto patamar da atualidade e injeta um cinema que conhece as matrizes do próprio cinema nas telas. Há quase um ano já ouvimos falar de Me Chame pelo seu Nome, e seria fácil e compreensível uma pressão da tão temida expectativa. Mas já na primeira cena, Luca nos quebra e entrega poesia. Nada de declamação, apenas aquele olhar bucólico para o cotidiano que Eric Rohmer tantas vezes nos presenteou, talvez seja essa a grande referência da vez, depois de uma pincelada de Antonioni em A Bigger Splash. Baseado no livro escrito por André Aciman, o filme reproduz um estado de espírito tipicamente abastado visto tantas vezes nos anos 70 nas telas, um modo de vida retratado lá e aqui traduzido para o início dos 90, quase que espelhando a barreira entre o fim de uma era e o início de outra, com toda a festa típica do fim e a depressão da ressaca do dia seguinte. Esse típico núcleo familiar abastado embebidos em cultura é uma constante na filmografia de Luca e também isso tem essa fonte do cinema europeu dos anos 60 e 70, mas aqui sem a elucubração dos longas da época. A abordagem de um coming of age que vai se desfolhando em um ponto focal LGBT até explodir em abrangência universal, é crucial para obter o abraço generalizado do público, o que vem sendo claramente conseguido pelo que é visto no abraço que os festivais do mundo inteiro fazem ao filme, um poço infinito de qualidades regido por um maestro elegante e primoroso. Agora prestes a se jogar no mundo, Luca Guadagnino tem a maturidade necessária para desdobrar referências e criar uma identidade muito própria e muito autoral sem jamais perder a comunicação. Sua câmera está pela primeira vez longe da suntuosidade e de uma certa opulência de uma classe da sociedade. Aqui, os personagens (apesar de abastados, indubitavelmente) parecem ter menos deslumbre, talvez por terem uma origem no magistério. Há muito mais consciência aqui e a inteligência emocional é o responsável pela delicadeza e serenidade para com o desenrolar dos fatos diante dos olhos. Elio é um adolescente, que costuma receber junto à sua família ao menos um ex-aluno do pai professor por verão, na casa da família no interior da Itália. No ano específico mostrado pelo filme chega Oliver, um aparente bon vivant que terá seis semanas de férias junto a eles. O verão italiano provoca um incessante clima de romance no ar entre os rapazes e as diversas moças também frequentadoras da casa da família. Mas lentamente algo muda no contato entre Elio e Oliver, e as linhas da amizade e da admiração mútua começam a ficar embaçadas, indo até uma situação-limite para ambos, com um tom de sedução contínua que acaba se tornando o clima do próprio filme também, uma extensão dos personagens. Luca acaba imbuindo cargas diferentes de desejo, tensão e erotismo e equilibrando de maneira perfeita um filme cujas bases cinematográficas são exemplares. Com uma mise-en-scène de tirar o fôlego, onde passeia pelo quarto vazado dos protagonistas para espelhar suas reações, seus toques e olhares tão sutis que um espectador menos atento pode não captar todas as nuances visuais (a cargo de Sayombhu Mukdeeprom, o colaborador habitual de Apichatpong Weerasethakul até o clássico Tio Boonmee que Pode Recordar suas Vidas Passadas), Luca Guadagnino era o mais perfeito adaptador visual desse romance, cujo texto sai da pena do nonagenário mestre James Ivory, numa aula de roteiro e construção. Contando ainda com ao menos um trio de atores em estado de graça - Armie Hammer, o fantástico novato Timothee Chalamet e Michael Stuhlbarg, responsável no filme pelo melhor e mais avassalador monólogo do ano - passou a hora da Itália ultra valorizar esse exímio artesão que tem em mãos, o homem que tão habilmente sempre transforma a atração carnal em imagens e dessa vez, em total convergência com o autor de O Joelho de Claire e a quadrilogia das estações, construiu a mais definitiva e sensual parábola para o nascimento de nossa identidade emocional, seja ela em qual tempo for." (Francisco Carbone)
90*2018 Oscar / 75*2018 Globo / 2017 Urso de Ouro / 2017 Sundance
Top 250#175
Frenesy Film Company La Cinéfacture RT Features Water's End Productions M.Y.R.A. Entertainment Ministero dei Beni e delle Attivita Culturali e del Turismo (MiBACT) Lombardia Film Commission Memento Films International
Diretor: Luca Guadagnino
95.498 users / 24.332 faceSoundtrack Rock The Psychedelic Furs
51 Metacritic 42 Down 11
Date 02/03/2018 Poster - ###### - DirectorNicolas BedosStarsDoria TillierNicolas BedosDenis PodalydèsFor more than 45 years, Sarah and Victor have been together. How did they do it? Who's really Sarah, this enigmatic woman who's always been on the shadow of her husband? Love, ambition and secrets feed this unusual couple's odyssey.[Mov 04 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@}
MONSIEUR & MADAME ADELMAN
(Monsieur & Madame Adelman, 2017)
TAG NICOLAS BEDOS
{esquecível}Sinopse ''Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos) estiveram juntos por 45 anos. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista que deseja contar a história de seu marido, um renomado escritor, a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou. A partir de então, ela passa a contar as minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos.''
{Aqueles que não mudam de ideia, não mudam nada} (ESKS)
"A recém-viúva de um dos maiores escritores da França se senta para conversar com um jornalista, enquanto o corpo morto do imortal ainda nem se ajeitou na cova. A senhora fumante promete para o repórter que vai passar a limpo os 45 anos de união com o homem que ganhou o prêmio Goncourt, maior láurea da literatura francesa. A mulher começa a contar com elegância uma história que no começo parece a idealização da vida a dois. Mas que sai por todas as culatras do mundo: o que ela narra rende um dos filmes que melhor retrata o amor na década de 2010, "Monsieur & Madame Adelman", que estreia nesta quinta (20). Nada é óbvio na história de Sarah e Victor Adelman, o senhor e a senhora do título. E o filme chega com dois gumes muito afiados: o da comédia e do drama. Nenhum tema está fora dos limites: dos efeitos da cocaína num bebê à ausência de sentir dor quando um filho morre, tudo é exposto à luz do sol. E haja autoironia. Se agora o escritor de esquerda despreza a burguesia que exala a álcool, como a sua família, logo mais ele vai ter mordomo, copeira e empregada – e um problema com birita para chamar de seu. No longa francês, uma arte contamina a outra. A estrutura literária é levada para o filme, que se divide em capítulos, prólogos e epílogos. Uma história linear, mas nada chateada, ela começa com dois jovens se conhecendo num bar e termina com dois velhos se despedindo à beira de um penhasco. Há muito romance, mas zero romantização. Os personagens são humanos e fazem humanidades como trair, enganar, machucar e mentir –a maioria dos verbos é conjugada por monsieur Adelman, é verdade, mas a mulher não é espectadora. Longe disso. Sarah Adelman é uma das personagens mais fortes que você vai ver no cinema neste ano. Para conquistar o protagonista (focal, porque este filme pertence a ela), Sarah se torna amante do seu melhor amigo e, em seguida, namorada do seu irmão. Vai ao jantar de Natal na mansão da família industrial que seu amado tanto despreza e dá uma surra de ironia no futuro sogro. Palpita nos manuscritos rejeitados do jovem escritor e liga para ele não uma, não duas, mas centenas de vezes, até ser atendida. Sarah se impõe. Ele adota o sobrenome e a religião da namorada. "Monsieur & Madame Adelman" só tem um defeito vultoso: os pronomes pessoais de tratamento deveriam estar invertidos, começando por Madame. Assim seria justo." (Chico Felitti)
''O diretor/roteirista Nicolas Bedos junto com o roteiro escrito por Doria Tillier, ambos protagonistas de “Monsieur & Madame Adelman”, apresenta-nos uma comédia dramática que surpreende por se tratar de um filme que mexe com polêmicas sociais, temas feministas e de envelhecimento dentro de um relacionamento amoroso. Bedos e Tiller nos faz embarcar num enorme flashback que quase se torna cansativo, mas que com destreza e humor conseguem salvar a produção de ser massante. E assim, partimos do fim para o início. Começa a ambientação pelo funeral do marido de Sarah Adelman, Victor Adelman, um aclamado escritor francês. Não demora e vemos o jornalista Antoine Grillot chegar. Logo o vemos se apresentar a viúva, que esquecida do encontro, tem sua memória refrescada por ele. Essa entrevista, que visa trazer a história de vida do Sr. Adelman a partir da visão feminina, é a porta de entrada para entender quem é a Sra. Adelman. No relato é exposto tudo aquilo que existe em relacionamento real: os anseios e expectativas que se misturam às frustrações e rotina que todo casal vivencia. Os anos desgastam o dia a dia e custa se reinventar para revigorar um casamento. Amar só não basta. Sarah, judia e doutoranda em literatura, tem sua personagem delineada como alguém inteligente, forte e persistente (quase obsessiva) – fato que fica bem claro quando vemos o que ela faz para conquistar Victor. Ele por sua vez é o típico rapaz burguês que renega suas origens. Entre uma ressaca e outra, gosta de pensar no quanto o seu talento proverá fama e sustento. É bacana ver, paulatinamente, a perspicácia feminina de Sarah se desdobrando num roteiro que conseguiu de forma contundente expressar a alma feminina. Sr. Adelman terá várias surpresas (desagradáveis) ao longo de seu relacionamento. São dois pólos muito bem trabalhados – homem e mulher. A fragilidade masculina é uma fratura exposta e analisada nas cenas de Victor com o psiquiatra. Temas como o medo da castração e a necessidade de controle permeiam o pensamento masculino em uma relação com mulheres. O aspecto psicológico e sociológico acerca de ambos os gêneros presentes no roteiro torna “Monsieur & Madame Adelman” um filme imperdível por trazer com vigor, alternando humor e drama, benesses e imbróglios de ser casado. O ponto negativo fica na opção de deixar muito de lado os personagens dos dois filhos do casal que, mesmo não sendo o foco, por vezes desaparecem completamente da trama causando um estranhamento. Entretanto, isso não chega a ofuscar as qualidades do longa-metragem que possui uma inteligente narrativa." (Giselle Costa)
2018 César
Les Films du Kiosque France 2 Cinéma Orange Studio Le Pacte Chaocorp Umedia Canal+ France Télévisions Ciné+ Cinéventure Indéfilms 4 Cofimage 27 Sofica Manon 6 Cinémage 10 uFund Région Ile-de-France Procirep Angoa Soficinéma 11 Développement Manon Production 5 (support) A Plus Image Développement 6 Palatine Etoile 12 Développement Cofimage Développement 4
Diretor: Nicolas Bedos
1476 users / 622 face
Date 18/04/2018 Poster - ##### - DirectorStephen FrearsStarsSaeed JaffreyRoshan SethDaniel Day-LewisAn ambitious Pakistani Briton and his white boyfriend strive for success and hope when they open a glamorous laundromat.[Mov 07 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@@} M/75
MINHA ADORÁVEL LAVANDERIA
(My Beautiful Laundrette, 1985)
TAG STEPHEN FREARS
{inovador}Sinopse ''Johnny é um jovem que se torna amigo de um paquistanês chamado Omar. Radicado na Inglaterra, Omar recebe a missão de cuidar da lavanderia de seu tio. Mas ele não imaginava os problemas que passaria a enfrentar. Sem dinheiro, mas com ótimas idéias para o negócio prosperar, Omar pede dinheiro emprestado a um traficante e convida o amigo Johnny para trabalhar com ele. Até que o inesperado aconte... Omar e Johnny apaixonam-se um pelo outro.''
''Algumas vezes apontado como o primeiro filme britânico a representar um romance abertamente gay e um dos primeiros filmes britânicos a fazerem piada (e crítica) direta com a estrutura econômica e social do Reino Unido sob o comando de Margaret Thatcher, Minha Adorável Lavanderia foi concebido como um filme para a TV, mas os produtores conseguiram fazer com que o trabalho de Stephen Frears chegasse às telonas, conquistando até uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro e ao BAFTA na mesma categoria, além de ator coadjuvante para Saeed Jaffrey. A trama acompanha um jovem britânico de família paquistanesa chamado Omar (o simpático Gordon Warnecke, em seu primeiro papel no cinema). A pedido do pai, um tio o emprega em um estacionamento e este é o “primeiro contato” de Omar com o mundo dos negócios; mundo para o qual ele mostra ter grande aptidão e, em pouco tempo, consegue ser promovido e ter espaço para administrar seu próprio negócio. O roteiro de Hanif Kureishi trata inicialmente de nos colocar a par de como Omar encara a vida, seguindo com sua vontade de ganhar muito dinheiro e com sua moral duvidosa, abraçando muito mais cedo do que deveria os negócios escusos do tio. Só depois de termos clara esta faceta imoral de ascensão social é que outro personagem importante é adicionado na narrativa, Johnny (Daniel Day-Lewis) um punk que já integrara um movimento fascista, mas que conhecia Omar desde a escola e, pelo que entendemos do reencontro deles, já tinham um caso. Stephen Frears nos mostra este contato de maneira inicialmente sutil, como quase tudo no filme, para depois mergulhar de cabeça tanto no relacionamento entre os jovens, quanto nas complexas relações familiares, no fluído mundo dos negócios e em suas regras pouco honestas (que os recém-chegados precisam aprender a seguir rapidamente, senão são excluídos das benesses da corrupção disseminada) e nas questões sociais, que não ganham uma verdadeira crítica nem por parte do diretor nem do roteirista, mas que são mostradas como um elemento marcante da cidade e que já nos anos 1980, merecia um olhar atento das autoridades. O curioso é que os personagens em cena ocupam lados opostos desta régua social. Omar é britânico, mas cresceu atrelado a uma cultura que acaba seguindo, embora não entenda ou tenha real apego a ela. Além disso, ele sente na pele o preconceito étnico e racial mesmo sendo um nativo. Johnny, por sua vez, é um britânico branco, que já marchou contra os imigrantes e levantou a bandeira dos supremacistas, o que lhe é lembrado pelo pai de Omar mais tarde, no filme. As pazes, por assim dizer, entre os personagens, virão com o crescimento do sentimento que possuem um pelo outro, tudo canalizado para a reforma e reinauguração de uma lavanderia, no filme, símbolo de uma vida a dois que se inicia. Essa dualidade sócio-política pode parecer apenas um luxo de contexto histórico para o filme, mas ela determina ao menos uma parte do diálogo entre os personagens, que em algum momento da fita é cruel com o outro, apontando uma sugerida “inferioridade de trabalho”. Omar mesmo diz que era espancado na escola pelos amigos de Johnny e agora tinha o garoto branco e (ex?) racista limpando o seu chão. Claro que esta discussão, em relação aos protagonistas, não é levada adiante. Mesmo que diga a verdade em uma análise social, ela é mais produto de uma “briga de casal” ou uma “provocação infame” do que qualquer outra coisa. Tanto que os dois, depois de brigarem e aparentemente quererem tomar caminhos distintos, acabam em uma bonita mas infelizmente abrupta cena juntos, encerrando o filme de maneira isoladamente interessante mas, no conjunto, bastante descuidada. Existem muitos elementos dos anos 80 que não só ajudam a inserir a obra em um cenário realista como também a torna mais forte. A gangue que stalkeia Omar e Johnny, apesar de ser desnecessariamente cômica, traz muito do que esses grupos de jovens racistas costumavam fazer no Reino Unido, não só em relação a imigrantes, mas em relação a negros e homossexuais. Por ser uma coisa local e não generalizada, a identificação e punição desses indivíduos demorava ou jamais acontecia, praticamente levando perseguidos e perseguidores ao cenário de espancamento que temos no final do filme. A fotografia de Oliver Stapleton e a trilha sonora de Ludus Tonalis são outras duas áreas que servem de identificação temporal, além de criarem com muita competência uma atmosfera de suspense em um momento ou outro da fita, principalmente nas cenas noturnas. Editado de maneira a parecer uma crônica de duas vidas - como se víssemos o que acontece com Omar e Johnny por câmeras diferentes, filmadas e iluminadas de maneira levemente diferentes - ''Minha Adorável Lavanderia'' é um filme sobre personagens jovens em fase de amadurecimento e tomada de responsabilidades em diversas áreas. Eles estão parcialmente escondidos do mundo (embora lidem muito bem com suas questões pessoais, seja com a sexualidade ou com a vida profissional), procuram ignorar ou fingir que não se importam com as adversidades, e enfrentam um conflito de gerações, ora mais forte que eles, ora disposto a ceder, através da esperança, para que assumam o controle dos negócios. A reta final do filme nos indica isso, no cenário cultural, familiar e social, mas não deixa de colocar essas mesmas coisas com uma dose extra de desalento, afinal, o futuro, para a geração jovem dos anos 80, era ao mesmo tempo um mistério e uma porta aberta para tudo. Hoje, olhando para trás, é fácil ver para onde o leque imaginado e real de opções levou aquela geração." (Luiz Santiago)
59*1987 Oscar
Working Title Films SAF Productions Channel Four Films
Diretor: Stephen Frears
12.205 users / 998 face
20 Metacritic
Date 23/06/2018 Poster - ##### - DirectorWes BallStarsDylan O'BrienKi Hong LeeKaya ScodelarioYoung hero Thomas embarks on a mission to find a cure for a deadly disease known as "The Flare".[Mov 04 IMDB 6,3/10] {Video/@@} M/71
MAZE RUNNES - A CURA MORTAL
(Maze Runner: The Death Cure, 2018)
TAG WES BALL
{esquecível}Sinopse ''Thomas (Dylan O' Brien) embarca em uma missão para encontrar a cura para uma doença mortal e descobre que os planos da C.R.U.E.L podem trazer consequências catastróficas para a humanidade. Agora, ele tem que decidir se vai se entregar para a C.R.U.E.L e confiar na promessa da organização de que esse será seu último experimento.''
"O cinema americano chegou a tal ponto de abuso do genérico, que este M.R. é um teste de sensibilidade ao espectador indiferente. Colocar nos termos do "funciona?" é fútil, porque de fato há a motricidade. A pergunta melhor é: ''ainda há quem queira ver?'' (Felipe Leal)
''Franquias de filmes de heróis adolescentes em sociedades futuristas distópicas têm muitas semelhanças. Exemplos: ter origem em livros seriados de sucesso para o público teen e reunir atores bonitinhos que podem ou não dar certo na carreira. Se alguém tem alguma reclamação a fazer sobre a franquia "Maze Runner", como ela ser muito parecida com "Jogos Vorazes", deveria ter feito em 2014, ano do primeiro e bem divertido filme. Agora, "Maze Runner: A Cura Mortal", terceiro e último exemplar, chega ao cinema, e julgá-lo como obra de arte ou entretenimento não faz sentido. É um produto que pode funcionar bem para os devotos da série, mas apenas para essa tribo específica. Quem não viu os dois primeiros não vai entender bulhufas do que acontece na tela. A tarefa de tentar resumir a coisa toda é ingrata. No primeiro filme, "Maze Runner: Correr ou Morrer", o foco está em Thomas (Dylan O'Brien), colocado numa comunidade de jovens desmemoriados aprisionados em um labirinto no qual precisam achar uma rota de fuga para não morrer entre as paredes. Depois, em "Maze Runner: Prova de Fogo", Thomas e seus amigos, fora do labirinto, procuram pistas sobre a WCKD, empresa que os aprisionou, enquanto tentam escapar dos cranks, criaturas disformes que são humanos afetados por um vírus. Na conclusão da saga, os garotos chegam à última cidade dessa devastada Terra do futuro. Além do ajuste de contas com a WCKD, Thomas reencontra Teresa (Kaya Scodelario), a ex-namorada que o traiu no filme anterior e é a principal cientista na pesquisa do antídoto para o vírus." (Thales de Menezes)
''Um dos grandes méritos da ficção científica é conseguir abordar problemas atuais, extrapolados em realidades distintas. A construção de um cenário – seja num futuro longínquo ou num presente alternativo – que discute a nossa sociedade é justamente um dos elementos que destaca o sci-fi dos demais gêneros (o terror costuma fazer algo semelhante, mas não lhe é essencial da mesma forma). Isto posto, é lamentável ver como uma franquia que começou tão bem no cinema foi se perdendo aos poucos, ao ponto de retirar o pé da ficção científica e afundá-lo com força (grosseira) na ação. Em “Maze Runner: A Cura Mortal”, acompanhamos o protagonista Thomas (Dylan O’Brien, de O Assassino: O Primeiro Alvo) em sua busca pelo amigo Minho (Ki Hong Lee, de 7 Desejos), que havia sido capturado pela C.R.U.E.L.. Para salvá-lo será necessário atravessar os muros da última grande cidade que ainda existe no mundo. Lá dentro, porém, Thomas percebe que há muito mais a ser resgatado. Ao abrir mão da ficção científica – e é possível sentir isso logo na primeira sequência – e abraçar o cinema de ação, o diretor Wes Ball deixa claro que não terá mais interesse na discussão que os filmes anteriores (também dirigidos por ele) buscavam assumir. Mesmo assim, é necessário um nível muito elevado de suspensão de descrença para aceitar as soluções preguiçosas que o roteiro nos entrega. Não bastasse a resolução de um conflito surgir no momento exato de necessidade (o famoso deus ex machina), novos elementos são apresentados sem que haja ao menos uma justificativa. Há, ainda, uma certa insistência em manter as personagens mal resolvidas até o último ato. Se por um lado isso trás um princípio de discussão, afinal, certo e errado são conceitos subjetivos e num conflito ambos os lados acreditam estar lutando pelo que lhes parece ser o melhor, o filme logo abandona essa possibilidade, fazendo com que a ambiguidade seja apenas um recurso fácil para tentar criar uma tensão. Assim, o conflito da geração Y (algo presente nos filmes anteriores) dá espaço à correria. As pessoas contaminadas e condenadas a viverem como zumbis (uma analogia que funcionava muito bem para a geração dos millennials) também ficam reduzidas a papel de parede. A presença delas serve apenas para criar um falso senso de urgência, além de uma cena de fuga que não passa de um clichê mal aproveitado. Isso, porém, não significa que não existam bons momentos no filme. Algumas das cenas de ação são bem executadas e, mesmo com exageros – que se torna um problema quando o filme tenta se levar a sério -, criam sequências interessantes, apesar do constante uso de câmera tremida. Mas é Dylan O’Brien quem realmente se destaca, com uma atuação convincente e uma evidente evolução de personagem. Desta vez ele se mostra mais convicto nas suas decisões, mesmo ainda não demonstrando entender o que sua figura de liderança significa. Ao mesmo tempo, Teresa (Kaya Scodelario, de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”) segue como a personagem mais interessante da franquia. Sua insistência em tomar decisões difíceis, quando ninguém mais parece conseguir fazer o mesmo, é bem explorada. O roteiro apenas se perde quando prolonga demais sua redenção final. Ainda é necessário destacar a estética do filme. O design da cidade é bonito, fazendo referência aos centros urbanos super-iluminados dos universos cyberpunk, e as pessoas que se encontram do lado de fora dos muros também possuem uma bela composição. Porém, onde o filme começa a acertar é onde ele mais desperdiça potencial. Lawrence (Walton Goggins, de “Os Oito Odiados”) é uma personagem fascinante com uma conclusão incoerente. Ele surge para assumir um papel semelhante ao de Jorge (Giancarlo Esposito, de Okja) no segundo filme, como o homem que está nessa situação apenas pelo lucro. Jorge, porém, quando perde a sua função na trama, é relocado para uma outra função. Lawrence, por sua vez, sofre as consequências comuns de roteiros que não sabem o que fazer com personagens depois de cumpridas suas funções na trama, que neste caso é causar a batalha final. O conflito derradeiro entre a C.R.U.E.L. e os moradores do lado de fora da cidade é pateticamente gratuito, não acrescentando nada à trama, apenas reforçando o quanto o roteiro preferiu abrir mão da ficção científica para se focar numa ação grandiosa e exagerada. Talvez o tempo das franquias, seja na literatura ou no cinema, das distopias que olham para a geração de jovens que buscam por identidade numa sociedade confusa e complicada esteja se aproximando do fim. “Maze Runner: A Cura Mortal” opta por deixar de lado conceitos que foram fundamentais em sua origem a se perde no básico. Para um gênero que se propõe criar uma discussão, o final da franquia pode decepcionar aqueles que se identificaram com a obra desde o princípio. O que sobra é um filme com algumas sequências interessantes, mas que perde a oportunidade de finalizar um ciclo. Nesse sentido, o slogan de que todo o labirinto tem um fim mostra-se verdadeiro. Aqui, todos andam numa linha reta." (Robinson Samulak)
Gotham Group Temple Hill Entertainment Twentieth Century Fox
Diretor: Wes Ball
62.193 users / 15.229 face
37 Metacritic 100 Down 2
Date 24/06/2018 Poster - #### - DirectorBrian TaylorStarsNicolas CageSelma BlairAnne WintersA teenage girl and her younger brother must survive a wild 24 hours during which a mass hysteria of unknown origin causes parents to turn violently on their own kids.[Mov 02 IMDB 5,5/10] {Video/@@@@} M/59
MÃE E PAI
(Mom and Dad, 2017)
TAG BRIAN TAYLOR
{violento}Sinopse ''Uma adolescente e seu irmãozinho devem sobreviver a 24 horas durante as quais uma histeria em massa de origens desconhecidas faz com que os pais se voltem violentamente para seus próprios filhos.''
''Brent e Kendall estavam despreocupados uma vez. Brent costumava fazer donuts no Firebird de seu pai enquanto a dama em seu colo tocava o rosto de Brent entre seus seios nus. O estilo de vida de música e alegria igualmente frouxa de Kendall ainda tinha espaço para ambições ambiciosas de carreira. Como tem o hábito de fazer para qualquer um com sonhos, a vida ficou no caminho. Especificamente, criar dois filhos em um típico ambiente suburbano como o tipo de crianças de 9 a 5 anos, Brent e Kendall, viraram os dedos médios nos dias passados. Reconciliar a realidade com a fantasia é o suficiente para fazê-los querer assassinar figurativamente sua filha adolescente Carly e o jovem filho Joshua. Brent e Kendall literalmente têm sua chance quando o pandemônio se espalha de repente onde quer que haja pais. Embora a sanidade mental permaneça intacta, uma epidemia desconhecida inexplicavelmente instiga instintos entre adultos em todo lugar para matar seus próprios filhos. Se Carly e Joshua pensaram que era difícil conviver com mamãe e papai antes, espere até que eles testemunhem até onde Brent e Kendall estão dispostos a ir para diminuir a população de sua casa em dois. Isso me deixa perplexo ao ver tantas pessoas elogiando “Mãe e Pai” por serem sombriamente cômicas, como se essa fosse a principal maneira de descrever sua atmosfera reconhecidamente ultrajante. Os termos usados em várias publicações importantes incluem loucura hilária, sátira vívida e diversão gonzo. Para ter certeza, o humor intencionalmente impudente cutuca a periferia do filme. Tem que com uma premissa controversa preparada tão precariamente para tornar certos segmentos extremamente desconfortáveis. Mas entenda que “Mãe e Pai” nunca sacrifica sua brutal intensidade para rir. É engraçado aliviá-lo da pressão exercida sobre seu batimento cardíaco em nome do entretenimento alegremente explorador. Eu confesso que eu ri alto quando o namorado de Carly observou, “eu costumava pensar que meus pais se divorciaram foi a maior tragédia da minha vida. Mas, ironicamente, isso dobrou minha chance de sobrevivência. ”Mãe e Pai“ Mamãe e papai ”definitivamente borrifa um pouco de leveza em torno de sua escuridão destrutiva. Quando a irmã de Kendall dá a luz a um bebê recém-nascido, as unhas se enterram na carne da palma antecipando o horror do que poderia vir a seguir. Felizmente, It Must Have Been Love do Roxette entra em sincronia para acompanhar indevidamente a comoção subsequente, dando permissão para respirar aliviado porque o suspense não deve ser tirado com 100% de sinceridade. Tendo dito tudo isso, eu ainda não classificaria o filme como uma comédia de humor negro, pelo menos não como seu gênero principal, mesmo que o filme possa ser assustadoramente engraçado às vezes. Pode não tocar na mesma linha que The Conjuring (veja aqui ) ou It ( veja aqui ), mas “Mãe e Pai” é um filme de terror em primeiro lugar. Como tal, não subestima o terror. Para a ficção envolvendo pais violentamente matando descendentes, mamãe e papai contém com bom gosto sua carnificina que mata crianças mais do que uma mente racional pode pensar ser possível. No prólogo, uma mãe calmamente deixa seu filho em um veículo estacionado em trilhos de trem. A câmera mostra apenas o topo do esfregão da criança, nunca seu rosto, e corta para preto bem antes do trem atingir o carro. Ninguém poderia pedir que tal cena fosse tratada com mais cuidado. Esse tipo de consideração continua nos próximos 80 minutos. Isso é muito bom porque uma vez que o avião da trama sai do chão, o que acontece rapidamente, o frenesi frenético do filme atinge um pico de horror angustiante. Os pais atacam avidamente os descendentes de todas as formas, idades e tamanhos, como os compradores da Black Friday, quando as portas do Walmart se abrem. O massacre permanece principalmente sugestivo, mas não é menos perverso com suas insinuações, pois um punhado de chaves de carro esfaqueia o rosto de uma criança fora do quadro ou adultos enlouquecidos jogam 28 Days Later escalando cercas e quebrando portas. Estas são visões lúguamente sinistras de se ver. Pessoalmente, não estou de acordo com o apoio celebrativo da cultura popular às travessuras muitas vezes exageradas de Nicolas Cage. Não me importo em abraçar ironicamente o absurdo de gritar com o rosto cheio de abelhas. Deliberada ou não, a atuação do hammy é má atuação. Mas o papel de Brent sincroniza perfeitamente com as pessoas que Nicolas Cage traz como um artista na tela e como um ícone cult de fora da tela. A propensão de Cage para compensar demais quando uma fúria desmedida é necessária condiz com o tom selvagem do filme. No entanto, Cage também expõe a irritação visível sem recorrer à exuberância em momentos marcantes, exigindo mais sutileza. "
Mãe e Pai" pode ser descartado por muitos como um público de filmes B, um erro mais lamentável, porque deveria ser incluído em qualquer conversa sobre os melhores desempenhos de Nicolas Cage. Enquanto a frustração paterna de Cage se projeta para fora através de ações iradas, a miséria materna de Selma Blair se manifesta internamente por meio de instâncias de introspecção. Yinning Cage, o macho alfa yang, Blair soluça tristemente para si mesma, olha silenciosamente com pesaroso desamparo, ou reúne uma máscara por causa da crescente consciência de que a vida que ela imaginou não é a vida que ela vive. Pode-se pensar que um filme moldado para a loucura da meia-noite teria muito a dizer sobre relacionamentos complicados entre pais e filhos ou transições problemáticas para a vida adulta responsável, mas “mamãe e papai” tem. Eu não iria tão longe a ponto de dizer que o filme tem um coração. No entanto, eu diria que uma corrente de ressonância emocional sincera flui sob a qual qualquer ex-adolescente ou pai de uma pessoa pode se relacionar. Cage e Blair mantêm inequivocamente essa bateria carregada através de suas energias reflexivamente equilibradas. O único peixe morto no que diz respeito à atuação envolve Robert Cunningham como o namorado chato de Carly, Damon. Cunningham não pode levar toda a culpa. Quase todo mundo tem diálogos mordazes, uma cena de assinatura ou alguma outra oportunidade para exibir uma personalidade perceptível. Damon, por outro lado, atribui-se a Carly como um tumor benigno, tornado inconseqüentemente redundante pelo fim da história. Falando do final,"Mamãe e Papai" conclui em uma nota um pouco insatisfatória. Ninguém precisa de uma explicação para o surto, mas uma resolução para a dinâmica familiar fraturada seria bem-vinda. A substância de “Mãe e Pai” já é difícil de discernir através do caos maníaco. É mais difícil argumentar os méritos temáticos significativos do filme quando o clímax corta uma picada de um card de título que diz: eh, isso é o suficiente. Embora eu esteja apresentando reclamações, posso também mencionar como o ritmo histérico se esvazia no segundo semestre. Depois de mostrar a selvageria generalizada, o enredo se estreita para se concentrar na situação pessoal dos irmãos, enquanto preso em um porão. Esperar pacientemente que o gás os deixe inconscientes não contribui para um cenário particularmente excitante, considerando o que veio antes. Além disso, o filme ocasionalmente corta flashbacks cujas inclusões parecem estranhas. Eles são momentos doces ou estranhos, embora tenham dificuldade em se conectar com os eventos atuais, a não ser como justaposições da vida antes e contra a vida agora. Talvez seja tudo que o escritor / diretor Brian Taylor pretende. O que quer que ele signifique com esses momentos, Taylor bate a bola diretamente na irreverente frente de entretenimento. "Mamãe e papai" significam que a veia não é mesquinha, permitindo gozo apesar do assunto. Uma sinopse simples deve servir como um amplo aviso de que alguns espectadores podem querer agir com cautela ou não, ou pelo menos verificar as sensibilidades na porta. Tenha em mente que não importa o que você ouviu, o horror substitui o humor, e "Mãe e Pai" é um filme melhor para isso." (Ian Sedensky)
Armory Films Zeal Media
Diretor: Brian Taylor
10.223 users / 3.755 faceSoundtrack Rock Reagan Youth
30 Metactitic 568 Up 313
Date 24/07/2018 Poster - ## - DirectorDominik MollStarsFrançois DamiensVincent MacaigneVeerle BaetensPhilippe Mars is a pleasant 40-something whose meeting with a psychotic college friend who is in search of love profoundly changes his life.[Mov 09 IMDB 6.1/10] {Video/@}
MÁS NOTICIAS PARA O SR. MARS
(Des nouvelles de la planète Mars, 2016)
TAG DOMINIK MOLL
{hilário}Sinopse ''Philippe Mars é um homem agradável que se encontra com um ex-amigo de faculdade, um psicótico que está atrás de um amor. Esse reencontro mudará sua vida.''
''François Damiens, protagonista de "Más Notícias para o Sr. Mars", é um daqueles atores do qual poucos guardam o nome, mas quem já o viu não esquece. A face de homem comum e o porte físico grandalhão e desajustado deram a Damiens oportunidades de se fixar na memória do público. É essa a gama que ele percorre no papel de Philippe Mars, um sujeito que tenta levar a vida do modo mais sóbrio possível, mas tudo que acontece a sua volta conspira para tirá-lo do sério. O diretor alemão Dominik Moll tornou-se conhecido em 2000 com Harry Chegou para Ajudar, no qual o reencontro com um antigo conhecido introduzia o estranhamento no cotidiano estável de um casal. Em "Más Notícias para o Sr. Mars" explora o mesmo tipo de passagem do equilíbrio ao desequilíbrio numa chave mais cômica, repleta de absurdos que se acumulam. Divorciado, Mars tem de cuidar dos filhos adolescentes enquanto a mulher viaja a trabalho. O garoto decide se tornar vegetariano e logo assume a defesa dos animais com atitudes que beiram o irracional. No emprego, ele tem de conviver com um colega com transtorno borderline. Mars, cujo nome remete ao planeta marte, descobre, a cada cena, que vive como um ET num mundo em que o normal é ser extravagante. A estratégia do humor por acúmulo, no entanto, converte a trama numa sucessão de piadas que aos poucos deixam de funcionar, depois que se perde o contraste entre controle e descontrole e tudo se dilui num carnaval de absurdos. O resultado confirma a habilidade burlesca de Damiens, mas ao final guardamos somente a impressão provocada pelo ator e deletamos a do filme." (Cassio Starling Carlos)
66 Lion Vneza
Diaphana Films Artémis Productions France 3 Cinéma Euro Media France VOO BE TV Shelter Prod Canal+ Ciné+ France Télévisions Indéfilms 4 Palatine Étoile 13 Soficinéma 12 Taxshelter. be Le Tax Shelter du Gouvernement Fédéral de Belgique Angoa-Agicoa Procirep Centre National du Cinéma et de L'image Animée (CNC)
Diretor: Dominik Moll
920 users / 829 face
Date 11/11/2018 Poster - ####### - DirectorJon TurteltaubStarsJason StathamBingbing LiRainn WilsonA group of scientists exploring the Marianas Trench encounter the largest marine predator that has ever existed - the Megalodon.[Mov 04 IMDB 5,7/10] {Video/@@@} M/46
MEGATUBARÃO
(The Meg, 2018)
TAG JON TURTELTAUB
{divertido}Sinopse ''Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico, a tripulação de um submarino fica presa dentro do local após ser atacada por uma criatura pré-histórica que se achava estar extinta, um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, oceanógrafo chinês (Winston Chao) contrata Jonas Taylor (Jason Statham), um mergulhador especializado em resgates em água profundas que já encontrou com a criatura anteriormente.''
''Filmes de tubarão não podiam apresentar nenhuma novidade, eles diziam. E aqui, de fato não apresentam. É um veículo para Jason Statham, tem a cara dele (pro bem e pro mal) e injeta boas doses de entretenimento ignóbil nas veias do espectador.'' (Alexandre Koball)
''Claro que é tudo uma bobagem, mas mesmo em uma bobagem deve haver um certo limite para situações idiotas e momentos que insultam a inteligência do espectador. 'Megatubarão' é um acúmulo de imbecilidades, além de se levar muito mais a sério do que deveria.'' Silvio Pilau)
''Já que é praticamente impossível superar Steven Spielberg como criador do maior filme de tubarão da história, o diretor de razoáveis aventuras de ação Jon Turteltaub pode reivindicar a honra de ter colocado o maior tubarão da história dentro de um filme. No caso, o maior tubarão da pré-história, porque o vilão em “Megatubarão” é um megalodonte. Esse ancestral viveu há cerca de 20 milhões de anos. No formato, em quase nada se diferencia do seu herdeiro genético, mas alguns fósseis indicam que os exemplares do bicho chegavam a medir 30 metros. O filme que entra em cartaz não pode ser confundido com as inúmeras produções vagabundas que tentaram pegar carona com o Tubarão de Spielberg, de 1975. Esse filão, no qual se destaca a franquia trash “Sharknado”, é notável pelos efeitos visuais toscos e a estupidez sem fim de roteiros que imaginam tubarões voadores, superinteligentes, alienígenas ou com três cabeças. “Megatubarão” apresenta um bom roteiro de aventura, atores de talento e boas ideias visuais para utilizar em cenas assustadoras um animal que tem o tamanho de uma casa. No enredo, tamanha criatura é encontrada numa profundidade oceânica nunca alcançada antes pelo homem. Um fenômeno geológico deixou um “porão” no mar, onde a evolução das espécies parece não ter se manifestado. E um desses fósseis vivos ataca um submarino de pesquisadores. Aí entra em cena o mocinho, o inglês Jason Statham, astro fortão de sucessos em série como “Mercenários” e “Carga Explosiva”. Seu sotaque britânico tenta fazer alguma diferença, mas o papel poderia ser de qualquer um, de Dwayne Johnson a Keanu Reeves. Seu interesse romântico na história é também uma mergulhadora intrépida, Suyin, papel da atriz chinesa Li Bingbing, estrela na Ásia que já trabalhou nas franquias Transformers e Resident Evil. Mas o melhor do elenco é Rainn Wilson, da série “The Office”, que dá uma repaginada na tradicional figura do empresário inescrupuloso que pretende faturar com o tubarão gigante, mesmo colocando vidas em risco. Quem acha que assistir a “Megatubarão” vale só por cenas de sustos e enfrentamentos mirabolantes entre humanos e a fera descomunal pode ter uma surpresa com a solução final, inesperada e bem sacada." (Thales de Menezes)
O mar é pequeno demais para eles dois.
''A ideia de unir um tubarão gigantesco já extinto contra um dos maiores brutamontes da atualidade me conquistou já no seu primeiro trailer. A ideia é batida, é verdade, mas desde que Spielberg tornou as ameaças fantásticas em um horror mais palpável ao trazer um assassino que realmente existe ao seu público com Tubarão (Jaws), a fórmula tentou ser repetida incontáveis vezes ao longo desses mais de 40 anos. Mas esse público não é mais o mesmo e uma atualizada tanto na estrutura quanto na abordagem nos trouxe até este Megatubarão (The Meg), que deixa de lado o status sério e o horror gore para atrair o maior público possível como filme de verão teen, menos explícito e muito mais cool. A história é mínima e serve apenas como um fio condutor para que uma cena de ação ocorra após a outra: o Capitão Jonas Taylor (Jason Statham) estava em uma missão de resgate de um submarino de águas profundas quando algo começou a atacar a embarcação e ele foi obrigado a deixar para trás dois de seus melhores amigos. Considerado culpado, refugia-se na Tailândia, bebendo o dia todo, até que é chamado novamente para resgatar uma outra tripulação da qual sua ex-mulher faz parte, enfrentando fantasmas do passado e precisando lidar com a ameaça que agora é de conhecimento público - e blá, blá, blá. Sabendo da previsibilidade da sua história e reafirmando a questão de que ela é apenas um guia turístico de quase duas horas, o filme resolve essas questões mais sensíveis de Jonas muito rápido e não desenvolve muito bem os personagens; eles são mera ferramentas para que o Tubarão jante o máximo que conseguir antes do confronto final (meio inspirado, vejam só, em Pânico [Scream, 1996] e abrindo possibilidades para sequências). O estranho é que alguns personagens são simplesmente deixados de lado (somem do filme!) ou então ganham certo destaque para depois também serem esquecidos (o bilhete do japonês Masi Oka, do Heroes, para sua esposa). Mas os que ficam são divertidos o suficiente para nos manter entretidos e até torcer por uma dentada aqui ou ali. Há pessoas que não sabem nadar (e trabalham embarcadas!), há o rico que quer dinheiro a qualquer custo, mas é tratado de forma propositalmente estereotipada, há a mulher forte, o doutor arrependido, a criança super madura e por aí vai. O filme acerta ao copiar o horror psicológico de seu irmão dos anos setenta em evitar mostrar o monstro até que seja realmente necessário, sempre trabalhando com a nossa imaginação, muito mais fértil, do que com o visual, mas não pelas limitações orçamentárias que Spielberg passou. Megatubarão é uma produção milionária, tratada como filme de ponta, de investimento chinês - é interessante notar como a economia aquecida do país está afetando os blockbusters americanos -, que recebe tratamento refinado e tem moral até para alterar o logo das empresas envolvidas e colocar o público no clima desde os primeiros segundos de sua duração. Duração essa que, para ser sincero, acaba sendo um pouco cansativa e esse é um dos pontos fracos do filme. Para efeito de comparação, o recente Missão: Impossível - Efeito Fallout (Mission: Impossible - Fallout) tem duas horas e meia e não sentimos isso, porque essa ação é o tempo todo de qualidade e estamos sempre interessados no que virá a seguir. Já em Megatubarão, em certos momentos há considerável fadiga intelectual porque a ação que está acontecendo não é tão interessante assim para nos manter presos ao filme - e ele tem menos de duas horas! Mas quando acerta, ele mostra a que veio. É o Jason fucking Statham brigando contra um Tubarão de 25 metros que deveria estar extinto há milhares de anos e é justamente para isso que eu vou ao cinema. O humor é o grande trunfo, com diálogos divertidos e bem encaixados, sem nunca extrapolar e momentos realmente tensos - ainda que previsíveis. A sequência da praia, dessa vez superpopulada e cheia de personagens que, mesmo com segundos apresentados de tela, esbanjam carisma e nos fazem torcer para que vivam como o gordinho do sorvete ou o cachorro no mar, fecha bem um filme que acerta no humor, nos efeitos especiais apenas quando necessários, nos diálogos, na química entre o elenco, mesmo com algumas cenas derrapando e não sendo tão interessantes assim. Dá para afirmar que é bem divertido. Curti terem tido a ideia de terem dois tubarões, e não apenas um: sabe-se lá quantos passaram por aquele vão de água aquecida que o argumento se sustentou. Isso abre a possibilidade de continuações e de até outros monstros, como aquele polvo, virem até a superfície caso esse filme faça relativo sucesso.'' Rodrigo Cunha)
Apelles Entertainment Di Bonaventura Pictures Flagship Entertainment Group Gravity Pictures Maeday Productions
Diretor: Jon Turteltaub
127.604 users / 125.741 face
46 Metacritic 658 Up 48
Date 27/11/2018 Poster - ### - DirectorJohannes RobertsStarsMandy MooreClaire HoltMatthew ModineTwo sisters vacationing in Mexico are trapped in a shark cage at the bottom of the ocean. With less than an hour of oxygen left and great white sharks circling nearby, they must fight to survive.[Mov 03 IMDB 5,6/10] {Video/@@} M/57
MEDO PROFUNDO
(47 Meters Down, 2017)
RAG JOHANNES ROBERTS
{esquecível}Sinopse ''Grace leva o namorado Adam e a irmã mais nova Lee para curtir as férias no norte da Austrália. Quando os três embarcam em um aparentemente pacato passeio de barco pelo rio, no entanto, um ataque inesperado faz com que Jim, seu guia desesperado, suma misteriosamente nas águas obscuras. Sem escolha para tentar sobreviver ali, perdidos e sozinhos, os três terão que explorar o pântano e encontrar um lugar seguro. Mas eles estão sendo observados por uma fera faminta e sinistra, que aguarda o momento certo de atacar. Em um thriller de tensão cada vez mais crescente, talvez eles tenham que deixar o medo de lado e contra-atacar se ainda quiserem ter esperanças de voltar para casa...''
''O mundo ama filmes de tubarão, e o povo de cinema responde a esse amor criando um verdadeiro subgênero com o tema. Mas o pessoal tem exagerado nos últimos anos, provando o quão baixo pode chegar a indústria de Hollywood em busca de nosso dinheiro e deleite. Recentemente, salvou-se Águas Rasas. Traz cenas interessantes e a estrela Blake Lively no papel de uma surfista presa em uma boia que flutua a poucos metros da praia, com peixes assassinos circulando ao seu redor. Mas a profusão de filmes Z não acaba. No ano passado, Megatubarão, com Jason Statham, e Megalodon, com Michael Madsen, concorreram para apresentar o maior tuba já visto nas telas. Ambos eram capazes de engolir navios e possuíam dezenas de metros de comprimento. A série Sharknado, inciada em 2013, trata de um tornado bizarro que avança sobre os EUA abrigando um grupo de tubarões em seus rodamoinhos. Ninguém está a salvo, seja na terra, mar ou ar! Mega Shark vs. Mecha Shark traz o velho embate natureza versus tecnologia. Aqui um peixe de carne e cartilagem briga com um robô tuba mecânico. E O Ataque do Tubarão de Seis Cabeças é isso mesmo o que você está pensando: um animal com seis bocarras repletas de dentes se assemelhando a uma estrela de seis pontas, quando visto de cima. Tudo isso para contextualizar Medo Profundo - O Segundo Ataque. Trata-se de um filme de outro nível. Se pretende melhor. Mas é tão ruim quanto, sem conseguir se decidir entre a comédia escrachada das produções citadas acima ou o suspense angustiante dos melhores filmes do ramo. O primeiro “Medo Profundo” trazia o mesmo diretor e corroteirista Johannes Roberts na batuta. A história acompanhava duas turistas americanas no México que descem em uma gaiola para ver tubarões em alto-mar. É claro que a corrente que segura a coisa vai estourar e elas vão ficar à mercê dos monstros assassinos. No original, o filme se chamava 47 Meters Down, e isso fazia sentido porque a gaiola aterrissava a 47 metros de profundidade. Já o título em inglês desse de agora, 47 Meters Down: Uncaged (47 metros no fundo: sem gaiola), é um despropósito, pois ninguém vai a 47 metros nem isso jamais é citado no filme. A história segue quatro adolescentes que resolvem explorar uma cidade maia submersa no México. O local estará cheio de tubas, mas, por sorte, eles evoluíram para uma espécie cega por causa da baixa quantidade de luz naquelas cavernas. O problema é que a direção parece tão cega quanto os peixes. Nunca sabemos de que lado as meninas vieram nem para qual vão naqueles túneis e labirintos. Se a ideia era causar no espectador a mesma confusão passada pelas garotas, a estratégia funcionou, mas também pode ser absoluta incompetência de direção. Tudo se resolve com base no velho esquema do susto fácil: o tubarão aparece quando está tudo calmo e um pam ensurdecedor faz você pular da cadeira. A única chance de “Medo Profundo - O Segundo Ataque” não escorrer direto para lata do lixo da história é se Sistine Stallone desencantar. Filha de 21 anos do velho Sylvester, ela é linda e essa é sua estreia cinematográfica. Para ser uma estrela, só falta atuar. O que não foi possível dessa vez, dada a profusão de tubarões ao seu redor.'' (Ivan Finotti)
thefyzz Tea Shop Productions Entertainment Studios Motion Pictures Dimension Films Altitude Film Sales Dragon Root Securities Flexibon Films Lantica Media
Diretor: Johannes Roberts
43.434 users / 41.632 face
24 Metacritic 2.285 Down 204
Date 18/12/2019 Poster - ## - DirectorChristian RiversStarsHera HilmarRobert SheehanHugo WeavingIn a post-apocalyptic world where cities ride on wheels and consume each other to survive, two people meet in London and try to stop a conspiracy.[Mov 03 IMDB 6,3/10] {Video/@@} M/44
Máquinas Mortais
(Mortal Engines, 2018)
TAG CHISTIAN RIVERS
{esquecível}Sinopse ''Anos depois da "Guerra dos Sessenta Minutos", a Terra está destruída e para sobreviver as cidades se movem em rodas gigantes, conhecidas como Cidades Tração, lutando com outras para conseguir mais recursos naturais. Quando Londres se envolve em um ataque, Tom (Robert Sheehan) é lançado para fora da cidade junto com uma fora-da-lei (Hera Hilmar) e os dois juntos precisam lutar para sobreviver e ainda enfrentar uma ameaça que coloca a vida no planeta em risco.''
''A dupla Jackson e Boyens foi infinitamente superior quando trouxe O Senhor dos Anéis às telas, 18 anos atrás. O mundo de Máquinas Mortais é bastante rico e interessante (apesar do arco um tanto quanto óbvio do protagonista), mas há excesso de acontecimentos e personagens para somente duas horas de filme.'' (Alexandre Koba)
''Máquinas Mortais” parte de uma ideia divertida e original: num futuro pós-apocalíptico (ok, nada de criativo aqui), as pessoas moram em monstruosas metrópoles móveis, sobre rodas, como se fossem monstruosos tanques que singram a paisagem devastada em busca de cidades menores para devorá-las. O butim, de metal e mantimentos, permite que as maiores cidades se mantenham, à custa das pequenas, numa espécie de darwinismo municipal. A ideia é do autor e ilustrador infantil inglês Philip Reeve, que se aventurou na ficção científica entre 2001 e 2006 e lançou quatro livros com o conceito das cidades-tração. A tetralogia foi publicada no Brasil pela editora Novo Século há alguns anos e, agora, a Harper Collins relança o primeiro volume. A editora publicará o segundo título neste semestre. Os efeitos especiais da equipe do produtor Peter Jackson (O Senhor dos Anéis e King Kong) são legais, com muita maquinaria, roldanas, engrenagens e ferrugem. As megacidades de metal, como Londres, enchem a tela com suas entranhas de fornalha. E aqui, infelizmente, acabam os elogios para “Máquinas Mortais”. Todo o resto do filme é muito ruim, mas o roteiro é um lixo indescritível. Acumula clichês, copiando sacadas de Guerra nas Estrelas, Mad Max e videogames como Fallout. Não há nada que salve a história contada em “Máquinas Mortais”. Garota órfã é criada por pária e ressurge para vingar a mãe assassinada. No meio do caminho, se apaixona pelo jovem altruísta e bem-intencionado. Ambos se unem na luta contra o mal que assola a humanidade. O que será que vai acontecer? Conseguirá o casal interromper milênios de injustiça social? O final é tão patético que dá vontade de vomitar. É porque esperava-se um mínimo de inteligência. Mas não: as únicas pessoas que podem aproveitar algo desta obra são crianças e adolescentes que nunca viram um filme desse tipo. A culpa é de Peter Jackson de novo - ele assina o roteiro com outros dois. Dando uma olhada na bilheterias americanas, comprova-se o fracasso: com custo de US$ 110 milhões (R$ 370 milhões), faturou US$ 16 milhões por lá em três semanas. A direção de Christian Rivers é insossa. Segue a linha blockbuster básico, sem acrescentar ou envergonhar mais o gênero. Os atores também não pesam. O casal protagonista, Hera Hilmar e Robert Sheehan, poderia estar em qualquer seriado de segunda, mas outros jovens do elenco, como Ronan Raftery, causam constrangimento de tão péssimos. Hugo Weaving salva o vilão. Resumindo, o filme tinha o mais difícil: uma boa ideia,. Mas a história que se segue é tão mal feita e construída que arruína qualquer possibilidade de divertimento." (Ivan Finotti)
Media Rights Capital (MRC) Scholastic Productions Entertainment) Silvertongue Films WingNut Films Perfect World Pictures Universal Pictures
Diretor: Christian Rivers
90.648 users / 85.456 face
33 Metacritic 755 Up 171
Date 20/01/2020 Poster - ##### - DirectorRichard T. HeffronStarsPeter FondaBlythe DannerArthur HillUpon uncovering the dirty secret of futuristic theme-park Futureworld, an ex-employee is killed after he tips off two other reporters who decide to do an undercover investigation.[Mov 05 IMDB 5,8/10] {Video/@@@} M/46
MUNDO: ANO 2003, OPERAÇÃO TERRA
(Futureworld, 1976)
TAG RICHARD T. HEFFRON
{intrigante}Sinopse ''Após o fracasso do parque de diversões Delos, que abalou a credibilidade da corporação responsável e causou prejuízos enormes, um bilhão e quinhentos milhões de dólares foram investidos para refazer todo o centro. Chuck Browning (Peter Fonda), um repórter pouco lido, e Tracy Ballard Blythe Danner), uma entrevistadora de enorme popularidade, são convidados a fazerem uma reportagem para que atestem que tudo agora é seguro. Porém logo os dois jornalistas desconfiam que há algo muito estranho e descobrem que há um plano para substituir os principais líderes do mundo por andróides perfeitos. Inclusive existem cópias deles mesmos, com os robôs sendo programados para jamais criticarem o parque Delos e acatarem todas as ordens que de lá venham.''
''É para crédito do ''Mundo Futuro: Ano 2003, Operação Terra'' que ele consegue evitar simplesmente refazer o enredo do Westworld na tentativa de lucrar com o sucesso desse filme, e é interessante ver que uma história escrita há mais de um quarto de século atrás ainda contém elementos atuais. Em vez do simples plano de perseguição de Westworld, a sequência opta por um thriller de conspiração (não muito original) envolvendo a clonagem de líderes mundiais em férias no renovado complexo de férias de Delos. Que todos esses líderes mundiais se reunissem em um parque temático glorificado é questionável, mas, deixando de lado a premissa, a premissa fornece a base para algumas horas de suspense. A tecnologia ainda parece relativamente nova hoje e, considerando o status de celebridade menor dos leads, é uma aposta justa que é aqui que a maior parte do orçamento foi gasta. Infelizmente, a atuação das duas pistas é uma falha séria. Fonda nunca é tão adequado quanto o repórter de cruzadas, e Blythe Danner, como seu ajudante, carece de qualquer tipo de presença na tela. Juntos, eles são um desastre, sem nenhuma química. O fato de receberem um roteiro de pedestres com o qual trabalhar - sua interação, em particular, é terrivelmente banal - não ajuda. Yul Brynner faz apenas uma aparição fugaz em uma sequência de sonhos verdadeiramente extravagante que é garantida para que você role no chão com risadas incrédulas, e o final é bastante manco, por isso é um enigma de como o filme como um todo consegue seja tão agradável. ''Mundo Futuro: Ano 2003, Operação Terra'' não é tanto uma sequela de Westworld como um filme complementar. De qualquer forma, pode-se argumentar que o Jurassic Park de Crichton é mais uma sequência (ou remake) - afinal, a história é idêntica (robôs incontroláveis perseguindo incansavelmente um grupo de visitantes indefesos em torno de um parque temático).'' (20/20 Movies)
American International Pictures (AIP) The Aubrey Company
Diretor: Richard T. Heffron
9.218 users / 7.891 face
7 Metacritic
Date 24/02/2020 Poster - @@@@@@ - DirectorLana WachowskiLilly WachowskiStarsKeanu ReevesLaurence FishburneCarrie-Anne MossWhen a beautiful stranger leads computer hacker Neo to a forbidding underworld, he discovers the shocking truth--the life he knows is the elaborate deception of an evil cyber-intelligence.[Mov 10 Favorito IMDB 8,7/10] {Video/@@@@@} M/73
MATRIX
(The Matrix, 1999)
TAG LARS WACHOWSK / LILLY WACHOWSK
{inesquecível / inovador}Sinopse ''Em um futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador que mora em um cubículo escuro, é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro. Em todas essas ocasiões, acorda gritando no exato momento em que os eletrodos estão para penetrar em seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade.''
''Não há colher. Esta frase talvez seja o resumo do desafio de percepção das Wachowskis, um desafio riquíssimo em significados, complexo em forma e ainda tão atual (a humanidade como refém da tecnologia). Matrix até hoje dá muito pano pra manga.'' (Rafael W. Oliveira)
*****
"Duas coisas comprometem esforços como o de "Matrix", de nos conduzir a universos virtuais, a situações em que a vida é sem ser e vice-versa. A primeira é a tonelada de explicações necessárias a nos convencer de que essas coisas são possíveis. Ora, não são. Por isso é filme de ficção científica. E o espectador aceita: ele vive num mundo virtual (computador etc) e percebe que, sendo ficção, pode engolir o filme. A parte disso, a obscura cascata tecnológica convive com uma história que, embora complicada, reencontra velhos conhecidos: a humanidade ameaçada, a ameaça da informática etc. "Matrix"diverte. Mas está longe de ser a obra-prima que nos venderam." (* Inácio Araujo *)
''Um dia, Gregor Samsa não acordou metamorfoseado num inseto repugnante. Ele despertou e se viu controlado por artrópodes nojentos. Cibernéticos. A Terra também. Seu nome era Neo, e o futuro da humanidade dependia dele. Esta é a premissa do melhor filme do ano até agora, a ficção cyberpunk "Matrix", que estréia hoje no Brasil. O herói, Neo (Keanu Reeves), é um hacker com uma tarefa messiânica que luta kung-fu. No centro da ação está a Matrix do título, um simulacro ideal do que seria a Terra, na verdade controlada por máquinas dotadas de inteligência artificial, que usam/ sugam humanos como energia. Neo acorda para a realidade pelas mãos de Morpheus (Laurence Fishburne). Então, lidera a resistência dos homens. O princípio não é mais o verbo, mas uma profusão de zeros e uns.Na platéia, você gruda na cadeira, tenta captar todas as referências (veja quadro nesta página) e só volta a respirar 144 minutos depois. As citações vão de Jesus Cristo a Uri Gueller, passando por James Joyce e "Arquivo X". Uau!É a segunda obra dos irmãos norte-americanos Andy e Larry Wachowski, que antes só dirigiram o thriller lésbico Ligadas pelo Desejo (escreveram também o roteiro de FormiguinhaZ). Em talento e originalidade, já são os sucessores dos irmãos Coen.Há tantos segredos plantados pelos próprios criadores do filme que até o site oficial (www.whatisthematrix.com) tem acessos escondidos, com senhas improváveis, e mesmo os créditos finais no cinema são um mar de pegadinhas. Este cult(o) ao filme faz multiplicarem as páginas na Internet e reportagens nas revistas especializadas, com sites que abordam desde de onde vêm e como comprar os óculos sem aro de Morpheus (são da Blinde Optics, de San Francisco, não estão à venda) até a origem do modelo do celular mágico com que eles se comunicam (uma adaptação do Nokia 8800, chega ao mercado em julho), passando pela música que Neo ouve quando dorme ("Dissolved Girl", do grupo de trip hop Massive Attack). Não há nada mais anos 90 que "Matrix" - é Blade Runner da década, o que teria acontecido se aqueles andróides tivessem vencido. Põe juntas como nunca antes a cultura pop e a ansiedade religiosa do final do milênio.E seus diretores e autores, os irmãos Debi e Lóide Wachowski, são a prova do que pode fazer, depois de anos de leite A, sucrilhos e televisão, a geração de Littleton quando bem encaminhada.''
(Sérgio da Dávila)
''Estréia hoje no Brasil o único filme capaz de chamar a atenção do público norte-americano antes da estréia bombástica de "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma". O nome é "Matrix". O espectador pode ir ao cinema e, no meio da ação e dos efeitos especiais vertiginosos, não se dar conta de estar vendo um dos melhores e mais inteligentes thrillers de ficção científica dos últimos anos (leia crítica nesta página). A história mostra um jovem Hacker, Neo (Keanu Reeves), que é recrutado por um grupo que acredita que ele é o escolhido -uma espécie de Buda, de messias- para liderar a raça humana na sua libertação. Neo descobre que o mundo em que vive é apenas uma simulação feita em computadores por uma raça de robôs que usam os humanos como escravos. "Matrix" é o segundo filme dos irmãos Larry e Andy Wachowski. Eles começaram escrevendo histórias em quadrinhos para uma linha de revistas editadas por Clive Barker para a Marvel, dos EUA. Os irmãos escreveram os roteiros de Assassinos, de "Matrix" e de "Ligadas pelo Desejo". Este último foi o primeiro filme que dirigiram. Em 1994, o roteiro de "Matrix" foi entregue ao produtor Joel Silver, de séries cinematográficas como "Duro de Matar" e Máquina Mortífera,que decidiu tocar o projeto.Silver levantou US$ 60 milhões para a produção do filme, confiando no talento da dupla. Mas a Warner só aceitou liberar o dinheiro quando tivesse em mãos um planejamento detalhado das cenas. Os Wachowski pediram ajuda a Geoff Darrow, que fez o desenho de produção, e Steve Skroce, que desenhou os storyboards. Com o orçamento aprovado, era preciso escalar o elenco. Keanu Reeves (Neo), Laurence Fishburne (Morpheus), Carrie Anne-Moss (Trinity) e Hugo Weaving (Smith) foram escolhidos, mas uma das condições dos diretores era que eles não usassem dublês. Mesmo sendo treinados durante meses, o resultado foi um festival de costelas quebradas, tornozelos torcidos e problemas de coluna. "Matrix" arrecadou cerca de US$ 45 milhões apenas no primeiro fim-de-semana, nos EUA. Até o dia 16, já contabilizava US$ 145 milhões. O show à parte está nos efeitos especiais. Principalmente aquele em que Neo consegue se desviar de balas. Para que a cena de 20 segundos funcionasse, foram necessários dois anos de pesquisa. Para curtir melhor o filme, preste atenção ao roteiro e às citações espalhadas pelas cenas. São referências a religião, quadrinhos, literatura e a outros filmes -algumas estão no quadro abaixo.'' (Alexandre Marron)
Considerado a melhor ficção dos anos 90, temos o orgulho de apresentar uma análise completíssima sobre o filme.
''Em 1999 surgia um filme, até então com pouco hype e desconhecido que, em pouco tempo, fora ganhando espaço na mídia, marketing e uma merecida reputação de “revolucionário”. Sucesso absoluto de público e crítica, considerado a melhor ficção científica dos anos 90 sem maiores concorrentes (além do fraco Star Wars Episódio 1: A Ameaça Fantasma, lançado no mesmo ano), Matrix foi um filme que brilhava em seus aspectos técnicos (e como!), mas que também trazia uma boa história de fundo, um enredo que procurava não deixar furos (claro, além das eventuais “brechas” para uma continuação) e um elenco extremamente competente que encaixou-se muito bem na trama, todos muito bem caracterizados. O filme foi dirigido por Andy Wachowski e Larry Wachowski, que já haviam protagonizado antes o “mediano” Assassinos (com Antonio Banderas, Julianne Moore e Sylvester Stallone), em 1995, e o “bom” Ligados Pelo Desejo, em 1996. A genialidade dos dois irmãos permitiu a criação de um mundo paralelo totalmente diferente do que conhecemos como “nosso mundo”, misturando tudo isso com muita tecnologia, novas técnicas de filmagens e muito Kung-Fu. Temos aí uma das mais arrasadoras superproduções da última década. Mais do que um campeão em crítica e público, Matrix foi um campeão, também, em premiações, levando muitas estatuetas para casa. Entre elas, todos os Oscars que disputou: Melhor Edição, Melhor Efeitos Sonoros, Melhor Efeitos Visuais e Melhor Som. No BAFTA, faturou os prêmios de Melhor Som e Melhor Efeitos visuais, e também foi indicado em outras categorias, como Fotografia, Edição e Figurino. Não podemos nos esquecer também do Grammy de Melhor Trilha Sonora. Se fossemos ficar falando dos prêmios que Matrix faturou, provavelmente passaríamos horas e horas aqui comentando apenas boa parte deles, então vamos pular essa parte visto que a intenção era só dar uma idéia da dimensão que o filme atingiu, caro leitor. “What is The Matrix ?” O filme conta a história do hacker Neo (Keanu Reeves), ou Thomas Anderson, sua identidade real, que até o ano de 1999 levava uma vida em que ele próprio acreditava ser real, comum. Até que finalmente Neo consegue contato com o misterioso Morpheus (Laurence Fishburn), que o introduz ao verdadeiro “mundo real”. E nessa nova realidade, Neo descobre que está a duzentos anos a frente do período que acreditava estar e que as máquinas dotadas de grande capacidade e inteligência artificial elevadíssima haviam acabado por tomar conta do mundo, ou o que sobrou dele. As máquinas criaram um programa que simula a vida do século XX (Matrix) para satisfazer os escravos humanos enquanto elas drenam energia dos próprios. Neo é constantemente perseguido por alguns “Agentes” (computadores que tem acesso a Matrix e se materializam no corpo de quem bem entenderem) e é tido como “o escolhido” (The One), a quem Morpheus se refere como pessoa que irá liderar os humanos a reconquistar a Terra. Vale lembrar também que “o escolhido” tem a habilidade de mutar a Matrix, é o único dentre todos os humanos que pode desenvolver técnicas parecidas (e até mesmo superiores) as dos “agentes”. Talvez um dos pontos em que o filme mais acerte seja na escalação de seu elenco. Os irmãos Wachowski, sem sombra de dúvida, escolheram a dedo as pessoas certas para cada um dos papéis do filme, desde o mais importante (protagonista) a grandes coadjuvantes. Keanu Reeves (Doce Novembro, Velocidade Máxima, O Advogado do Diabo) está perfeito como Neo, é uma das várias almas do filme. O público mergulha junto com Neo para tentar descobrir o que está por detrás de todo aquele mistério (“Follow The White Rabbit” – siga o coelho branco) que é nos apresentado no começo do filme. E por falar nisso, que começo não temos, hein? As cenas iniciais com a Carrie-Anne Moss (Chocolate, Planeta Vermelho), que interpreta “Trinity”, uma das pessoas que trabalham para o misterioso Morpheus, nos dá uma pequena amostra de como as cenas se seguirão durante a película. Perseguição, ação e muitos efeitos especiais! É uma abertura realmente empolgante. O visual dos personagens é sempre assim, dark ao extremo. Roupas escuras, poucas palavras, óculos escuros (essenciais!), mas também muita elegância. Laurence Fishburn (Othello), no papel de Morpheus, está excelente também. Ele é quem apresenta o “mundo real” aos olhos de Neo, e todas as cenas que se seguem (desde Neo despertando no mundo real até Morpheus conversando com ele a respeito do que havia acontecido) são muito bem executadas. Mesmo sem aquele toque de ação do início do filme e que estaria por vir, o filme não fica monótono, muito pelo contrário, o público fica ávido para saber sempre mais de toda aquela situação, o que prova que Matrix já é um filme diferente dos demais do gênero. Ele não se reserva o direito de ter apenas cenas de ação boas e um enredo fraco; muito pelo contrário, é um filme para se ver e rever e prestar atenção em cada detalhe dado. “- I Know Kung-Fu…” “- Show Me!” Outro grande ponto que Matrix chama atenção e merece destaque é em relação as coreografias de lutas e os estilos propriamente apresentados. Entre eles destacamos o Kung-Fu. E não há duvidas que os irmãos Wachowski são não menos que grandes admiradores dessa arte. As cenas eram gravadas, regravadas, editadas até que as mesmas satisfizessem a todos da equipe técnica. Em um certo trecho do filme, onde o diálogo acima ocorre entre Morpheus e Neo, eles estão a alguns segundos de entrar em um programa para enfim treinar as novas habilidades e técnicas adquiridas por Neo. Essa seqüência é realmente fantástica e incrivelmente bem conduzida e ensaiada. Todos os movimentos, as falas não deixam com que o público deixe sua atenção de lado por um segundo apenas. Alguns outros atores coadjuvantes roubam a cena durante muitas seqüências também. Como é o caso de Hugo Weaving (O Senhor dos Anéis: As Duas Torres e A Sociedade do Anel) na pele do implacável e impiedoso agente Smith. Um papel que certamente lhe renderá (e creio que está rendendo) maior destaque que seu elfo em O Senhor dos Anéis, mas torço para que ele desempenhe um bom papel nas duas sagas, afinal, é horrível para um ator ser lembrado insistentemente apenas por aquele filme determinado. Joe Pantoliano (Demolidor – O Homem Sem Medo, U.S. Marshalls – Os Federais, Bad Boys) também está legal no papel de Cypher, um dos operadores da Matrix do grupo de Morpheus. De todos ali no grupo, ele parece ser o mais diferente de todos, não só pela aparência, mas por suas atitudes também. Notamos que, com o passar do tempo, ele mostra algum ressentimento em relação a Trinity justamente por não ser “correspondido”. E para piorar um pouco as coisas, com a chegada de Neo, Trinity aos poucos vai criando feições pelo rapaz. Pronto está armado o cenário: a inveja corre solta... O que Cypher está prestes a aprontar é algo que muitos já sabem, previsível ou não, a maneira com que ele faz isso é bem colocada no filme. Reservo-me o direito de não falar para não estragar a surpresa de quem eventualmente ainda não assistiu o filme (se é que isso é possível). Bullet-Time. Sem sombra de dúvidas uma das coisas que mais chamaram atenção em Matrix foram seus efeitos especiais. Um deles é o famoso e magnífico “Bullet-Time”, talvez um dos grandes responsáveis pelo Oscar de Melhores Efeitos Visuais, mas certamente não somente isso. O Bullet-Time é um efeito usado principalmente na cena em que Neo fica cara-a-cara com o agente Smith; a famosa cena do desvio das balas. A idéia para a criação do efeito foi até de certa forma simples, entretanto exigiu um pouco de trabalho para passá-la do plano teórico ao plano prático. Os irmãos Wachowski pegaram várias câmeras (muitas!) e as posicionaram em círculo. Num estúdio de fundo azul, Keanu Reeves treinou por varias vezes os movimentos que iria executar, e os fez rapidamente. Ai entra o pessoal da parte técnica: eles editaram a cena, adicionaram os efeitos das balas, deram uma lenta rotação de 360º à tomada e inseriram-na no ambiente em que ela estava sendo executada. Um trabalho realmente primoroso, que justifica os vários prêmios que levou. Mas como já disse, os efeitos de Matrix não são sustentados apenas por Bullet-Time coisa nenhuma. Há varias outras cenas primorosas onde podemos ver os efeitos em ação, como é o caso da cena do resgate de Morpheus com o helicóptero. Essa cena está demais também, talvez mais do que bons efeitos visuais, ela traz um dos melhores efeitos sonoros que já vi nos cinemas. As explosões, os vidros quebrando, as balas caindo em direção ao chão enquanto tocam em alguns pedaços do helicóptero, o “mini bullet-time” que é utilizado quando o agente Smith acerta um tiro de raspão no pé de Morpheus, quando ele ainda está pulando, enfim, uma cena de ação perfeita, dirigida com maestria e jamais vista antes. Não podíamos deixar de elogiar também uma outra seqüência de ação impressionante, talvez a que mais tenha empolgado a platéia nos cinemas: a invasão do prédio para-militar no final do filme. Realmente é incrível, desde sua concepção até sua edição. E por falar nisso, que edição não temos em Matrix, hein? Sempre perfeita, atuando no filme de forma simples e tendo um papel fundamental na hora da colocação de tantas tomadas com fundos azuis transpondo-os para ambientes reais. Lembro que na época do Oscar de 2000, aconteceram alguns fatos que ainda lembro a respeito da premiação de melhores efeitos visuais. A equipe de Star Wars Episódio 1: A Ameaça Fantasma (que, diga-se de passagem, estava com uma enorme dor-de-cotovelo por ter perdido o prêmio) acabou dando algumas declarações dizendo que os jurados não sabiam distinguir em relação a qualidade técnica dos efeitos visuais, o que acabou gerando uma longa discussão entre qual realmente havia sido o melhor filme do ano naquele quesito. Certamente Star Wars tem seus méritos (e que méritos). Enquanto Matrix utiliza muitos efeitos, o mundo de “A Ameaça Fantasma” foi praticamente criado todo com efeitos visuais. É muito difícil encontrar uma tomada que não tenha um. A corrida de Pods está perfeita. Entretanto, talvez um dos efeitos negativos do filme, e que não ocorre em Matrix, seja que em A Ameaça Fantasma você acaba não sentindo aquela interação entre efeitos, cenários e personagens. Com exceção da corrida de Pods, os efeitos estão ali para mera visualização (ou apreciação visual), os personagens não interagem com eles, tanto que depois de alguns minutos de exibição o público já de certa forma esquece deles visto que o “choque inicial” já havia passado. Já em Matrix ocorre exatamente o contrário. Há interação a todo tempo com os efeitos especiais, seja com o cenário, seja com os personagens ou com os três ao mesmo tempo, fazendo com que público surpreenda-se até o ultimo minuto. Trazendo isso para um plano mais atual, vemos que a equipe de George Lucas acabou sofrendo muitas críticas pelo segundo episódio de sua saga Star Wars também, O Ataque dos Clones, onde foi-se muito criticada a maciça utilização de efeitos visuais que, depois de alguns minutos de exibição, perdiam o dom de impressionar o público. “- Guns, Lots of Guns...” Não há dúvidas que Matrix usa e abusa do uso de armas, afinal, elas fazem parte da concepção e da temática do filme. Sem elas, todo esse universo pós-moderno e surreal do primeiro filme jamais poderia ter sido criado. Muitas foram as controvérsias em relação ao nível de violência contido no filme e isso lhe rendeu uma censura um tanto quanto “maluca” ao redor do mundo. Digo “maluca” porque Matrix teve todo tipo de censura, passando de 12 anos (Portugal, Suíça, Argentina) até a pesada censura de 18 anos (Irlanda, Espanha). Mas a média ao redor do mundo ficou entre 14-16 anos. É um aspecto muito importante esse, ainda mais para as continuações que estarão por vir (Matrix Reloaded e Matrix Revolutions), onde foram gastos muitos milhões por filme (cerca de 300 milhões de dólares para o segundo filme e mais 300 para o terceiro; só a título de comparação a saga do O Senhor dos Anéis completa custou cerca desses mesmos 300 milhões de dólares, que aqui estão sendo utilizados em um filme apenas). Portanto, a Warner vai ter que negociar muito uma censura mais leve para suas continuações para que uma boa parcela de público (leia-se “lucros”) não seja excluída de seu balanço final nos cinemas. Finalizando, Matrix é tudo aquilo que um filme de ação realmente deveria ser. Tem uma parte técnica primorosa, uma direção mais magnífica ainda, um bom elenco e um roteiro que não deixa nenhum dos outros quesitos na mão, visto que estamos acostumados tanto a assistir filme de ação sem conteúdo algum. É um filme que será lembrado muito a frente do seu tempo, e com méritos totais, é claro. Para você que é fã de Matrix, procure maiores informações a respeito da série Animatrix, que relata, entre outras coisas, como o mundo chegou ao estado original apresentado no primeiro filme. Lembramos a todos que Matrix Reloaded está agendado agora para Maio e que Matrix Revolutions sai no segundo semestre de 2003. Até lá fique ligado no CinePlayers para maiores informações. Para aqueles que, além de cinéfilos de plantão (ou apenas fãs mesmo de Matrix) são gamers ávidos, fiquem ligado no jogo “Enter The Matrix”, que estará sendo lançado para todas as plataformas da nova geração (Playstation 2, GameCube, Xbox e PC) que trará além de uma boa trama, cenas gravadas pelos atores especialmente e exclusivamente para este jogo. Prós:- Efeitos Visuais revolucionários;
- É um filme de ação com “conteúdo”;
- Dois diretores com uma criatividade incrível e inimaginável;
- Ótimo elenco;
- O filme não segue tendência, pelo contrário, ele cria um estilo próprio.
- A banalização do Bullet-Time. Não é bem um contra, e muito menos algo que a Warner ou os produtores do filme tenham controle sobre. Mas sejamos verdadeiros, a utilização do Bullet-Time por outras produções gerou uma certa banalização incrível do efeito. Filmes como Os Picaretas, Todo Mundo em Pânico, Gigolô por Acidente e diversos outros acabaram por extrapolar demais nas brincadeiras e / ou satirizações.'' (Tony PUGLIESE )
72*2000 Oscar
Top 300#16
Top 100#28 Mais Votados (Cineplayers)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures Groucho Film Partnership Silver Pictures 3 Arts Entertainment
Diretor: Lana Wachowski / Lilly Wachowski
1.592.397 users / 1.498.582 faceSoundtrack Rock Rob Zombie / The Prodigy / Meat Beat Manifesto / Propellerheads / Rage Against the Machine / Marilyn Manson
35 Metacritic 124 Up 1
Date 24/02/2020 Poster - ########## - DirectorLana WachowskiLilly WachowskiStarsKeanu ReevesLaurence FishburneCarrie-Anne MossFreedom fighters Neo, Trinity and Morpheus continue to lead the revolt against the Machine Army, unleashing their arsenal of extraordinary skills and weaponry against the systematic forces of repression and exploitation.[Mov 02 IMDB 7,2/10] {Video/@@@@@} M/62
MATRIX RELOADED
(The Matrix Reloaded, 2003)
TAG LARS WACHOWSK / LILLY WACHOWSK
{esquecível}Sinopse ''No segundo capítulo da trilogia Matrix, Neo controla melhor seus poderes extraordinários, enquanto Zion é cercada pelo exército das Máquinas. É apenas uma questão de horas até o último território pertencente aos humanos na Terra ser alcançado por 250 mil Sentinelas programadas para destruir a humanidade.''
''O formato causa estranhamento dessa vez (narrativa metódica) e há claras passagens idealizadas para encher linguiça. Mas não é de se negar a evolução nos conceitos das Wachowskis, aproveitando todas as oportunidades para explorar aquela realidade.'' (Rafael W. Oliveira)
''Se você é fã absoluto de Matrix, leva a sério toda a proposta filosófica conjurada pelos irmãos Wachowski e esperava ansiosamente, há quatro anos, pela continuação da saga de Neo, Trinity e Morpheus, nem se importe em ler os próximos parágrafos. Com certeza você estará na fila para pegar a primeira sessão de Matrix Reloaded e adorará cada segundo do novo filme, além de consumir vorazmente todos os infinitos novos subprodutos da série você é o alvo primordial de todos os esforços da Warner Brothers e do produtor Joel Silver, e não há de ser minha opinião que irá mudar as coisas. Mas se você não se enquadra nesse perfil, não perca seu tempo. Tirando algumas seqüências genuinamente espetaculares, graças a novíssimos, trabalhosos e engenhosos efeitos especiais, Matrix Reloaded é um dos filmes mais chatos, pretensiosos e confusos dos últimos tempos. E olha que os últimos tempos estiveram lotados de títulos generosos em todas as três categorias. Duas coisas, basicamente, aconteceram com o conceito e com o time criador de Matrix: primeiro, todos estão se levando absolutamente a sério; segundo, o padrão Joel Silver de produção tomou precedência sobre o bem articulado picadinho de influências alheias que é o cinema dos Wachowskis. O resultado é o que se vê na tela uma sucessão inquebrável de cenas nesta seqüência, com mínimas variantes: - discurso pseudofilosófico, desfechado em tons monocórdios, em geral como solilóquio (o recorde pertence a Lambert Wilson, no papel de um francófono chamado Merovingian: 12 minutos ininterruptos). Imagina-se que a proposta seja embasar a seriedade do filme, mas o conteúdo é idêntico a uma dissertação escrita por um aluno do segundo grau que acabou de descobrir Schopenhauer, Nietzche e Sartre. O discurso é invariavelmente seguido por uma das duas seguintes opções: - longa seqüência de luta "à oriental", envolvendo armas, trabalho aéreo em fios e uma pletora de efeitos visuais; ou uma igualmente longa seqüência de tiroteio/perseguição, também envolvendo uma pletora de efeitos visuais e culminando, inexoravelmente, com uma explosão. Tudo isso é longo, auto-indulgente e barulhento demais (não-fãs, tragam protetores de ouvido para o cinema) e, por mais boa vontade que se tenha, não faz sentido. Se você realmente quer saber, a história tem alguma coisa a ver com um ataque das máquinas a Zion, a última cidade de seres humanos, e as dúvidas existenciais de Neo (Keanu Reeves) a respeito de sua missão messiânica. A sensação de absoluto desnorteamento é agravada pelo fato de que muitas cenas do filme são, na realidade, meras continuações de enredos desenvolvidos no videogame Enter The Matrix e nos curtas Animatrix. Um excelente golpe de marketing, com certeza. Os irmãos Larry e Andry Wachowski, com todo o bem administrado mito que criaram à sua volta, não são gênios, mas também não são bobos. Matrix foi o enorme sucesso que foi graças à sua bem temperada mistura de estética gibi (os dois são ex-roteiristas de quadrinhos), cinema kung-fu e vastas doses da (essa sim, genial e original) visão distópica do futuro de escritores da geração cyberpunk, especialmente William Gibson, de quem os irmãos pediram emprestado todo o conceito da matrix. Em ''Matrix Reloaded'' e, presume-se, em Matrix Revolutions, o filme que encerra a saga, e que tem lançamento previsto para novembro esse guisado está claramente submisso a uma outra estética: o barulhento um-elemento-de-ação-a-cada-10-minutos dogma de Joel Silver, o produtor responsável pelo cânon do cinema de violência como entretenimento dos anos 80 e 90.Neo lutando contra cem réplicas do agente Smith (Hugo Weaving) ou Trinity (Carrie-Ann Moss) caindo em câmera lenta, de costas, ao travar um duelo com um agente, são, sem dúvida, momentos de pura alegria cinematográfica. E quase valem o preço do ingresso. O bom cinema pop é uma das coisas que Hollywood ainda sabe fazer melhor. Mas, nesta temporada, pelo menos até agora, o exemplo que vale a pena é X-Men 2, de Bryan Singer, e não essa indigesta salada de lo-mein com gasolina.'' (Ana Maria Bahiana)
Uma das mais esperadas continuações de todos os tempos traz mais ação e filosofia para a série.
''Antes de iniciar a minha análise sobre Matrix Reloaded, um dos filmes que mais esperei esses últimos anos, é bom avisar que será praticamente impossível restringir certas informações que foram reveladas no filme. Digo isso porque a quantidade (e importância!) das reviravoltas que foram reveladas nesse filme são extremamente numerosas, então aconselho a você não ler essa crítica se ainda não tiver ido ao cinema. É praticamente impossível escrever sobre o filme e explicar o porque que saí com um ar de decepção do cinema na primeira vez que eu o assisti sem revelar nada, e pensando muito no filme nesses dias acho que finalmente consegui chegar a um denominador que expresse perfeitamente o porque dessa sensação. Sinto-me extremamente à vontade para escrever tudo o que você irá ler pela frente por diversos motivos. Antes de tudo, quando digo que me decepcionei com o filme, não quero dizer que ele seja ruim. Analisando, curtindo as cenas de ação, enfim, embarcando no filme, ele é ótimo. Seu maior problema é mesmo quando colocado como parte de uma trilogia, sendo o complemento do clássico Matrix. Praticamente tudo o que foi exposto no primeiro filme foi diminuído com este segundo. Tudo mesmo. A importância da libertação é, sem dúvida, um dos defeitos mais graves. Se o mundo real é aquele apresentado nesse segundo filme, qual seria a vantagem da libertação da mente? Viver em um mundo pior, sujo, sem vida e cheio de sofrimento? Sinceramente, preferiria continuar sendo iludido pela Matrix. Foi estranho ver que as reviravoltas que foram preparadas nesse filme justamente estavam lá para contrapor o que fora apresentado no filme anterior. Se os dois fossem um filme único, de 4 horas, talvez funcionasse melhor. Mas não é esse o caso. Matrix foi lançado, houve uma revolução nos filmes de ação, ele se tornou referência para diversos filmes desde então, para quatro anos depois chegar o seu sucessor e dizer que tudo aquilo que vimos pode não existir? É embolado, mas é isso mesmo. Já sabíamos que o mundo não existia, mas sermos colocados em uma questão onde tudo o que aconteceu antes talvez não exista, ou tenha um outro significado (inferior), foi decepcionante. Não foram as cenas de ação, e nem mesmo a história em si, pois ela não tem furos e é extremamente complexa (fator raro). Foram mesmo os destinos tomados que não me agradaram, nem um pouco. É como se o 1 não fosse necessário para a compreensão da trilogia. Se você sair do cinema e não sentir o que eu senti, com certeza estará embarcando em uma encruzilhada histórica para o mundo cinematográfico. Realmente, quando todos os fatores são colocados lado-a-lado, você se depara com uma interessantíssima reflexão sobre o que é real ou não, sobre escolhas, sobre destino, etc. Mas se você sair com esse ar de decepção e não souber o porque, acho melhor você pensar por esse lado que apresentei para ver se não é exatamente a mesma coisa que aconteceu comigo. Claro, há aqueles que possam ter gostado disso, mas... Deixando esse fator da diminuição do primeiro filme pela seqüência (o mais agravante, ao meu ver), tenha a certeza que Matrix Reloaded irá lhe entreter um bocado. E isso se deve por uma série de diversos fatores: O humor. Algo praticamente inexplorado no primeiro filme vem com força total nessa seqüência, principalmente pelas atitudes do novo operador da nave, o negro de cavanhaque e expressões cômicas Link (interpretado por Harold Perrineau Jr., de Romeu + Julieta) e, ironicamente, o próprio agente Smith, que ganhou um papel de destaque bem maior que no filme anterior. O francês também, brincando com o sotaque da língua, ficou fantástico. As impressionantes cenas de ação. Apesar de muitas delas estarem ali sem necessidade, elas são extremamente divertidas e irão, com a maior certeza absoluta e sem medo de errar, empolgar o público (o que pode fazer com que alguns espectadores mais casuais leiam a minha análise e fiquem com raiva de mim, pela qualidade dessas cenas de ação e não serem tão presos à história como eu sou). Quando digo que elas estão meio gratuitas, é só dar alguns exemplos para ser mais claro: a luta com o protetor do oráculo, por exemplo, foi extremamente gratuita, visto que o oráculo já conhecia Neo e o motivo para tal era, na verdade, apenas apresentar o personagem. Aliás, quem iria interpretar o guardião seria Jet Li, mas o mesmo recusou o papel por terem oferecido ‘apenas’ 3 milhões de dólares, quando ele pedia 13. Só que outras cenas, como a da perseguição na rodovia e a luta contra os Smiths valem o ingresso, sem sombra de dúvidas, apesar de eu ter alguns ‘porém’ a falar sobre elas (nada que interfira na diversão). Os efeitos especiais. Claro, aqui é impossível de se ignorar esse fator, principalmente depois do que foi apresentado no primeiro filme e todo o hyper que os produtores fizeram sobre isso. Eles realmente impressionam, mas não revolucionam (principalmente se comparados aos efeitos do primeiro filme e a época em que foi lançado). O Bullet Time é usado em demasia aqui (isso não é ruim, toda vez que ele aparece dá um show, principalmente na cena do impacto entre os caminhões, uma das melhores que eu já vi em todos os tempos), deixando a revolução mesmo para a luta de Neo contra os 100 Smiths (impressionante, apesar de que em diversas partes é perceptível o uso dos computadores, principalmente por causa da iluminação, já que as luzes de estúdio nunca vão conseguir reproduzir fielmente uma luz solar). As músicas. Acho que é uma das melhores trilhas da atualidade, onde as lutas, tudo, mas tudo mesmo combina perfeitamente com o que está passando na tela. Os mais despercebidos podem nem notar o significado delas dentro do contexto, mas quem curte um som com certeza perceberá a importância para o envolvimento em cada momento do filme. As armas brancas. Todo o potencial bélico do primeiro filme foi deixado de lado nessa continuação, visto os poderes apresentados pelos personagens. E isso foi uma ótima sacada, fascinante, visto que nenhum tiro acerta nem Neo e muito menos os agentes. As lutas ficaram empolgantes, bem coreografadas e, principalmente, brutas! O que é excelente, visto que gosto dessa ‘qualidade’ em lutas. A luta no saguão do francês é fantástica, cômica, apesar de, como dito antes, um pouco gratuita. Só a luta com os gêmeos eu creio que tenha sido necessária naquela seqüência. Os novos monstros, as anomalias do sistema. Fantástica essa sacada! Os gêmeos, ao meu ver, provém dessa nova definição, que também inclui fantasma, aparições, anjos, etc (mexendo, suavemente, com religião nesse ponto). Pena que os gêmeos (apesar de ter adorado), decepcionaram apenas por um motivo: o tempo em que ficaram em ação! Eu achei que eles fossem ser uma nova dor de cabeça para os personagens, mas só participaram de duas seqüências. Uma pena, espero que no terceiro filme eles apareçam bem mais. Agente Smith. Não adianta, mesmo com todas as adições, com todos os outros agentes, ele comanda tudo quando o assunto é vilão. Sua presença na tela é algo marcante para o cinema, e não digo isso pela cena da luta já citada. Toda vez que ele aparece consegue arrancar uma reação da platéia. Fora que sua importância dentro da trama cresceu de uma maneira estrondosa, ele ganhou toda uma importância que ainda não foi revelada, mas que pode ser sentida pelas suas ações durante o decorrer do filme. A ação paralela. Retirado de filmes como O Poderoso Chefão, do Coppola, esse recurso é muito bacana e foi muito bem empregado na invasão do prédio. Ela consta em apresentar, através do som, o plano que será executado e, nas imagens, já o futuro, o momento em que eles estão fazendo tudo o que estava sendo planejado pelo som. Acho isso muito interessante, pena que não original (aliás, eles puxaram bastante fatores de outros filmes, o inverso do primeiro Matrix, que foi e é copiado até hoje). A homenagem ao clássico As Noivas do Vampiro. Quando Mônica Belucci faz sua aparição (e que aparição, nossa, como ela está magnífica), é possível ver o filme de vampiros ao fundo, quando estão passando pelos guardas para chegar até o chaveiro. Além de formador de clichê, ele consegue dar medo e ser um dos melhores sobre o tema. Neo. Claro, deixei para falar do protagonista por último. Apesar de não gostar das interpretações de Reeves, creio que Neo seja o personagem perfeito para o ator, já que ele fala pouco, age mais, enfim, era o que Reeves realmente precisava para brilhar (já que ele fala embolado, voz grossa, parece um mongol diversas vezes). Só que Neo não tem essa impressão, apenas foi ajudado pela personalidade e baixo poder de interpretação do ator (por mais contraditório que isso possa parecer). Ele ter parado as máquinas no mundo real então foi fantástico, me deixou extremamente curioso pelo terceiro filme da série. A Trinity também está interessante, e o Morpheus teve o seu valor um pouco reduzido pelos argumentos apresentados. Além desses fatores (espero não ter esquecido nenhum, é muito ruim lembrar depois), creio que existe um outo bastante positivo quanto a trilogia Matrix que não diz respeito ao filme em si, mas que queria comentar: a possibilidade que o ‘conceito Matrix’ criou para o mundo do entretenimento. Além da série Animatrix, que explica em alguns episódios animados como o mundo chegou ao estado visto no primeiro filme quanto faz uma ponte de safena entre o primeiro e o segundo filme, há os jogos eletrônicos sendo lançados (que completam a história principal, isso é fantástico) e diversos, diversos mesmo outros itens no mundo inteiro. Hoje em dia é impossível uma pessoa, a menos que ela more em outro planeta, nunca ter ouvido falar de Matrix. Apesar de já ter falado bastante mal do filme (vocês não tem idéia de como aqueles primeiros parágrafos foram realmente importantes pelo que senti do filme), quero comentar alguns outros pontos que não me agradaram. O primeiro de todos, sem sombra de dúvidas, foi aquela rave idiota que aconteceu logo no início. O povo inteiro sabe que dentro de poucas horas poderá ser exterminado, mas mesmo assim faz uma festança para provar as máquinas que eles são vivos. Brincadeira, né? E para piorar, ainda veio em conjunto com aquela cena de sexo entre Neo e Trinity, provavelmente só para gerar um progênito para o protagonista no terceiro filme. Totalmente dispensável. Outra cena que me incomodou (e que é totalmente dispensável) foi o conselho. Não sei porque, mas eu não suporto mais ver isso em filmes, é extremamente chato. Além disso, não influencia em nada no fator emocional da história, o resultado daquela reunião poderia ter sido revelado diretamente depois que não resultaria em nada diferente do que foi mostrado. Pelo contrário, o conflito psicológico entre a capitã e o responsável pela defesa da cidade poderia ter sido mais explorado com o tempo que foi gasto ali, o que poderia ser mais interessante, visto que a Capitã ganhará uma dimensão bem maior no terceiro filme (e o jogo, “Enter the Matrix”, é protagonizado por ela, inclusive!). Não gostei também da dimensão que foi dada ao mundo real. Ele perdeu um pouco o encanto do mistério que havia sido deixado com o primeiro filme. Aquele tamanho todo, não consigo imaginar como a cidade possa ter crescido tanto (a ponto de não ter sido mencionada nessa dimensão no primeiro filme, apenas era mencionada como um lugar de esperança, da salvação) em apenas 6 meses (que é o tempo que o filme retrata entre o primeiro e Reloaded). Fora o que eu disse no começo do review, será que vale a pena mesmo ser libertado para viver em um lugar como aquele, com aquelas condições? O chroma key foi usado em demasia também, ficando completamente perceptível, em diversas partes, o uso do fundo azul nas cenas. Mas isso não é um erro exclusivo de Matrix. Qualquer grande produção hoje em dia sofre com isso, principalmente pela diferença de iluminação criada pela luz do Sol e a lâmpada usada nos estúdios (só por curiosidade, creio que poucos filmes se salvam disso, Minority Report é um, por sua fotografia toda azulada, o que dificulta muito perceber essa diferença entre fundo azul e o que é real). A movimentação de alguns personagens digitais, principalmente na luta dos Smiths, também ficou um pouco inverossímil, deixando bem perceptível o uso dos computadores ali. Mas esses são fatores pequenos, somados a algumas quebras no ritmo do filme, alguns clichês (o filme começar com um sonho, uma clarividência), algumas frases de imposição moral pretensiosas. O grande problema de Reloaded, sem dúvida, foi o que eu disse no começo: sua ligação com o primeiro filme, o diminuindo de uma maneira absurda (a irmã de um amigo meu, por exemplo, não viu o primeiro e, mesmo assim, entendeu 90% do filme!). Isso TEM que ser consertado com o terceiro filme, senão coitado do clássico Matrix... Vai ser melhor que no futuro o vejam por si só, esquecendo as continuações, se Revolutions for pelo mesmo caminho. Pode ser que Reloaded melhore com o lançamento do terceiro filme, mas analisando o filme por si só ele é tudo o que falei acima (e tentei me policiar quanto ao tamanho do texto; pelo visto falhei, pois ainda queria falar mais coisa e tentei ser bem direto nos parágrafos). O que esperar de Revolutions? Acho interessante abrir um pequeno tópico para falar de Revolutions. Para começar, senti vontade de fazer isso por dois fatores básicos: o imenso número de perguntas que ficaram no ar ao final do segundo filme e o teaser que passa no final dos créditos de Reloaded (se você não esperou até as letrinhas ao final acabar, perdeu, deu mole). Há uma grande batalha para acontecer, a dos sentinelas contra o povo de Zion. Aquela batalha em que é citada o massacre ao final do filme não é contra Zion, e sim o contra-ataque que a cidade tentou fazer contra os 250.000 sentinelas (que falhou por causa do agente Smith no corpo do homem). Então pode-se esperar uma épica batalha, com bombas, andróides e tudo mais no melhor estilo Star Wars de ser (percebe-se isso até mesmo pela aparência geral de Zion). Haverá também a descoberta de quem realmente é Reeves e, de quebra, todo o segredo da Matrix (já que, pelo que foi mostrado até agora, contradizendo o primeiro filme, só ficamos com pistas para teorizarmos a vontade; a verdade mesmo só quando o terceiro filme for lançado). O destino dos demais personagens será traçado também. Depois da revelação de quem é realmente o oráculo, fica difícil distinguir com precisão quem é humano e quem é programa no filme inteiro, principalmente pela outra dúvida que ficou no ar: seria o mundo real uma segunda Matrix? Existem fatores que abrem essa possibilidade. Uma possibilidade bem forte, por sinal. Evolução nos efeitos especiais? Pode ser que sim, pode ser que não. De acordo com o produtor, os efeitos do filme serão os mais sensacionais já vistos na história, mas fica difícil acreditar 100%. Que eles vão impressionar, não há dúvidas, afinal, isso aconteceu nesse filme, só resta saber se a promessa será cumprida ou não, pois revolucionar é uma palavra bem pesada para ser prometida. Fora que se espera uma maior aparição dos personagens que foram apresentados nesse filme (a capitã, o protetor do oráculo, os gêmeos, o francês, etc). Ah, e tem também o propósito real do Smith, já que ele não depende mais da Matrix e, mesmo assim, continua perseguindo Neo. Enfim, muito ficou para ser explicado para Revolutions, deixando pouco tempo para que novas questões sejam levantadas. A diversão, pelo que foi visto até agora, está garantida. Finalizando. Matrix Reloaded é um bom filme, principalmente se analisado individualmente. Se for considerá-lo em conjunto com o primeiro, é desprezar muita coisa que foi filosofada, o diminuindo de uma maneira grotesca. Mas tem mais ação, o que melhora incrivelmente o ritmo do filme, fora que ele cria um clima extremamente misterioso e interessante, o que atiça a curiosidade pelo terceiro filme. Vale a pena, assisti três vezes no cinema e não descarto a possibilidade de ver uma quarta. A ligação com o Animatrix ‘O Vôo Final de Osíris’ ficou bem bacana também. Tem uns pequenos defeitos e um extremamente grave, tudo que já fora comentado antes, mesmo assim não consegue perder o status de imperdível de se conferir.'' (Rodrigo Cunha)
Matrix Reloaded tem uma história complexa e cenas de ação impressionantes. O final coloca você desejoso de Revolutions.
''Is there any bar? Claro que há! Um dos produtores de Matrix: Reloaded, Joel Silver, realmente exagerou quando, meses atrás, disse que o filme seria tão impressionante que não haveria mais limite algum em termos de qualidade. Matrix: Reloaded é impressionante, mas tem tantas falhas quanto a quantidade de golpes que Neo desfere durante o filme. Todas elas serão explicadas aqui, obviamente. Porém, justiça seja feita: Joel Silver não estava enganado quando o assunto são efeitos especiais. Eles podem não ser revolucionários, mas expandem um pouco (e somente um pouco) mais o limite a que nós, espectadores, estávamos acostumados a ver nesse quesito. Seria muito frustrante, contudo, se apenas os efeitos especiais fossem o destaque de Reloaded. Seria decepcionante. Matrix – o original – é reconhecido pelo que é hoje não apenas pelos efeitos fora do comum vistos em 1999, mas por possuir uma história bacana, cheia de simbolismos e significados. Uma história atraente, mas também difícil (conheço várias pessoas que ainda, depois de verem o filme, não entenderam-no como seria aconselhável para uma melhor apreciação). Um aviso: não querendo subestimar ninguém (mas já o fazendo, como o hipócrita), o público casual, que vai atrás dos efeitos especiais e da ação apenas, NÃO vai ENTENDER o filme completamente. A não ser que ele entenda palavras como “inexoravelmente”. Vai encarar? O filme, claro, foi vendido não pela sua parte simbólica, e sim pelas suas cenas de ação. E é por isso que boa parte da história é ruim. E ponto! Com o objetivo CLARO de criar cenas de ação que seriam reconhecidas como as mais impressionantes já vistas no cinema, os irmãos Wachowski criaram vários “remendos” no roteiro para encaixar tais cenas. Alguns deles, são deprimentes e risíveis. Pelo menos é a impressão passada. Só vou aqui citar um exemplo, pois descrever as cenas de ação seria matar boa parte do prazer de se assistir Reloaded pela primeira vez... Para reencontrar o Oráculo, Neo deve passar por um teste para que o mesmo saiba que estará de fato tratando de assuntos com o Escolhido. Esse teste, claro, é uma das belas (impressionantes, pra ser mais sincero) cenas de luta do filme. Ora, se o Oráculo tudo pode e tudo sabe, para quê esse teste? Neo, também, já havia visto o Oráculo antes, e não deveria precisar de tal “introdução” para poder falar com ele. Há toda uma mitologia criada por trás de Matrix. Visivelmente, os Wachowski se inspiraram nos filmes da saga Star Wars (e em outros filmes, tais como Senhor dos Anéis, por exemplo, mas principalmente a série de George Lucas). Nomes como Mifune, Niobe, Persephone povoam a cidade de Zion, a última das colônias humanas. Toda essa mitologia dá um ar de grandeza “tolkeniana” ao filme, que o primeiro não tinha. Em certos momentos, principalmente os passados em Zion, o filme se transforma em épico, de imensas proporções. Infelizmente, o clima encontrado em Zion é um dos pontos fracos do filme. Não parece combinar com o que seria esperado de Matrix, e foi feito para ser uma diversão para os olhos (o que, para quem já viu os inúmeros e diferentes planetas de Star Wars, não traz nada de novo). Mas é Zion o único lugar do “mundo real” onde os humanos ainda estão a salvo dos vilões. E por falar neles, os Wachowski parecem também terem aprendido (aprendido errado) com Lucas: criaram alguns vilões bem interessantes, porém muito mal-aproveitados. Assim como Darth Maul em Episódio 1, os irmãos albinos quase não abrem a boca durante o filme – estão lá como mera fonte de entretenimento. Bom para o público casual, ruim para quem queria mais da história. Os efeitos especiais! Estes merecem um capítulo à parte. Há um bocado de cenas impressionantes aqui. Novamente, não vou nem enumerá-las nem detalhá-las, para não contar demais. Na crítica de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, eu havia dito que aquele filme era o que, até o momento, possuía o maior número de cenas e momentos nunca antes vistos anteriormente. Pois bem, Reloaded é o novo dono deste título. A tal da Cinematografia Virtual, o “caviar” dos efeitos de Reloaded, criou a cena de luta mais impressionante de todos os tempos (quem viu sabe qual é). Embora Neo, em tal cena, seja visivelmente uma figura criada por computador, em ALGUMAS CENAS, o resultado é incrivelmente satisfatório e anos-luz à frente do que pessoalmente era esperado por mim. Há alguns efeitos que ainda soam falsos e óbvios demais. Mas não dá pra reclamar desse quesito de jeito nenhum. Tudo sempre embalado de uma trilha sonora deveras caprichada, principalmente quando conseguem não usar música eletrônica. Outro assunto que merece um capítulo à parte é o significado de tudo o que se vê na tela. Os irmãos-diretores criaram inúmeras teorias para a explicação da Matrix, da existência das coisas, dos poderes de Neo, etc.. Todas elas exigem a atenção e o entendimento, dificilmente adquiridos numa primeira vez que se assiste ao filme (quando o espectador, de maneira geral, ainda está ansioso pelas cenas que ação que ainda estão por vir). Aqui essas teorias não serão explicadas, mas qualquer dúvida, é só dar uma passada no fórum da CinePlayers. Algumas dessas explicações só poderão ser conferidas em Revolutions, e outras tantas, já dadas em Reloaded, também deverão ser MELHOR compreendidas no próximo filme. Se o espectador tiver paciência para tentar entender tudo, creio que será imensamente recompensado após a trilogia estiver acabada. É importante registrar também o aproveitamento da série de curtas animados Animatrix. Tais curtas servem para ampliar o universo do filme, e para explicar outras coisas. Por exemplo, o curta “O Vôo Final de Osíris” (que passou no Brasil recentemente), é diretamente relacionado a um acontecimento no início de Reloaded. Para quem assistiu aos curtas, é bastante recompensador ver tal conexão, embora os personagens dos curtas não apareçam em Reloaded. Por falar em personagens, o novo Matrix coloca um bocado de novos elementos em cena, além dos vilões, já comentados. Principalmente porque conhecemos a cidade de Zion, onde toda uma nova sociedade nos é apresentada. Alguns deles, como a personagem de Mônica Belluci, servem para levar a história adiante (embora de maneira risível), outros apenas para aprofundar o mundo de Matrix (todo o aspecto familiar encontrado em Zion). O resultado final é um filme INCRIVELMENTE divertido, possuidor de um roteiro que, eventualmente, é inspirado (ponto para os diretores) e com efeitos especiais nunca antes vistos (porém, repito: que não são revolucionários). Reloaded possui um final abrupto (muito mais que os dois primeiros Senhor dos Anéis), que deixa perguntas e atiça a curiosidade (boa jogada dos diretores, outro ponto) para Matrix: Revolutions. Matrix – o original – é um filme mais completo, melhor, embora perca no quesito visual (centenas de milhões de dólares extras no orçamento garantem esse ponto para Reloaded). Contudo, é importante frisar que Reloaded, em momento algum, se configura como uma decepção (algo que eu acredito que os dois novos Star Wars também não sejam). Talvez Joel Silver apenas deveria ficar quieto no seu canto e não prometer nada que não possa vir a cumprir. De qualquer forma, que venha Revolutions!'' (Alexandre Koball)
Depois de muita espera, Seth Angel finalmente conferiu e deu seu veredicto sobre a obra.
''No segundo semestre de 1999 estreava Matrix nos cinemas de todo o mundo, um filme até então desconhecido, mas produzido e dirigido por pessoas muito ambiciosas que buscavam o sucesso com a produção: Joel Silver (produtor) e os irmãos Wachowski (diretores). O filme trazia um visual “cool”, muitas cenas de ação espetaculares, filosofia e uma boa história. Com isso eles foram, aos poucos conquistando o mundo. O filme rendeu milhões de dólares e o DVD do filme foi simplesmente o mais vendido de sua época. Agora, quatro anos depois, chega Matrix Reloaded aos cinemas, a primeira continuação direta do filme. Infelizmente, agora conta com a falta do anonimato e do “efeito surpresa” que teve no primeiro filme. Matrix tem se saído excepcionalmente bem nas bilheterias, mas coletando opiniões diversas das pessoas, incluindo extremos (muito bom ou muito ruim). Nas bilheterias, a produção de Joel Silver já bateu vários recordes como melhor estréia numa quinta feira, melhor dia de estréia, melhor estréia para um filme com censura “R” (de “restricted”) e muitos outros que ainda se encontram um passo a frente a serem batidos. O único que ficou para trás foi de fato o de “melhor fim de semana para um estreante”, que continua com Homem-Aranha. Como era de se esperar, Matrix Reloaded é um bom filme, possuidor de alguns defeitos, mas ainda assim um pouco abaixo do filme original. Ele começa exatamente como o primeiro episódio da saga, com uma seqüência espetacular envolvendo Trinity (Carrie Ane Moss). Entretanto logo após essa seqüência, as cenas que se seguem são muito monótonas. Somos finalmente apresentados ao mundo “como ele realmente é” fora da Matrix. A primeira vista tudo bem, entretanto, as cenas que se passam ali são realmente horríveis. A festa rave intercalada com a seqüência da transa entre Neo e Trinity é muito mal apresentada. A imagem, também, que fica a respeito dos verdadeiros cidadãos de Zion é das piores. Aquela festa mais parecia uma grande orgia de um povo que está pensando em tudo, menos em sua própria destruição. Péssima seqüência, de um tremendo mau gosto também. Mas existem adições quanto ao elenco, que foram satisfatórios enquanto outros nem tanto. Harrold Jr., que interpretou o personagem “Link” (o novo operador da Nabucodonossor) foi uma das boas novas surpresas. Simpático, simples e divertido, o público em algumas passagens é levado aos risos frente suas expressões. Um personagem bem melhor trabalhado que qualquer um dos operadores que apareceram no filme original. Monica Belucci está realmente muito bonita no filme, aquela cena no banheiro realmente mexe com a platéia. Aliás, umas das coisas que Matrix Reloaded apresenta como ponto significante é seu senso de humor, que não esteve tão presente assim no primeiro filme. Merovingian, o rapaz apontado pela oráculo a quem Neo deveria procurar, contribui para isso, seu modo “francês” de falar proporciona algumas risadas. Claro, numa outra escala, os gêmeos foram outra boa adição ao filme. Entretanto, nem todos os personagens que foram adicionados à trama foram assim tão bons. O núcleo “humanos maus” do filme, que antes era protagonizado pelo operador “Cypher”, agora fica sobre os ombros de um jovem rapaz, com um visual não muito agradável, que realmente não tem a mínima graça. Cypher era de fato inúmeras vezes melhor trabalhado. Quanto a história, Reloaded mantém ainda boa parte da trama iniciada com o filme original e expande seus horizontes ainda mais. As revelações feitas pelo oráculo são simples de serem digeridas. Contudo, na parte em que entra em cena o “Arquiteto” da matrix, aí as coisas podem se complicar um pouquinho. Pelo ritmo rápido com que as coisas são explicadas a Neo, o público pode se sentir um pouco confuso, mas logo encontram-se no meio de tantas palavras. Agora finalmente vamos falar da parte que, em si, merece um capítulo a parte: as cenas de ação do filme e os efeitos especiais. Reloaded traz duas seqüências que por si só já entram para a história do cinema. A primeira, quando Neo luta com mais de 100 “Smith’s” ao mesmo tempo, notamos a que ponto chegaram os efeitos especiais em um filme. Ali, todos, cada um dos Smith’s presentes, são não mais do que projeções, efeitos especiais, nenhum de fato é real. E em parte alguma de toda seqüência você sequer desconfia que qualquer um daqueles que estão lutando com Neo não sejam reais. Uma cena dificílima de ser gravada, Keanu Reeves provavelmente deve ter tido uma boa dor de cabeça na hora de filmar tudo aquilo. Quanto a cena da auto-estrada... Ah, o que dizer? A maior e melhor cena de ação de todos os tempos já vista no cinema? Talvez sim, provavelmente... A seqüência inteira é tecnicamente perfeita e custou milhões de dólares aos cofres da Warner para ser realizada. Mas o resultado é simplesmente de encher os olhos. Uma seqüência para se ver e rever e guardar para a eternidade. Posso até prever já as vendas do DVD de Reloaded, minha nossa... Fotografia, som, efeitos sonoros, coreografia, cenários, edição... Enfim, todos os demais aspectos técnicos que compõem a película estão maravilhosamente bem feitos e colocados, e funcionam espetacularmente fazendo com que o visual do filme fique ainda mais bonito e “cool”. Do mais, Matrix Reloaded é um blockbuster de primeira, que preserva muitos dos aspectos apresentados no primeiro filme e acrescenta outros tantos. O filme pode não ser tão bom quanto o original, mas ainda assim é uma ótima diversão, de primeira linha. Um filme que muita gente irá ver, metade irá realmente gostar e poucos irão entender. Quanto às perguntas que são deixadas em aberto pelo filme, resta-nos esperar por Matrix Revolutions.'' (Tony Puglyese)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures Silver Pictures NPV Entertainment Heineken Branded Entertainment
Diretor: Lana Wachowski / Lilly Wachowski
499.586 users / 458.576 faceSoundtrack Rock Deftones / Rage Against the Machine / Rob Zombie / Linkin Park / Dave Matthews Band
40 Metacritic 858 Down 210
Date 24/02/2020 Poster - ##### - DirectorLana WachowskiLilly WachowskiStarsKeanu ReevesLaurence FishburneCarrie-Anne MossThe human city of Zion defends itself against the massive invasion of the machines as Neo fights to end the war at another front while also opposing the rogue Agent Smith.[Mov 04 IMDB 6,8/10] {Video/@@} M/47
MATRIX REVOLUTIOS
(The Matrix Revolutions, 2003)
TAG LARS WACHOWSK / LILLY WACHOWSK
{esquecível}Sinopse ''Neo. Trinity. Morpheus. Agora é matar ou morrer. No impressionante episódio final da trilogia Matrix não há outra opção para os humanos. Para Neo, isso significa ir aonde ninguém jamais ousou: o coração da Cidade das Máquinas para uma luta cataclísmica contra o cada vez mais poderoso programa renegado Smith.''
''Os Wachowski criam um universo fascinante com o que é considerado uma das grandes revoluções do cinema, apresentam uma sequência digna e finalizam a trilogia com um deus ex machina cretino. Sacanagem!'' (Rodrigo Torres )
''As Wachowskis chutam o pau da barraca e, mesmo sem muitas respostas satisfatórias (e outras mil indagações), entregam um filme de ação para encher os olhos, complexo de uma forma mais sutil, mas também épico e poético. Trilogia que deixou saudades.'' (Rafael W. Oliveira)
''Há duas analogias possíveis para a cinessérie "Matrix", cujo terceiro e último episódio, "Matrix Revolutions", estréia amanhã no mundo todo, Brasil incluído. A primeira é política. Os dois criadores dos filmes, os irmãos americanos Wachowski, são o Bill Clinton de Hollywood.Em seu primeiro mandato, o jovem democrata mudou a história do país. Nunca os EUA haviam crescido tanto em tão pouco tempo, as liberdades individuais viveram seu auge, a preocupação social do governo era uma realidade. Mas aí veio o segundo mandato; com ele, Monica Lewinski, charutos, mentiras, os perdões polêmicos, o sumiço de móveis na Casa Branca... É por isso que ele é lembrado.A outra é estética. Quando começou, o rapper Puff Daddy era original e talentoso. Por isso mesmo, ficou rico -e agora só fala em suas músicas de grifes, modelos e carrões. O símbolo da mudança é sua nova casa, um tributo ao exagero, com estátuas de animais em tamanho natural e fonte luminosa no meio da sala.Andy e Larry Wachowski eram dois jovens humildes de Chicago, Illinois. Desenharam todo o primeiro Matrix em storyboards antes de conseguir os dólares para filmá-lo. Conseguiram e mudaram o cinema de ficção científica, tanto na técnica de filmar quanto na forma de contar uma história. Nos que se seguiram, já tinham todo o orçamento e os recursos à disposição. Moral da história: eles deveriam ter parado no primeiro. Resolveram fazer os dois capítulos seguintes. Perderam-se. O anterior, "Matrix Reloaded", que estreou em maio, era um tributo à Doutrina Bush, como se o roteiro tivesse sido escrito por Paul Wolfowitz, o secretário adjunto de Defesa dos EUA. O que no primeiro encantava pela discussão entre o real e o virtual, com pitadas que iam de Jean Baudrillard à filosofia oriental, passando pela Bíblia e pelos clássicos gregos, no segundo era pau puro, militarista e com ecos do pior de Guerra nas Estrelas. O atual, que chega às telas de todo o mundo hoje, nem isso consegue ser. É um emaranhado de cenas sem conexão que mal esconde o objetivo de sua existência: dar um ponto final a todos os plots e subplots que foram criados até agora. Como o último capítulo de uma novela das oito. Recapitulando, Neo (Keanu Reeves) é um hacker transformado num messias relutante quando descobre que a Terra virou uma simulação de computador, feita por máquinas que dominaram o mundo e precisam da energia gerada por seres humanos, que são mantidos em incubadoras. Os que conseguem fugir da realidade virtual vão para Zion, onde fica a resistência. "Revolutions" começa com Neo num purgatório, retratado como uma estação de trem limpíssima, do qual deve ser solto pelo Trainman (Bruce Spence), o que acontece com a intervenção de Trinity (Carrie-Anne Moss), Morpheus (Laurence Fishburne) e Seraph (Collin Chou). Livre, ele se dirige à Cidade das Máquinas, onde vai pedir ajuda (a "deus"?) para derrotar o vírus agente Smith (Hugo Weaving, sempre excelente), que coloca em risco a própria existência de Matrix. Enquanto isso, Zion se prepara para a invasão das máquinas, que finalmente ocorre. Um blablablá sem fim. Salvam-se, é óbvio, alguns efeitos especiais, como a luta final entre Neo e Smith, que dura uns bons dez minutos. De novo, "Matrix" é vítima de seu próprio sucesso: já não se sabe mais se tal efeito foi visto no original (foi) ou num comercial de uma loja de roupas (também foi). Não que alguém, além dos críticos, esteja reclamando. Com os filmes, DVDs, games, licenciamento etc. (e bote etc. aí), a série já rendeu US$ 2 bi. Os dois criadores poderiam se aposentar, assim como seus filhos e netos. Pois que agora eles só saiam de seu descanso se tiverem algo tão original quanto o primeiro Matrix. Eles devem isso ao cinema.'' (Sérgio Dávila)
Não cansa e contém cenas muito mais interessantes do que seu predecessor.
''Seis meses. Seis meses de espera, seis meses de especulações. Após o lançamento de Matrix Reloaded, comunidades de fãs, espalhadas pela internet, puseram-se a especular e a imaginar teorias acerca do terceiro filme da trilogia. Com a chegada de Matrix Revolutions aos cinemas, toda a ansiedade cessou (ou não), e os fãs puderam finalmente checar o que aconteceu com Neo, Trinity e Morpheus. No terceiro filme, as Máquinas preparam o ataque a Zion, esperando pôr fim à humanidade. Enquanto isso, Neo encontra-se preso numa estação de trem, da qual tentam libertá-lo Morpheus e Trinity. O agente Smith dá continuidade à sua jornada para matar o "senhor Anderson" e revela sua identidade no mundo real, tentando multiplicar seu programa dentro do sistema da Matrix. Toda a esperança está na libertação de Neo, que deve ir à cidade das Máquinas na nave Logos e salvar a todos da destruição, derrotando Smith de uma vez por todas. Será que ele dá conta do recado? O elenco continua praticamente o mesmo, com a adição da enigmática Sati, interpretada por Tanveer Atwal. Mary Alice, no papel do Oráculo, faz um ótimo trabalho, esbanjando simpatia. Persephone (Monica Bellucci) chama a atenção nos poucos minutos em que aparece, graças à sua beleza exuberante. Keanu Reeves ainda trabalha com sua habitual frieza e falta de carisma, o que chega às vezes a irritar. Os outros atores permanecem no mesmo patamar, entre o medíocre e o formidável. Diferentemente do segundo filme, Matrix Revolutions não se perde em meio a lutas enfastiantes e repetitivas. O enfoque aqui é a história, contada com o auxílio de muitos efeitos especiais. Aliás, são os tais efeitos que às vezes aborrecem e cansam. A cena em que as Sentinelas atacam Zion, por exemplo, é de frustrar qualquer um. Em meio a uma barulheira infernal, as Sentinelas vão e vêm, deixando claro o desespero dos habitantes de Zion. Mesmo que essa parte do filme sirva apenas para mostrar um ataque aterrorizante, as Máquinas parecem nunca acabar, tiros voam, pessoas morrem, e tudo se repete. De novo, de novo e de novo. Por outro lado, houve cenas memoráveis. É aí que entra a tão comentada luta final de Smith e Neo na chuva. Primeiramente, tudo pareceu decepcionante: a coreografia do combate estava péssima e não havia harmonia. Depois, quando os dois personagens começaram a lutar no ar (alguém aí mencionou Dragon Ball?), tudo melhorou. Golpes vinham, chutes voltavam. A força dos dois combatentes era clara: vez ou outra explodiam globos de água, paredes eram estraçalhadas e crateras eram abertas no chão. Os mais perfeccionistas não irão gostar: mesmo que sejam jogados contra muros e atirados ao solo, Smith e Neo permanecem impecáveis em seus trajes, sem vestígios de ferimentos. Ao contrário das lutas de Reloaded, o combate final não cansa e apresenta efeitos variados, sendo muito mais agradável e delirante. Mas tudo em excesso faz mal - Matrix Reloaded que o diga. O terceiro filme, entretanto, viu-se isento desse problema: os efeitos especiais até que foram bem dosados. Uma cena em que tenderam ao exagero foi o combate de Trinity, Morpheus e Seraph contra alguns "seguranças" de uma boate, onde estava Merovingian. Abusou-se da câmera lenta, talvez para enfocar as balas que saíam em abundância das armas de fogo. O mais bizarro foi o fato de tais "seguranças" conseguirem andar no teto, e, ao se deslocarem, usarem acrobacias complicadas. A trilha sonora também foi bem composta, com temas possantes e épicos, contado com a participação de coros poderosos. Vale destacar as peças que tocam na batalha final e nos créditos. Efeitos sonoros não satisfazem muito. Usou-se demais o som de armas e metralhadoras em alguns momentos (como o ataque das Máquinas a Zion), o que deixou tudo desconfortavelmente barulhento. Como se vê, a produção técnica pecou em alguns aspectos. Matrix Revolutions foi uma surpresa. Agradável e desagradável, o filme cometeu falhas e acertou em outros aspectos. Parecia haver uma balança cuidando para que o filme não entrasse em desequilíbrio. Diferentemente do que aconteceu em Reloaded, os irmãos Wachowski acertaram, concebendo um filme que não cansa e que contém cenas muito interessantes, que nos fazem pensar. É aí, no refletir, e não nos filmes em si, que está toda a graça de Matrix.'' (Flávio Augusto)
Revolutions acaba sendo diferente do que poderia ter sido, mas ainda assim é um belo filme de ação.
''Como Matrix Revolutions é, certamente, um dos filmes mais esperados do ano, resolvi fazer algo diferente para a matéria deste filme. Há uma parte da matéria chamada “antes da revolução”, que trará toda a expectativa em relação ao filme, poucas horas antes da sessão, além de trazer novamente à tona alguns pontos encontrados nos dois filmes anteriores (os quais estarei me referindo aqui como “Matrix 1” e “Reloaded”). Antes da revolução… Apenas seis meses após o lançamento de Matrix Reloaded nos cinemas chega Revolutions. Filmado simultaneamente com o filme lançado em maio de 2003, Revolutions não é exatamente uma seqüência, e sim a segunda parte da mesma história, como fazem questão de frisar em todas as entrevistas os produtores do filme (e só pelos produtores, porque os diretores negam-se a dar entrevistas). Foram gastos 300 milhões de dólares nos dois filmes, a mesma soma gasta nos três filmes da série O Senhor dos Anéis. Relativamente falando, então, cada Matrix custou 50% mais do que qualquer filme da série do diretor Peter Jackson. Mas antes de Matrix e O Senhor dos Anéis, outro diretor conhecidíssimo, Robert Zemeckis, fez o mesmo que os irmãos Wachowski: depois do sucesso arrebatador de De Volta Para o Futuro, as duas sequências foram filmadas simultaneamente, e foram também lançadas em um intervalo de tempo pequeno, os mesmos seis meses que separaram o lançamento das sequências de Matrix, mas nos anos de 1989 e 1990. Nesta altura, Reloaded já está mais do que mastigado para mim (já assisti ao filme quatro vezes), e mesmo assim é impossível ter todas as respostas, que espero que sejam respondidas em Revolutions. Já elaborei e li, literalmente, mais de uma dúzia de teorias diferentes em relação ao que acontece em Reloaded, e nenhuma delas é livre de furos ou imperfeições. Algumas são mais apreciadas por mim, e para outras confesso que prefiro virar a cara. Vai ser este o maior desafio ao avaliar Revolutions: limpar a mente de conceitos pré-definidos sobre o que se acha que deveria acontecer no filme para, senão aceitar, pelo menos entender a visão dos irmãos diretores. Minha visão em relação a Reloaded também mudou consideravelmente desde a primeira vez que assisti ao filme no cinema. É fácil sair encantado pelas espetaculares cenas de ação que o filme possui, mas a história também chamou muito a atenção (a não ser para parte do público que simplesmente nem tenta começar a entendê-la). As cenas de ação, depois de muitas vezes revistas, claro, perderam um pouco o impacto (mas mesmo assim, neste exato momento, antes de eu ver Revolutions, ainda são as visualmente mais impressionantes que já vi), e é fácil visualizar as muitas falhas que o filme apresentou. As cenas de ação, se relacionadas à história, perdem quase totalmente seu encanto. Com os poderes ilimitados de Neo dentro da Matrix, ele não teria em absoluto necessidade de usar força física. E isto é só um exemplo. Os irmãos albinos mostraram-se vilões mais pálidos ainda: os irmãos Wachowski conseguiram aproveitar menos eles do que George Lucas em relação a Darth Maul, em Episódio I. Mas cada vez que assisto, o agente Smith torna-se mais e mais meu personagem favorito da série. Enfim, há pontos em Reloaded que se mostraram mais fortes que no início; outros bem mais frágeis. Infelizmente a Warner decidiu cortar o filme de modo muito abrupto, e Reloaded nunca poderá existir só por ele mesmo, coisa que mesmo a história continuada de As Duas Torres dá conta de fazer – muitos dos que viram o filme no cinema não assistiram A Sociedade do Anel e saíram encantados com a história. Obviamente, Matrix é ficção e tem um conteúdo muito mais hardcore, mas ainda assim o fato de Reloaded não poder sobreviver só por ele sempre vai me incomodar, se alguém me perguntar. Bem, a hora está chegando, estou indo assistir a Revolutions somente com os trailers na cabeça e uma ou outra informação – com tanta propaganda na mídia fica quase impossível de se livrar das tentativas que te fazem para saber mais e mais sobre o filme. O jornal que eu costumo ler simplesmente colocou na sinopse do filme uma importante (creio eu) revelação feita no filme, como se fosse algo já sabido por todos. Pura ignorância... E então? A revolução ocorreu ou não? A pergunta acima foi formulada antes de eu assistir ao filme, e chegando da sessão, confesso que não posso responder a ela. Não neste exato momento, ao menos. Há tanto o que pensar, tanto o que refletir. Pelo menos Revolutions continua a fama da série de fazer as pessoas saírem dos cinemas pensando. As que, claro, conseguem enxergar além dos efeitos especiais animalescos, que estão ainda melhores do que em Matrix Reloaded, e das cenas de ação, que são em menor número do que no “capítulo” anterior da série, porém em proporções bem maiores. Revolutions é um filme incrivelmente completo, ao mesmo tempo que assume total simplicidade. Para quem conhece a história de Reloaded, e soube identificar seus principais pontos (não estarei entrando nesses detalhes aqui), Revolutions é fácil de entender. A verdade é que toda e qualquer complexidade assumida pelo capítulo anterior foi jogada água abaixo. Não há em Revolutions teorias para se discutir por dias a fio. Os irmãos diretores deixaram o maior tempo bem claro quem é quem e o que acontece dentro do filme. Não que seja possível sair de uma primeira sessão do filme sem perguntas na cabeça, mas de certa forma Revolutions é uma antítese de Reloaded neste quesito. E isso é bom ou é ruim? Os dois! Bom pois o filme conseguiu resolver pelo menos boa parte das questões apresentadas antes, mesmo que muitas delas fiquem em aberto ou simplesmente esquecidas ao final de Revolutions (sem entrar em detalhes, o que aconteceu com todos os tão perigosos e imortais agentes apresentados em Matrix 1, ao final de tudo?, só para citar um exemplo). Mas é principalmente ruim! Com tais simplificações, Revolutions acaba sendo pouco mais do que um filme de ação comum, bem contra o mal, lotado de situações clichês e sem o tom grandioso (exceto pelo seu final) que todos os fãs gostariam que o filme tivesse. A escolha de tornar o terceiro filme acima de tudo um filme de ação acaba, então, fazendo com que a série Matrix não possa ser comparada a outras séries que serão imortalizadas pelo cinema, como Star Wars e O Senhor dos Anéis, por não manter a regularidade esperada depois de Matrix 1. Revolutions é, finalizando, um passo abaixo em termos de história, em relação a Matrix 1, mesmo que eu tenha saído satisfeito (embora não sorridente) com as resoluções tomadas para o final da série, ainda que parte delas sejam bem questionáveis em termos de bom gosto (mesmo se vistas com a cabeça muito aberta). Só que como toda moeda tem dois lados, digo que Revolutions é um passo acima de Reloaded - e esse passo faz o filme QUASE alcançar o nível de Matrix 1 – em termos de diversão e satisfação final. O que não o faz alcançar os níveis de Matrix 1 é justamente sua história não incrivelmente excitante (não há nada de realmente novo no mundo de Matrix neste capítulo que não tenha sido apresentado antes). Há também alguns pontos risíveis em Revolutions, que seguem a linha de Reloaded. Alguns diálogos muito ruins, coadjuvantes que parecem sair de um filme pornô (veja a luta na entrada do clube, por exemplo) e alguns momentos beeeeeeem lentos fazem do filme uma verdadeira chateação em alguns momentos. É daqueles momentos que, no futuro, quando o filme for visto em casa, você vai dar fast forward no seu controle remoto. Mas não é motivo para preocupação, mesmo filmes que considero “perfeitos” (não literalmente, óbvio, visto que isso é humanamente impossível), possuem tais momentos. As Duas Torres é um exemplo disso. Tecnicamente Matrix Revolutions segue uma linha mais “dark” em relação a Reloaded, é um filme muito mais escuro em sua fotografia (com exceção de dois lindos momentos) e sangrento. Mais barulhento também, a batalha em Zion é épica, possui momentos de babar em meio a momentos fracos, que abusam da inteligência do espectador. Os diretores conseguem, pelo menos, deixar um clima bem tenso, criando uma fase de preparação, assim como aconteceu na batalha do Abismo de Helm em As Duas Torres. No final, até que é possível se importar – um pouquinho – com os personagens dentro da batalha. Os efeitos especiais estão ainda melhores que em Reloaded. Se este filme levar o Oscar na categoria (assim como Matrix 1 levou no ano em que concorreu), não creio que seja uma injustiça, mesmo antes de assistir seu provável concorrente, O Retorno do Rei. A comentada batalha final, que relembra os filmes de Superman onde o herói combate Lex Luthor nos céus, é simplesmente perfeita, excitante, e com uma resolução escrita no capricho pelos Wachowski (e um dos poucos momentos que pode confundir o espectador, em termos de enredo). Momento babante do ano até o momento! Quando escrevi sobre Reloaded, comentei a óbvia inspiração da equipe de arte em filmes como Star Wars, por exemplo. Aqui a inspiração fica ainda mais evidente, e em outros filmes também, como Alien, de Ridley Scott. Tudo, claro, perfeitamente desenhado, elaborado, em um trabalho técnico maravilhoso, mistura de computação com outras técnicas manuais de poucos precedentes no mundo do cinema. A trilha sonora do filme é, assim como tudo até aqui (e sei que isso deve estar repetitivo), cheia de altos e baixos. Músicas épicas para momentos épicos (a música dos créditos finais desta vez tem um estilo diferente, e é linda), e também muito lixo auditivo em meio de tantas cenas de ação, seguindo o gosto dos diretores. Então é isso! Depois de quatro anos a série Matrix apareceu, passou e deixou algumas marcas. Muitas negativas, que justificam a opinião de algumas pessoas de que “as sequências não deveriam ter existido”, mas o saldo geral é muito positivo. Sem dúvida, foram filmes divertidíssimos, com alguns personagens incríveis (Smith acaba sendo o meu favorito de toda a série, mesmo aparecendo pouco em Revolutions) e efeitos que fizeram – e farão – outros diretores terem inspiração por anos. Foi como uma grande volta numa montanha-russa. Poderia ter sido um pouco mais alta, com curvas mais fechadas e descidas mais emocionantes, mas que foi uma ótima volta na montanha-russa, isso foi. Por sequência, prefiro: Matrix 1, Revolutions e Reloaded.'' (Alexandre Koball)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures NPV Entertainment Silver Pictures
Diretor: Lana Wachowski / Lilly Wachowski
431.454 users / 39.764 face
41 Metacritic 1.411 Up 155
Date 24/02/2020 Poster - ####